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~ Defendendo a Cidadania

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Monthly Archives: Maio 2011

Olhar para a Grécia hoje e recordar Ieltsin em 1993/94

30 Segunda-feira Maio 2011

Posted by fjsantos in democracia sob tutela, eleições, mercado, neo-liberalismo

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Combate político

O comissário europeu Olli Rehn ameaçou recentemente o governo grego de que ou cumpre o plano de estrangulamento dos salários e privatizações ao desbarato, ou não haverá mais nenhuma tranche do empréstimo acordado com os credores internacionais.

O governo grego possui uma maioria absoluta no parlamento, o que lhe permite passar a maior parte da legislação necessária ao cumprimento do acordo. No entanto, para ir tão longe como pretendem os vampiros da finança internacional, é preciso uma maioria mais ampla que inclua o maior partido da oposição. Uma vez que este não parece convencido a participar na dança o sr. comissário resolveu passar ao plano B, que consiste em fechar a torneira até que os gregos se disponham a suspender a democracia, de forma a entregarem definitivamente a economia nas mãos das corporações financeiras multinacionais.

O que se passou na Rússia, nos finais de 1993, tem algumas semelhanças. Nessa altura Ieltsin e o seu governo estavam apostados em aplicar a ortodoxia neoliberal recomendada pelos Chicago Boys, liderados pelo mediático Jeffrey Sachs. Quando o parlamento russo, democraticamente eleito num processo aclamado pelos Estados Unidos e pela União Europeia, resolveu cumprir e fazer cumprir a legalidade democrática, Ieltsin respondeu dissolvendo esse parlamento e suspendendo o processo de democratização com o aplauso e o financiamento dos governos ocidentais.

Foi nessas circunstâncias que a “ajuda” internacional foi libertada e em troca se aceleraram as privatização das empresas estatais, num processo de partilha entre alguns apparatchiks e os grandes grupos financeiros internacionais. Graças ao apoio logístico e financeiro destes novos oligarcas Ieltsin conseguiu vencer as eleições de 1994, e a partir daí avançar com a parte mais lucrativa do seu programa de aplicação da contra-revolução neoliberal: a venda, a preços de saldo, das empresas ligadas aos sectores essenciais da economia russa.

Para se ter uma ideia do roubo perpretado contra o povo russo basta dizer que a companhia petrolífera Yukos, que controla mais petróleo do que o Kuwait e rende mais de 3 mil milhões de dólares por ano, foi vendida por apenas 309 milhões de dólares. Mas há muitos mais exemplos como o de uma enorme fábrica de armas vendida por 3 milhões de dólares (o que equivale ao preço de uma casa de campo de luxo nos Estados Unidos) , ou o da venda da Norilsk Nickel que produzia 1/5 do níquel mundial, por apenas 170 milhões de dólares.

O que hoje acontece com os países periféricos da UE é muito mais do que um mero ataque especulativo contra o euro. Insere-se no plano meticulosamente preparado pelos homens da escola de Chicago, materializado no chamado “consenso de Washington” e executado sistematicamente desde a década de 70 començado nos países da América do Sul até ao coração da antiga União Soviética, passando pela China e pelos “tigres asiáticos”.

Em todos os países em que esse plano tem vindo a ser aplicado existe uma coisa em comum – a sua concretização só é viável através de um processo de anulação, ou pelo menos suspensão temporária da democracia. A anterior líder do PSD teve a ousadia de fazer essa proposta concreta, mas saiu derrotada. Agora, já sem a sua presença, a troika portuguesa recorre à troika externa para aplicar também esse conceito de suspensão dos direito democráticos. É o que se preparam para fazer a partir de dia 6 de Junho, propondo-se negociar entendimentos a três mesmo contra a vontade que os portugueses vierem a manifestar nas urnas.

O Empréstimo da troika não é ajuda

29 Domingo Maio 2011

Posted by fjsantos in (in)verdades, neo-liberalismo

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Combate político, Rigor

Como explica um conjunto de economistas e investigadores de economia,

Um empréstimo não é uma ajuda

ainda por cima quando, associado ao negócio do empréstimo, os credores impõem algumas cláusulas que têm como única finalidade a apropriação privada dos bens públicos a preço de saldo.

