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O último “simplex avaliativo” veio revelar o desnorte, o disparate e o desespero em que se encontra a equipa que tenta a todo o custo governar as escolas e os professores em Portugal.

Este simplex caracteriza-se por ser mais uma tentativa de aprofundar as divisões entre professores, criando facilidades à medida de cada um dos grupos ou castas em que o ministério nos quer dividir.

Só que isso apenas serve para tornar mais ridícula e incongruente toda a farsa avaliativa, como tentarei demonstrar de seguida:

Os professores “avaliados”, caso não pretendam ter classificação diferente de Bom, apenas serão avaliados na componente que é da competência do órgão de gestão.

Os constrangimentos definidos nessa componente administrativa, nomeadamente no que se refere às percentagens de cumprimento do serviço distribuído, tornam extremamente difícil a candidatura às menções de Muito Bom e de Excelente. Se juntarmos a essa dificuldade a aplicação do despacho das quotas, poderemos afirmar que é praticamente inútil à generalidade dos avaliados solicitar a observação de aulas.

Assim sendo, não se percebe a necessidade de criar “melhores condições de trabalho” aos avaliadores, que na realidade passarão a ter muito menos colegas para avaliar e menos aulas para observar (em muitos casos não terão de todo qualquer professor para avaliar).

No entanto, a avaliação destes professores avaliadores passará a centrar-se nos aspectos funcionais do cargo que ocupam, não sendo avaliada a componente científico pedagógica, nem mesmo a seu pedido. Daqui decorrerá que muitos avaliadores não terão avaliação, porque a sua função foi esvaziada pelo próprio simplex.

Claro que resta a avaliação do órgão de gestão. Os vice-presidentes serão avaliados pelo presidente/director e este será avaliado pelo director regional de educação, exclusivamente na dimensão funcional dos cargos que desempenham.

Eis o “ovo de Colombo” que permitirá à administração ultrapassar qualquer recusa da generalidade dos professores em pactuarem com o modelo de classificação de serviço em vigor.

Uma vez que, em caso de desacordo na definição de objectivos entre avaliador e avaliado, prevalecerá a posição do avaliador, e uma vez que a única dimensão que será com toda a certeza objecto de avaliação será a componente administrativa (cumprimento do serviço distribuido/assiduidade) o órgão de gestão poderá unilateralmente definir os objectivos para todos os professores e emitir uma classificação de serviço no final do ano lectivo.

Com este golpe o ME poderá erguer a bandeira de ter classificado todos os professores e condicionar ainda mais a atribuição dos níveis de Muito Bom e de Excelente.

É por isso que a luta tem que ser intensificada e é fundamental manter a unidade entre todos os professores, embora tendo a consciência que temos entre nós alguns que estão comprometidos até às orelhas com as políticas do ministério.

Em todo o processo caberá aos membros dos órgãos de gestão uma palavra decisiva. À medida que o tempo passa terão que escolher em definitivo o campo em que se colocam: querem continuar a pertencer ao grupo profissional de que são originários (PROFESSORES) ou querem em definitivo passar a ser uma espécie de capatazes do ministério, virando em definitivo as costas a quem os elegeu, lhes deu suporte e apoio durante muitos anos e tem garantido o funcionamento das escolas enquanto locais de ensino e aprendizagem.