(Re)Flexões

~ Defendendo a Cidadania

(Re)Flexões

Monthly Archives: Fevereiro 2010

O “reitor” ou é burro ou não sabe ler

28 Domingo Fev 2010

Posted by fjsantos in a mim não me enganas tu

≈ 5 comentários

Etiquetas

azininos, distraídos

Ao ler a prosa deste verdadeiro troll da blogosfera docente é a única conclusão a que podemos chegar.

Se há quem esteja sempre a criticar os assessores do PS que alimentam blogues para combate político, convém estar atento à agenda deste anónimo, cujo único objectivo é substituir o neo-liberalismo envergonhado de Sócrates pelo neo-conservadorismo puro e duro da direita, que se esconde atrás do PSD/CDS dos Rangéis e seus acólitos.

Infelizmente, esta gentinha não dá a cara e não é capaz de dizer ao que vem, entretém-se a tentar enlamear quem não se envergonha de defender causas e explicar o que está errado e porque está errado. O título escolhido para o blogue – sociedade anónima – é um bom indicativo da credibilidade que pode merecer este “actor”, seja individual ou colectivo.

O “confusionismo” de que se socorre(m) no combate aos sindicatos, misturando todos como se fossem a mesma coisa e defendessem políticas iguais, indica bem o pensamento retrógrado e totalitário da(s) besta(s).

Mesmo que objectivamente isso favoreça o governo contra o qual finge(m) clamar. Porque na verdade, reitor(es) e quejandos, são os maiores beneficiários das políticas de direita do PS de José Sócrates Pinto de Sousa. Por isso se encarniçam tanto contra quem põe em causa o ataque do governo aos trabalhadores e denuncia os privilégios do capital.

Não me admiraria que um dia destes ainda viéssemos a saber que, além das “câmaras corporativas” e dos “tretas educativos“, também há “reitores” no largo do Rato.

Professor que trabalha em escola pública é funcionário público

26 Sexta-feira Fev 2010

Posted by fjsantos in ética, cidadania

≈ 5 comentários

Etiquetas

luta dos professores, luta sindical

Os professores, tal como os restantes trabalhadores da administração pública, têm fortes motivos para aderir à greve de dia 4:

• Contra as alterações às regras da Aposentação
• Pela contagem de todo o tempo de serviço
• Pela abolição das quotas na avaliação de desempenho
• Pela qualidade e defesa dos serviços públicos
• Contra o congelamento dos salários
• Pelo combate à precariedade na profissão docente
• Por um modelo de avaliação que não se torne um inferno para as escolas e para os professores
• Pela revisão radical dos horários dos docentes
• Pela melhoria das condições de trabalho
As propostas restritivas do OGE 2010 e do PEC, que continuam a ser discutidas na Assembleia da República, vão traduzir-se em mais sacrifícios para os assalariados.
O argumento de que não há dinheiro e o país caminha para a bancarrota é poderoso. Por isso faria sentido que a contenção orçamental se fizesse sentir acabando com o esbanjamento dos bens públicos, que é efectuado por gestores que tratam o dinheiro público como se saísse dos seus cofres privados e privativos.
É por isso que no dia 4 todos os professores têm o dever de estar em unidade com os restantes funcionários públicos.
É por isso que as escolas devem estar fechadas no dia 4, sem terem lá dentro gente que não trabalhando também não se solidariza com a greve dos seus colegas, ocupando o lugar do passageiro clandestino quando chegar a hora de recolher os frutos de mais uma luta que é de todos.

Exames em fim de ciclo

24 Quarta-feira Fev 2010

Posted by fjsantos in avaliação, educação, equidade, escola de massas

≈ 4 comentários

Etiquetas

certificação, exames, melhoria, processo, produto

Na sequência de um comentário que fiz, o Ramiro Marques propôs-me que escrevesse um texto, explicando a minha oposição aos exames no final de cada ciclo de escolaridade. É o que vou fazer, argumentando que são completamente inúteis para melhorar as aprendizagens e a qualidade do ensino, além de introduzirem injustiça por não permitirem diferenciar as aprendizagens escolares do currículo extra-escolar a que só alguns têm acesso.

