(Re)Flexões

~ Defendendo a Cidadania

(Re)Flexões

Daily Archives: Março 26, 2008

Tudo tão estranhamente repetido, ou talvez não…

26 Quarta-feira Mar 2008

Posted by fjsantos in educação, escola de elites, escola de massas, escola pública

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Já tinha ouvido algumas referências ao livro. Já tinha ouvido o próprio Professor António Nóvoa citar alguns dos textos que escreveu. Ontem, passeando na Fnac, encontrei-o numa prateleira e não resisti. Acabei por comprar o «e vid ente mente», em que o reitor da UL nos leva num passeio por 50 textos de “escrita simples e depurada”.

Logo no início Nóvoa alerta-nos para o facto de que “as coisas da educação discutem-se, quase sempre, a partir das mesmas dicotomias, das mesmas oposições, dos mesmos argumentos. Anos e anos a fio. Banalidades. Palavras gastas. Irritantemente óbvias, mas sempre repetidas como se fossem novidade. Uns anunciam o paraíso, outros o caos – a educação das novas gerações é sempre pior do que a nossa. Será?! Muitas convicções e opiniões. Pouco estudo e quase nenhuma investigação. A certeza de conhecer e de possuir “a solução” é o caminho mais curto para a ignorância. E não se pode acabar com isto?” Nóvoa, A. (2005), “EVIDENTEMENTE”, ASA Editores, SA

A propósito da escolaridade obrigatória, Nóvoa relembra que Portugal foi um dos primeiros países europeus a legislar sobre a obrigatoriedade do ensino, mas foi dos últimos a cumprir essa legislação. Nos finais do século XIX a escolarização da população portuguesa rondaria os 10% por contraponto aos 30% de Itália e aos 40% da Espanha, para não mencionar os 60% da Noruega ou os 70% da Suécia.

Apenas na segunda metade do século XX foi generalizada a escolarização de todas as crianças, ainda que apenas ao nível do ensino elementar (4 anos). Esse défice de escolarização da população ficou a dever-se, segundo Nóvoa, “à fragilidade da acção do Estado, à insuficiência das elites, à insignificância da iniciativa privada e a resistências várias à cultura escolar”.

Infelizmente, o diagnóstico continua actual.

Formação Cívica, Adultos e Adolescentes

26 Quarta-feira Mar 2008

Posted by fjsantos in avaliação, cidadania, educação

≈ 1 Comentário

Sobre o caso mais do que gasto do telemóvel, da professora de Francês e da aluna a quem o MP decidiu abrir um inquérito, já foram gastas muitas linhas e muitas palavras. Na verdade o assunto tresanda, mas parece que apesar de toda a gente saber como classificar o acontecido, muito poucos são capazes de avaliar a história.

O que se passou no Porto com a professora de Francês e a aluna do telemóvel é lamentável. Essa avaliação está feita e penso que é pacífica. Já a classificação incriminatória que é feita da atitude da aluna, por contraponto à classificação desculpabilizante da atitude da professora, parece-me pouco honesta e pouco inteligente, se quisermos aprender algo como a situação.

Ao contrário do que algumas pessoas afirmam: «Mas seguir os «protocolos» da sensatez nem sempre é possível ou funciona. A avaliação depende muito da dinâmica existente no grupo em presença. Não é algo fácil de objectivar.», penso que enquanto adultos (ainda mais do que enquanto professores), temos que seguir os “protocolos” do bom senso, sob pena de perdermos a batalha da Educação e da Formação Cívica e Moral das crianças e dos jovens.
É claro que lamento profundamente o que aconteceu naquela sala de aula. Tal como lamento todos os outros casos que não conhecemos, mas sabemos que ocorrem regularmente em muitas salas de aulas de todo o país.
Não acredito é que se resolva o problema punindo apenas a aluna, se ao mesmo tempo todos os adultos (principalmente os professores) não reflectirem sobre a forma como têm necessidade de aprender a avaliar as situações de tensão na sala de aula.
Com todo o respeito que tenho por um currículo brilhante como o que aquela professora tem, a avaliação que faço é que ela não estava de facto preparada para enfrentar a situação em que se envolveu. Com esta afirmação não quero condená-la. Pelo contrário, quero absolvê-la de um conjunto de culpas que não tem.
O que aconteceu naquela sexta feira é consequência de uma série de decisões erradas, todas elas tomadas por adultos (professores e gestores escolares) que tinham a obrigação de saber avaliar o potencial de conflito que desaguou na história do telemóvel e no youtube.
Tudo começou com o Conselho Executivo e o Conselho Pedagógico que determinaram (ou foram complacentes) com a constituição daquela turma; continuou com o Conselho Executivo e a Comissão de Horários, através da distribuição de serviço lectivo, que colocaram naquela turma (9º ano com alunos vindos de outras escolas) uma professora que há vários anos estava fora da realidade escolar; e terminou com a decisão “aventureira” da professora usar a força contra uma aluna, que ainda por cima é manifestamente mais forte do que ela.
Só podia ter terminado naquele disparate.
Por vezes também eu preciso de “confiscar” alguns telemóveis e outros objectos que os meus alunos trazem para as aulas. Tenho 1,72 e quase 90 kg, mas ainda assim não me passa pela cabeça pegar no objecto e tirá-lo ao aluno. Pelo contrário, uso a “minha autoridade” de professor para que seja ele a entregar-mo na minha mão.
“Essa” é a diferença e “esse” tem que ser “o método”. Se não resultar evito expor-me a uma situação de confronto “em igualdade” e posso sempre recorrer a um pedido de ajuda exterior. Em último caso, uma vez que não exista confronto físico, posso sempre abandonar a sala e redigir a competente participação de ocorrência, dando início a um inquérito aos acontecimentos.
Não penso que seja preciso preparar “Rambos” para leccionar nas escolas portuguesas do ensino básico e secundário. Acredito firmemente é que todos os professores têm que saber que a Escola em 2008 já não é a Escola dos anos 70/80 do século passado, nem muito menos a Escola do Estado Novo, em que mesmo os alunos mais timoratos se curvavam perante a “autoritas” do professor. Como acredito que nós professores só podemos ensinar a Cidadania através do exemplo, usando os nosso direitos e praticando os nossos deveres de Cidadãos, o que evidentemente passa por não baixarmos o nível como manifestamente aconteceu naquela sala daquele liceu.
Correio Electrónico!

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