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As sondagens valem o que valem.
Quer isto dizer que servem para que quem as encomenda e quem as realiza possa conhecer as tendências de uma população-alvo, relativamente a um conjunto de questões que são consideradas pertinentes.
No caso das sondagens que analisam intenções de voto em partidos, pretende-se conhecer a tendência de aceitação ou rejeição do eleitorado em relação aos partidos que previsivelmente disputarão eleições futuras e que, de acordo com o senso comum, terão possibilidades de obter mandatos para o ou os órgãos em disputa. Sem, no entanto, aprofundar as questões de ordem programática e de orientação política que separam os partidos.
Simultaneamente, convém não esquecer que as sondagens constituem o produto que os diversos institutos de opinião têm para vender aos seus clientes e que, num contexto de forte concorrência em ambiente de recessão, devem procurar a aproximação possível à realidade. Já do lado dos órgãos de comunicação social as sondagens permitem construir títulos e emitir opiniões que visam servir os objectivos da empresa, nomeadamente o aumento de vendas e a fabricação de leituras dos resultados que sejam favoráveis aos interesses dos accionistas.
Dito isto, e tendo absoluta consciência de que as tendências expressas não elegem deputados, nem modificam a composição actual da AR, não deixa de ser curioso notar que nas sondagens conhecidas em 2013 a CDU seja, consistentemente, a terceira força política. E com tendência para subir:
Esta tendência é confirmada pela sondagem mais recente, publicada pelo Expresso, segundo a qual a CDU alcançaria 12% das intenções de voto se as eleições tivessem decorrido entre 28 de Fevereiro e 5 de Março.
Curiosamente, enquanto os estudos de opinião revelam esta tendência, na comunicação social e, sobretudo, entre os analistas/comentadores/politólogos prossegue a ofensiva contra o PCP, omitindo ou desvalorizando as suas iniciativas e promovendo a voz de todos quantos se lhe opõem.
A título de exemplo bastará percorrer os sítios web de alguns órgãos de comunicação social e verificar quem são os comentadores convidados com programas regulares, verificando quais as suas ligações ou simpatias partidárias não escondidas:
Na TSF, essa “bandeira” da pluralidade informativa, encontramos Pedro Adão e Silva, Pedro Marques Lopes, Ricardo Araújo Pereira, Pedro Mexia e João Miguel Tavares em dois dos programas de maior audiência da estação, em que se emite opinião política. Quanto aos “pares” que regularmente botam discurso são os “senadores” Luís Amado, Daniel Proença de Carvalho, Maria de Lurdes Rodrigues e Nogueira de Brito. Como se vê, trata-se de uma mistela consistente de centrão político “polvilhada” q.b. com uns laivos de “esquerdismo infantil” e de “sentido de estado direitista” a cargo, respectivamente de RAP e de NdB.
Já na SIC, outro dos bastiões da liberdade informativa, passámos a ter como “novos” comentadores Marques Mendes, Jorge Coelho, Bagão Félix, António Vitorino e Francisco Louçã. Estes peritos da “opinião independente” (alegadamente por não serem dirigentes partidários) vêm juntar-se aos consagrados (na estação) Pedro Adão e Silva, Pedro Marques Lopes, Clara Ferreira Alves, Daniel Oliveira, Luís Pedro Nunes, António Costa, António Lobo Xavier e Pacheco Pereira.
Se passarmos para a TVI o panorama mantém-se, com Ana Gomes, António Capucho, Augusto Santos Silva, Constança Cunha e Sá, Fernando Rosas, Francisco Assis, João Semedo, Marcelo Rebelo de Sousa, Medeiros Ferreira, Medina Carreira, Nuno Melo, Perez Metelo e Santana Lopes.
A bem da verdade deve referir-se que, no meio desta “diversidade” de opiniões pró-europa mais ou menos federal, a SIC N e a TVI 24 dão antena (ma non troppo) a duas vozes do PCP: Bernardino Soares na primeira e António Filipe na segunda.
É caso para dizer que, com toda esta pluralidade opinativa, o que admira é que ainda haja 12% de inquiridos que afirmam querer votar na CDU. O que apenas reforça a necessidade de cada um dar o máximo do seu esforço para combater a desinformação, a mentira e a ocultação sobre a verdadeira alternativa à política de desastre e ruína, a que nos conduz esta Europa da especulação financeira e da desvalorização do trabalho.