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Monthly Archives: Julho 2009

Educação – uma arma no combate eleitoral

31 Sexta-feira Jul 2009

Posted by fjsantos in ambiguidade, ética, diversidade, educação, equidade

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campanha pré-elitoral

Ontem, vendo a “Quadratura do Círculo”, reparei na insistência com que A.Costa reclamava contra os seus parceiros do “arco governativo” por estarem a comentar o programa do PS sem o terem lido.

Ontem, também, foi o dia do “fait-divers” sobre uma alegada campanha dos movimentos de professores contra o PS.

Não valendo a pena valorizar em demasia a visibilidade que foi dada ao repasto em que estiveram presentes alguns professores do ensino básico e secundário, e em que o convidado de honra foi um professor universitário e cronista/comentador de educação, com assento regular num jornal e numa televisão, será interessante olhar para as propostas partidárias na área da educação.

Quanto ao “compromisso educação” que os movimentos terão negociado com os partidos da oposição, aguardo para ver que tradução terá nas respectivas propostas eleitorais.

Já do discurso de A.Costa fixei a hipervalorização da aposta na educação, em particular no alargamento da escolaridade, segundo as suas palavras, ao 12º ano.

No início de Maio escrevi aqui no blogue «MLR e o governo continuam a usar de ambiguidade ao fazerem passar a ideia de que escolarizar jovens até aos 18 anos é a mesma coisa que alargar a escolaridade até ao 12º ano. Esse é o engano em que induzem os portugueses e que se destina a obter alguns ganhos eleitorais. Essa é sobretudo uma medida que se destina a diminuir os números do desemprego, uma vez que num passe de mágica deixa de haver desempregados com menos de 18 anos.»

Como não quero ser injusto (embora tenha a declarar que o meu voto e a campanha que farei, junto de familiares e amigos, será à esquerda do PS), fui espreitar o que diz o programa do PS na área da educação. Aí, entre as páginas 47 e 51, estão indicados os objectivos para a próxima legislatura.

A ambiguidade e o uso de formulações generalistas são a imagem de marca. Todos os compromissos ali enunciados permitem a continuação das orientações neo-liberais, emanadas das instâncias de regulação do capitalismo globalizado, apesar de permitirem leituras benevolentes de alguma preocupação social mitigada.

Sobre a magna questão do alargamento da escolaridade obrigatória nada permite afirmar que a meta seja o 12º ano para todos. O que fica claro é que todos os jovens deverão frequentar o sistema de ensino/formação entre os 5 e os 18 anos de idade.

Pretender que todas as crinaças que entram no sistema escolar aos 6 anos terão concluído o 12º ano aos 18, significa que não haja nunca retenções.

Enquanto grande desígnio do sistema educativo português, parece-me ser de aplaudir essa iniciativa. Só que para a tornar exequível terá que se proceder a uma verdadeira revolução, não só na escola, como em todas as estruturas sociais que concorrem e são determinantes para o sucesso e a efectividade da escola – família, autarquia, serviços de saúde, segurança social/emprego.

La lucha por la justicia exige un compromiso ineludible con el alumnado procedente de situaciones y grupos sociales desfavorecidos social, cultural y económicamente.

En consecuencia, obliga a garantizar una educación apropiada para cada estudiante en particular, con independencia de sus capacidades intelectuales, sus modalidades de inteligencia, sus estilos de aprendizaje, sus capacidades físicas y sensoriales, o sus creencias religiosas y culturales, así como de su sexualidad, su género y su clase social.

Torres Santomé, J. DIVERSIDAD CULTURAL Y CONTENIDOS ESCOLARES

De facto, no que às propostas apresentadas pelo PS diz respeito, não encontrei nem uma linha sobre como pretender garantir que todos as crianças que entram na escola ao 6 anos vão conseguir concluir com êxito o 12º ano aos 18.

Eu só vejo dois caminhos: ou se decreta administrativamente a transição durante toda a escolaridade obrigatória, ou se altera radicalmente a organização escolar e se lhe atribuem recursos humanos e financeiros muito mais significativos, de modo a permitir a individualização do ensino que garanta  a aquisição de competências e saberes a todos os alunos.

É esta a clarificação que falta.

