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Reflexividade, Avaliação & Classificação

02 Quinta-feira Out 2008

Posted by fjsantos in avaliação, escola pública

≈ 4 comentários

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controvérsia, debate

Começa a desenhar-se, entre alguns professores bloguers e respectivos comentadores, um debate em torno da forma mais correcta de reagir à avaliação de desempenho.

Há já muitos meses que o P.Guinote é um defensor acérrimo da exigência e do rigor, declarando-se completamente contrário às simplificações como por exemplo aqui e aqui.

Também há bastante tempo o RamiroM. vem defendendo posição contrária, argumentando que «o único objectivo realista é lutar pela simplificação do actual modelo». Nessa procura de simplificação, o Ramiro tem-se desdobrado na divulgação de fichas de avaliação, no que é acompanhado por muitos outros colegas.

Num outro registo, o JMA e a Mª do Carmo Cruz que assina Avó Pirueta, argumentam a favor da existência da avaliação pelo seu carácter formativo e reflexivo, esquecendo que o que está em análise é um modelo concreto de avaliação de desempenho, que de formativo e reflexivo pouco ou nada tem.

Em torno destas posições surge agora o MiguelPinto que propõe uma reflexão atenta e cuidada sobre o modelo de avaliação que temos em cima da mesa. Para começo de conversa o Miguel acha que o seu destino deve ser o caixote do lixo o que me parece um excelente desejo, embora de concretização complicada (mesmo a médio/longo prazo).

O Miguel começa por se debruçar sobre o quadro de referência do modelo e constata tratar-se de um híbrido (o que desde logo limita a sua capacidade reprodutiva). E de forma muito certeira aponta a incongruência entre reflexividade e robotização. De facto, é impossível que se peça a alguém para exercer a sua profissão de forma reflexiva, numa perspectiva de melhoria contínua de processos e de resultados e, em simultâneo, se exija à mesma pessoa que cumpra as prescrições das chefias sem as questionar.

Isto decorre da tensão que existe entre os modelos organizacionais propostos para a escola. Com o modelo de avaliação e o modelo de gestão que a lei consagra temos uma organização piramidal, burocratizada e taylorizada. Pode até a ministra da educação declarar quotidianamente o seu amor à descentralização, mas os seus directores gerais continuarão a disputar o poder aos seus directores regionais, que por sua vez procurarão impor a sua vontade e a sua política às escolas de uma forma directa ou através das autarquias. No fim da cadeia de produção os professores produzirão os documentos, fichas e reuniões que o director lhes imponha, muito embora possam continuar a leccionar exactamente da mesma forma que sempre o fizeram, copiando o modelo aprendido dos seus professores há dez, vinte, trinta ou quarenta anos.

A alternativa seria, de facto, um modelo de avaliação reflexiva e formativa. Julgo ser esse o desejo da Avó Pirueta e do JMA. É também, com toda a certeza, o desejo da esmagadora maioria (não arrisco afirmar que seja a totalidade) dos professores. Mas a primeira condição para que a avaliação pudesse ser formativa era que não se traduzisse linearmente numa classificação, e estivesse desligada de prémios de progressão ou de prémios remuneratórios. Claro que nessas circunstâncias deveria ser obrigatoriamente uma avaliação entre pares. Mas isso exigiria também um modelo de gestão assente no profissionalismo docente, em formas de gestão partilhada e com uma matriz em rede. Exigiria autonomia pedagógica e curricular que são o oposto de um perfil predeterminado de professor e de relação professor-aluno. Exigiria, enfim, que não se confundissem os direitos e deveres dos diferentes stakeholders de cada escola.

Entretanto, até que esta avaliação e este modelo de gestão possam ir parar ao caixote do lixo, resta-nos não fingir que a avaliação é aquilo que gostariamos que ela fosse (avaliação formativa), combatendo de forma inteligente aquilo que ela efectivamente é (classificação de serviço limitadora da progressão na carreira).

Na minha modesta opinião, a única forma de o fazer inteligentemente, é bloqueando-a. Para isso devemos exigir a sua aplicação integral, de forma a que não seja possível estar concretizada, por excesso de burocracias inúteis, no final do ano lectivo. Até porque, no limite, é a única forma de diminuir para níveis aceitáveis as eventuais injustiças entre professores.

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