(Re)Flexões

~ Defendendo a Cidadania

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Category Archives: “puxa-saquismo”

da campanha ideológica promovida pela direita e de como os do costume a alimentam

08 Segunda-feira Fev 2016

Posted by fjsantos in "puxa-saquismo", a mim não me enganas tu, doenças infecto-contagiosas

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Combate político

Quatro meses depois das eleições legislativas, o governo do PS, que a direita portuguesa e os falcões europeus abominam, conseguiu apresentar um orçamento que muito provavelmente será aprovado e entrará em vigor após mais algumas rectificações, a introduzir no debate na especialidade.

Embora toda a gente saiba que é o orçamento de um governo do PS e que o apoio crítico que lhe é dado pelo PCP, pelo PEV e pelo BE não o transformam num orçamento de um governo de esquerda, o ataque ideológico da direita é cerrado e recorre a todo o arsenal disponível.

No que respeita aos conteúdos desse ataque,  a direita vai da deturpação de propostas e intenções, à mistificação na interpretação das iniciativas, até recorrer à mentira pura e dura para levar a água ao seu moinho.

É assim que os escribas e comentadores da direita não se cansam de falar em “frente de esquerda”, governo dependente da “extrema esquerda” e outros mimos afins. E de caminho inventam a “austeridade de esquerda” como forma de se auto-convencerem de que a “sua” europa, a “sua” comissão e a “sua” troika puseram os “usurpadores” na ordem.

Mas, tratando-se de uma “narrativa” previsivelmente esgotada e a que a generalidade da população já não liga, os estrategas da campanha sentem a necessidade de passar a uma nova fase.

Num primeiro momento o ataque foi liderado e executado pelos oficiais superiores desta tropa fandanga. E foi ver Passos Coelho, Paulo Portas, Montenegro e Magalhães desdobrando-se no ataque inconsequente à legitimidade de Costa governar, ou de Jerónimo e Catarina apoiarem o governo do PS.

Nessa fase foram chamados à liça os pesos pesados do comentário mediático e lá surgiram os inevitáveis Marques Mendes, José Gomes Ferreira, Medina Carreira, José Manuel Fernandes, Helena Matos, Rui Ramos, Paulo Ferreira, David Dinis e António Barreto. Numa segunda linha surgiram nomes como Alberto Gonçalves, António Ribeiro Ferreira, Vítor Rainho e alguns idiotas úteis como José Rodrigues dos Santos.

Na fase actual, com os partidos pafistas em remodelação cosmética que passa pela evolução na continuidade de Passos Coelho, agora “social-democrata para sempre”, e na renovação da liderança de Portas, por “interposta Cristas”, o nível da campanha precisa de diminuir na excitação, embora não possa deixar de intervir, sobretudo na influência a desenvolver junto de grupos-alvo bem definidos.

Um desses “targets” é, sem dúvida, o “cluster” da educação e o grupo profissional que se auto-intitula como a “classe mais qualificada”, embora seja a politicamente mais desinformada e analfabeta.

É verdade que o OGE na área da educação não consegue uma forte inversão das políticas anteriores, cujos erros e malfeitorias remontam ao consulado de Maria de Lurdes Rodrigues e à sua demanda de uma Nova Gestão Pública do Sistema Educativo.

É assente nesta incapacidade que vai surgindo, no seio do grupo profissional dos professores, um sentimento de incompreensão e desalento. Sentimento que já começou a ser explorado pelos arautos do “inconformismo docente”, de que o moço que trocou o umbigo pelo quintal é apenas um “ponta de lança” (a precisar de perder peso, diga-se), quiçá uma espécie de “testa de ferro” ao serviço de alguns amigos com quem se sentou(a) para jantar ou conviver em tertúlias blogosféricas.

Directores submissos aceitam ser os torpedos com que o governo quer eliminar o direito à greve

13 Quinta-feira Jun 2013

Posted by fjsantos in "puxa-saquismo"

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luta dos professores, luta sindical

Depois de a comissão arbitral ter decidido que o serviço de exames de dia 17 não justifica a definição de serviços mínimos, o governo de Passos Coelho e Nuno Crato resolveu, mais uma vez, desrespeitar a decisão dos juízes

Sabendo que a lei e os tribunais não lhes dão razão, os governantes que temos engendraram uma forma de “contornar” a lei: mandaram um director de um serviço dependente do MEC elaborar uma mensagem aos directores escolares, informando-os de que deveriam convocar serviços máximos para substituir os serviços mínimos não decretados pela comissão arbitral.

Mostrando à evidência que se prestam a tudo e mais alguma coisa em troca de uma mão cheia de promessas, alguns directores (infelizmente muitos) resolveram aceitar transformar-se no míssil com que, nas respectivas escolas, o governo decidiu esvaziar o direito a fazer greve.

Na minha escola, sendo certo que chegam 13 professores para que todas as salas do exame de PLNM funcionem, foram convocados perto de 100 professores. Isto significa que mesmo que a greve atinja o seu máximo histórico de adesão (muito acima dos 80%) o efeito da greve será nulo.

