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Tag Archives: análise política

da ausência de massa cinzenta por trás de uns óculos rectangulares azuis

19 Quinta-feira Nov 2015

Posted by fjsantos in governação

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análise política, exigência, neoliberalismo

Por estes dias temos sido confrontados com a ascenção à categoria de “analista político” de umas quantas abencerragens que, por terem andado numa escola de jornalismo, se acham “jornalistas”, “escritores” e até “comentadores políticos”.

Vem isto a propósito de um simples animador de um programa pseudo-cómico, com periodicidade semanal, que se assina João Miguel Tavares. Se já enjoa ler e ouvir uns quantos economistas, jornalistas e políticos encartados da direita a perorar sobre os poderes presidenciais, a legitimidade de o PS governar apoiado à sua esquerda, ou o caos em que viveremos se não formos governados com as regras de Hayek e Friedman, ter que suportar a “ciência política” made in JMT é deveras insuportável.

Hoje, em mais uma crónica inenarrável, este representante do latifúndio alentejano vem, mais uma vez, dissertar sobre o poder de Cavaco “exigir”.

Nesse exercício de “erudição política” JMT remete-nos para o discurso de posse de Passos Coelho, quando o PR sem poderes de dissolução da AR decidiu dirigir-se ao futuro PM que terá que indigitar,  dizendo: «Exige-se ao Governo que respeite as regras europeias de disciplina orçamental, nomeadamente o Pacto de Estabilidade e Crescimento, os pacotes legislativos denominados Six Pack e Two Pack e o Tratado Orçamental. Exige-se, igualmente, que o Governo respeite os compromissos assumidos pelo Estado português no âmbito da União Bancária.»

Acontece que para que alguém possa exigir algo a uma terceira pessoa ou entidade, convém que detenha sobre essa pessoa ou entidade algum ascendente, e, de preferência, a capacidade de persuasão imprescindível para que o seu interlocutor se sinta obrigado a obedecer.

Ora, por muito que custe a JMT e a todos os “expertos” da direita, Cavaco Silva não possui essa capacidade, uma vez que se decidir declarar guerra à Assembleia da República será a direita, e, em particular, o seu PSD que mais terão a perder.

Nenhuma lei emanada do governo passará na AR e, no limite, o PR terá que aprovar as leis aprovadas pela AR, mesmo recorrendo a alguns “vetos de gaveta”.

Uma vez que acresce a tudo isto o facto de que os acordos assinados pelo PS com BE, PCP e PEV não propõem o desrespeito pelas regras europeias de disciplina orçamental, ou os compromissos assumidos pelo Estado português no âmbito da União Bancária, pelo que o cumprimento da putativa exigência está formalmente garantido. Não resta à direita e ao seu dilecto presidente senão “a prova do pudim”[1].

[1] A “prova do pudim” é a forma como a mãe de Jerónimo de Sousa (e muitas outras mães deste Portugal de gente que trabalha e vive com orgulho de ser português) sabia se o pudim era ou não bom – é preciso comê-lo.

A perspectiva da esquerda

21 Quarta-feira Jul 2010

Posted by fjsantos in bem público

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análise política

Mariana Canotilho observa a questão da revisão constitucional sob o ângulo correcto, de um ponto de vista da defesa do Estado Social e do Bem Público

[…] o que há a temer, hoje, não é que o PSD tente uma revisão que permitiria, a ser aprovada, o fim da escola e da saúde públicas que conhecemos, ou leis laborais extremamente desfavoráveis para os trabalhadores. O que há a temer é que o PS a aprove.

Que patusco

16 Sábado Jan 2010

Posted by fjsantos in a mim não me enganas tu, concorrência

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análise política, ECD, Negociações

Deparei-me há pouco com um texto que é um belo exemplo, pela forma aparentemente ingénua (e pretensamente fundamentada) como é escrito, de como alguém pode ser simultaneamente demagogo e crédulo, ao ponto de pensar que a maioria dos professores se revê naquelas posições.

Trata-se de um texto que se insere numa linha lógica de ataque consistente e cerrado aos sindicatos de professores e aos seus dirigentes (em particular os sindicatos que contam no que concerne à regulação do sistema educativo português). Deve, por isso, ser lido em articulação com este texto e mais este.

Regressando ao texto que é objecto da minha “admiração”, começo por notar que o autor “fundamenta” a sua tese no conteúdo de uma entrevista de que eu já tinha lido algumas partes nos blogues do P.Guinote e do Ramiro.

É uma peça curiosa, mas muito em linha com o que tem sido (desde a manifestação de 8 de  Março) a posição dos OCS e da generalidade dos jornalistas que passaram a ouvir “a voz dos professores”: enfatizar o papel da independência dos movimentos e professores individualmente considerados e demonizar a intervenção das suas organizações representativas.

Assim, a jornalista do Sol ouviu (ou pediu por escrito) as opiniões de dois professores/bloguers que, por serem os responsáveis por blogues de enorme audiência entre professores (e, já agora, também jornalistas) passaram a ter um lugar próprio no espaço público. Além do Guinote e do Ramiro a jornalista também recolheu opiniões dos líderes dos três movimentos que, ao longo dos dois últimos anos, conseguiram aceder a esse espaço público mediático e a opinião de uma dirigente da FNE.

