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~ Defendendo a Cidadania

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Monthly Archives: Agosto 2009

Uma opinião a ler com atenção

31 Segunda-feira Ago 2009

Posted by fjsantos in administração educacional, escola pública

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gestão escolar

a fragilização dos docentes inscreve-se numa política mais vasta que é tão coerente quanto pouco debatida: trata-se de substituir a lógica cooperativa dos mecanismos democráticos de gestão colegial pela lógica do comando empresarial, na figura de um director todo-poderoso, associada à perversa promoção da concorrência entre escolas

Eleições legislativas, movimentos de professores e defesa da escola pública

31 Segunda-feira Ago 2009

Posted by fjsantos in cidadania, educação

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eleições, luta eleitoral

Empolgados pela iniciativa “Compromisso pela Educação”- em que obtiveram garantias de toda a oposição sobre a revisão de aspectos como a avaliação e a divisão das carreiras -, os movimentos prometem acções “originais”, assumidamente de ataque às políticas do Governo de José Sócrates.

Dois grupos – a Associação de Professores em Defesa da Educação (APEDE) e o PROmova – estão a debater entre si a realização de acções capazes de ter  “impacto” na opinião pública.

“Ainda não posso revelar qual será exactamente a natureza dessa acção”, disse ao DN Octávio Gonçalves, do PROmova,  desvendando apenas: “O nosso objectivo é fazer algo mais inovador do que uma manifestação, com um carácter mais informativo e apelativo.”

Já Ricardo Silva da APEDE acrescentou: “O que posso dizer é que estaremos na rua, provavelmente tanto no dia 12 como 19, e até pode ser que se realizem acções simultâneas em vários locais de Lisboa.”

Qualquer cidadão medianamente informado tem noção que, no mercado eleitoral, o voto dos professores tem um peso significativo. São cerca de 140 a 150 mil votos directos, mais umas centenas de milhar de votos que indirectamente podem ser influenciados pela acção de cada professor, junto de familiares e amigos.

Ao longo dos dois últimos anos houve um conjunto de três “movimentos independentes” constituídos por professores que ganhou alguma expressão e exposição mediática – Apede, MUP e ProMova (por ordem alfabética, para não ferir nenhum ego mais exacerbado) – aos quais é necessário acrescentar o “movimento unipessoal” do Paulo Guinote, que tem tantos ou mais seguidores do que os outros três movimentos juntos.

Numa conjuntura de disputa eleitoral renhida, em que o resultado final é incerto e existe uma real possibilidade de fazer inflectir a governação para o campo da esquerda (como nunca aconteceu desde que Mário Soares tomou posse como 1º ministro em 1976), torna-se natural que este protagonismo mediático seja aproveitado em benefício das ideias dos actores.

Só que existe aqui um “piqueno” pormenor: todos estes actores andaram a jurar a pés juntos a sua independência e equidistância relativamente aos partidos, o que os devia obrigar a não dar qualquer indicação de voto. No entanto não é isso que se passa, se tivermos em atenção o que é veiculado pelos respectivos responsáveis.

Deixando de lado o caso do Umbigo do Paulo Guinote, que faz gala em demonstrar que não é rotulável politicamente, vejamos em que pé anda a “independência” dos movimentos “independentes” de professores.

Em 1 de Junho os três movimentos deram a conhecer publicamente um documento, a que pomposamente chamaram “Compromisso Educação”.

Nesse compromisso estão inscritas as reivindicações corporativas dos professores, que se centram na exigência da valorização do prestígio e autoridade dos professores, na revisão do ECD com o fim da divisão da carreira, na consequente substituição do modelo de ADD com a abolição de quotas, na revisão do modelo de gestão de forma a garantir maior peso e representatividade aos professores, na garantia de estabilidade profissional e manutenção dos concursos nacionais e na necessidade de revisão do Estatuto do Aluno no sentido de maior responsabilização das famílias e alunos, facilitando o trabalho docente e “devolvendo autoridade” aos professores.

