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A APEDE apoia a PETIÇÃO lançada pela ASPL
Construir uma Convergência Espontânea de Professores
Brevemente, haverá novidades…
Eles reclamam-se “independentes” e até se propõem “construir uma convergência espontânea”.
Apresentam-se como uma espécie de consciência moral justiceira, que veio para libertar os professores das garras tenebrosas dos sindicatos, dos sindicalistas e dos seus dirigentes, dos quais a personagem mais perigosa e odiada (pelas costas) é Mário Nogueira, embora quando se cruzem com ele se desfaçam em sorrisos e elogios.
Convém, no entanto, clarificar esta “etiqueta” que se auto-atribuem os três movimentos de professores, que têm o mérito inegável da obtenção dos holofotes mediáticos e de ocupação do espaço público. De que “independência” estamos a falar?
Podemos estar a falar de independência em relação aos partidos, ou de independência em relação aos sindicatos.
Se estivermos a falar de independência face a partidos, não se vislumbra diferença significativa entre os movimentos e os sindicatos.
Cada um dos membros de cada sindicato tem as suas opções partidárias, no acto de inscrição não lhe é pedida identificação com este ou aquele partido e, pelo menos nos sindicatos da FENPROF, coexistem militantes, simpatizantes e votantes de diversos partidos, (existindo, nalguns casos, tendências organizadas reconhecidas estatutariamente). Nos restantes sindicatos passar-se-á processo semelhante e, por certo, os respectivos membros também terão as opções partidárias que entenderem, naturalmente com enquadramentos ideológicos diversos.
Quanto aos movimentos, por terem uma organização mais fluida, é mais difícil identificar a pertença e a militância. No entanto haverá também diversas opções partidárias entre os seus simpatizantes e apoiantes. Uns serão militantes partidários, outros simples apoiantes deste ou daquele partido. Não sei se pedem ou não alguma declaração de não militância partidária a quem queira pertencer ou apoiar as iniciativas dos movimentos, mas com certeza que cada pessoa terá as suas simpatias partidárias, ditadas por “inclinações ideológicas”, no caso dos dirigentes com uma evidente inclinação no sentido de um dos lados do espectro partidário. Nada de mal nessas opções, que são legítimas, mas que apenas revelam que desse ponto de vista a independência é igual à dos membros dos sindicatos.
Mas se falarmos de independência dos movimentos em relação aos sindicatos? Será mesmo possível falar nesses termos?
Quanto ao ProMova, sendo apenas reconhecível mediaticamente a figura do seu líder e mais dois membros, não é possível afirmar se os restantes membros têm ou não algo a ver com este ou aquele sindicato. Do MUP, que na sua página apenas dá a conhecer a figura do seu líder, embora aparentemente tenha mais colaboradores, sabemos o mesmo. Já da APEDE sabemos, nuns casos por conhecimento directo, noutros porque o seu presidente não se cansa de o repetir, que entre os membros dos corpos sociais até há um delegado sindical com mais de trinta anos de carreira. Donde se pode concluir que também não será de independência em relação aos sindicatos que eles falam, quando falam de “independência”.
Como até dão voz a uma associação que, além de minúscula, defende na sua designação uma descriminação entre professores (será que os mestres e doutores ficam impedidos de se inscrever nessa associação?), talvez possamos concluir que só se sentem independentes por preferirem os partidos da direita a qualquer coisa que lhes cheire a ideais de esquerda?