Um torpedo contra o direito à greve

Requisição civil de professores para o serviço de exames?????????

22 Quarta-feira Maio 2013

Posted by fjsantos in "puxa-saquismo", (in)verdades

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Resistência, sindicalismo docente

O director Agnelo, na peugada da “Lurdes de Má Memória”, resolveu dar um “conselho xuxialista” ao ministro Crato sobre o modo de “esvaziar” a greve marcada para dia 17 de Junho.

Diz o “ilustre” reitor director: O problema da greve aos exames resolve-se com a definição de serviços mínimos e/ou a requisição civil dos professores. E há até quem ache que ele tem razão.

Acontece que ainda existe uma coisa que, num estado de direito, deve sobrepor-se à razão dos agnelos e seus seguidores neste cantinho à beira-mar plantado – a lei.

E o que nos diz a lei que regula o direito à greve sobre tão importantes questões: definição de serviços mínimos, requisição civil e quejandos?

A greve está regulada pela Lei n.º 59/2008 de 11 de Setembro que aprova o Regime do Contrato de Trabalho em Funções Públicas.

No seu artigo Artigo 399.º – Obrigações durante a greve, define:

1 – Nos órgãos ou serviços que se destinem à satisfação de necessidades sociais impreteríveis ficam as associações sindicais e os trabalhadores obrigados a assegurar, durante a greve, a prestação dos serviços mínimos indispensáveis para ocorrer à satisfação daquelas necessidades.

2 – Para efeitos do disposto no número anterior, consideram-se órgãos ou serviços que se destinam à satisfação de necessidades sociais impreteríveis os que se integram, nomeadamente, em alguns dos seguintes sectores:

a) Segurança pública, quer em meio livre quer em meio institucional;

b) Correios e telecomunicações;

c) Serviços médicos, hospitalares e medicamentosos;

d) Salubridade pública, incluindo a realização de funerais;

e) Serviços de energia e minas, incluindo o abastecimento de combustíveis;

f) Distribuição e abastecimento de água;

g) Bombeiros;

h) Serviços de atendimento ao público que assegurem a satisfação de necessidades essenciais cuja prestação incumba ao Estado;

i) Transportes relativos a passageiros, animais e géneros alimentares deterioráveis e a bens essenciais à economia nacional, abrangendo as respectivas cargas e descargas;

j) Transporte e segurança de valores monetários.

Como se verifica, não consta desta listagem qualquer serviço de exames. Mas ainda que constasse, o artigo seguinte esclarece a quem compete a definição dos serviços mínimos, a nomeação dos trabalhadores que terão que os assegurar e a forma de regular o cumprimento de tal obrigação:

Artigo 400.º – Definição dos serviços mínimos

1 – Os serviços mínimos previstos nos n.os 1 e 3 do artigo anterior devem ser definidos por instrumento de regulamentação colectiva de trabalho ou por acordo com os representantes dos trabalhadores.

2 – Na ausência de previsão em instrumento de regulamentação colectiva de trabalho e não havendo acordo anterior ao aviso prévio quanto à definição dos serviços mínimos previstos no n.º 1 do artigo anterior, o membro do Governo responsável pela área da Administração Pública convoca os representantes dos trabalhadores referidos no artigo 394.º e os representantes das entidades empregadoras públicas interessadas, tendo em vista a negociação de um acordo quanto aos serviços mínimos e quanto aos meios necessários para os assegurar. 

3 – Na falta de um acordo até ao termo do 3.º dia posterior ao aviso prévio de greve, a definição dos serviços e dos meios referidos no número anterior compete a um colégio arbitral composto por três árbitros constantes das listas de árbitros previstas no artigo 375.º, nos termos previstos no anexo ii, «Regulamento».

4 – A decisão do colégio arbitral produz efeitos imediatamente após a sua notificação aos representantes referidos no n.º 2 e deve ser afixada nas instalações do órgão ou serviço, nos locais habitualmente destinados à informação dos trabalhadores.

5 – Os representantes dos trabalhadores a que se refere o artigo 394.º devem designar os trabalhadores que ficam adstritos à prestação dos serviços referidos no artigo anterior, até vinte e quatro horas antes do início do período de greve, e, se não o fizerem, deve a entidade empregadora pública proceder a essa designação.

6 – A definição dos serviços mínimos deve respeitar os princípios da necessidade, da adequação e da proporcionalidade.

Quanto à requisição civil, ela só pode ser utilizada após a constatação do incumprimento dos serviços mínimos e de acordo com legislação especial, segundo o que está determinado pelo Artigo 402.º – Incumprimento da obrigação de prestação dos serviços mínimos

No caso de não cumprimento da obrigação de prestação de serviços mínimos, sem prejuízo dos efeitos gerais, o Governo pode determinar a requisição ou mobilização, nos termos previstos em legislação especial.

Daqui se conclui que o acto praticado em 2005 pela ministra Maria de Lurdes Rodrigues não está conforme à lei actualmente em vigor, que até foi aprovada pelo governo da referida senhora. E também se conclui que o senhor director Agnelo desconhece a lei em vigor.

