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dos jornalistas manipuladores
23 Segunda-feira Nov 2015
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19 Quinta-feira Nov 2015
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Por estes dias temos sido confrontados com a ascenção à categoria de “analista político” de umas quantas abencerragens que, por terem andado numa escola de jornalismo, se acham “jornalistas”, “escritores” e até “comentadores políticos”.
Vem isto a propósito de um simples animador de um programa pseudo-cómico, com periodicidade semanal, que se assina João Miguel Tavares. Se já enjoa ler e ouvir uns quantos economistas, jornalistas e políticos encartados da direita a perorar sobre os poderes presidenciais, a legitimidade de o PS governar apoiado à sua esquerda, ou o caos em que viveremos se não formos governados com as regras de Hayek e Friedman, ter que suportar a “ciência política” made in JMT é deveras insuportável.
Hoje, em mais uma crónica inenarrável, este representante do latifúndio alentejano vem, mais uma vez, dissertar sobre o poder de Cavaco “exigir”.
Nesse exercício de “erudição política” JMT remete-nos para o discurso de posse de Passos Coelho, quando o PR sem poderes de dissolução da AR decidiu dirigir-se ao futuro PM que terá que indigitar, dizendo: «Exige-se ao Governo que respeite as regras europeias de disciplina orçamental, nomeadamente o Pacto de Estabilidade e Crescimento, os pacotes legislativos denominados Six Pack e Two Pack e o Tratado Orçamental. Exige-se, igualmente, que o Governo respeite os compromissos assumidos pelo Estado português no âmbito da União Bancária.»
Acontece que para que alguém possa exigir algo a uma terceira pessoa ou entidade, convém que detenha sobre essa pessoa ou entidade algum ascendente, e, de preferência, a capacidade de persuasão imprescindível para que o seu interlocutor se sinta obrigado a obedecer.
Ora, por muito que custe a JMT e a todos os “expertos” da direita, Cavaco Silva não possui essa capacidade, uma vez que se decidir declarar guerra à Assembleia da República será a direita, e, em particular, o seu PSD que mais terão a perder.
Nenhuma lei emanada do governo passará na AR e, no limite, o PR terá que aprovar as leis aprovadas pela AR, mesmo recorrendo a alguns “vetos de gaveta”.
Uma vez que acresce a tudo isto o facto de que os acordos assinados pelo PS com BE, PCP e PEV não propõem o desrespeito pelas regras europeias de disciplina orçamental, ou os compromissos assumidos pelo Estado português no âmbito da União Bancária, pelo que o cumprimento da putativa exigência está formalmente garantido. Não resta à direita e ao seu dilecto presidente senão “a prova do pudim”[1].
19 Quinta-feira Nov 2015
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Por estes dias os jornais diários, sejam os publicados em papel, sejam os difundidos por rádio ou televisão, fazem-me lembrar os jornais desportivos no “defeso” do futebol.
Se estes últimos se dedicam a “descobrir” contratações, entradas e saídas de futebolistas dos principais clubes nacionais, os primeiros dedicam-se a “elaborar” sobre o que fará Cavaco Silva depois de esgotadas todas as possibilidades de empurrar com a barriga a nomeação de um governo que, efectivamente, possa governar com apoio parlamentar.
Esta proliferação de “cenaristas”, maioritariamente formados na “escola do professor Marcelo”, é a garantia de atracção de leitores e, potencialmente, de aumento das vendas. E uma eventual descredibilização dos “cronistas” e do jornal é compensada pela conhecida fraca memória dos portugueses, aliada à forma como reduzem a análise política a uma espécie de disputa clubística.
O mais recente desvario em torno do tema “posse de um governo” é o que se pode ler no Económico de hoje e é assinado por
Com isto Cavaco Silva não deixaria Passos Coelho a assar em lume brando (parece que o PM rejeitado e demitido pela AR não gosta da ideia), não se arriscaria a ser novamente humilhado ao ver chumbado um segundo governo da sua autoria no espaço de dois meses e poderia alimentar a esperança de “correr com os comunistas do poder” daqui a uns meses, uma vez que a direita está convicta de que em 2016 ganharia com maioria absoluta.