Comecemos por esclarecer o conceito, recorrendo à definição de exame que podemos encontrar nos dicionários de língua portuguesa:

acto ou efeito de examinar; – Biblioteca Universal Online

prova a que alguém é submetido para averiguação de determinados conhecimentos ou aptidões; – Dicionário da Língua Portuguesa – Porto Editora

controle de conhecimentos; – The Free Dictionary by Farlex

prova a que alguém é submetido, para se verificar se está ou não habilitado a exercer um cargo, a obter um diploma, etc.; – Dicionário Priberam da Língua Portuguesa

As três primeiras definições contêm uma ideia de controlo dos conhecimentos, que admite a existência de uma dimensão formativa no acto de examinar.

A existir essa dimensão, i.e., admitindo que o exame serve para que alguém controle os seus conhecimentos, é possível introduzir no processo de aquisição desses conhecimentos os ajustes que induzam a melhoria das aprendizagens. Estaremos então perante testes-diagnóstico e testes formativos, o que faz todo o sentido para quem pretende melhorar os resultados finais.

A última definição, que se pode encontrar no dicionário Priberam da Língua Portuguesa, afasta-se deste conceito de controlo do processo de ensino, centrando-se em exclusivo na verificação do produto. É a que mais se aproxima das propostas dos defensores dos exames no final dos ciclos.

Realizar exames finais não permite intervir sobre o processo, uma vez que o tempo das aprendizagens é anterior ao controlo. Em função do resultado obtido só há dois caminhos possíveis. Para quem tem sucesso, a obtenção do diploma/certificação dos conhecimentos examinados. Para quem tem insucesso a repetição de todo o processo desde o início.

Pelo contrário, a monitorização de todo o processo através de testes que efectuem um diagnóstico e permitam corrigir, permanentemente, o processo de aprendizagem, é um processo que melhora o ensino e permite reduzir os níveis de insucesso.

Evidentemente que um processo de monitorização constante das aprendizagens implica que se respeitem os tempos de aprendizagem de cada indivíduo, e põe em causa a existência de uma só planificação do trabalho para todos os alunos de uma mesma turma/ano. Não é possível continuar a ensinar a todos, ao mesmo tempo, como se fossem um.

O modelo do exame final, acompanhado por uma planificação comum a todos os alunos da mesma classe, é comparável a uma corrida de todo-o-terreno em que alguns pilotos participam com veículos de tracção integral e assistência de fábrica, outros com veículos de tracção a duas rodas e mecânicos amigos, e outros ainda tendo que fazer a manutenção dos seus próprios veículos, por não terem ninguém a quem recorrer.

E no final, ao mesmo tempo que se aplaudem os vencedores, catalogam-se os últimos como uns falhados.

O respeitinho é muito lindo…

23 Terça-feira Fev 2010

Posted by fjsantos in a bem da nação

≈ Deixe um comentário

Etiquetas

interesse público, segredos privados

… e nós somos um povo de respeito, não é filho?

Isto perguntava José Mário Branco no seu magnífico texto FMI

[A segunda parte pode ser vista aqui.]

É também desse respeitinho que nos falam os defensores do segredo de justiça, a propósito das escutas da “Face Oculta” e negócios PT-TVI ou TagusPark-Figo.

Insistir em classificar como privadas as conversas que ocorreram entre os membros do PS (preparando negócios que envolviam empresas que prestam serviço público como se fossem coutada sua) é achar que os portugueses são tolos, e que basta acenar com o respeitinho ao chefe, para a malta continuar calada, veneranda e obediente.

É patético assistir ao modo como a casta dirigente deste partido que governa o país insiste em manter a questão na arena institucional da justiça, quando há muito que o assunto está colocado na arena não institucional da opinião pública.

O governo, e o partido que o sustenta, finge não ter percebido que ninguém está interessado na questão jurídica. Todos sabemos que esse campo foi armadilhado, em devido tempo, pelo bloco central de interesses (que agora nos acena com o papão do FMI).

O que verdadeiramente interessa é a questão política e aí, as palavras de JMB continuam a ter todo o sentido, 30 anos depois.

Falta de rigor, ou provocação barata?

22 Segunda-feira Fev 2010

Posted by fjsantos in ambiguidade

≈ 3 comentários

Etiquetas

candidaturas, presidenciais

O I online tem hoje uma chamada para uma entrevista que revela como alguns jornalistas e editores são desonestos ou, no mínimo, pouco rigorosos.

O título da entrevista “Manuel Alegre? Mordidelas de mosquitos não me importunam” induz, no espírito dos leitores, a ideia de que Fernando Nobre chama mosquito a Manuel Alegre. O que só pode ser considerado ofensivo pelo poeta e deputado, bem como pelos seus apoiantes.

