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O JMA é um professor que me habituei a respeitar pela coerência das suas posições e pela generosidade das causas que defende. No seu blogue tem vindo a defender, nos últimos meses, uma posição de “aperfeiçoamento” do modelo de avaliação do desempenho docente (é este o nome de baptismo que o ministério da educação deu à classificação de serviço, vulgo notação de mérito, destinada a seriar professores e não a avaliar a qualidade do seu trabalho).
Por mais de uma vez critiquei esta atitude, a qual é também defendida por muitas almas generosas (geralmente benevolentes com o governo Pinto de Sousa), como é o caso da professora Carmo Cruz, que se assina Avó Pirueta.
De todas as vezes que exprimi a minha discordância em relação a estes colegas senti algum constrangimento, porque o respeito pelo seu trajecto profissional e pela generosidade com que partilham o seu saber e a sua experiência é enorme.
É ponderando tudo isto que resolvi hoje fazer referência à entrada do Matias Alves no seu blogue, sob o título A Blindagem do sistema de avaliação.
A leitura deste post, considerando as divergências que tenho assumido em relação à participação do Matias Alves no processo da classificação dos professores, leva-me a concluir que até para quem acredita na bondade das políticas educativas de MLR começa a ser difícil engolir tanto Sapo Centralista.
E digo-o na convicção de que o Matias Alves tem consciência de que a luta pela regulação das escolas é um combate decisivo nos próximos meses/anos. Nós sabemos que qualquer alteração significativa do sistema educativo, e da escola pública, passa por processos de dinamização da regulação local e socio-comunitária da educação. É por isso que o tom de lamento me parece ser o mais marcante, quando JMA escolhe um termo com BLINDAGEM para caracterizar a atitude que a DGRHE adoptou face ao controle da aplicação do dr 2/2008.
A dúvida que me fica é se o Matias Alves e muitos dos defensores da “avaliação 2/2008” (sem a contextualização da prática governamental) acham que a culpa do falhanço fica no director da DGRHE, ou se também acham, tal como eu, que nenhum director geral decide políticas sem o aval dos secretários de Estado e dos ministros que os nomeiam e podem exonerar.
Paulo G. Trilho Prudêncio said:
Olá.
Isto está a andar: por simples motivos: inexequibilidade e brutais injustiças. Mesmo com os contornos políticos que já pensamos conhecer, a sociedade em rede, que só um dia perceberemos como funciona, está aí: na simcult quem não for rápido morre e na nova rede não há servidores. Isto está imparável e tudo o que é organização só tem um caminho: apoiar e somar.
Abraço.
JMA said:
Meu caro FS
Com toda a estima, eu nunca defendi o “aperfeiçoamento” do 2/2008. Fui o primeiro a denunciar publicamente no próprio dia da publicação que aquela avaliação era impossível. Fui dos poucos que mesmo antes da aprovação da nova versão do ECD sistematizei uma série de críticas que fundamentei. Em todas as intervenções públicas sempre assumi uma postura crítica e muitas vezes construtiva. Acreditei que no CCAP podia corrigir alguns dos efeitos mais perniciosos. Muito do que tem sido dito, entredito ou insinuado não corresponde à verdade. Não é importante precisar a minha trajectória, o meu papel, e a minha (des)vinculação ao ccap. Por isso tenho evitado pronunciar-me sobre esta matéria.
fjsantos said:
Caro Matias Alves,
não me custa reconhecer que de facto a denúncia do modelo e as críticas que lhe fez, fazem parte do seu percurso.
Como bem recordará, ao saber que o JMA tinha aceite integrar o CCAP, fiquei muito surpreso e manifestei-lhe o meu desencanto (embora sem qualquer legitimidade para além de ser um leitor assíduo do seu blogue e do que escreve sobre educação).
Acreditei que essa aceitação teria como pressuposto o seu desejo de promover a correcção dos aspectos mais negativos desta legislação. Se a sua posição se alterou, apesar de me congratular, imagino que esteja desiludido. Seja como for, acredite que continuo a considerá-lo uma das pessoas que mais tem contribuído para um debate sereno e qualificado sobre este assunto.
Aceite os meus cumprimentos.
JMA said:
Aceito com prazer. Creio que há muito mais a unir-nos que a separar-nos. A minha (renitente aceitação) e a intervenção no CCAP foi justamente a tentativa de corrigir (e não aperfeiçoar) alguns dos elementos (para mim) mais perniciosos do modelo, como aliás já publicamente enunciei no próprio terrear. Muitos consideraram uma traição o facto de ter aceite integrar aquele órgão. Penso, contudo, como ser livre que sempre fui, que a traição se tem de aferir por outros parâmetros…