(Re)Flexões

~ Defendendo a Cidadania

(Re)Flexões

Monthly Archives: Janeiro 2009

Em fim de semana chuvoso…

31 Sábado Jan 2009

Posted by fjsantos in a bem da nação, a mim não me enganas tu, a panela ao lume e o arroz está crú

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comunicação social, primeiras páginas

…cheio de primeiras páginas perturbadoras na comunicação social, lembrei-me de evocar Benedetto “Bettino” Craxi.

Vai daí, liguei a Internet, abri o Google e digitei o nome. Não é que a primeira entrada foi parar à Wikipédia, onde se pode ler:

Permaneceu durante a maior parte de sua vida no PSI. Ascendeu rapidamente no partido. Em 1968 foi eleito deputado e imediatamente foi nomeado vice-secretário nacional.

Em 1976, em plena crise interna, foi eleito secretário-geral em substituição a Francesco De Martino. Inicia assim sua longa liderança do PSI, em que pese ser considerado um “secretário de transição” pela velha guarda socialista.

Em 1983 foi eleito premiê com o apoio da aliança formada pelo PSI, DC, PSDI, PRI e PLI. Entre suas principais políticas destacaram-se a assinatura de um novo acordo com a Santa Sé em 1984, a entrada de Itália no G7 e uma nova política de impostos.

A corrente política de Craxi dominava completamente o PSI, salvo pela corrente mais esquerdista do PSI dirigida por Riccardo Lombardi, que acusava o premiê de ser de direita. Este domínio quase absoluto permitiu a Craxi levar o partido a suas posições moderadas dentro da social-democracia.

Sua queda ocorreu em 1992, com a iniciativa judicial denominada Operação Mãos Limpas, que tentou acabar com a corrupção imperante na política italiana. Craxi, apontado entre os corruptos, teve que se demitir de seu cargo, num*PSI que não demoraria em desaparecer.

Craxi muda-se para a Tunísia fugindo da justiça, morrendo em 2000 na cidade litorânea de Hammamet.

Há quem ache que a história não se repete, mas também há quem ache que há tragédias que se repetem com novos actores, embora já num registo de farsa.

Respondendo a um desafio

29 Quinta-feira Jan 2009

Posted by fjsantos in associativismo

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luta política, movimentos "inde"pendentes, plataforma sindical

Num longo comentário a um post meu, o Ricardo Silva afirma que: «Mal posso esperar pelo teu post INDIGNADO com semelhante traição!»

A “traição”, na visão conspirativa do Ricardo, consubstancia-se no facto de o presidente do Sindep ter em tempos proposto a radicalização da luta (com greves prolongadas) e de no passado sábado ter ido à manifestação a Belém.

Ainda de acordo com essa visão conspirativa, todos os dirigentes dos vários sindicatos que pertencem à plataforma devem uma obediência cega a uma estratégia definida por esse conhecidíssimo comunista de bigode, que dá pelo nome de Mário Nogueira. E, claro que eu, paladino do SG da Fenprof, terei que ficar irritado e indignado, quando algum traidor se desviar do caminho traçado.

De facto há gente que não se enxerga!

Mas como sei que a organização a que pertence o Ricardo anda preocupada porque:

Como referimos atrás, do número de sócios dependem os meios financeiros de que dispomos para desenvolver actividades que são, de facto, dispendiosas. (…) Presos como temos estado a outras actividades, que nos levaram a negligenciar as campanhas de angariação de sócios, não conseguimos ainda a base financeira (…)

quero acreditar que a abertura de uma polémica, na base em que o Ricardo a coloca, pode de algum modo constituir um apoio ao esforço para angariarem mais alguns sócios.

Bem sei que o meu blogue não é dos que tem mais visibilidade e, se calhar, até é visitado preferencialmente por perigosos sindicalistas. Ainda assim talvez consiga arranjar mais meia dúzia de inscrições e cumpra o objectivo.