Mas, lendo a entrevista, o que se verifica é que em relação a Manuel Alegre o candidato Fernando Nobre afirma: “Fui convidado por três vias para apoiar e integrar a sua comissão de honra. Nomeadamente pelo grupo de Viseu, onde nasceu a candidatura de Alegre. E hoje esse grupo decidiu estar comigo. Nós temos de ser frontais, porque isto de se dizer uma coisa e depois fazer outra é complicado. Não podemos ter um senhor que foi durante 34 anos deputado do PS, foi vice-presidente da AR indicado pelo PS, que pertence a um partido e que, continuando a ser deputado do partido, diga que quer dinamizar um movimento de cidadania. Para ser coerente, só há uma coisa a fazer: entregar o cartão do partido e fazer uma coisa às claras.”

A referência aos mosquitos surge num outro contexto, em que Fernando Nobre diz: “O Dr. Manuel Alegre pode dizer que não me conhece, mas à volta dele há quem me conheça. Eu quero é que se discutam projectos para Portugal. Se não vencer, que vença alguém com um projecto que possa mobilizar Portugal. Demonstrem-me isso. Quanto ao resto, todos os disparates são permitidos e até já ouvi umas bocas sobre não ser português, por ter nascido em Angola. Eu nasci português e sempre tive bilhete de nacionalidade português desde o meu nascimento. Vamos lá parar com as baboseiras e pôr a discussão no patamar das ideias. Eu ando desde que nasci em países onde há muitos mosquitos. Picadelas de mosquitos não me importunam. Eu só reagirei se for mordido por um crocodilo.”

Como se pode ler, a referência a picadelas de mosquito surge a propósito de alegadas acusações de que Fernando Nobre não é português, por ter nascido em Angola (em 1951). Não creio que essa insinuação tenha partido de Manuel Alegre.

Mas, graças ao título da entrevista, até o P. Guinote já acha que assim não vamos lá.

Currículo escolar e currículo oculto

22 Segunda-feira Fev 2010

Posted by fjsantos in ética, cidadania

≈ 1 Comentário

Etiquetas

equidade, exames, exigência, Rigor

Depois da entrevista de P. Rangel ao I online, que já referi em posts anteriores, o Ramiro relançou-se na sua cruzada pela exigência e pela defesa dos exames, enquanto varinha mágica para devolver a qualidade ao ensino. A alguma distância, mas não com menor entusiasmo, o Octávio também se junta à defesa das posições do candidato a líder do PSD (e, em consequência, do país).

Não sei, porque eles não disponibilizaram ainda, em que bases se fundamenta essa defesa da “exigência” e do “rigor”, através dos exames.

Afirmar que a equidade e a igualdade de oportunidades no acesso ao saber e à cultura é uma tarefa da escola é aceitável. Não é aceitável é sugerir que isso se consegue sem a intervenção de outros actores sociais e, sobretudo, à custa da introdução de exames nacionais.

Se, no post anterior, deixei uma referência que contradiz o argumento de que os exames e a seriação das escolas são importantes para que as famílias escolham a escola dos seus filhos, através dos resultados escolares e dos rankings que deles resultam, neste pretendo chamar a atenção para outro estudo, que identifica uma das maiores causas de desigualdade na oportunidade de obter sucesso escolar – o currículo não escolar, que depende do meio familiar e social que rodeia as crianças antes da escolarização.

Poor children a year behind when they start school, study says

Children from poor families are already a year behind in vocabulary tests when they start school, according to research published today.
It reveals the full impact of upbringing and home life on attainment, and how those from troubled or impoverished homes can fall behind at a young age. Many never catch up with better-off classmates and become stuck in a cycle of underachievement.
The report, by the Sutton Trust, highlights the importance of activities such as bedtime stories and taking children to museums and libraries. In isolation, these appear to have a bigger impact on progress than wealth.
Se a pobreza, por si só, não impede que alguém leia uma história a uma criança, antes de ela adormecer, ou de a levar a alguns museus ou bibliotecas com acesso gratuito, a verdade é que pais que saem de casa de madrugada e regressam já noite fechada para garantir a sobrevivência da família, dificilmente têm disposição para o fazerem.
A frequência de jardins de infância, em que algumas destas actividades sejam realizadas, ajuda a atenuar o problema. A questão é que a cobertura da rede pública só recentemente atingiu números próximos dos 100% para as crianças de 5 anos.
Até essa idade as crianças mais pobres continuam a não ter qualquer acesso a esse currículo  e não será, com toda a certeza, sinónimo de “equidade” encaminhá-las para cursos profissionais aos doze anos, depois de não lhes ter proporcionado meios que “as motivem” para o estudo antes dos cinco.