La lucha por la justicia exige un compromiso ineludible con el alumnado procedente de situaciones y grupos sociales desfavorecidos social, cultural y económicamente.
En consecuencia, obliga a garantizar una educación apropiada para cada estudiante en particular, con independencia de sus capacidades intelectuales, sus modalidades de inteligencia, sus estilos de aprendizaje, sus capacidades físicas y sensoriales, o sus creencias religiosas y culturales, así como de su sexualidad, su género y su clase social.

Quem brinca com o fogo amanhece molhado

30 Quinta-feira Jul 2009

Posted by fjsantos in a mim não me enganas tu

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asneirada, ingenuidade, politiquices

Vai para aí uma maka (como se dizia no meu kimbo) a propósito de um título do DN, que anuncia uma campanha dos movimentos de professores contra o PS.

Descobri o caso através de dois posts “encriptados” do Paulo Guinote, nos quais ele explica porque não gosta de colectivos e esclarece tudo a bem da verdade.

A “estória” começou num encontro à volta da mesa que, de acordo com os organizadores, teve uma conclusão clara, como se pode ler nos relatos feitos:

«Tendo em conta o actual contexto político e o panorama académico nacionais, não temos dúvidas em afirmar que Santana Castilho é a pessoa melhor preparada, do ponto de vista técnico, científico e político, para assumir responsabilidades governativas na área da Educação, além de representar para os professores portugueses um modelo de oposição coerente e fundamentada às afrontosas e erradas políticas educativas deste Governo.

Neste momento, Santana Castilho constitui a figura pública capaz de devolver a tranquilidade de que os professores e a escola pública carecem e de funcionar como catalisador da motivação e da disponibilidade dos professores para trabalharem empenhadamente nas melhores soluções para a escola pública.

Conhecedores das ideias e da determinação do professor Santana Castilho, consideramos que o conhecimento público e atempado do seu envolvimento numa alternativa de Governo na área da Educação constituirá, seguramente, uma não despicienda vantagem eleitoral para o partido que tenha a inteligência de saber contar com ele.

Octávio V Gonçalves

(NEP e NBlogger do PROmova)»

É possivel ler exactamente as mesmas conclusões no blogue do MUP e apenas no blogue da Apede se consegue ler algo que, não sendo igual, apenas reforça a ideia base do encontro «À despedida, reforçámos a nossa convicção de que, com três ou quatro Santanas Castilhos no Ministério da Educação, poderia, finalmente, iniciar-se a enorme barrela de que esse organismo necessita desesperadamente.»

Partindo destes relatos encomiásticos de tão profícuo encontro, o DN deu à estampa uma notícia em que associa os movimentos de professores a uma campanha anti-PS. Vai daí, os imberbes e ingénuos líderes da classe docente descobriram que quem brinca com o lume se sujeita a levar umas mangueiradas para que o fogo não alastre.

A Apede, o Mup e o ProMova bem podem vir agora reclamar contra o jornalista que escreveu a peça ou contra o director que aprovou o título. O PG explica bem porque não gosta de entrar em caldeiradas em que possam atribuir-lhe afirmações que não fez. Provavelmente por isso (não sei sequer se foi convidado) não esteve no tal repasto e disse o que disse ao jornalista do DN que o contactou.

Alguém disse, ou deu a entender, ao jornalista do DN que aqueles movimentos estão contra o PS e que ainda por cima têm um candidato a ministro da Educação.

Juro que não fui eu.

Debate extemporâneo ou, de como criar a ideia de uma inevitabilidade nacional

29 Quarta-feira Jul 2009

Posted by fjsantos in "puxa-saquismo"

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propaganda, publicidade enganosa

O debate que a SIC promoveu ontem, entre os candidatos do PS e do PSD à câmara de Lisboa não serviu, aparentemente, para nada.

Quando digo “aparentemente” é porque estou convencido que, na verdade, aquele programa serviu o objectivo, não enunciado, que presidiu à sua realização – promover e vincar no eleitorado a ideia de um confronto esquerda/direita, polarizado nos dois partidos do centrão.

Nem A.Costa nem S.Lopes estavam muito interessados em “ganhar a câmara” no debate de ontem. Evidentemente que ambos tinham que evitar gaffes comprometedoras. Mas o objectivo do programa era vincar a ideia de que no país mediático e político apenas existem as alternativas corporizadas pelo PS ou pelo PSD. E isso é de uma importância vital para promover a bipolarização nas eleições legislativas.