Mas retomando a questão importante:

  • Os movimentos acusam a plataforma sindical de não convocar uma greve por vários dias (3, 5, tempo indeterminado) e deixarem os professores sem um horizonte de luta para o futuro;
  • De acordo com a visão do Ricardo o sucesso de uma tal iniciativa estaria garantido, apresentando-me como prova irrefutável desse alegado sucesso o facto de algumas centenas de comentadores de blogues afirmarem que estão dispostos a fazer uma greve prolongada;
  • Em contrapartida ele e a sua organização acham pouco mobilizador para a luta a recusa de entrega dos OI’s,

Trata-se de uma análise que só não é para rir, porque o assunto é demasiado importante para ser levado de forma tão leviana.

Há mais de 140 mil professores. Dentro de mais uns dias veremos quantos fomos capazes de resistir individualmente, não entregando os OI’s. Porque como disse num post anterior

participar numa manifestação, no meio de dezenas de milhar de outras pessoas, vindo em excursão, ou até faltar à escola num dia de greve, não é nada de difícil e que ponha à prova o carácter de alguém. Difícil é dizer não. Difícil e corajoso é ter a capacidade de não pactuar e aceitar as consequências individuais dessa recusa.

Quando alguém fala em 50% de adesão a uma greve de professores, com mais de três dias, apenas denota o mais completo desconhecimento da realidade. Mesmo juntando os 15/20 mil de que ufanamente falam alguns dirigentes de movimentos, isso pouco passaria de 10% de adesão.

Já agora seria interessante saber quantos dos que estiveram no sábado em Belém entregaram os OI’s, ou até mesmo o pedido de avaliação científico pedagógica. Eu conheço alguns que se candidataram ao excelente, dizendo que o fizeram porque os sindicatos não souberam representar bem os professores. E também conheço quem tenha entregue os OI’s antes de ir para Belém gritar contra a ADD.

Fazem-me lembrar aquelas bravatas dos miúdos que no meio de uma briga gritavam: «segurem-me senão eu mato-o»

Dedicado aos colegas da EBI de Stº Onofre – Caldas da Raínha

29 Quinta-feira Jan 2009

Posted by fjsantos in associativismo, autonomia, gestão democrática

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firmes e hirtos

O Paulo Prudêncio e todos os seus colegas estão de parabéns.

Retirado de um comentário a um post do seu blogue:

De Um professor da EBI de Sto. Onofre a 28 de Janeiro de 2009 às 23:45

É verdade, amigo, estamos todos de parabéns, mas principalmente os órgãos representativos dos professores (pedagógico e executivo), a hora é de cerrar fileiras – todos por um e um por todos…  

Os ditos e poemas populares, são referências boas, para os momentos difíceis e decisivos …

“A força está na constância”

“O querer é tudo na vida. É a vontade que move montanhas”

Maré Alta

Aprende a nadar, companheiro 
aprende a nadar, companheiro 
Que a maré se vai levantar 
que a maré se vai levantar 
Que a liberdade está a passar por aqui 
que a liberdade está a passar por aqui 
que a liberdade está a passar por aqui 
Maré alta 
Maré alta 
Maré alta

Sérgio Godinho

Um abraço fraterno para todos os que estão de boa fé nesta caminhada, (contratados, não titulares, titulares e outros que mais…)

O povo é sereno, nínguém arreda pé…

Inquérito sobre as condições de exercício da actividade docente

27 Terça-feira Jan 2009

Posted by fjsantos in educação, escola pública, esquerda

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inquérito

No ano passado o BE realizou um inquérito sobre as condições de exercício da actividade docente, que contou com a colaboração de mais de 3 mil educadores e professores dos ensinos básico e secundário.

O tratamento dos dados desse inquérito deu origem a uma publicação que chegou agora ao meu conhecimento e cujas conclusões finais são as seguintes:

 

