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Justiça de Fafe, versão 2008
11 Terça-feira Nov 2008
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Nesta querela, que apenas tem sentido para um número exíguo de activistas (mais ou menos arrivistas e aventureiros), entre os movimentos alegadamente independentes e os sindicatos (sendo o principal e verdadeiro alvo a Fenprof e o seu secretário geral), existe uma enorme injustiça que se funda, por um lado em opções político/partidárias inequívocas e, por outro, numa crença messiânica na existência de entidades salvadoras, que podem e devem substituir a acção dos interessados na luta em defesa da educação.
Só assim se entende que o discurso continue a assentar numa divisão dicotómica entre o “eles” direcções sindicais e o “nós” professores (independentemente da qualidade de membros ou não das organizações de classe).
Durante demasiados anos a grande maioria dos professores preferiu afastar-se da vida sindical, da mesma forma que os cidadãos se têm afastado dos partidos políticos. A ideia é a de que surgirá algures, do meio do nevoeiro, um Sebastião “salvador” que há-de resgatar a pátria e trazer a prosperidade aos portugueses. De forma semelhante, os professores têm deixado que sejam os outros a arcar com as consequências das lutas que são de todos.
Foi assim ao longo de anos, com taxas de participação vergonhosas, em manifestações e greves, quando estavam em causa sucessivas alterações às políticas educativas, que se têm traduzido na degradação da qualidade do serviço público de educação.
Também eu fiz parte dessa mole imensa de professores que virou costas às organizações sindicais, tendo-me dessindicalizado há muitos anos. Embora tenha apoiado, enquanto professor, muitas das lutas que eram de toda a classe, a verdade é que não contribui por dentro para a vida democrática dos sindicatos que temos. Se hoje eles são como são, também a todos os que ao longo dos anos se demitiram de participar (entre os quais me incluo) devem ser assacadas responsabilidades.
No final do ano passado, mais precisamente no final de Dezembro de 2007, publiquei neste blogue várias entradas sobre as alterações que estavam a ser anunciadas pela tutela, nas quais manifestava as minhas preocupações quanto ao que se adivinhava (Autonomia vs Controle Desconcentrado, A “Crise” da Escola ou, p. ex., A “Varinha Mágica”)
Na altura, embora procurasse com alguma insistência, era difícil encontrar (tanto nos mídia, como na blogosfera) quem se mostrasse preocupado com o que se adivinhava. De uma forma algo tímida e pouco articulada, alguns dos sindicatos existentes iam fazendo críticas dispersas. Os professores, incluindo os actualmente mais activos arautos das amplas liberdades, continuavam sossegadinhos, dando as suas aulitas, esperando que o “Sebastião” lhes resolvesse os problemas. Claro que já havia alguns mais inconformados, porque a lotaria da titularidade não lhes tinha batido à porta, mas nessa altura ainda não se conheciam as implicações que tal facto viria a ter no concernente à avaliação.
De repente e em catadupa, no mês de Janeiro o ME resolveu por em prática a revolução nas escolas e, aqui d’el Rei. A blogosfera docente explodiu, alguns dos professores mais activos começaram a mobilizar-se e alargaram o debate, acabando por fornecer as condições para a Fenprof decidir marcar uma manifestação para 8 de Março. Só que este (a Fenprof) não era o Sebastião ansiado.
De qualquer forma, a mobilização conseguida através da utilização de novos meios de comunicação (sms’s, emails, blogues e fóruns) acabou por ser determinante para promover a unidade entre todos os sindicatos, que acabaram por formar uma plataforma sindical (apesar de durante anos se terem guerreado e ainda a uma semana do 8 de Março serem vários os que não tinham aderido à iniciativa).
Nesses dias de Fevereiro e princípio de Março participei de forma intensa nos primeiros passos de uma das organizações que acabou por se legalizar, a Apede. Fi-lo na convicção de que a participação cívica dos professores e a mobilização que tinha começado a ser feita nas escolas, tinham sido os motores da unidade entre todos os professores e tinham forçado a unidade entre dirigentes sindicais com orientações e interesses político partidários diferentes. Fi-lo também com uma condição: não hostilizar os sindicatos, não procurando disputar-lhes o terreno de intervenção, mas pelo contrário, ajudando-os a reforçar a unidade de todos.