Não deixa de ser curioso que a eleições que se vão realizar mais tarde tenham tido honras de abertura do debate político-eleitoral. No entanto, basta olharmos com um pouco mais de atenção, percebe-se o alcance da coisa.

A poucos dias de se entrar na pré-campanha para as legislativas, com entrevistas consecutivas aos líderes dos partidos concorrentes às eleições (em que todas as vozes terão que ser ouvidas), a que se seguirão debates com a presença dos dirigentes de todos os partidos, era fundamental deixar uma última mensagem de que só vale a pena escolher entre PS e PSD (porque só eles contam para governar).

Não podendo fazer um único frente a frente com Pinto de Sousa e Manuela Ferreira Leite, a SIC colocou no ar os putativos números dois de ambos os partidos, sob a capa das eleições para Lisboa. Não o fez por acaso.

Em Lisboa, as candidaturas de PS e PSD apresentam-se como polarizadoras dos votos alegadamente da esquerda e da direita, que as direcções dos respectivos partidos gostariam que tivessem tradução no voto popular de dia 27 de Setembro.

Aliás, numa operação de pesca à linha em tudo semelhante à que A.Costa protagonizou com o “acordo coligatório” que deu o 2º lugar a Helena Roseta e a cooptação de Sá Fernandes, também o PS nacional lançou as redes à “esquerda” pescando uma actriz e um antropólogo gay, que antes de terem convicções de esquerda e preocupações de solidariedade social, estão preocupados com os seus umbiguinhos. Pelo caminho, o PS ainda tentou “iscar” uma psicóloga que assina com três nomes, mas que parece ter mais convicções do que os outros dois.

Tudo o que iremos assistir nos próximos meses, em termos de fabricação da opinião pública, estará balizado pelo objectivo de excluir do debate e do acesso ao poder os partidos que possam obrigar o PS a inflectir à esquerda, assumindo a responsabilidade de cumprir os desígnios dos seus fundadores.

Para os interesses instalados, para os detentores do capital e para o lúmpen que vegeta à volta desses interesses (comentadores, jornalistas, funcionários e carreiristas do aparelho) é fundamental que o centrão não se desfaça.

Compete aos cidadãos, que estão fartos do desgoverno dos últimos 30 anos, dar voz às política alternativas, votando em consciência e de forma útil para correr com o parasitismo e a corrupção, que se foram instalando no país por acção de PS e PSD.

Competências – aprendizagens escolares e não escolares

28 Terça-feira Jul 2009

Posted by fjsantos in comunicação

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entretenimento, ganhar a vida

La diversidad del alumnado no encaja nada bien en unas instituciones escolares
pensadas para uniformizar y para imponer un canon cultural que pocas personas
cuestionan, porque, entre otras cosas, tampoco desde las administraciones educativas
se estimula este tipo de debate.Sin embargo, en el escenario social de fondo en el que
los centros escolares se encuentran inmersos, las revoluciones políticas, sociales, culturales,
económicas y laborales se suceden a un ritmo vertiginoso, algo que está provocando
grados importantes de desconcierto en muchos colectivos y grupos sociales
y, por supuesto, entre el profesorado.
Esta desorientación se pone de manifiesto cada vez con más facilidad en la medida
en que, día a día, hay mayor diversidad de estudiantes en las aulas, y ni los currículos
obligatorios, ni los materiales curriculares los toman en consideración. Conviene
ser conscientes de que, en el sistema educativo actual, son muchas las alumnas y
alumnos que no se sienten reconocidos en las aulas,porque, entre otras cosas, los grupos
sociales, culturales, lingüísticos y étnicos a los que pertenecen no existen en los
contenidos culturales que allí se trabajan, ni tampoco en los recursos didácticos con
los que realizan sus tareas escolares. No es infrecuente tampoco que, si alguna vez
aparecen algunos datos sobre ellos, no se sientan reconocidos porque,o bien se basan
en informaciones distorsionadas o, lo que es más frecuente,se recurre a noticias, dibujos
y fotos que les ridiculizan o desvalorizan.
Em tempo de férias, para pensar sobre exames, prestação de contas e aquisição de competências para a vida
La diversidad del alumnado no encaja nada bien en unas instituciones escolares pensadas para uniformizar y para imponer un canon cultural que pocas personas cuestionan, porque, entre otras cosas, tampoco desde las administraciones educativas se estimula este tipo de debate.Sin embargo, en el escenario social de fondo en el que los centros escolares se encuentran inmersos, las revoluciones políticas, sociales, culturales, económicas y laborales se suceden a un ritmo vertiginoso, algo que está provocando grados importantes de desconcierto en muchos colectivos y grupos sociales y, por supuesto, entre el profesorado.
Esta desorientación se pone de manifiesto cada vez con más facilidad en la medida en que, día a día, hay mayor diversidad de estudiantes en las aulas, y ni los currículos obligatorios, ni los materiales curriculares los toman en consideración. Conviene ser conscientes de que, en el sistema educativo actual, son muchas las alumnas y alumnos que no se sienten reconocidos en las aulas,porque, entre otras cosas, los grupos sociales, culturales, lingüísticos y étnicos a los que pertenecen no existen en los contenidos culturales que allí se trabajan, ni tampoco en los recursos didácticos con los que realizan sus tareas escolares. No es infrecuente tampoco que, si alguna vez aparecen algunos datos sobre ellos, no se sientan reconocidos porque,o  bien se basan en informaciones distorsionadas o, lo que es más frecuente, se recurre a noticias, dibujos y fotos que les ridiculizan o desvalorizan.