As exigências que a troika externa apresentou, e a troika interna aceitou sem pestanejar, de privatização de sectores estratégicos como transportes, rede eléctrica nacional ou correios,  em vez de ajudarem o país a resolver a sua crise estrutural apenas servem para alguns encaixes financeiros irrisórios e para retirar ao estado uma fonte de receita importante, ao mesmo tempo que irão limitar o acesso de muitos mais portugueses a bens essenciais ao seu bem estar e qualidade de vida.

Eleições, MoU e política voodoo

29 Domingo Maio 2011

Posted by fjsantos in ambiguidade, mentir com que intenção, neo-liberalismo

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demagogia, publicidade enganosa

Como já toda a gente minimamente informada percebeu, nesta campanha eleitoral existe um assunto tabu para o PS, o PSD e o CDS – debater o conteúdo e as consequências do MoU (memorando de entendimento com o BCE/UE/FMI).

Seguindo a voz do dono, que neste caso são os accionistas dos grandes grupos de comunicação social, os precários da informação que acompanham os líderes dos partidos do “arco governativo” também nada lhes perguntam sobre o tema.

Na verdade  trata-se de assegurar o apoio dos eleitores a quem garante os interesses dos grandes grupos económicos, para de seguida aplicar as medidas políticas que foram convenientemente escondidas, ou deliberadamente anunciadas como as que se queria combater. É esta mistificação, na qual o PS se tem especializado desde os tempos de Mário Soares e atingiu o apogeu com José Sócrates, que é conhecida como política de voodoo.

O termo foi cunhado por John Williamson para se referir à forma como o ex-presidente boliviano Paz Estensoro traiu a plataforma nacionalista pela qual foi eleito para a presidência da Bolívia em 1985, na sequência de um acordo de bastidores com o seu adversário Hugo Banzer. Esse acordo destinava-se a garantir a aplicação de um tratamento de choque económico preconizado por Jeffrey Sachs para assegurar a “ajuda económica” do Banco Mundial e do FMI, em troca da privatização generalizada da economia boliviana e do esmagamento do poder reivindicativo das forças sindicais.

Esta foi a primeira experiência levada a cabo pelos paladinos friedmanitas da economia de mercado num ambiente de aparente escolha democrática.

Aquilo a que assistimos nestas eleições no nosso país é uma versão, revista e apurada, dessa mesma técnica de política voodoo em que se promete o que não se pensa cumprir, para melhor enganar todos aqueles que se contentam com histórias simples, contadas de forma convicta e com um alegado final feliz.

O carácter não se vende

28 Sábado Maio 2011

Posted by fjsantos in cidadania, esquerda

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Combate político, Rigor

Siza Vieira e Souto de Moura desmentem apoiar o PS

Alguns manifestantes são mais iguais que outros

27 Sexta-feira Maio 2011

Posted by fjsantos in absurdos

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democracia, Resistência

Como todos sabemos, desde o “Animal Farm” de Orwell, em matéria de igualdade de direitos e tratamento por parte das autoridades há sempre “uns” que são mais iguais que “outros”.

Também no que diz respeito ao tratamento que autoridades policiais e comunicação social dão aos contra-manifestantes que resolvem assistir de próximo (e vaiar/perturbar) comícios de partidos concorrentes às eleições de 5 de Junho isso se verifica.

Anteontem, “indignados” com a pintura de umas escadarias que apesar de se chamarem monumentais não estão classificadas como monumento nacional, diversos cidadãos caracterizados de estudantes e fardados de capa e batina manifestaram-se livremente contra o comício da CDU em Coimbra, entoando cantigas e palavras de ordem, como se pode ver no vídeo desta notícia. Não consta que algum deles tenha sido identificado pela polícia e muito menos tenha sido conduzido à esquadra mais próxima.

Já os cidadãos algarvios, indignados com a introdução de portagens na Via do Infante, com os despedimentos na Groundforce e com as condições de precariedade a que o governo de Sócrates conduziu o país, não tiveram tanta sorte. Um deles foi mesmo detido por polícias não fardados e conduzido à esquadra, na sequência de uma manifestação de idêntico teor contra uma manifestação do PS em Faro, que os socialistas declararam ser ilegal por não estar à distância regulamentar.