Lá como cá…

21 Domingo Fev 2010

Posted by fjsantos in administração educacional

≈ 5 comentários

Etiquetas

académicos, decisores, especialistas, práticos

… há gente com responsabilidades, que fundamenta as suas decisões e escolhas naquilo a que podemos chamar o “achismo”.

Ele(a)s acham que os exames são a varinha mágica para determinar a qualidade da escola e do sistema; ele(a)s acham que os resultados dos exames permitem construir uma tabela de qualidade do serviço; ele(a)s acham que a competição induzida pela possibilidade de os pais escolherem a escola que os seus rebentos vão frequentar torna o ensino melhor e mais qualificante; ele(a) acham que as decisões de escolha dos pais se limitam à racionalidade do resultado académico.

Depois aparecem uns estudos que demonstram a existência de outras variáveis, que determinam escolhas assentes noutras racionalidades, o que só pode querer dizer que os especialistas que elaboram esses estudos não percebem nada da realidade, porque só estudam e não praticam.

Most parents put school performance behind other factors when choosing a primary school, according to a study that casts doubt on government claims that league table position is the top priority.

The school closest to home, small class sizes and childcare are more important to families than high academic achievement.

Ed Balls, the Schools Secretary, has resisted calls to abolish national curriculum tests for 11-year-olds, saying that parents rely on the results to assess schools. But the study of more than 12,000 mothers and fathers indicates that results in the tests, formerly known as SATs, are not as important as whether friends or siblings attend the school or how far away it is.

“Nineteen per cent of parents who expressed a school choice preference and whose child was in a state school [in England] cited school performance as being important, far less than those citing proximity or friends or siblings attending the school as prime motivators,” the study said.[…]

John Bangs, head of education at the National Union of Teachers, said that the results showed that parents wanted to know more than just how a school does in the league table positions.

“Parents choose schools for their own different reasons and they would be better aided if they were given the proper 360-degree picture of a school’s achievement — not narrowed by test results and performance tables and Ofsted inspections which only focus on a small number of key judgments,” he said.

ler mais

A Educação de Rangel

20 Sábado Fev 2010

Posted by fjsantos in (in)verdades, absurdos

≈ 3 comentários

Etiquetas

equívocos, histórias mal contadas

Retomando a entrevista que P. Rangel deu ontem ao I online, convém não embarcar na mistificação e no engano que se pretende fazer passar de que: “A terceira e quarta classes do Estado Novo eram ferramentas importantes de trabalho e de cultura, embora o fossem a um nível muito pobre. Os métodos eram horríveis e aquilo era detestável, mas muita gente sabe ler, escrever e contar à conta disso. E hoje nós temos alunos do 12º ano que não sabem interpretar um texto.”

Ao contrário do que é afirmado pelo candidato a líder do PSD, e hoje é retomado por P. Ferreira, um colunista do JN, “salvar a Educação em Portugal passa por ter como exemplo aquilo que se fazia nas escolas do Estado Novo, altura em que toda a gente sabia ler, escrever e contar. Muitas vezes à custa de pancada, é verdade, mas toda a gente sabia ler, escrever e contar;”, é completamente falso que toda a gente (ou até que muita gente) aprendesse a ler escrever e contar na escola do Estado Novo.

Eram até muito poucos os que o conseguiam fazer, tendo Portugal chegado ao 25 de Abril com taxas de analfabetismo verdadeiramente monstruosas, para além de um nível de qualificação, tanto no ensino superior, como no ensino secundário, que deviam fazer corar de vergonha quem se atreve a fazer comparações entre a escola actual e a escola do antigamente.

Despudor sem limites

20 Sábado Fev 2010

Posted by fjsantos in absurdos

≈ Deixe um comentário

Etiquetas

presunção e água benta cada um toma a que quer

A ser verdade o relato feito no JN, o secretário geral do PS, e por enquanto 1º ministro português, não conhece limites à desfaçatez e ao despudor. Só isso explica que se atreva a equiparar-se a Nelson Mandela, aconselhando os socialistas a verem o filme ?!”Convictus”?!