O mundo paralelo dos governantes “socialistas”

27 Segunda-feira Jul 2009

Posted by fjsantos in absurdos

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mundos paralelos, o espelho de Alice, second life

«“Encurtar a carreira em cinco anos, permitir melhores condições de progressão para os professores que não consigam chegar a professor titular e um novo escalão de topo para que aqueles que estão neste momento no topo da carreira possam progredir. É isto que a Fenprof disse hoje que preferia que o Governo não aprovasse”, frisou o governante.»

Jorge Pedreira há muito que nos habituou a este estilo. Para ele, tal como para a “elite” dirigente do PS, os portugueses são uns pobres ignorantes e iletrados, pelo que “papam” qualquer argumento (por mais manhoso que seja).

Antes de aprofundar demasiado a análise do discurso de secretário de Estado começarei apenas pelas palavras ditas, e pela contradição que encerram [infelizmente os jornalistas, ou correspondem ao perfil de ignorância e iliteracia sugerida pelos governantes, ou estão mais preocupados com a vidinha do que com o serviço informativo que deviam prestar].

Quando o SE Pedreira diz que a proposta do governo ia no sentido de “melhorar as condições de progressão”, ao mesmo tempo que assume que essa melhoria se destina a quem nunca chegará ao topo da carreira, só pode estar a gozar com os professores. Mas mesmo assim não há notícia de que algum jornalista o tenha confrontado com o absurdo enunciado.

Como é que se melhora uma progressão que está bloqueada por natureza, a partir de um determinado estadio de desenvolvimento? Só quando se eliminar esse bloqueio. E isso implica a existência de uma carreira única e não de duas carreiras, que nem paralelas são.

É por isso que os professores (de quem a FENPROF é apenas a principal porta-voz e possui a legitimidade de ser a central com maior filiação sindical) exigem o fim da divisão da carreira e o fim da “titularidade”.

O ECD não tem que ser “revisto”. Tem que ser revogado e substituído por outro que seja baseado na confiança e no compromisso dos professores.

Ainda na passada sexta-feira, na conferência que proferiu na UCP, o Professor Antonio Bolívar voltava a recordar

«Dado que la enseñanza es un profesión compleja, obligada a atender múltiples demandas, para mantener la energía y el entusiasmo en el trabajo, los profesores necesitan mantener el compromiso y la pasión por el trabajo (Day, 2006).  Desempeña un papel de primer orden en conseguir los objetivos y misiones de la escuela, incrementar el profesionalismo docente y responder mejor a las demandas de los clientes (Park, 2005). Por su papel para mejorar la calidad de la educación, debe ser resueltamente reconocido y reforzado.»

