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Tag Archives: Educação comparada

Lutar contra o liberalismo educativo transnacional

16 Segunda-feira Mar 2009

Posted by fjsantos in bem público, cidadania, educação

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Educação comparada, políticas públicas, sindicalismo docente

Os estudos sobre a escola, que se têm realizado nos últimos anos, identificaram tendências claras de regulação das políticas públicas determinadas pelas agências internacionais, as quais são dominadas pelos países centrais. Esta regulação transnacional é imposta, umas vezes de forma subreptícia, outras de forma mais brutal, aos países periféricos e dependentes dos apoios económicos do FMI, do Banco Mundial, da UE e das outras agências do capitalismo globalizado.

Desde o início dos anos 80 do século passado que a corrente educativa liberal se tem afirmado, sobretudo a partir dos países anglo-saxónicos – EUA, Reino Unido, Austrália e Nova Zelândia. Essa afirmação teve por base um conjunto de razões que começaram a emergir nos finais dos anos 60, e década de 70, nomeadamente a redução ou estagnação dos orçamentos do ensino público em muitos desses países, a degradação resultante das condições de trabalho nos estabelecimentos escolares, os problemas de organização, de ensino e de disciplina criados pelo aumento significativo de alunos de meio popular e de diferentes minorias étnicas e finalmente a desvalorização dos diplomas escolares a que se juntou a recessão económica resultante do primeiro choque petrolífero.

Uma vez que as respostas dos profissionais a estes problemas foram débeis e pouco articuladas, o campo ficou aberto à iniciativa de outros grupos de influência compostos por universitários, administradores de educação, chefes de empresas e políticos associados à Nova Direita, os quais impuseram o modelo de mercado como o único remédio possível para os males do ensino público.

Também em Portugal, embora apenas a partir dos finais dos anos 80, a ideia da “democracia do cidadão”, que considerava a educação um bem comum a cargo do Estado e de profissionais da educação usufruindo de uma autonomia relativa, começou a ser substituída pela “democracia do consumo”, fundada sobre os princípios da soberania dos consumidores e na competição entre as pequenas unidades de produção que seriam os estabelecimentos de ensino.

Aos poucos começou a assitir-se à conjugação dessa lógica de mercado com uma lógica conservadora, defensora da tradição, da hierarquia e da moral, em discursos que valorizam a responsabilidade e autoridade parental e descrevem simultaneamente a ineficácia e a perda de valores dos profissionais das instituições públicas.

Discursos de gente com relevo na sociedade, como é o caso dos membros da Fundação Pró-Dignitate, ou de académicos ligados à Universidade Católica, apoiam-se também numa lógica modernista, que toma como símbolo a empresa e os seus métodos de gestão. À luz desta lógica os problemas educativos, tal como outros problemas sociais, passaram a ser vistos como problemas técnicos, de organização e de coordenação, para cuja solução se pede ao Estado que aposte na desconcentração das responsabilidades e na orientação para a procura por parte dos pais e das empresas assim como num maior enfoque nos resultados e na sua avaliação.

Numa altura em que ficou evidente o falhanço global das lógicas neoliberais, também na educação éfundamental que os profissionais se reorganizem e definam uma estratégia clara de luta contra estas tendências que visam a destruição da escola pública e a exploração de um mercado potencialmente muito lucrativo, como é o mercado do ensino, não permitindo que os sucessivos governos continuem a destruir o serviço público de educação para todos.

Mercado da ADD (no Chile)

23 Quinta-feira Out 2008

Posted by fjsantos in avaliação, escola pública

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Educação comparada, farsa avaliativa

Avaliação da ADD no Chile

23 Quinta-feira Out 2008

Posted by fjsantos in avaliação, escola pública

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Educação comparada

Um pouco mais de rigor, s.f.f. (*)

20 Terça-feira Maio 2008

Posted by fjsantos in educação, escola pública

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Educação comparada

As notícias começaram a ser espalhadas ontem e hoje de manhã não se falava de outra coisa: depois de 2009 (i.e., depois da renovação da “legitimidade” eleitoral), o 1º e o 2º ciclo irão ser “fundidos” e passará a haver monodocência coadjuvada no 2º ciclo.

O título que dei a este post (ao qual impus o *) tem direitos autorais – Prof.Dr. Vital Moreira no seu blogue. E se me permito usar esta referência de alguém com quem discordo profunda e permanentemente, é porque a falta de rigor que transparece nas notícias e no tom alarmista com que muita gente as leu e ouviu, serve antes de mais os interesses economicistas e a agenda neo-liberal do governo.

De resto, devo dizer que concordo em absoluto com Isabel Campeão, quando afirma que: «Assim, o que me preocupa e assusta na publicação, pelo CNE, do Relatório do Estudo “A educação das Crianças dos 0 aos 12 anos” nem é tanto o seu conteúdo (que deve ser lido, e não os “resumos” que dele faz a comunicação social), mas sim o aproveitamento que decerto a Ministra da Educação dele fará em apoio aos seus objectivos.»

Os resumos que a comunicação social apresenta do relatório são ditados por “spin doctors”, que pretendem regular a agenda e a informação. Não passam de leituras, mais ou menos enviesadas, do conteúdo do mesmo.

Se nos reportarmos ao texto da autoria de Teresa Gaspar, que faz um estudo comparativo dos modelos em vigor em seis países (Espanha, França, Irlanda, Finlândia, República Checa e Austrália) verificamos que nada permite apontar para a ideia de um professor generalista a leccionar todas as áreas até ao final dos seis anos do “ensino primário”.

«A transição para o ensino secundário de primeiro nível ocorre entre os 11/12 anos de idade e corresponde, na maioria dos países analisados, ao início do 7º ano de escolaridade.
O modo como o currículo se vai progressivamente desdobrando ao longo do ensino primário é definido por ciclos ou fases. Em Espanha e na Irlanda os seis anos de ensino primário organizam-se em três ciclos de dois anos; na República Checa e na Austrália são dois ciclos de três anos cada; a França tem um regime de transição entre a educação pré-escolar e o ensino primário e entre este e o collège, no sentido de assegurar a transição de fase para fase. É, em geral, a partir do 4º ano de escolaridade que se começam a desdobrar as áreas de conhecimento globalizantes em áreas disciplinares ou disciplinas, implicando a intervenção de professores especialistas.
Com excepção da Austrália, em todos os países existem currículos nacionais para o ensino primário, que integram os princípios orientadores, os planos de estudo e os programas de ensino a desenvolver em cada área curricular ao longo deste nível de ensino. Também os tempos lectivos mínimos atribuídos a cada matéria e a respectiva distribuição por anos de escolaridade se encontram definidos centralmente. Nesse sentido, constata-se que os currículos de ensino primário atribuem pouca margem de flexibilidade às escolas para o subsequente desenvolvimento curricular.
Finalmente, deve-se referir que a aprendizagem de uma língua estrangeira e a utilização das TIC se encontram generalizadas nos currículos de ensino primário.»
Gaspar, T. (2008), Organização da educação das crianças dos 0 aos 12 anos em seis países, RELATÓRIO DO ESTUDO “A educação das Crianças dos 0 aos 12 anos”, CNE

(*) O título deste post é usado frequentemente pelo sr. professor doutor Vital Moreira no seu blogue «Causa Nossa», sempre que pretende corrigir leituras, na sua opinião erradas, que terceiros fazem de notícias ou actos praticados pelo governo ou partido que apoia.

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