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Confesso que a missão de defesa dos princípios civilizacionais a que se dedica o Paulo é uma coisa que me diverte.

Tenho pena que ande rodeado de uns (e umas) quantos trogloditas, que fazem da ignorância uma forma de vida, mas essa foi e é uma opção que lhe é lícito assumir, pois cada Quixote tem @(s) Sanch@ Pança que merece.

Acusa-me este cavaleiro dos tempos blogosféricos de não ter comentado “os chumbos” de Isabel Alçada devido a um alegado incómodo, suscitado por uma também alegada aliança em construção, entre o ministério e a federação sindical a que pertenço.

“Tonterias”, é o que me ocorre responder.

No entanto, porque parece que os meus comentários são imprescindíveis ao Paulo (e não gosto de defraudar quem confia em mim, mesmo quando clama aos 4 ventos o oposto), quero deixar claro o seguinte:

  • Começo por afirmar que a discussão é inútil, não só porque o tempo para o debate é inadequado, como porque a primeira questão que está em cima da mesa é a definição do conceito;
  • Se por chumbo se quer significar a repetição do mesmo currículo e dos mesmos programas, nas mesmas condições de trabalho, mudando apenas o grupo de referência do aluno e, eventualmente, alguns dos professores, afirmo sem dúvida que se trata de uma perda de tempo e de uma inutilidade absoluta;
  • Daí não pode, nem o D. Qixote da Baixa da Banheira, nem @s seus Sanch@s Panças, inferir que concordo com o discurso de Isabel Alçada, ou que o que afirmo vincula outras pessoas, nomeadamente o Miguel Pinto que não me passou qualquer procuração para o representar;
  • Para formar a opinião de que o sucesso educativo e escolar se constroi com trabalho discente, mas também com outra organização da escola, do sistema educativo e do trabalho docente, não preciso das pesquisas “googlosféricas” do Paulo Guinote;
  • Entre alguns dos temas a abordar na necessária reorganização de uma escola em que o sucesso de todos seja um objectivo, a questão do Tempo é uma das pedras de toque. E mexendo no tempo da escola, no  tempo para ensinar, mas sobretudo no tempo para aprender, passaremos a olhar o “chumbo” através de outras lentes.

O texto já vai longo e, para @s Sanch@s Panças da corte do D. Quixote da Baixa da Banheira já é tudo demasiado confuso. Ainda assim, a propósito do Tempo, não resisto a deixar um pequeno excerto de um texto que o Paulo certamente reconhecerá:

O meu primeiro dia de escola foi passado na carteira do fundo de uma das filas, ao lado do Freitas que também entrara no mesmo dia. Nenhum de nós tinha tarefas para cumprir. Sendo proibido conversar com os colegas, conforme não tardei a perceber, passei uma tarde interminável, olhando com insistência o relógio de parede que estava pregado por cima da cadeira da professora. O mostrador apresentava uns riscos em vez de algarismos (eu ignorava o que fosse numeração romana) e no centro, em relevo, uma borboleta dourada. Lembro-me muito bem da borboleta. Era a referência da minha impaciência. Nunca a esqueci durante a minha vida.

Rogério Fernandes (2008), A borboleta e o tempo escolar, in O Tempo na Escola, Profedições