Foi baseado exactamente no princípio oposto, que se sustenta na desconfiança e no descrédito, que o actual ECD foi construído. Foi por desconfiar do profissionalismo docente e da autonomia profissional dos professores que Maria de Lurdes Rodrigues, acompanhada e incentivada por Jorge Pedreira e Valter Lemos, e sob a supervisão de Pinto de Sousa, tudo fez para denegrir uma classe cujo valor social é reconhecido maioritariamente pela população portuguesa.

Foi por isso que se enganou estrondosamente quando afirmou que tinha perdido os professores, mas tinha ganho a população. Vive por certo num mundo paralelo, uma espécie de “País do Espelho” como Alice, só que em vez de um gato maluco ou um rei de copas, tem a companhia dos seus secretários de Estado. Até Setembro.

O direito a escolher é inalienável e não necessita de justificações…

25 Sábado Jul 2009

Posted by fjsantos in a bem da nação

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cuidar da vidinha

… a menos que quem escolhe se sinta desconfortável com a opção que tomou, o que normalmente não anuncia nada de bom para o próprio.

Vem isto a propósito do post que Miguel Vale de Almeida publicou e no qual tenta explicar, não sei bem a quem, porque resolveu ir para a bancada do PS que ainda tem como líder Pinto de Sousa.

Não conheço pessoalmente MVA, mas julgo tratar-se de um indivíduo honesto, com uma sólida formação científica e intelectual e com um trajecto pessoal que o tem levado a assumir combates difíceis ao longo da vida.

Assim sendo parece-me aceitável que MVA considere que a sua participação no grupo parlamentar do PS pode permitir-lhe alcançar alguns dos objectivos porque se tem batido nos últimos anos. Isso chega-me para aceitar que o tenha feito.

Já me parece um pouco tonto e descabido que MVA nos queira convencer que o partido liderado por Pinto de Sousa vai passar a governar à esquerda. Essa parte era dispensável, o que significa que afirmar «que a linha de separação entre direita e esquerda deve passar entre o PSD e o PS» não passa de um desejo que não resiste ao mais pequeno esforço de análise das políticas anti-sociais que o governo realizou e continuaria a pôr em prática, caso tivesse condições para o fazer.

É que para governar à esquerda não basta ser defensor da igualdade de género, aprovar a IVG ou conceder igualdade de direitos a todos os cidadãos sem discriminação da sua orientação sexual.

É preciso também por cobro à privatização dos serviços públicos de saúde e educação na sua componente lucrativa, quando ao mesmo tempo se nacionalizam os prejuízos quer desses serviços, quer de empresas privadas geridas com base no lucro especulativo e na ganância.

Se para MVA é importante estar no grupo parlamentar do PS, por causa dos direitos individuais dos homosexuais, fez muito bem em aceitar o convite.

O que não pode é esquecer que foi esse mesmo partido, e esse mesmo grupo parlamentar, quem sustentou políticas como o código dos despedimentos trabalho, a alteração das condições de acesso à reforma, o encerramento de maternidades e escolas no interior do país, além do ECD e da ADD.

Afinal quem é o 1º ministro?

25 Sábado Jul 2009

Posted by fjsantos in (in)verdades

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demagogia, publicidade enganosa

… ou perguntando de outra forma: o governo não pode resolver problemas até à eleições?

O secretário-geral socialista afirmou hoje que, se formar Governo, resolverá a situação dos 25 mil jovens desempregados que não podem beneficiar do subsídio de desemprego e prometeu que nenhum deficiente com incapacidade total para o trabalho terá rendimento inferior ao limiar da pobreza. Na apresentação do programa eleitoral do PS, José Sócrates afirmou também que caso seja reeleito avançará com o “licenciamento zero para eliminar obstáculos burocráticos ao dinamismo económico.

Presidindo a um governo que se prepara para alterar o ECD, tendo eleições no horizonte, não se percebe porque não legisla para resolver os problemas enunciados pelo próprio senhor Pinto de Sousa, em mais uma sessão de demagogia propaganda eleitoral.

Da Dádiva e da Gratuitidade

25 Sábado Jul 2009

Posted by fjsantos in desenvolvimento, educação

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dádiva, gratuitidade

Da lição do Professor Roberto Carneiro, a que assisti ontem, retive uma ideia que, sendo simples, é extremamente poderosa:

O Bom Professor é aquele que te leva a lugares onde nunca foste, mas o Excelente Professor é o que muda o lugar onde estás.