Com base nesses depoimentos, em que os entrevistados responderam a questões relacionadas com a bondade ou maldade do acordo, a jornalista Margarida Davim construiu um discurso em que prova aos leitores do Sol que o governo ganhou em toda a linha com o acordo e os sindicatos fizeram um péssimo negócio para os professores, fazendo disso um sugestivo título «Sindicatos cederam mais do que a ministra».

Ainda assim, depois de reescrever as respostas de 3 opositores declarados do acordo – Ricardo Silva, Ilídio Trindade e Octávio Gonçalves -, de um crítico moderado – Paulo Guinote – e de dois defensores moderados – Lucinda Manuela (FNE) e Ramiro Marques – a jornalista decidiu-se por um título opinativo que não é sustentado pelo quadro síntese contido na notícia. Nesse quadro, em seis aspectos pode ler-se que a ministra cedeu em dois, os sindicatos noutros dois e houve cedências mútuas nos dois restantes.

Ora, é exactamente com base nesta peça jornalística, que se insere num discurso preparado pelos “spin” socialistas em que podemos incluir outra noticia do mesmo jornal (que pretende colocar enfermeiros contra professores), que o Octávio Gonçalves constrói o seu argumento de que a agenda dos sindicatos não é a defesa dos interesses da classe docente, mas sim a manutenção de uma posição de “protagonismo negocial”.

Como fundamentação para uma análise política do acordo é, sem dúvida, uma posição muito patusca.

Independências e formatações

15 Domingo Nov 2009

Posted by fjsantos in cidadania

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análise política, Estratégia

Na entrada anterior critiquei a posição que foi assumida pelos blogues de professores que mais se reclamaram “da independência partidária” em relação às eleições de Setembro.

Correu na Internet, primeiro pelas listas de mailing e depois em muitos blogues de professores, a ideia de que bastaria “derrotar” o PS para que todos os nossos “problemas” fossem resolvidos.

O lema «Vota à esquerda ou à direita, mas não votes no PS» fez o seu caminho e teve defensores que estão registados.

Ao contrário do que acha o PG, não sou nem me considero “um iluminado”. Limito-me a escrever e dizer em voz alta o que penso e em que acredito, mesmo quando isso é politicamente incorrecto ou se pode traduzir em prejuízo para a minha imagem e/ou posição.

A minha opção foi sempre clara. Mais do que derrotar o PS, o que me move e considero verdadeiramente importante é derrotar um conjunto de políticas que são desenhadas, difundidas e preparadas por tecnocratas sem rosto, não eleitos nem sujeitos a sufrágio pelos cidadãos, e que se apropriaram dos partidos (em particular os do centro político), esvaziando-os de ideias, princípios e valores.

Embarcar, como muitos professores embarcaram, na conversa de que o erro era apenas de casting, e que substituindo o PS pelos partidos à sua direita tudo ficaria resolvido, foi de uma ingenuidade total. A menos que apenas se tenha destinado a esconder e mascarar uma opção ideológica e partidária a que cada um tinha e tem direito.

O que se passou nestes últimos dias, com o aproximar de posições entre PSD e PS, é natural e previsível.

As diferenças entre os dois, podendo juntar-se-lhes o CDS, são de detalhe e oportunidade. O conceito de partidos do “arco governativo”, há muito cunhado na gíria política, tem a sua raiz na dependência e na formatação desses partidos pelo conhecimento que circula nas instâncias de regulação supra-nacional, em particular pelo conhecimento produzido pelos peritos da UE, do BCE, do FMI e do Banco Mundial.

Em relação à educação, PS, PSD e CDS pensam o que vem escrito nos relatórios da OCDE e muitas vezes apenas nos resumos desses relatórios, que são produzidos por alguns “peritos” sem formação política, ideológica ou filosófica. Veja-se a forma como são “lidos” os relatórios PISA, quando frequentemente são “esquecidos” os dados de contexto que também contém.

Por tudo isso, mais importante do que distinguir entre os professores quem é independente, iluminado, ou formatado, interessa que se aprendam as lições. Foi isso que desejei (e continuo a desejar) ao escrever este post.

Claro que fico satisfeito quando verifico que a História não ensina só que o tempo é um “grande escultor”, porque «também os peões podem condicionar muito o desenrolar do jogo».

É preciso é que os peões saibam manter a coesão e não sigam os “comandantes” errados, sob pena de caminharem alegremente para o suicídio colectivo.

Leitura importante

27 Sábado Dez 2008

Posted by fjsantos in cidadania

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análise política

Um ano eleitoral como o que aí vem é um ano de incontornável balanço. E deste ponto de vista, há no essencial duas tendências que neste momento parecem já estar bem identificadas e consolidadas: uma parte importante da direita está contente demais com o Governo do PS para arriscar outras apostas. E uma parte significativa da esquerda está zangada demais com o Governo do PS para não as arriscar.

2009 em perspectiva, Manuel Maria Carrilho

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