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Há alturas em que me “salta a tampa”. É nesses momentos que até me envergonho de ser confundido com alguns tipos que têm a mesma profissão que eu tenho há mais de 30 anos.
Não consigo conter a fúria quando vejo gente que ostenta o grau de licenciado (ou superior) e escreve no espaço reservado à profissão – professor – não ser capaz de interpretar o que lê.
No entanto, como ainda não estou farto de exercer a profissão que abracei quando ainda era um jovem, vou tentar explicar a uns quantos bloguers e comentadores o que foi proposto pela Plataforma Sindical. Tentarei ser o mais explícito possível, tal como costumo fazer com as crianças mais novas e com os alunos com maiores dificuldades de aprendizagem:
12 de Maio:
Divulgação pública de uma Carta Aberta ao Senhor Primeiro-Ministro, dando conta do grande descontentamento que existe no sector e sobre as suas razões;
20 de Maio:
Entrega, no Ministério da Educação, do Abaixo-Assinado “Por uma revisão do ECD que corresponda às exigências dos Professores; Pela substituição do actual modelo de avaliação; por negociações sérias!“
26 de Maio:
Jornada Nacional de Protesto, de Luta e de Luto dos Professores e Educadores. Neste dia, para além da manifestação de luto dos professores e das escolas, os docentes paralisarão dois tempos lectivos (90 minutos), durante os quais aprovarão posições de escola;
30 de Maio:
Manifestação Nacional dos Professores e Educadores Portugueses de protesto e rejeição da política educativa do actual Governo, de exigência de revisão efectiva do ECD, de suspensão e substituição do actual modelo de avaliação do desempenho e de manifestação, junto dos partidos políticos, da necessidade de assumirem compromissos claros no sentido de, na próxima Legislatura, ser profundamente alterado o rumo da política educativa e revistos quadros legais que impõem medidas muito negativas e gravosas, como é o caso do Estatuto da Carreira Docente, entre outros.
Se os meus colegas conseguirem ler com atenção os curtos – 7 parágrafos 7 – da declaração da Plataforma Sindical, poderão constatar que em nenhum deles se anuncia uma greve de 90 minutos.
O que há de mais próximo a essa formulação é o 4º parágrafo, no qual se anuncia uma Jornada de Luta e de Luto, durante a qual haverá uma PARALISAÇÃO de 90 minutos, correspondente a um bloco lectivo, durante a qual se aprovarão posições de escola.
O que isso significa é que no dia 26 serão convocados Plenários/Reuniões Sindicais, que terão a duração de 90 minutos, durante os quais os professores poderão debater (se nisso estiverem interessados) todos os assuntos relacionados com a Luta contra o ME. [Entre outros assuntos que aí poderão ser tratados pode considerar-se a organização da presença na manifestação de dia 30.]
Para quem tenha dois dedos de testa, e não esteja unicamente interessado em atirar pedras à Plataforma Sindical, talvez não seja difícil entender que esta é uma solução que permite paralisar o funcionamento normal das escolas num dia de semana, sem que haja qualquer custo para qualquer professor.
É que se não sabem os meus doutos colegas, a presença em Plenários e Reuniões Sindicais (desde que legalmente convocadas) não afecta a assiduidade.
E, mesmo que isso não agrade a uns quantos voluntaristas mais radicais ou a um ou outro “videirinho”, que se habituou a atirar pedras aos telhados do vizinho sem cuidar que os seus são de vidro, a verdade é que a percentagem de escolas e professores que se pronunciaram por qualquer tipo de greve foi claramente minoritária.
Daí a opção por uma paragem sem custos, tentando dar ouvidos e unir uns e outros.