Infelizmente, a “vã gória de mandar” enebria e tolda até os espíritos mais modestos. E, de repente, pessoas que sempre se tinham preocupado em não dar passos maiores do que a perna, vendo 100 mil professores na rua imaginaram-se verdadeiros estadistas a orientar o povo. Mesmo quando na véspera não queriam participar na marcha e no próprio dia 8 foram tentando desaparecer na multidão, até ao momento em que lhes puseram um microfone à frente. Nesse momento tudo mudou, e passaram a achar-se donos dos 100 mil (que àquela hora ainda não se adivinhavam) e a agir como os novos “Sebastiões” do povo docente.
Será preciso um banho de humildade para que voltem à realidade e para que percebam a sua verdadeira dimensão. Nesse dia será dado um passo decisivo para terminar uma querela artificial, que em nada beneficia os professores que quotidianamente se esforçam para que os seus alunos vão à escola (em vez de os mandarem para casas de correcção), para que os seus alunos aprendam a ser adultos responsáveis e cidadãos por inteiro, exercendo os seus direitos e cumprindo as suas responsabilidades.
Nesse dia será possível que todos os professores percebam que sem a sua acção individual não haverá luta que seja vencida. Não há nenhum D. Sebastião que nos redima, se não o encontrarmos dentro de nós. É por isso que em vez de alimentar a querela sem sentido entre os movimentos, alegadamente independentes, e os sindicatos, o acto mais inteligente que os professores têm a fazer é inscrever-se nos sindicatos que existem e introduzir no seu seio a dinâmica de luta e de combate que se vai sentindo no interior das escolas.
11 Terça-feira Nov 2008
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O José Luiz Sarmento resolveu brindar-me com uma entrada no seu blogue, dissertando sobre as minhas malfeitorias contra os novos libertadores da classe docente.
Devo dizer que me diverte (embora nem me honre nem me lisonjeie) o facto de JLS ter começado este seu post com uma referência a alguém que pelos vistos tanta gente despreza, e acha que nada tem a acrescentar a tão subida ciência, como a que perpassa pelo seu blogue e pelos seus ilustres comentadores.
No entanto, como o seu título remete para uma afirmação que me atribui – que o JLS não gosta de sindicatos – talvez seja conveniente esclarecer o meu ponto de vista.
Acredito que o JLS seja sócio e pague religiosamente as quotas ao sindicato de sua eleição (há-os para todos os gostos e cores partidárias, e até há os que, como no tempo da outra senhora, afirmam que a política deles é o trabalho, que neste caso é a educação). Como se houvesse educação, ensino e escola (pública ou privada) sem haver uma ideia política sobre o que deve ser educar, ensinar e escolarizar.
Evidentemente que este tipo de conversa é algo maçador e confuso para alguns dos comentadores que passeando pelo blogue de JLS e outros blogues de referência libertadora aproveitam para me zurzir, mas cada um é para o que nasce e há gente que não vai mais longe… por isso nem todos poderão emular Camões ou Pessoa, embora todos tenham direito a andar na escola, a aprender a ser melhores cidadãos e a poderem contribuir para a construção de uma sociedade mais justa, mais democrática e mais desenvolvida em todas as dimensões.
Face a gente tão esclarecida e dona da verdade, remeto-me à minha insignificância e refugio-me na sabedoria popular – há burros(as) velhos(as) que não aprendem, nalguns casos nem as regras mínimas da urbanidade; e felizmente algumas vozes de burro(a) não chegam ao céu, mesmo quando mordem pela calada, ou escoiceiam à má fila.
Mas os actos ficam sempre com as pessoas que os praticam e servem para as qualificar.
Dito isto, e porque não sou o autor de algumas coisas que estão escritas e publicadas, podendo ser lidas por qualquer um, aqui deixo duas citações exemplificativas de “certos e determinados” modos de pensar:
Novembro 10, 2008 às 3:04 pm · Editar
Este primeiro é da autoria de JLS e mostra claramente o seu amor à causa sindical. O que se segue é da autoria de alguém que se viesse oferecer-me a sua amizade, nunca mais eu precisaria de inimigos: