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Três títulos, em três diários, neste final de 2011.
De como as “inevitabilidades” que nos foram anunciadas, primeiro pelo PS de Sócrates (mas também de Soares, de Sampaio e de Seguro) e depois pelo PSD e pelo CDS de Passos, Portas, mais Relvas, Ângelo Correia, Marcelo e Cavaco, acompanhados por Lobo Xavier e pelos patrões Balsemão, Belmiro ou Amorim, se transformaram na transmutação dos parcos rendimentos de muitos em milhões de lucro para tão poucos.
Tudo isto foi e continua a ser possível graças à manipulação consciente e inteligente das opiniões e dos hábitos organizados das massas que, segundo Edward Bernays(i) (um dos gurus da indústria de relações públicas), tem um papel determinante nas sociedades “democráticas”. Para este especialista dos primórdios da comunicação de massas, aqueles que manipulam este mecanismo social impercetível formam um governo invisível que dirige verdadeiramente os países. Juntando estas reflexões à análise que Alex Carey(ii) faz sobre o desenvolvimento massivo da propaganda por parte das empresas, percebemos que todo o processo se destina a aumentar o poder do capital.
É por tudo isto que a resistência se torna cada vez mais necessária, sob pena de aceitarmos sem reclamar um regresso às relações de trabalho do século XIX. Sem esquecer que neste combate não há futuro para as ações individuais, por mais inteligente, informado ou letrado que seja o agente individual. Destruir a força da união é um desejo central do capital e dos governantes que estão ao seu serviço, o que explica com clareza o objetivo de retirar poder negocial aos sindicatos. Que entre os assalariados haja quem não perceba esta realidade apenas reflete um desejo subliminar de desvinculação,alienação e abandono do seu próprio campo.
Notas: (i) Bernays, E. (1928) Propaganda. Comment manipuler l’opinion en démocratie. Paris, La Découverte, 2007
(ii) Carey, A. (1995) Taking the Risk of Democracy: Propaganda in the US and Australia. Sidney, University of New South Wales Press