Etiquetas
Há três dias atrás avancei a tese de que, para lá da irracionalidade pedagógica e organizacional da fundação de “mega-coisas” a partir dos agrupamentos actualmente existentes, existe uma intencionalidade política no caminho para a privatização total da escola.
Acredito que, para os agentes do neoliberalismo que dominam a cena política nacional, este é apenas um passo mistificador que justificará, dentro de poucos anos, o discurso de abandono da escola por parte do Estado mínimo que PS, PSD e CDS têm vindo a construir, paulatinamente, graças à anomia dos portugueses.
Mas existe uma outra intencionalidade, mais imediata e de carácter economicista: alguns estudos preliminares efectuados permitem antever que a junção do 2º e 3º ciclo ao Secundário se traduzirá, em termos de gestão dos horários docentes, numa redução de cerca de 15 horários por cada 30 turmas agrupadas.
Com a distribuição de serviço que vai começar a ser feita nos amontoados que entrarão em funcionamento em Setembro, poderemos constatar quantos milhares de contratados engrossarão as filas dos centros de emprego. Tudo em nome do PEC e da redução da massa salarial no ME.
Há quem continue a clamar contra a alegada inércia sindical, achando que as acções que se desenrolarão nos próximos dias e num futuro mais ou menos longo são inúteis, por tardias.
Há quem prefira ironizar, procurando obter o mesmo efeito.
Procurar saber quem agiu e quem tem apenas estado a ver passar os comboios é assunto pouco produtivo para os professores e para a escola. Sabendo todos que se os professores não agirem, e não estiverem dispostos a lutar, pouco adiantará protestar contra as direcções sindicais.
Tal como todos sabemos que nem sempre se ganha quando se luta, mas de certeza que nada se ganha sem luta.