Numa altura em que foram (finalmente) divulgados os programas dos partidos concorrentes às eleições, o que nos dizem os movimentos independentes?

Tentando preservar alguma independência, a Apede não deu (até ao momento) qualquer indicação de voto, muito embora tenha dado sugestões de não voto. Para além de afirmações repetidas de que os professores não deverão votar neste PS, no blogue da Apede surgiu um comentário ao programa do PSD que também não é muito abonatório desse partido. No entanto, e apesar de tudo, parece conservar-se aqui alguma equidistância e independência partidária, não sendo lícito afirmar que a Apede indica um voto mais à esquerda ou mais à direita.

Já o MUP, aconselhando também a não votar neste PS, aparece agora associado a uma tal Força Emergente e a um Movimento Cidadania Europeia, que no seu blogue afirma A FORÇA EMERGENTE pretende lutar pela instauração de um novo sistema político e económico em que se diminuam as desigualdades – uma 4.ª REPÚBLICA. Convenientemente, não se diz uma palavra sobre que sistemas político e económico novos são esses, nem quem serão os figurões que o irão aplicar. Enfim, populismo e inconsequência política na sua máxima expressão.

Finalmente, o ProMova de Octávio Gonçalves (que na sua primeira aparição mediática, no programa de Fátima Campos Ferreira, declarou a injustiça de não ter conseguido chegar a titular por não lhe terem sido contados os pontos dos anos em que esteve a fazer o seu doutoramento), anuncia explicitamente a indicação de voto à direita. De preferência no PSD, mas aceitando também o voto no CDS:

o PROmova considera que os professores que, nas últimas eleições legislativas votaram no PS, mas que agora não o farão e que, ao mesmo tempo, não se identificam com os partidos à esquerda do PS, tendo-se batido, nestes últimos dois anos, contra a divisão da carreira e contra este burocrático e inconsistente modelo de avaliação, têm no PSD uma boa alternativa eleitoral ao PS de Sócrates.

No meio de tudo isto, onde fica a defesa da Escola Pública, Democrática, Inclusiva, que seja factor de coesão social e de promoção da cidadania plena? Que espécie de “compromisso educativo” é este, em que todas as reivindicações se resumem à defesa de interesses de uma das partes, ainda por cima quando quem diz representar essa parte na elaboração do compromisso não foi mandatado pelos seus colegas?

Ao contrário do que a “independência” apregoada por estes movimentos insinua, a defesa da Escola Pública não é compatível com o apoio a políticas de direita. É por isso que quando se diz que os professores não devem votar neste PS, se deve esclarecer que não o devem fazer porque o PS (não este, porque também não existe outro) tem sido o mais fiel executante das políticas de direita, sugeridas e impostas pelas instâncias de regulação supranacional. Desde os compromissos com o BM e o FMI, passando pela aplicação diligente das políticas da CEE/UE, o PS sempre foi mais papista do que o Papa. Por isso não vale a pena falar deste PS, até porque Pinto de Sousa foi eleito e manda no PS porque os militantes do PS assim o quiseram e continuam a querer.

Sobre as propostas de livre escolha da escola

30 Domingo Ago 2009

Posted by fjsantos in administração educacional, bem público, cidadania, escola pública, escolha da escola

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escolha parental

Entre as propostas de PSD e CDS no campo da Educação, há uma que me deixa “com a pulga atrás da orelha”.

De resto é uma das propostas que ciclicamente são lançadas para o debate e que tem no director do Público – José Manuel Fernandes – um dos seus grandes paladinos em Portugal: trata-se da Livre Escolha da Escola.

Ainda há poucos dias atrás fiz referência a um dos últimos textos de JMF sobre o tema da livre escolha e, não por acaso, constatei que Paulo Portas e Manuela Ferreira Leite resolveram pegar também nessa bandeira.