Para sustentar tese tão fantasiosa, as autoras relembram que Cavaco Silva «jogou esta mesma cartada para tentar resolver a crise política do Verão de 2013, na sequência do pedido de demissão de Paulo Portas, propondo um acordo de médio prazo entre PSD, CDS e PS e prometendo em troca eleições antecipadas para Junho de 2014, aquando do final do programa de ajustamento». Nem se dão conta de que, em primeiro lugar ninguém lhe “deu cavaco” e, em segundo lugar, hoje nem dispõe do poder de condicionar a vontade dos líderes partidários porque, simplesmente, nem ele poderá dissolver a AR em 2016, nem existe garantia de que o PR que vier a ser eleito o queira fazer, nas condições descritas no artigo do económico.
12 Quinta-feira Nov 2015
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A direita relha e velha continua a sua saga e insiste no discurso.
Hoje, no Público, o inefável João Miguel Tavares retoma a tese de que um governo do PS não deve ser empossado porque é “ainda mais minoritário” do que o governo PSD/CDS, que foi derrubado no dia 10.
Com o fim de achincalhar quanto baste a opção de um governo apoiado pela esquerda parlamentar, JMT chama-lhe “trafulhice dos desacordos escrita num português miserável” e uma “fézada conjunta”, entre outros mimos.
Descontada toda a azia e mau humor que este arauto do apocalipse ao serviço da direita, mas bem pago para dizer e escrever disparates, vai debitando, convém esclarecer o seguinte: Um governo do PS com apoio parlamentar de 122 deputados não é minoritário, mas sim maioritário.
Isso decorre do facto de a partir de 116 deputados estar garantida a aprovação parlamentar das iniciativas que esse governo apresentar. É verdade que, nestas circunstâncias, o governo terá que negociar a confirmação do apoio dos partidos à esquerda do PS. Mas é isso mesmo que o governo da PàF não conseguiu obter, já que nem o PAN acredita nesses “vencedores das eleições”.
E a polémica sobre quem venceu as eleições remete-nos para outro exemplar da direita, mais radical e trauliteira, que tem coluna de opinião permanente. Refiro-me a Rui Ramos que, também hoje mas no Observador, insiste na tese de que os portugueses não quiseram que António Costa fosse primeiro ministro, porque o PS teve menos votos do que a PàF.
Diz RR que “O país viu-o fazer campanha, ouviu-o prometer o fim da “austeridade” — e não o quis como primeiro-ministro. Podem citar a Constituição. Mas um regime não é só a Constituição. Em Portugal, a autoridade política do primeiro-ministro decorria também do modo como as eleições legislativas eram interpretadas como uma espécie de escolha indirecta do chefe do governo.”
Ao querer ver a realidade a partir de um ponto desfocado, por demasiado deslocado para a direita, RR comete um erro grosseiro. Desculpável, por ser ideologicamente construído, mas ainda assim grosseiramente errado, como tentarei demonstrar de imediato.
O que se passou em 4 de Outubro foi que houve mais de cinquenta por cento dos votantes que, não querendo que Passos Coelho continuasse a governar, entenderam que António Costa poderia ser o novo primeiro-ministro desde que não tivesse uma maioria absoluta de um só partido.
E não quiseram que isso acontecesse porque, como bem diz o povo: «gato escaldado de água fria tem medo». Assim, a solução sabiamente encontrada pelos eleitores de esquerda, foi possibilitar que AC governe, mas obrigando-o a negociar com os partidos à sua esquerda, fiscalizando a adopção de políticas que beneficiem os trabalhadores e as classes populares mais sacrificadas pela austeridade.
Quanto à interpretação da eleições como “uma espécie de escolha indirecta do chefe do governo”, hoje, até os eleitores socialistas sabem que era a interpretação que convinha à direita e que, durante 40 anos, fez do PS um prisioneiro dessa mesma direita. Por isso se saúda esta libertação dos camaradas socialistas, que no dia 10 foi sentida por todo o país como um retomar do espírito de Abril.