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… mas o combate ainda está longe de estar ganho.
Dei uma volta pelos blogues de professores e o sentimento geral é de um contentamento unânime pela derrota do PS nestas eleições. De um modo geral a expressão é de alívio e de um renascimento da esperança que desta vez nos veremos livres desta gente arrogante e presunçosa.
No entanto é preciso termos consciência de que Pinto de Sousa continua a ser primeiro ministro até às eleições legislativas e que até lá ainda pode continuar a preparar mais medidas anti-escola pública e anti-professores, procurando abrir caminho ao governo que lhe suceda.
Tendo isso em atenção é preciso perceber quem ganhou o quê, nas eleições de ontem. E em que medida essa(s) vitória(s) se podem, ou não, transformar em políticas públicas mais justas e equitativas.
Os discursos que se foram ouvindo ao longo da noite começaram já a preparar cenários futuros, contra os quais é necessário ficar desde já alerta, não nos focando exclusivamente no actual governo.
É o caso das afirmações de Vital Moreira e de Pacheco Pereira, acolitados pelos comentadores de serviço nos OCS, a propósito dos perigos de “ingovernabilidade” do país. Ou das afirmações que são feitas sobre o “voto de protesto” na CDU e no BE, que não poderiam traduzir-se em alternativas de governo. Como se algum decreto divino tivesse ungido os 3 partidos do sistema – PS, PSD e CDS – como os únicos aptos para governar o país.
Se é verdade que a votação do BE e da CDU, ultrapassando em conjunto os 21%, nos pode permitir um sorriso de satisfação por traduzir um claro reforço das preocupações de âmbito social no campo das políticas públicas, não é menos verdade que os legítimos representantes do neo-liberalismo e do neo-conservadorismo, PSD e CDS em conjunto, se aproximaram dos 40%.
Isso significa que a derrota do PS não se transforma automaticamente na derrota das políticas anti-sociais que o neo-liberalismo persegue há décadas. Na prática, e enquanto Pinto de Sousa e os seus amigos mais próximos continuarem a dirigir o PS, a direita neo-liberal continuará a ter uma representação parlamentar maioritária.
É por isso que a luta dos professores tem que continuar amanhã, apesar do contentamento e dos festejos pelos resultados alcançados hoje. E é uma luta que se irá prolongar até às eleições de Outubro (ou para lá disso), porque é fundamental que os resultados conseguido hoje pela CDU e pelo BE, não só se consolidem, como ainda se alarguem nas próximas eleições.
Só assim se criarão as condições necessárias a que os membros do PS que ainda têm um pensamento de esquerda socialista possam substituir a actual clique dirigente, responsável pela aplicação de políticas que nunca a direita conseguiu aprovar depois do 25 de Abril. Até porque só com um PS dirigido por gente de esquerda, auxiliada por partidos fortes à sua esquerda, estará em condições de corrigir as políticas que Pinto de Sousa tem aplicado durante o seu consulado.