Pois recorrendo mais uma vez a Stephen P. Heyneman, passo a citar um texto seu sobre o assunto e as implicações que pode ter:

In sum, if the assumption behind school choice that families should have the sole right to determine the education of their children were applied, it might exacerbate the educational problem it purports to fix. However cumbersome, inefficient, and unresponsive to parental interests the urban public school system in North America has become, it is wise to remember that at least it does not teach sedition against the constitution. It does not teach disrespect toward specific ethnic or religious groups. It calls neither for crusade nor Jihad. It does not include in the curriculum materials which would increase political tensions with countries to the north or to the south. None of these are part of the educational dilemmas in the public schools systems, but they are very much a part of the school choice dilemmas outside the U.S.

Using economic criteria to drive public policy has a limit. There are more expensive problems than an inefficient and cumbersome public education system. In the absence of effective regulation, considered normal elsewhere, it is possible for ethnic, religious, and racial groups to teach disrespect for the rights of their neighbors. In so doing, it is possible that schools may make a contribution in exactly the opposite direction from their stated public purpose.  That is, instead of contributing to a civil society, they may be used to exacerbate social tensions. Instead of helping to create a consensus over public welfare and the public good, they may contribute to civil unrest and social instability. In these circumstances, schools can lay an intellectual foundation which leads to social breakdown and, in extreme cases, civil war. It is certainly true that parents in Yugoslavia may have more school choice than do parents in the United States, but that is not necessarily a virtue.

Stephen P. Heyneman, “International Perspectives on School Choice,” 2008 in Mark Berends, Matthew G. Springer, Dale Ballou and Herbert J. Walberg (eds.) Handbook of Research on School Choice. Mahwah (New Jersey): Lawrence Erlbaum Publishers

Voto(s) (in)útil(eis)

30 Domingo Ago 2009

Posted by fjsantos in (in)verdades, a bem da nação

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eleições democráticas, novo caciquismo, utilidade do voto

A campanha de bipolarização do voto de 27 de Setembro já começou há muito. Na verdade (re)começou na noite da vitória eleitoral do PSD, nas europeias de Junho, e tem vindo a acentuar-se à medida que se aproxima a data da eleição dos deputados à Assembleia da República.

Trata-se de um “dejá vu” da política à portuguesa, alimentado pelos privilegiados do regime e por uma corte de comentadores que vivem “à babugem”, alimentando-se das migalhas dos poderosos.

É por isso que diariamente somos bombardeados com as análises que, ora afirmam que o país ficará ingovernável se PSD ou PS não tiverem maioria absoluta, ora nos querem convencer que só há utilidade do voto se for num destes dois partidos, porque alegadamente só eles nos podem governar.

No entanto é preciso relembrar que cada voto entrado nas urnas tem exactamente a mesma utilidade à partida: somar-se a todos os restantes votos na mesma lista de deputados, para eleger as pessoas que nos representarão durante os próximos quatro anos na Assembleia da República. O número de deputados que cada lista (partido) elegerá será determinado pelo número de votos que essa lista recolher nas urnas.

De resto o processo está descrito com clareza no Portal do Cidadão:

  • Assembleia da República:

Mandato de 4 anos;

Sistema eleitoral – representação proporcional (Método de Hondt);

22 Círculos eleitorais (18 distritos + 2 regiões autónomas + 2 círculos para residentes no estrangeiro);

230 Deputados;

Candidatos propostos pelos partidos políticos;

São eleitores todos os cidadãos nacionais recenseados;

Próxima eleição – 2009.

Mas o que é mais grave neste processo é que tanto os “analistas”, como quem lhes “paga” para fazer este tipo de “análises”, sabem bem que o voto é, em democracia, o método pelo qual cada cidadão tem direito a fazer as suas escolhas eleitorais (sendo que esse é um direito inalienável).

Tal como sabem que esse foi um direito duramente conquistado ao longo da História, como também recorda o mesmo Portal do Cidadão:

Embora hoje seja um direito universal, isto é, generalizado à grande maioria dos cidadãos, o exercício do voto foi durante muito tempo exclusivo de alguns grupos, nomeadamente ao nível das classes, da etnia e até do género.