  1. Os educadores e professores investem muito significativamente na sua formação e qualificação académica. Dos 98% de docentes que iniciaram a sua carreira com o grau de bacharelato e licenciatura, cerca de 20% elevaram os seus graus académicos, possuindo actualmente níveis relativos a pós-graduação, mestrado e doutoramento.
  2. Apesar do aumento do tempo de permanência na mesma escola, é ainda bastante significativo o número de docentes deslocados, De facto, cerca de 53% dos educadores e professores desenvolve a sua actividade fora do concelho onde reside. Ou seja, representa menos de metade a percentagem de docentes que concilia, geograficamente, o concelho de residência e o concelho onde que se localiza o estabelecimento de ensino em que lecciona. Dos docentes deslocados, cerca de 28% vê-se obrigado a percorrer distâncias entre a residência e a escola superiores a 100Km, o que significa – em muitos casos – a necessidade de transferir o lugar de residência para o concelho de trabalho.
  3. O Contrato Administrativo, nas suas diversas modalidades (incluindo o recurso a recibo verde, com significativa expressão na Iniciativa Novas Oportunidades), tem sido a forma dominante de contratação de docentes pelo Ministério da Educação. Com efeito, no universo da amostra de educadores e professores, cerca de 10% são contratados, abrangendo esta modalidade de relação laboral cerca de 60% dos docentes com 4 e menos anos de serviço.
  4. O questionário foi essencialmente respondido por educadores e professores do ensino público. Globalmente, cerca de 96% dos docentes lecciona em apenas um estabelecimento de ensino, situando-se em 60% a percentagem dos que leccionam somente a um nível de ensino (considerando, no contexto do inquérito, os seguintes níveis: Educação Pré-escolar; Primeiro, Segundo e 3º Ciclo do Ensino Básico, Ensino Secundário; Oferta Formativa Profissionalizante10 e Ensino Especial). Cerca de 1 em cada 10 docentes lecciona a três ou mais níveis de ensino.
  5. Regista-se uma relativa dispersão dos docentes em relação aos anos de escolaridade a que leccionam. Do universo de educadores e professores que responderam ao questionário, cerca de 26% (ou seja, um em cada quatro docentes), lecciona a três ou mais anos de escolaridade distintos. De acordo com os resultados do inquérito, a dispersão relativamente ao número de áreas disciplinares leccionadas, permite estabelecer que cerca de 20% dos docentes (1 em cada 5) lecciona a três ou mais disciplinas e/ou áreas disciplinares distintas
  6. Relativamente ao número de turmas e de alunos globalmente atribuídos a cada educador ou professor, verifica-se que praticamente metade (47%) lecciona a cinco ou mais turmas, situando-se em 10% o número de docentes com nove e mais turmas a seu cargo. Quanto ao número de alunos, a cerca de 6 em cada 10 professores estão atribuídos 75 e mais alunos, situando-se em 20% o número de docentes com 150 e mais alunos.
  7. As actividades de natureza não lectiva desenvolvidas pelos docentes nas escolas consomem em média praticamente 1/3 do tempo que dedicam à sua profissão, isto é, tanto tempo quanto o tempo dedicado a trabalho individual de preparação de aulas, a maior parte do qual se realiza em casa.
  8. Os docentes dispendem, em média, 46 horas semanais no exercício da sua profissão (incluindo aulas, reuniões, actividades de direcção de turma, preparação de aulas na escola e em casa, Desafios da Escola Pública: As condições de exercício da actividade docente correcção de provas, etc.). Cerca de 20% do tempo dispendido no total de actividades de docência corresponde a trabalho realizado em casa.
  9. A esmagadora maioria dos estabelecimentos de ensino não possui gabinetes individuais ou partilhados. A Sala de Professores e a Biblioteca constituem por isso os espaços mais utilizados pelos docentes, tendo em vista a realização de trabalho individual. As condições de trabalho são contudo avaliadas negativamente, razão que leva a que apenas cerca de 44% dos docentes utilize com frequência espaços da escola para realizar trabalho individual.
  10. A avaliação das condições de trabalho ao nível das infra-estruturas existentes é muito negativa, não só em relação a espaços menos desadequados (como a Sala de Professores e a Biblioteca), mas sim quanto à generalidade dos espaços para realizar trabalho individual na escola. Cerca de 6 em cada 10 docentes considera que os espaços disponíveis têm condições medíocres, muito insuficientes ou insuficientes. Apenas 24% dos professores considera as condições existentes satisfatórias.
TÍTULO: “Os desafios da Escola Pública: As condições de exercício da actividade docente”
AUTORIA: Grupo Parlamentar do Bloco de Esquerda (Ana Drago e Nuno Serra)
EDIÇÃO DE TEXTO: Rita Gorgulho
IMAGEM DE CAPA: Carla Luís
EDIÇÃO: Bloco de Esquerda – Novembro 2008
CONTACTOS: educacao_be@be.parlamento.pt

Relatório inde… quê? Ahh …pendente. Está-se mesmo a ver.