“Eu confio muito em mim e por confiar muito nas minhas capacidadees e nas minhas convicções, dizem que sou autoritário”.

Quem o disse foi José Sócrates, quinta-feira à noite, na reunião com os deputados do PS, a primeira desta legislatura, e na sequência dos encontros agendados esta semana com as estruturas partidárias, e que culmina hoje com a reunião da Comissão Nacional.

Serviu a explicação para aconselhar os socialistas presentes – António José Seguro foi operado esta semana, pelo que não compareceu – a verem o filme de Clint Eastwood “Convictus”, que logo alguém emendou para “Invictus”, sobre a ascensão do líder do Congresso Nacional Africano (ANC), e primeiro presidente da África do Sul, Nelson Mandela.

A “esperança” Rangel

18 Quinta-feira Fev 2010

Posted by fjsantos in absurdos

≈ 5 comentários

Etiquetas

a nova esperança, directas já

Não fosse porque o futuro líder do PSD tem hoje muito mais possibilidades de se tornar primeiro ministro (o que significa que também eu serei afectado pelas escolhas desse partido) e para mim seria indiferente saber o que pensam sobre Educação – Passos Coelho, Paulo Rangel ou Aguiar Branco (a ordem é a do anuncio público da candidatura e não expressa a menor preferência por qualquer dos senhores).

Dito isto tenho que confessar que sinto no ar (media, comentadores, bloguers/professores) alguma simpatia e aposta na “esperança Rangel”.

A entrevista de hoje ao jornal I e os comentários elogiosos que lhe são feitos pelo Ramiro e pelo  Octávio são apenas um pequeno exemplo dessa simpatia.

Confesso que li toda a entrevista, embora na diagonal. A ideia geral com que fiquei é que se trata de mais um perito em senso comum, que acha que também ele tem direito ao sonho, já que o nível qualitativo dos incumbentes é o que se conhece.

Como é natural, até porque essa é a minha área de interesse, fixei mais atenção na alegada ruptura para a Educação. O que li deixa-me estarrecido, não só pela falta de consistência dos argumentos, como pelo despudor de algumas afirmações que (des)qualificam politicamente quem as profere.

Paulo Rangel começa por sustentar as suas propostas numa espécie de “achismo”. Ele “acha” que houve um modelo de educação baseado no facilitismo e na ideia de que o aluno é o centro da educação e pensa exactamente o contrário, o que para alguém que se apresenta como putativo líder do governo da nação é elucidativo. Imagino que seria curial fundamentar esse discurso de achar que houve facilitismo: será por ter ouvido dizer? porque assistiu a factos que demonstram a existência do facilitismo? e o que significa para Paulo Rangel um modelo de educação baseado no facilitismo? será que pode elaborar um pouco mais sobre o conceito de facilitismo?

Logo a seguir Rangel diz que pensa que a escola deve ser vista como um valor colectivo, é um centro de transmissão do saber, de transmissão geracional do saber. Valor colectivo quer dizer o quê? do colectivo constituído pela administração, direcção, professores, alunos, funcionários, pais/ee’s, fornecedores (os “stakeholders”, na versão simplificada do empreendedorismo e empresarialização, tão do agrado dos liberais)? ou colectivo referido aos nacionais portugueses? ou será um colectivo que abrange também as comunidades de imigrantes, que não tendo nacionalidade portuguesa, contribuem com o seu trabalho para o aumento dos recursos económicos, sociais e científicos do país?

E quando fala de transmissão do saber, a que saber se refere Rangel? será que Rangel imagina que há um saber incontestado e incontestável, e que só esse tem direito de cidadania na escola pública? não achará Rangel que a defesa de um tal saber indicia uma visão eurocêntrica, completamente desfazada do mundo em que vivemos, e sobretudo da cosmovisão imprescindível aos defensores de um mundo globalizado e sem fronteiras/barreiras, tanto para o capital, como para as pessoas e para os seus saberes?

Mais à frente, a mistificação e a confusão são tão grandes, que me fizeram lembrar Valter Lemos nos seus tempos áureos no ME. Quere confundir escola inclusiva com vamos passar toda a gente, para que todos sejam iguais, vamos facilitar, só pode ser qualificado como ignorância ou demagogia barata, assente em má fé. O que para um candidato a substituir o actual 1º ministro é colocar-se no mesmo patamar de não exigência ética e política.

