Desde há alguns anos que se tornou moda politicamente correcta atacar as Ciências da Educação, atribuindo-lhes todas as malfeitorias a que vem sendo sujeito o sistema de ensino português.

Seja por despeito, por ignorância, ou simplesmente por  motivações políticas e ideológicas, muitos dos detractores das Ciências da Educação começam por nem sequer lhes querer reconhecer um estatuto científico. Como é natural, à cabeça desse exército figura um dos mais mediáticos cientistas da nossa praça, o inevitável professor Nuno Crato, que aproveita esse combate para fazer algum sucesso editorial à volta do termo “eduquês”, que os seus livros anti Ciências da Educação acabaram por mediatizar também.

Pessoalmente penso que o diagnóstico que é feito a propósito das Ciências da Educação, as quais ao contrário do que todos os “cratos” deste país afirmam nada têm a ver com o “eduquês”, é muito injusto e se baseia em premissas falsas.

Na verdade não são as Ciências da Educação ou os investigadores portugueses das temáticas ligadas à Educação e à Escola quem governa a Educação Portuguesa. Quase todos os ministros da Educação e respectivos secretários de Estado provém de outras áreas científicas, desde a Química (João de Deus Pinheiro), passando pela Economia (Manuela Ferreira Leite) até à Sociologia das Empresas (Maria de Lurdes Rodrigues).

Claro que, para legitimar muitas das decisões políticas, todos estes governantes solicitaram e continuam a solicitar estudos e pareceres aos académicos das Ciências da Educação. Só que dos estudos e pareceres que lhes chegam apenas usam o essencial da retórica, para embelezar os preâmbulos dos decretos e das leis, porque o articulado é normalmente elaborado por um qualquer jurista avençado do ME e nada tem a ver com as conclusões apresentadas pelos especialistas.

Ainda recentemente, a propósito do novo decreto sobre a gestão e administração escolar, o parecer pedido pelo ME a um reputado investigador da área da Administração Educacional é contrário às soluções que foram aprovadas em Conselho de Ministros, as quais foram vertidas em DL que está para promulgação e publicação em DR. Como se pode ler no anexo seguinte:

gestao-parecer-jbarroso.pdf