O direito ao voto constitui-se assim como o resultado de muitas lutas e conquistas ao longo da História e, talvez por isso, existam países que decidiram fazer dele um acto obrigatório, como por exemplo o Brasil. Em Portugal, o voto não é uma obrigação, mas um direito consagrado na Constituição como um “dever cívico”, de alguma forma lembrando o esforço de alguns para oferecer a todos essa possibilidade.

Com este “truque” do voto útil o que se pretende é limitar o direito de escolha, que durante muito tempo foi negado à maioria da população, nomeadamente às mulheres e às classes mais desfavorecidas.

Sendo hoje pouco aceitável a prática do caciquismo, que era uma constante nos processos eleitorais do séc. XIX e XX, os novos caciques tudo fazem para convencer os cidadãos a abdicarem do seu direito de escolha em favor de uma alegada utilidade do voto, desde que seja a favor dos mesmos de sempre.

Eficácia, Assertividade, Plausibilidade

30 Domingo Ago 2009

Posted by fjsantos in (in)verdades, educação, escola pública

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Combate político, políticas públicas, propaganda eleitoral, publicidade enganosa

O Reitor brindou este blogue com um comentário.

Bem sei que a relação do Reitor com a Educação pode (ou não) ser tão profunda como a do “inginheiro” com a engenharia ou com o inglês técnico. Quem usa o anonimato pode apresentar-se como especialista do que quiser.

Ora este “especialista” de educação e da escola pública acha que desvalorizo o programa do PSD por causa de uma alegada “esquerdite anti-liberal” porque, segundo a sua opinião, o tal programa «responde tão eficazmente, tão assertivamente e tão plausivelmente que, se até a mim me surpreendeu não me custa acreditar que outros tenham ficado de queixos tão caídos que, até agora, apenas conseguiram tartamudear a cassete “neo-liberal”»

Para não continuar a ser acusado de uma doença de que desconhecia a existência, trago em minha defesa um conhecido liberal da nossa praça, pessoa muito na moda na nossa CS e que na sua crónica de hoje no DN afirma:

Corria uma piada que dizia que o PSD iria fazer um programa tão, digamos assim, económico em palavras que bastaria um sms para o divulgar. Pelo que nos foi dado a ver a graçola tinha um fundo de verdade. Bastava, afinal, uma palavra para resumir essa possível mensagem: intenção.

[…] Para quem passou um ano e meio a apregoar aos quatro ventos que os socialistas apenas tinham palavras e promessas para oferecer, não deixa de ser confrangedor verificar que os sociais-democratas não têm mais para oferecer que não sejam lugares-comuns, suspensões para melhor análise ou vaguíssimas opiniões.

[…] De que tipo de seriedade estamos a falar quando se diz que se suspende o actual modelo de avaliação de professores sem que se proponha outro? Será que vamos retomar o que (não) existia ao tempo da dra. Ferreira Leite no Ministério da Educação? Que dizer quando se resume uma política educativa aos chavões do “combate ao facilitismo” e à “cultura de exigência e rigor”?

Imagino que também Pedro Marques Lopes tenha sido acometido da tal esquerdite anti-liberal, seja isso o que for. Só isso pode explicar que tenha as mesmas dúvidas que eu próprio tenho quanto às intenções por trás do programa do PSD.

Quanto ao resto, trata-se de personagem com a qual não me identifico minimamente, situando-me em área política diamentralmente oposta à sua.

O Reitor (tal como os amigos do PSD) bem pode pintar o mundo de laranja, que os tons de rosa continuam demasiado ligados ao seu programa, não porque seja um programa de esquerda, mas porque a governação de Pinto de Sousa correspondeu às maiores ambições dos laranjinhas em quase todas as áreas sociais: extinção e privatização dos serviços públicos potencialmente lucrativos e manutenção na esfera pública dos serviços não lucrativos.