27 Terça-feira Jan 2009

Posted by fjsantos in avaliação, deixa-me rir..., propaganda

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globalização, OCDE, políticas públicas

Avaliação internacional aplaude reformas no ensino básico

O aplauso ao encerramento das “pequenas e ineficazes escolas do primeiro ciclo (do ensino básico)”, à “oferta da escola a tempo inteiro” e recomendações sobre o enriquecimento curricular integram os resultados de uma avaliação internacional a apresentar hoje.

Lê-se e cai-nos o queixo de espanto. O jornalismo de trazer por casa, alimentado pelas agências de comunicação, vai reproduzindo o que o poder quer e precisa para “animar a malta”, que anda muito deprimida.

O relatório encomendado (que nas notícias foi vendido como um estudo internacional independente), não passa de uma encomenda, segundo palavras dos próprios autores: «O Ministério pediu – e nós realizámos – uma avaliação totalmente imparcial e independente dos elementos mais importantes relativos à reorganização do primeiro ciclo do ensino básico.»

Na verdade nem precisamos de avançar muitas páginas na leitura para perceber quais as fontes consultadas e o nível de imparcialidade e independência do relatório. Basta chegar à Introdução (p.13), onde fica cabalmente esclarecida essa questão: «Agradecemos enormemente a ajuda e as informações fornecidas por várias pessoas durante a realização desta avaliação. O nosso trabalho foi facilitado pelo excelente Relatório Nacional elaborado antes da nossa visita e pelo programa bem planeado de reuniões e visitas, algumas das quais incluídas a nosso pedido com pouco tempo de antecedência.»

E para desfazer qualquer dúvida que ainda pudesse pairar em alguns espíritos (não fosse o “Relatório Nacional” obra de alguma entidade desconhecida), os autores continuam: «O nosso trabalho beneficiou do impressionante conjunto de dados prontamente disponibilizados pelo Gabinete de Estatística e Planeamento da Educação (GEPE), que também nos deu total apoio logístico e proporcionou uma ligação próxima com o gabinete da Ministra.»

Peter Matthews, Reino Unido; Elisabeth Klaver, Holanda; Judit Lannert, Hungria; Gearóid Ó Conluain, Irlanda; Alexandre Ventura, Portugal

A partir daqui, sabendo quem forneceu os dados, para que necessitava do relatório e quem assinava o cheque, o que é que podíamos esperar de diferente?

Propaganda em dia de despedida

27 Terça-feira Jan 2009

Posted by fjsantos in educação, escola pública, políticas públicas

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OCDE, regulação transnacional

O 1º ministro Pinto de Sousa fez ontem o elogio fúnebre da sua ministra da educação, não tendo sido capaz de resistir à utilização do pretérito quando afirmou que «foi um gosto trabalhar consigo».

A ocasião para esta despedida foi proporcionada pela apresentação pública de um “elogio”, alegadamente feito pela OCDE às políticas relativas ao 1º ciclo, mas que não passa de um relatório elogioso feito por essa instância de regulação supranacional (ao serviço da globalização capitalista neoliberal), com base nas informações fornecidas pelo governo do Partido da Situação.

Como provarei já a seguir é caso para repescar o ditado: “gaba-te cesto, que vais à vindima”.

Na verdade, como é possível constatar no próprio sítio do ME, as informações em que se baseia o “alegado estudo” (relatório elogioso) foram fornecidos por serviços directa ou indirectamente dependentes do ME e ligados ao governo pêéssiano:

ANEXO 2: FONTES DOCUMENTAIS E INFORMAÇÃO DE ENQUADRAMENTO

A equipa beneficiou do acesso a um conjunto de documentos, incluindo:

• Galvão, M.E. (Ed.) (2004). Desenvolvimento da Educação em Portugal. Ministério da Educação e Secretaria de Estado dos Assuntos Europeus e Relações Internacionais.

• Ministério da Educação (2007). Educação e Formação em Portugal. Ministério da Educação, Portugal.

• Ministério da Educação (2008). Medidas Políticas Implementadas no Primeiro Ciclo do Ensino Obrigatório em Portugal: Relatório Nacional. Ministério da Educação, Portugal.

