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Em 16 de Julho a Direcção de Serviços de Promoção e Protecção da Saúde da Direcção-Geral da Saúde divulgou um conjunto de orientações a seguir pelas creches, jardins de infância, escolas e outros estabelecimentos de ensino, para elaborarem os seus planos de contingência face a um surto pandémico de gripe A.
A 28 de Agosto, com pompa e circunstância, os ministérios da Educação e da Saúde promoveram uma conferência de imprensa garantindo aos portugueses que as escolas estão preparadas para não fechar portas, neste início de ano lectivo (garantidamente até ao dia 27 de Setembro).
Trata-se, sem dúvida, de um extraordinário trabalho de mistificação mediática que o governo montou, para em período eleitoral dar a entender que a saúde e a educação funcionam “sobre rodas”.
E o trabalho foi tão bem feito pela central de propaganda do partido de Pinto de Sousa, que até o insuspeito jornal Público (um dos alvos de violento ataque do 1º ministro no congresso do PS) embarcou no embuste criado.
O facto é que hoje, dia 10 de Setembro e 1º dia oficial do ano lectivo, na sua edição online o Público tem 5 (cinco) entradas relacionadas com o plano de contingência da gripe A nas escolas e nem um sobre o número de professores não colocados e as centenas de horários vagos e dezenas de escolas a quem faltam professores para entregar esses horários. No entanto há uma entrada em que a ministra afirma que o trabalho se iniciou normalmente, não tendo sido confrontada com os factos mencionados acima.
Como qualquer pessoa poderá constatar, a gripe A nas escolas é objecto de tratamento noticioso do Público nas seguintes entradas:
- Escolas reabrem com planos de contingência contra a gripe A prontos;
- Sindicatos dizem que verbas distribuídas às escolas no combate à gripe A são “insuficientes”;
- Ministra nega que haja escolas com poucas verbas para combater Gripe A;
- Reportagem: “Pior do que a gripe A é uma mononucleose, uma meningite ou uma tuberculose”;
- Perguntas e respostas.
Não pretendo contestar o mérito e o trabalho informativo das jornalistas que assinam as peças.
O que pretendo é chamar a atenção para o facto de o governo ter tido a sageza de entreter os órgãos de comunicação social, empolando um assunto que merece algum cuidado, mas não deveria monopolizar a atenção dos portugueses e dos jornalistas em particular.
Até porque a verdade é que é factualmente mentira que o ano lectivo tenha começado de forma normal, porque há muitos horários sem professor e, consequentemente, muitos alunos não terão aulas durante a próxima semana (eventualmente até ao final do mês).
Além disso, todos os professores que vierem a ser colocados nas contratações de escola (são centenas de horários postos a concurso nos últimos dias) serão contratados a termo resolutivo, na melhor das hipóteses até dia 31 de Agosto de 2010, o que contraria a ideia das colocações por quatro anos de que fala a ministra.
É pois esta realidade que o governo pretendeu (e parece estar a conseguir) esconder dos portugueses a poucos dias de um acto eleitoral em que tem que ser julgado também pela forma como mente descaradamente.