O incrível nesta ideia é que o seu poder e simplicidade se baseiam num princípio de dádiva, de entrega, de gratuitidade e não numa relação mercantil de compra e venda, ou até de troca de algum bem. Porque assenta no princípio de criação de riqueza social, que se contrói com a introdução de um terceiro beneficiado da dádiva e não numa relação biunívoca, em que o dador de hoje será quem recebe amanhã, como paga pelo serviço prestado.

Essa ideia de dádiva (independentemente de haver sempre lugar ao pagamento pelo serviço prestado) é algo que é intrínseco às profissões que prestam serviços sociais, como são as ligadas à saúde e à educação. O paciente a quem o médico salva a vida não poderá nunca “pagar-lhe” essa dádiva, mas por estar vivo poderá eventualmente tornar-se “a salvação” de uma outra pessoa. Do mesmo modo nenhum professor conseguirá devolver aos seus mestres tudo o que estes lhe ensinaram, a menos que seja capaz de tornar-se ele próprio um mestre para os seus alunos.

Estes são alguns dos aspectos intangíveis da actividade docente, que nenhum instrumento, parâmetro ou descritor de avaliação conseguirá “captar”. E no entanto são os que fazem a diferença entre o professor que se limita a debitar o programa, o que nos leva a lugares onde nunca estivemos e os que mudam os lugares onde estamos.

Liderança, Compromisso, Responsabilidade

24 Sexta-feira Jul 2009

Posted by fjsantos in educação, escola pública

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aprendizagem, Formação, reflexão

Acabo de chegar do Porto.

É uma cidade onde sempre “me senti em casa”. Fosse quando lá estudei, seja agora nas curtas e poucas visitas que fiz nos últimos anos.

Desta vez fui lá devido a um convite e um desafio do José Matias Alves, organizador de um dos muitos Cursos de Verão da Universidade Católica.

Foi um dia e meio de grande intensidade e de muita aprendizagem, quer pela extraordinária capacidade de comunicação dos conferencistas – Giovanna Barzanò e Antonio Bolívar -, quer pela enorme  qualidade dos comentários às suas conferências, a cargo de Maria do Carmo Clímaco e de Roberto Carneiro, quer ainda pelo interessantíssimo painel que teve a participação de José Maria Azevedo, José Matias Alves, Ana Rio e João Trigo e que foi moderado por Natércio Afonso.

No primeiro dia o tema central foi a Liderança, olhada à luz das Lógicas de Responsabilidade, tendo por base o estudo comparativo que Giovanna Barzanò realizou sobre os modos de reponsabilização e de prestação de contas das lideranças escolares em Inglaterra, Itália e Portugal.

Depois da conferência da manhã, o painel da tarde e o debate subsequente completaram um dia em que se afirmaram algumas ideias-chave, das quais achei mais significativas duas afirmações de JMAzevedo – Inspector Geral da Educação

  • A liderança deve ser entendida como a capacidade de dar sentido à escola (cada escola como uma entidade única, com um contexto, uma história, um projecto)
  • A Administração deve confiar sem abandonar (realizando um compromisso entre a pressão externa  da prestação de contas e a capacidade de auto-regulação profissional dos professores)

A conferência de hoje, a cargo de Antonio Bolívar e com os comentários de Roberto Carneiro, foi o complemento perfeito para os trabalhos de ontem.

O factor crítico identificado por A.Bolívar como o compromisso dos professores, embora não permita abandonar as preocupações com o controlo hierárquico que permite reduzir as incertezas, aponta claramente no sentido do que foram as palavras de JMAzevedo quanto à necessidade de se confiar nos professores, em vez de estes serem “os culpados de serviço”.

Esta pequena crónica não ficaria completa sem uma referência às magníficas intervenções de Roberto Carneiro. Confesso que nunca o tinha ouvido em intervenções deste tipo. E confesso que fiquei deslumbrado. Foi uma lição que não esquecerei e pela qual teria valido a pena a ida ao Porto, mesmo que fosse a única intervenção que eu tivesse ouvido.