• Serrazina, M.L. (2008). Programa de Formação Contínua de Professores de Matemática: recompensas e desafios. Escola Superior de Educação de Lisboa.

• Foram elaborados relatórios sobre a reorganização da rede escolar do primeiro ciclo em cada uma das cinco regiões, lavrados com objectivo da avaliação, e foram produzidos registos por alguns grupos de testemunhas entrevistados.

• As informações e dados produzidos por todos os Serviços Centrais do ME, em particular, pelo GEPE e pela IGE, também se revelaram bastante valiosos.

Quando os resultados descritos nos documentos produzidos para a OCDE se adequam às políticas de contenção dos gastos públicos com a educação, seguindo as orientações das instâncias de regulação supranacional de promoção de um papel avaliador do Estado, a par de uma promoção de um quase-mercado educativo (ou até de uma privatização a médio prazo), é natural que os elogios sejam encomiásticos, como terá sido o caso do que foi feito por uma funcionária da OCDE, o que levou Pinto de Sousa às lágrimas no seu discurso de agradecimento à ministra pelos serviços prestados.

Manipulação, chantagem e abuso de poder

25 Domingo Jan 2009

Posted by fjsantos in administração educacional, ambiguidade, autonomia, avaliação

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chantagem, DGRHE, hipocrisia, manipulação

Retirei do blogue do JMA um texto que penso pertencer a um dos fóruns da DGRHE, para o que alegadamente é classificado como um serviço de apoio às escolas.

Trata-se de uma pergunta formulada por um PCE que apresenta o caso da sua escola e da respectiva resposta que, de forma capciosa e dissimulada, induz uma leitura que empurra os PCE’s para a prática de um acto sem cobertura legal, sem que isso comprometa de forma decisiva o autor da resposta.

Vejamos o que está escrito e em seguida façamos a desmontagem da mensagem.

i. Questão : Data 2009/01/20 16:33 
AssuntoDefinição de Objectivos Individuais
Tem sido debatido nesta escola o papel do PCE na definição dos objectivos individuais. Tal como resulta da leitura das respostas publicadas, há essa possibilidade. O PCE, querendo, poderá fazê-lo. Contudo, face ao interesse da questão e às implicações que poderão surgir caso o não faça, pergunta-se: o PCE deve definir os objectivos individuais quando o avaliado não apresenta proposta?

ii. Resposta : Data 2009/01/23 16:05 
AssuntoRE: Definição de Objectivos Individuais
Ex.mo(a) Senhor(a) Presidente do Conselho Executivo, Em resposta à questão colocada na aplicação de perguntas e respostas sobre a avaliação de desempenho, informamos: 

O prazo para entrega dos objectivos individuais deve estar definido no calendário aprovado pela escola. Nas situações em que esse prazo não seja cumprido, deverá o director/presidente do conselho executivo notificar o docente desse incumprimento, bem como das respectivas consequências, ou seja, o período sem avaliação não será considerado para efeitos da evolução na carreira do docente. No entanto, uma vez que, quando existe falta de acordo, prevalece a posição do avaliador, poderá o director/presidente do conselho executivo fixar os objectivos ao avaliado, tendo por referência o projecto educativo e o plano anual de actividades da escola.
Recorda-se ainda que os normativos que regulam o modelo de avaliação de desempenho estabelecem princípios e orientações de carácter geral e
a avaliação de desempenho docente concretiza-se no respeito pela especificidade e autonomia de cada escola. Neste contexto a escola deve definir se avalia os docentes que não procederam à entrega dos objectivos individuais, do mesmo modo que deve decidir se define os objectivos para os docentes que os não entregarem.
Com os melhores cumprimentos
DGRHE.

(Os bolds e sublinhados são de minha autoria)

A questão colocada é clara e de resposta directa: deve ou não o PCE definir os OI’s do(s) professor(es) que não os entregarem?

A resposta da DGRHE, qual oráculo antigo e usando de total ambiguidade, não só não responde de forma clara à pergunta formulada, como se presta a todo o tipo de interpretações, induzindo um caminho para a ameaça de um potencial prejuízo para o avaliado.