A montanha não chegou a parir rato nenhum…

28 Sexta-feira Ago 2009

Posted by fjsantos in educação, escola pública

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porpaganda eleitoral

… porque ninguém estava à espera de nada diferente.

Apesar dos encómios que o Ramiro faz, não de forma tão militante como o reitor, a verdade é que o programa do PSD para a Educação não só não acrescenta nada ao que os professores esperariam de quem quer conquistar o poder, como nada de essencial irá mudar nas orientações neo-liberais que as agências de regulação supranacionais (OCDE, UE e, eventualmente, BM) preconizarão para o nosso país nos próximos anos. Desse ponto de vista a distinção PS/PSD não passará do estilo mais ou menos dialogante, que separa quem detém o poder daqueles que anseiam por alcançá-lo.

“instituir uma cultura de exigência que premeie o esforço e o mérito”

“atrair os melhores professores para o ensino público, restabelecendo o prestígio da profissão”

À volta destes dois slogans (vazios de conteúdo, porque não clarificam os conceitos chave: “esforço, mérito, melhores professores ou prestígio da profissão), o PSD apresentou-nos ontem um compromisso em 4 pontos.

Não aceitando o anátema de “utopista” com que o reitor apelida os críticos da sua líder, ou de “céptico” com que o Ramiro identifica quem não se curva perante a bondade de MFL, tentarei desmontar o vazio que constituiu o anúncio do programa do PSD para a Educação.

Para não ser demasiado longo, irei centrar-me por agora no ponto 1. Gostaria que fosse explicitado o que se entende por beneficiar “das experiências internacionais mais relevantes”. Será que a comparação vai ser feita com os países do norte da Europa, nomeadamente com a Finlândia de Jorge Sampaio, ou com os modelos de accountability do RU e dos EEUU? É que não é tudo a mesma coisa, e quando se trata de pedir emprestadas as experiências de outros países convém saber do que e de quem falamos.

Ainda em relação a este ponto, a referência ao “esforço” e ao “mérito” necessitam de uma clarificação sem margem para dúvidas. De que forma se vai fazer a avaliação desse esforço e desse mérito? O PSD (e já agora o Ramiro e o “reitor”) tem um “avaliómetro” do esforço e do mérito, que possa ser considerado infalível? Ou vamos decidir que serão os resultados em exames nacionais santardizados a definir quem se esforça e quem tem mérito? Será possível ponderar o ponto de partida de cada aluno? E haverá um factor de ponderação que diferencie quem tem explicações de quem tem que levar os irmãos mais novos ao infantário, porque os pais saíram de casa às 5 da manhã para ir trabalhar?

E estes pais que saem de madrugada, e regressam a casa sol posto, serão penalizados por falta de participação e fraca co-responsabilização na assiduidade e aproveitamento dos seus educandos?

Continuar a olhar para a Educação como um sector isolado do conjunto das políticas sociais, de emprego, de saúde e assistência social, além das políticas de território, é o erro fatal do centrão que governa Portugal desde 1976. É também o pecado capital das políticas neo-liberais que não têm em conta as pessoas e apenas se preocupam com os números e as estatísticas.

Quotidiano delirante da ministra da educação

27 Quinta-feira Ago 2009

Posted by fjsantos in (in)verdades, a mim não me enganas tu

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delírio propagandístico, gripe A

Quem conhecer as escolas portuguesas, em particular as que se situam nos concelhos limítrofes das grandes áreas metropolitanas, sabe que os regimes duplos de funcionamento continuam a perpetuar-se devido à sobrelotação dos espaços escolares.

Se nas escolas secundárias ainda existe alguma margem de manobra para acolher mais turmas e mais alunos, na generalidade das escolas básicas do 1º, 2º e 3º ciclo não há lugar para mais nada.

As direcções das escolas e os membros das comissões de horários contorcem-se para descobrir mais uma sala ou um gabinete de trabalho, onde dar uma aula de apoio a alunos que necessitem dela. Não existem gabinetes de trabalho onde os professores possam reunir-se com os seus colegas e preparar as actividades lectivas ou extra-curriculares. As pessoas, e os materiais de que necessitam para as tarefas quotidianas, amontoam-se nas salas de professores.