O Professor Roberto Carneiro falou-nos da necessidade de termos líderes que saibam ser servidores, i.e., que sejam capazes de

  1. Ouvir o outro
  2. Entender os problemas e as necessidades do outro
  3. Transformar o outro
  4. Estar atento ao outro
  5. Inspirar o outro
  6. Sonhar e fazer sonhar o outro
  7. Intuir as coisas que vão acontecer
  8. Dar a orientação que crie confiança
  9. Comprometer-se com o crescimento do outro, em todas as dimensões
  10. Construir comunidades e criar riqueza social

Todo um programa que explica, de forma definitiva, porque falhou a perspectiva de Maria de Lurdes Rodrigues, Jorge Pedreira e Valter Lemos. Três pessoas que, porque eventualmente não conseguiram nunca um compromisso efectivo com o profissionalismo docente, só conseguem imaginar os professores como uns malandros e os maus da fita. No fundo, como diz a sabedoria popular, o bom julgador a si se julga.

Não fiquei para assistir ao painel que se realizou hoje à tarde. De facto, depois da apoteose que foi a lição magistral de Roberto Carneiro, não me seria possível ficar para ouvir o “pai dos pais” e o “presidente dos presidentes” (ou o “director dos directores”) a falarem sobre escolas e saída de labirintos. Seria o completo anti-climax.

Nota 1: a declaração de princípio enunciada por Roberto Carneiro, ao afirmar que a Escola não é um Mercado e que a Relação Pedagógica não é uma Relação Comercial, é algo de enorme importância que deve ficar para as actas.

Nota 2: penso que dentro de algum tempo o JMAlves disponibilizará no Scribd alguns dos textos das conferências, que recomendo vivamente a quem não teve a oportunidade de estar presente.

Teletrabalho docente – conversa pra boi dormir (como diriam nossos irmãos brasileiros)

21 Terça-feira Jul 2009

Posted by fjsantos in a mim não me enganas tu, deixa-me rir...

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demagogia, propaganda eleitoral, publicidade enganosa

Já vários blogue(r)s comentaram, com mais humor ou mais a sério, uma das últimas peças da propaganda socratina contra os professores.

Bem sei que, enquanto grupo profissional, fomos os que mais forte batemos e maior desgaste infligimos ao poder autocrático de Pinto de Sousa. Não fomos os únicos, nem pretendo que tenhamos sido os melhores, mas a resistência e constância de propósitos, que demonstrámos ao longo destes anos, foram suficientemente visíveis para ajudar a estragar a festa ao “menino d’oiro” do PS.

É isso que justifica estes últimos ataques patéticos que continuarão a ser desferidos contra os professores. Patéticos e demagógicos.

Porque a notícia de que as aulas serão dadas recorrendo a uma espécie de “tele-trabalho” de docentes e discente é, à vez, patética e demagógica.

Porque qualquer pessoa minimamente informada sabe que:

  1. não existe tecnologia disponível que permita substituir a presença de um professor junto dos seus alunos, quando ainda por cima esses alunos estão em locais diferentes (cada um em sua casa);
  2. mesmo que essa tecnologia estivesse disponível, afirmar que «os pais podem vir a assumir o papel de educadores, através de “estratégias de informação e envolvimento que lhes permitam apoiar a realização de trabalhos escolares em casa”.» é reconhecer que se vive numa dimensão alternativa, quiçá em virtude do consumo de substâncias químicas que alterem as percepções da realidade.

Na verdade o que esta “notícia” revela é uma obsessão doentia contra os professores, que é marca indelével da equipa que habita a 5 de Outubro há mais de 4 anos.

Mas também revela o potencial de propaganda demagógica a que o governo vai continuar a recorrer, no sentido de enganar os poucos incautos e os últimos indefectíveis pêéssianos.

É que imaginar que existe um comando central (ao qual milhares de professores e dezenas de milhar de alunos têm que obedecer) a partir do qual se dá uma ordem e tudo acontece como que por milagre, só pode significar uma de duas coisas:

  1. uma fé inabalável no poder e na autoridade da hierarquia;
  2. uma fé ainda mais profunda na crendice e no analfabetismo dos portugueses.

De resto, por oposição à notícia de ontem cujo título era

Gripe A: professores vão dar aulas em casa se a pandemia atingir escolas

o mesmo jornal traz hoje outra notícia com o título

GRIPE A: Teletrabalho divide grandes empresas. Faltam condições técnicas para responder a uma pandemia à distância

Palavras para quê? São artistas portugueses. Só não posso é afirmar que usam Pasta Medicinal Couto

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