Assim, em vez de dizer se sim ou não o PCE deve formular os OI’s (recorda-se que os referênciais são o PEE e o PAA, documentos elaborados e da responsabilidade do PCE/Director), a DGRHE faz uma releitura do DR 1-A/2009, introduzindo uma nuance de forma subliminar ao associar a entrega da ficha de OI’s a um período de tempo sem avaliação e, consequentemente, sem progressão na carreira.

Apesar disso, já na parte final da resposta, explicita que a decisão sobre essa ligação entre não entrega de OI’s e período sem avaliação é matéria da competência e autonomia da escola, o que, levado ás últimas consequências, responsabiliza os PCE’s pela decisão de não avaliarem os docentes que não entreguem os respectivos objectivos.

Confuso? Não. É deliberadamente ambíguo e suficientemente hipócrita para promover o exercício de ameças e pressões ilegítimas dos PCE’s adesivos sobre os professores que resistem, sem contudo comprometer qualquer membro da direcção geral.

Em face do que aqui fica escrito gostaria de conhecer o primeiro PCE que se recuse a aceitar a ficha de auto-avaliação de um professor que não lhe entregue os OI’s, para o avisar que terá que arcar com as consequências de tal acto, as quais estão tipificadas na legislação em vigor sobre a ADD.

Definição de OI’s – que importância têm para o ME?

25 Domingo Jan 2009

Posted by fjsantos in acabar com o medo, autoritarismo, avaliação

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OI's, política eleitoral

Na generalidade das escolas estamos a uma semana do fim do prazo para a entrega dos OI’s.

A resistência vai-se mantendo, com muitos professores a não fazerem a sua entrega, nos casos em que o prazo já expirou, e muitos mais dispostos a enfrentar as pressões e chantagens que os serviços desconcentrados do ME vão continuar a exercer.

As DRE’s e as EAE’s, sob a batuta da DGRHE, irão aumentar a pressão sobre os PCE’s, para que estes exijam aos professores que entreguem a famigerada folhinha com os objectivos.

O uso de informação pouco clara e até com interpretações ilegais da regulamentação existente, jogando com o medo e um deficiente conhecimento das leis, que é algo atávico entre os portugueses, constituem as formas de pressão a que é necessário resistir a cada dia que passa.

Importa, no entanto, fazer luz sobre esta insistência do ME em obter a toda a força a ficha dos OI’s de cada professor.

Para que serve hoje, a cinco meses do final do biénio em avaliação, exigir que os avaliados entreguem a ficha de OI’s? Porquê esta “birra”? Não poderia simplesmente passar-se à fase seguinte e dar indicações para que os itens a avaliar pelo PCE’s se reportassem exclusivamente à avaliação do desempenho do professor ao longo do biénio 2007/2009? Em que é que a entrega da ficha de OI’s vai alterar o desempenho que será objecto de avaliação?

Obviamente que nada se altera e que o professor não terá melhor nem pior desempenho, nem obterá melhor ou pior classificação, em função da entrega de uma ficha de definição de objectivos, em Janeiro de 2009.

Mas há aqui uma questão de marketing político que é crítica para o governo, como de resto toda esta questão da ADD é crítica para a agenda eleitoral do Partido da Situação (PS).

De resto, já no passado dia 19, dia da greve dos professores, o editorial do jornal oficioso do governo (DN) explicitava claramente o problema:

«Resta agora perceber que efeitos que isso teve nos próprios professores – são 140 mil ao todo, e desses muitos há que precisam da avaliação deste ano para subirem de escalão, outros haverá que estão cansados (económica e psicologicamente) desta luta tão comprida.
Em todo o caso, até ao final do ano, que é como quem diz até ao final da legislatura e eleições, haverá dois números-chave para a ministra da Educação e para todo este processo. Um será a adesão da greve de hoje. Aqui, os sindicatos levam uma certa desvantagem analítica, porque este estará sempre em comparação com o estrondoso número da greve de Dezembro. O outro número é mais real: será no final deste mês quando se souber quantos professores entregaram os objectivos individuais para serem avaliados. 
Esta equação permitir-nos-á avaliar, com toda a certeza, quantos professores já estão contentes com o modelo simplificado, quantos querem de facto ser avaliados. E no final se perceberá quem ganhou esta guerra. Se os professores ou o ministério.
»

Esta ligação abusiva entre a entrega de OI’s e uma recusa de avaliação, qualquer ela seja, que o ME paulatina e mentirosamente foi construindo, vai fazendo o seu caminho, como se percebe pelo raciocínio deste jornalista.