No meio desta absoluta falta de espaço vem agora Maria de Lurdes Rodrigues anunciar a criação de “salas de isolamento” para as crianças com gripe A e não há um jornalista que desmascare a ignomínia de tal afirmação.

É que mesmo que houvesse espaço nas escolas para reservar uma sala onde instalar alunos com síndrome gripal, seria necessário saber quais as condições de higiene e segurança que tais salas devem ter. Além de que não estarão à espera que os professores ou os auxiliares de acção educativa também sejam capazes de diagnosticar a gripe A.

JMF e as suas certezas sobre educação.

26 Quarta-feira Ago 2009

Posted by fjsantos in autonomia, charter school

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comunicação social

Não tinha ainda lido, mas numa passagem por um dos blogues onde vou dando uma ou outra espreitadela, dei de caras com mais um texto em que o director do Público nos aconselha a seguir o exemplo dos EEUU.

Por acaso até assisti à conferência “A Educação no Programa Político de Barack Obama – Obama’ Educational Policies”, proferida pelo professor Stephen Heyneman, conselheiro para a educação do presidente Barack Obama e professor de Política Internacional da Educação na Universidade de Vanderbilt.

Nessa conferência, que se eralizou na FPCE-UL, o professor Heyneman explicou com clareza muitos dos pontos fortes, e também muitas das debilidades, da Educação nos EEUU. Deu a conhecer aos presentes algumas pistas sobre o que a administração Obama planeia fazer no campo educativo. E explicou algo que JMF não diz no seu artigo – o financiamento federal para a educação constitui uma fatia mínima do financiamento global da Educação nos Estados Unidos.

Tentar reduzir a questão educativa a uma tentativa da administração Obama “aliciar” os governos estaduais a aplicarem programas por causa de “peanuts” e contra os sindicatos de professores, não passa de uma leitura simplista, enviesada e ideologicamente contaminada deste “especialista da educação”.

Pena que não tenha estado presente na conferência já que, de acordo com as suas próprias palavras “todos os que se interessam por Educação e pela reforma do nosso próprio sistema deviam olhar para esta experiência e para estas reformas”, aproveitando para ouvir alguns dos seus protagonistas, acrescentaria eu.

Quanto à questão das “charter schools” convém que não seja misturada com a liberdade de escolha da escola, já que não são a mesma coisa, embora possam existir pontos de contacto entre as políticas públicas que as preconizam. De resto o conceito de contratualização da autonomia das escolas, que tem vindo a ser aplicado em algumas escolas portuguesas, aproxima-se do conceito das “charter schools” americanas, embora no nosso país continue a vigorar o princípio da carta escolar para a matrícula no sistema público de ensino.

Os professores e a batalha eleitoral

26 Quarta-feira Ago 2009

Posted by fjsantos in educação, escola pública

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Combate político, eleições, programas eleitorais

Estamos a um mês das eleições legislativas.

Na blogosfera docente, e em particular nos blogues mais ligados aos movimentos de professores, multiplicam-se as intervenções (posts e comentários) de apelo ao voto contra o governo. Trata-se de uma posição justificada pela forma como, durante quatro anos e meio, todos nós fomos mal tratados por uma equipa governativa que elegeu os funcionários públicos em geral, e os professores em particular, como inimigos da nação e instrumentos de propaganda eleiçoeira.

Assim sendo nada haveria a contestar nas posições assumidas por ProMova, MUP, Apede e outros bloguers, não fosse dar-se o caso de insistirem em meter toda a oposição no mesmo saco, como se fosse indiferente que os professores preocupados com a qualidade da escola pública, e com a escola como instrumento de inclusão e equidade social, votassem à direita ou à esquerda.

Essa posição de “equidistância” face aos partidos que se apresentam às eleições é pouco responsável e constitui um verdadeiro embuste, uma vez que faz crer aos professores menos informados, e menos empenhados politicamente, que o CDS e o PSD têm propostas melhores para a educação do que o PS, podendo constituir alternativas credíveis aos programas que tanto o PCP como o BE já tornaram públicos.

Em primeiro lugar nenhum destes dois partidos explicitou as suas propostas sob a forma de um compromisso eleitoral (vidé nos sites do CDS e do PSD o que dizem sobre Educação).

Dizer, como diz o CDS, que “Entendemos que a educação é um dos domínios centrais para o desenvolvimento do país e sabemos que só com uma educação de elevada qualidade, com bons resultados, podemos construir uma sociedade mais coesa e mais preparada para enfrentar desafios e dificuldades.” não é sério, nem pode ser levado à conta de compromisso, da mesma forma que a reclamação de “Mais autoridade para os professores” não passa de um apelo escondido ao autoritarismo e à exclusão da diversidade, por imposição da conformidade com as posições das classes dominantes.

Quanto ao “programa do PSD”, que continua a aguardar pela luz do sol, apontará (de acordo com as fontes do jornal í) para a liberdade de escolha da escola pelas famílias:

“Dois ciclos de seis anos no ensino básico. Gratuitidade no ensino secundário. Contrato de autonomia com todas as escolas. Rever o ECD. Novo modelo de organização das escolas que promova os projectos educativos próprios e um novo sistema de avaliação para todas as escolas, a nível nacional, que permita a pais e alunos “optar pela escola que lhes pareça melhor”.”

Um programa de continuidade das políticas neo-liberais, na melhor tradição das alternâncias PS-PSD-PS-PSD que nos desgovernam desde 1976, e produziram uma extensa lista de ministros da educação de má-memória para a escola pública portuguesa, apesar de alguns deles poderem ser excelentes profissionais fora do ministério: Sottomayor Cardia, Lloyd Braga, Valente de Oliveira, Veiga da Cunha, Vitor Crespo, Fraústo da Silva, J.Augusto Seabra, J. Deus Pinheiro, Roberto Carneiro, Diamantino Durão, Couto dos Santos, M. Ferreira Leite, Marçal Grilo, Oliveira Martins, A. Santos Silva, Júlio Pedrosa, David Justino, Mª Carmo Seabra e M.L. Rodrigues.

Afagando o ego

25 Terça-feira Ago 2009

Posted by fjsantos in deixa-me rir..., educação

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comunicação social, fazedores de opinião, santa ignorância

De vez em quando sabe bem.

Sobretudo quando podemos repescar coisas publicadas através das quais é possível constatar que os fazedores de opinião são capazes de dissertar sobre factos que mais tarde reconhecem não ter qualquer conhecimento: “os nossos nove anos de escolaridade não correspondem à obrigatoriedade de completar o 9º ano […] Confessando ao mesmo tempo a ignorância sobre “este detalhe” mas assumindo a revolta por esta pantomina, é caso para dizer que nunca deixaremos de ser um país de opereta”

Confesso que me satisfaz ver José Manuel Fernandes, um sabe tudo sobre Educação e Escola Pública, reconhecer a sua ignorância e dizer aos seus leitores que só agora descobriu que nem tudo o que apoia é do interesse público.

Continuando por este caminho talvez um dia descubra que os “vouchers” e outras maravilhas da propaganda (neo)liberal são produtos tóxicos para a Educação.

Para já dou-me por satisfeito relembrando o que escrevi neste blogue sobre o alargamento da escolaridade para doze anos. Se JMF tivesse tido tempo para ler este post, desde o início de Maio que deixaria de ser ignorante sobre a matéria.

Adenda (26/8): Apesar da confissão do seu director, o Público online traz uma “notícia” em que a ministra continua a mistificação entre os 12 anos de escolarização obrigatória e a frequência com sucesso do 12º ano. Nem estando de sobreaviso os nossos jornais são capazes de desmascarar a propaganda mais reles.

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