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A imagem que podem ver acima, que “abusivamente” roubei daqui, reproduz uma folheca que foi usada por mim, para elaborar uma proposta de resolução, a sair do encontro promovido pelo Paulo Guinote, em Janeiro de 2008.
No seu registo sabichão, e detentor da suprema verdade das coisas, o Paulo vai reescrevendo a história, ao omitir alguns dos factos e ao reinterpretar alguns aspectos relevantes para descrever o que aconteceu.
A minha versão dos factos, tão legítima como a que ele conta, quanto mais não seja porque a autoria do rascunho é minha, não é coincidente na totalidade com o que ele publica.
De facto, na tal reunião em que estavam presentes cerca de 30 professores, houve tudo menos consenso para redigir uma proposta de resolução, ou um compromisso mínimo entre os presentes.
Se a maior parte dos presentes na sala lá chegou com a intenção de discutir tudo sem pré conceitos e de espírito totalmente livre, a verdade é que se verificou uma clivagem clara entre dois grupos, que defendiam pontos de vista diversos sobre a criação de uma “Associação Cívica em Defesa da Escola Pública”.
Ao contrário do que o Paulo sugere (e não creio que tenha sido só a memória a trair o relato que faz dos factos), a APEDE não é a associação que ali está referida. Até porque os seus proponentes, que desde o início defenderam o alargamento dessa associação a não professores, eram a Carmelinda Pereira e o Manuel Baptista, membros da CDEP e promotores de um grupo do google, que existe com o lema “Espaço de debate sobre o estado da educação pública em Portugal”.
Na reunião estavam três membros da que foi depois a 1ª direcção da Apede, que defendiam que a associação a criar devia ter um carácter claramente profissional.
Foi porque se chegara a uma situação de impasse, com uma aparente divisão insanável num pequeno grupo, que surgiu a ideia de encontrar uma redacção de consenso.
De facto, a partir desse dia os caminhos começaram a separar-se, muito embora com percursos paralelos.
O Paulo continuou o seu percurso individual e individualista, de que legitimamente não quer abdicar.
O grupo Escola Pública foi criado no google groups, como complemento à acção da Comissão de Defesa da Escola Pública – CDEP, dinamizada pela Carmelinda Pereira e pela Paula Montez. Tanto eu como o Trindade estamos inscritos nesse grupo e, embora de forma muito esporádica, tenho lá escrito alguns pequenos textos.
A Apede foi criada, tendo sido dirigida inicialmente pelo Machaqueiro, com a presença do Trindade e do António Ferreira, os três presentes nessa manhã de Janeiro de 2008 na Baixa da Banheira. Eu participei em diversas reuniões preparatórias da sua criação e contribuí com algumas ideias e textos para o seu lançamento.
Tal como em relação a este texto, agora referenciado pelo Paulo Guinote, sempre assumi a minha presença e os contributos que dei para os primeiros passos da Apede. Tal como fui eu a primeira cara a aparecer na Sic-N, em defesa da associação (que na data não tinha existência formal) nas vésperas da manifestação de 8 de Março.
Saí pelo meu pé, ainda antes da constituição dos primeiros corpos sociais da Apede, por motivos que não quero discutir publicamente, mas que admito poderem ser debatidos se isso for considerado necessário pelos órgãos dessa associação.
Ainda estou para perceber a parte em que eu reescrevi a história.
Dessa reunião não guardo uma memória tão “clivada” até porque eu fiz aquilo a que me propus explicitamente em tal momento e ainda assumi algo que era missão de outros.
Só me recusei explicitamente, alguns dias depois, a formar aquela espécie de sovietes de escola que me foram propostos.
O meu percurso tem sido individualista porque ao menos não finjo que pertenço para não pertencer se não me fazem as vontades.
Estranho ainda como um individualista é que promoveu e arranjou espaço e tempo para aquela iniciativa, com o apoio de um amigo pessoal que até ia tendo problemas por causa disso.
Porque a reunião esteve longe de passar despercebida devido a inconfidências de um ou outro presente (que não tu).
Paulo,
A história mal contada é que a Apede não é a tal associação cívica que está na folheca.
Se bem te lembras a clivagem foi (e continua a ser) entre admitir, ou não, os pais e outros intervenientes nessa associação cívica.
O que existe mais próximo da ideia defendida pelo Manuel Baptista é a CDEP e, em certa medida, o MEP – Movimento Escola Pública, embora este último tenha uma ligação forte ao BE, porque os seus dinamizadores são militantes do bloco.
No entanto, tem sido um movimento que tem procurado, desde a sua criação, incluir todas as correntes de opinião, procurando o alargamento da sua capacidade de intervenção para lá das posições partidárias, ou estritamente profissionais.
E não sabes (nem tens que saber) de todos os pormenores em torno da participação de alguns protagonistas dessa reunião na manifestação de 8 de Março.
Mas isso fica para uma conversa à volta da mesa, que há coisas que não devem ser públicas, nem publicadas.
Quanto ao individualismo, essa é a bandeira de que te reclamas constantemente, se alguém te convoca para acções de carácter mais colectivo.
A tolerância é a solução para evitar as clivagens insanáveis e as pessoas enveredarem
por posições tipo ‘maverick’…