E se relativamente aos números da greve podemos afirmar, sem receio de desmentidos, que o número avançado pelo ME (41%) é absurdo e ridículo, isso também demonstra como o governo está disposto a tudo para vencer a batalha da opinião pública. Mesmo expondo-se ao ridículo perante 140 mil professores, ficam sempre muitos mais portugueses que se deixam convencer pelo que dizem os jornais e a televisão.

Se a isto o governo poder juntar o troféu de muitos milhares de fichas de OI’s entregues voluntariamente, então, como afirma o editorialista do DN, o governo chegará às eleições podendo cantar vitória.

Preparem-se pois, os colegas que já entregaram as fichas de OI’s (e todos os que ainda vão claudicar na resistência individual a esta ADD), para ouvirem nos primeiros dias de Fevereiro a ME ou algum dos seus SE a gabar-se, em todos os jornais e televisões, que os professores aceitaram o modelo de avaliação do ME e que de facto, andavam a ser manipulados por extremistas sindicais com intuitos meramente políticos.

Afirmações inconsistentes e levianas

25 Domingo Jan 2009

Posted by fjsantos in associativismo, irresponsabilidade, pouca inteligência

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Quando uma pessoa ocupa uma posição com algum relevo e passa a ser ouvida na comunicação social (tornando-se de algum modo uma figura pública); quando alguém emerge na opinião pública como líder e rosto de uma organização que se pretende responsável e representativa de uma corrente de opinião; então é necessário ter algum cuidado com as afirmações que se produzem, sobretudo se à partida essa pessoa sabe que as suas palavras vão ser reproduzidas em órgãos de comunicação social.

Infelizmente não foi (nem costuma ser) essa a preocupação do autor das afirmações que transcrevo em seguida:

«Relativamente à adesão dos professores a esta iniciativa, M.M. espera entre 15 e 20 mil docentes, à semelhança dos números registados pelos movimentos a 15 de Novembro, isto se o “tempo der uma ajuda”.»

 

«A participação “é menor do que estávamos à espera”, admitiu M. M., coordenador da Associação de Professores em Defesa do Ensino, numa altura em que os organizadores davam conta da presença de “dois a três mil docentes”… O responsável, citado pela TSF, entende que a menor afluência a este protesto “reflecte não a desmobilização” nos protestos contra o actual modelo de avaliação, mas “a desorientação em que muitos professores estão, face ao tipo de resistência que lhes está a ser pedida nas escolas, nomeadamente pelas direcções dos sindicatos, sem que haja uma perspectiva de continuidade da luta”.» 24/01/09

A inconsistência da primeira afirmação foi cruelmente revelada pelo que aconteceu ontem à tarde em Belém.

A leviandade da segunda afirmação expressa-se no facto de que, em vez de fazer uma análise que leve em linha de conta a verdadeira história da mobilização dos professores portugueses para as lutas em defesa do ensino e da classe, ou a forma habilidosa como o simplex 2 promoveu a divisão da resistência ou a pressão e a chantagem das DRE e PCE’s que jogou com medos atávicos de muitos colegas, M. M. preferiu enveredar pelo discurso anti-sindical a que foi habituando quem o ouve desde há um ano.

Talvez este discurso anti-sindical, sibilino e sub-reptício, seja uma das causas para os níveis de mobilização que se verificam, não apenas na manifestação de ontem, mas também na resistência individual nas escolas.

Por outro lado, o reconhecimento desse discurso anti-sindical por parte das instâncias de regulação política também ajuda a perceber porque motivo a presidência da República se mostrou tão lesta a receber uma delegação dos movimentos, ao mesmo tempo que demonstrou uma enorme dificuldade em agendar uma recepção à plataforma sindical durante todos estes meses de luta dos professores.

Lendo e meditando…

23 Sexta-feira Jan 2009

Posted by fjsantos in avaliação, ética

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leituras recomendadas

A NOSSA LUTA NÃO É JURÍDICA É POLÍTICA!!!!

Isabel Pedrosa Pires tem razão ao fazer essa afirmação e prova-0 de forma simples e linear.

A ler.

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