Para acabar em beleza este verdadeiro chorrilho de coisas sem sentido ficarei, por agora, pela ideia de que Rangel prefere uma escola [em que] uma [pessoa] que até aprenda umas coisas de uma língua estrangeira, de história, de matemática, de português e que saiba ser um bom electricista aos 16 ou 17 anos? Ou um bom canalizador? a uma escola para todos.

Sobre a ideia de que a avaliação dos professores deve passar pelos resultados obtidos pelos alunos, em exames nacionais, nem vale a pena elaborar muito e por isso nem comento.

← Older posts
Correio Electrónico!

25A – SEMPRE

Fevereiro 2010
S T Q Q S S D
1234567
891011121314
15161718192021
22232425262728
« Jan   Mar »

Artigos Recentes

  • da ignorância atrevida, da demagogia com cobertura mediática e da não ingerência na soberania de outros povos
  • do presidente-monarca
  • da democracia nos partidos
  • do “andar a dormir” e do tratamento desigual dispensado pela comunicação social
  • da escola como ocupação do tempo dos jovens

Comentários Recentes

Professsora em do tempo e forma das negociaçõ…
fjsantos em do tempo e forma das negociaçõ…
Professsora em do tempo e forma das negociaçõ…
Mina em Nuno Crato anunciou nova alter…
fjsantos em O PS e a unidade da esque…

Arquivos

  • Abril 2016
  • Março 2016
  • Fevereiro 2016
  • Janeiro 2016
  • Dezembro 2015
  • Novembro 2015
  • Outubro 2015
  • Outubro 2013
  • Julho 2013
  • Junho 2013
  • Maio 2013
  • Abril 2013
  • Março 2013
  • Fevereiro 2013
  • Janeiro 2013
  • Dezembro 2012
  • Novembro 2012
  • Outubro 2012
  • Setembro 2012
  • Agosto 2012
  • Julho 2012
  • Junho 2012
  • Maio 2012
  • Abril 2012
  • Março 2012
  • Fevereiro 2012
  • Janeiro 2012
  • Dezembro 2011
  • Novembro 2011
  • Outubro 2011
  • Setembro 2011
  • Agosto 2011
  • Julho 2011
  • Junho 2011
  • Maio 2011
  • Abril 2011
  • Março 2011
  • Fevereiro 2011
  • Janeiro 2011
  • Dezembro 2010
  • Novembro 2010
  • Outubro 2010
  • Setembro 2010
  • Agosto 2010
  • Julho 2010
  • Junho 2010
  • Maio 2010
  • Abril 2010
  • Março 2010
  • Fevereiro 2010
  • Janeiro 2010
  • Dezembro 2009
  • Novembro 2009
  • Outubro 2009
  • Setembro 2009
  • Agosto 2009
  • Julho 2009
  • Junho 2009
  • Maio 2009
  • Abril 2009
  • Março 2009
  • Fevereiro 2009
  • Janeiro 2009
  • Dezembro 2008
  • Novembro 2008
  • Outubro 2008
  • Setembro 2008
  • Agosto 2008
  • Julho 2008
  • Junho 2008
  • Maio 2008
  • Abril 2008
  • Março 2008
  • Fevereiro 2008
  • Janeiro 2008
  • Dezembro 2007
  • Novembro 2007
  • Outubro 2007
  • Setembro 2007
  • Agosto 2007
  • Julho 2007

Twitter Updates

    follow me on Twitter

    Twingly BlogRank

    Twingly BlogRank

    Indique o seu endereço de email para subscrever este blog e receber notificações de novos posts por email.

    Junte-se a 1.841 outros subscritores

    Create a free website or blog at WordPress.com.

    Privacy & Cookies: This site uses cookies. By continuing to use this website, you agree to their use.
    To find out more, including how to control cookies, see here: Cookie Policy
    • Seguir A seguir
      • (Re)Flexões
      • Junte-se a 34 outros seguidores
      • Already have a WordPress.com account? Log in now.
      • (Re)Flexões
      • Personalizar
      • Seguir A seguir
      • Registar
      • Iniciar sessão
      • Denunciar este conteúdo
      • Ver Site no Leitor
      • Manage subscriptions
      • Minimizar esta barra
     

    A carregar comentários...