Debate sectorial – Educação Física e Desporto Escolar

25 Quarta-feira Maio 2011

Posted by fjsantos in educação

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acção pública, debate, regulação da educação

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Post dedicado aos “utilitaristas d’esquerda”…

25 Quarta-feira Maio 2011

Posted by fjsantos in a bem da nação

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Combate político, humor eleitoral

… entendendo por “utilitaristas d’esquerda” todos quantos pensam votar socratinamente para defender a escola pública, esquecendo que o investimento na Parque Escolar não é um investimento na Educação porque a PE não tem por missão o Ensino, mas sim a promoção de obras e a rentabilização do imobiliário ligado ao edificado escolar. Mas também aos que querem que o engenheiro continue a “defender” o SNS entregando-o ao grupo Mello e ao BES.

Para todos eles, com um grande cumprimento e muito respeito:

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Receitas da Troika, Economia de Mercado e Escola de Chicago

23 Segunda-feira Maio 2011

Posted by fjsantos in acabar com o medo, cidadania, esquerda

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acção pública, Combate político

A intervenção estrangeira sobre a economia portuguesa, que nos é apresentada como a ajuda salvífica para reparar o despesismo do nosso “estado social”, segue fielmente os preceitos da cartilha neoliberal que defende a economia de mercado, na melhor tradição do “rigor científico” da escola económica de Chicago.

A receita básica resume-se a três ideias-chave: redução das despesas do estado, privatização da economia e abolição do controlo estatal sobre o preço dos bens e serviços, incluindo aqui o valor do salário. Que esta receita tenha um custo pesado em termos de recessão económica e inflação é coisa que pouco preocupa os seus mentores pois crêem sustentar-se num rigor técnico científico, fundado no saber da escola do pensamento económico que lidera a verdadeira conquista global do planeta em nome da liberdade e do bem estar.

Infelizmente essa narrativa do “bem-estar e da liberdade” omite o facto de que estes são apenas possíveis para uma pequena minoria, arrastando cada vez mais seres humanos para a pobreza e a miséria.

Seguindo as teorias dos economistas da escola de Chicago, e do seu guru Milton Freedman, os responsáveis pela política neoliberal em que Portugal se afunda aceitaram agora aplicar-nos um tratamento de choque, que só não é exactamente igual ao que foi aplicado no Chile de Pinochet porque não vivemos o terror de uma ditadura. Mas no plano económico o tratamento de choque será em tudo semelhante e não é a diferença entre a explicitação da receita privatizadora, protagonizada pelo PSD e CDS, ou a forma camuflada e dissimulada como o PS segue a mesma cartilha que inverterá este processo em que a riqueza é aspirada para o topo, ao mesmo tempo que grande parte da classe média é simplesmente liquidada.

O que temos como propostas da Troika interna, sob apertada vigilância da Troika externa, já não é nem um estado-social nem sequer um estado-regulador, mas sim um estado-corporatista no sentido que lhe é atribuído por Naomi Klein quando o identifica como uma aliança entre um estado-mínimo, que se limita a garantir a segurança dos negócios, e as grandes empresas do sector financeiro e da distribuição, cujos lucros assentam na especulação financeira e na circulação livre, instantânea e imaterial dos capitais.

Esta é uma aliança cujo êxito depende, de forma decisiva, da incapacidade dos cidadãos reagirem e se organizarem. É por isso que os pequenos focos de reacção que vão sendo ensaiados em torno de algumas reivindicações concretas devem conseguir passar para outras formas de coordenação e organização. É preciso, é mesmo urgente, que todos quantos percebem a armadilha em que os partidos do “arco do poder” nos colocaram consigam unir-se para concretizar uma política diferente.

Frente a Frente na TVI24 – a vitória do mercado sobre a democracia

20 Sexta-feira Maio 2011

Posted by fjsantos in absurdos, ética

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Combate político, Resistência

A “esquerda do PS” e a “cidadania do PSD” encontraram-se à esquina da TVI24, supostamente para debater o futuro dos portugueses, como se o país fosse uma coutada a partilhar EXCLUSIVAMENTE entre os dois.

Estes “democratas” não se sentem minimamente incomodados com a forma claramente antidemocrática como os patrões da comunicação social privada os beneficiam numa corrida eleitoral que supostamente devia ser imparcial e não reger-se prioritariamente pelas regras mercantilista dos shares e audiências.

Vem até ao “SOL”

19 Quinta-feira Maio 2011

Posted by fjsantos in acabar com o medo, acção pública

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festa e luta = manifestação

Sabemos como começou e até há quem diga que o 12 de Março da “Geração à Rasca” serviu de inspiração.

Não sabemos ainda como acabará.

Entretanto podemos espreitar e imaginar como Portugal seria diferente se não fossemos tão acomodados.

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