A “boca no trombone” ou a “governança da educação segundo Nuno Crato”

14 Domingo Ago 2011

Posted by fjsantos in "puxa-saquismo", pouca inteligência, um pouco de humor

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acção pública, governança

O Ramiro Marques tomou em definitivo a defesa acrítica e absoluta das políticas do governo da direita e da visão troikiana da crise que, segundo ele, levaram a que Nuno Crato tivesse optado pela melhor ADD possível no actual contexto.

Para melhor explicar e defender alguns dos disparates contidos no simplex 3.0, RM acabou por meter a boca no trombone e num post, que entretanto modificou quando percebeu que tinha ido longe demais (ver link), deu a conhecer o facto de ter sido “consultado” pelos fazedores da proposta de ADD. Esse lapso ficou a dever-se à natural satisfação por ver reproduzidas na proposta algumas das suas ideias, sobretudo porque outros bloguers terão sido também convidados a dar uns bitaites sem terem tido igual sucesso.

Esta conclusão pode ser tirada do cruzamento de um outro post do Ramiro com mais alguns comentários publicados no blogue do Guinote, em que o próprio e um outro comentador trocam esclarecimentos sobre o modus faciendi desta governança crática da educação:

  1. Dizer que fiz lobbying é uma forma de dizer que exerci influência para que as minhas ideias sobre a avaliação de desempenho tivessem acolhimento e sensibilizassem quem teve o poder de decisão de desenhar a proposta de novo sistema de avaliação de desempenho. Neste processo, houve muita gente a exercer influência. Eu fui apenas uma entre muitas.
  2. O que eu acho giro é ele dizer “não vou revelar pormenores”, quando toda a gente sabe que tanto ele, como mais alguns autores de blogs, além de directores de escolas e afins, terem sido ouvidos nas instalações do ministério.
  3. #40, Não percebi a relação entre as “partes” do discurso, o quem foi ouvido, os “independentes”, o serem alguns próximos da esquerda e o “reaccionarismo”.
  4. #45 Ok, então eu vou separar. A primeira parte refere-se a que o ministério, numa decisão que acho salutar, ouviu muita gente logo nos primeiros dias em que tomou posse. E muitas das pessoas que foram ouvidas são autores de blogs. Até agora ainda não tinha ouvido ninguém fazer alarde disso.
Face a este verdadeiro espectáculo resta-nos ficar com um sorriso, pensando que estamos entregues à bicharada quando a decisão política é tomada com base em conselhos tão doutos e politicamente relevantes e informados.

Não há Jantares Grátis (e convites prá televisão também não)

17 Domingo Jul 2011

Posted by fjsantos in "puxa-saquismo"

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ADD, Rigor, sindicalismo docente

É conhecida (e famosa) a frase de que não há almoços grátis, quando se fala do pagamento de favores.

O caso mais recente, que demonstra a consistência de tal teoria, é-nos trazido pela fidelidade canina com que o Paulo Guinote procura encontrar argumentação que salve a honra de quem o convidou para “botar faladura” num dos programas em que se diziam mais trivialidades e em que o senso comum era elevado à categoria de ciência absoluta, sem esquecer quem o convidou para jantar numa altura assaz conveniente.

Depois de um trambolhão constitucional proporcional à massa que desloca quando vai a banhos, PG descobriu que para mudar a legislação é preciso negociar com os sindicatos.

Novidade das antigas, só perceptível por mentes iluminadas e superiores. Principalmente quando isso dá jeito para “fugir com o rabo à seringa”.

Vejamos então onde está o problema desta linha argumentativa:

Se formos pelo lado da “negociação” sindical (mesmo colando-nos como lapas aos formalismos da coisa) descobre-se que tanto a FENPROF como a FNE e todos os restantes sindicatos de professores têm nas suas reivindicações o fim da ADD. Donde não se percebe como se irão opor à iniciativa de retirar do ECD os artigos que criaram o monstro.

Para quem se preocupa em andar informado, não se contentando com o que alguns manipuladores de opinião lhe dizem, é possível ler o que a FENPROF perguntou a todos os partidos antes das eleições e o que estes responderam. No que à ADD diz respeito, porque se trata de matéria verdadeiramente instrutiva para analfabetos políticos, aqui fica o que está publicado:

Avaliação do desempenho

FENPROF

1. Que posição assumirá o partido relativamente ao actual modelo, após a declaração de inconstitucionalidade da suspensão decretada pela Assembleia da República? Considera positivo que um biénio que, na verdade, não terá mais de seis meses, o actual modelo de avaliação prossiga até final, criando dificuldades às escolas neste último e curto período lectivo?

2. Concorda com o actual modelo de avaliação de desempenho dos docentes? Em traços gerais, que tipo/modelo de avaliação defende esse partido para os professores?

3. Entende que a atribuição de menções de avaliação deverá sujeitar-se a quotas ou que deverá ser respeitado o designado mérito absoluto?

PSD

O PSD proporá a revogação do actual modelo de avaliação de desempenho e apresentará, para discussão, um novo modelo mais justo, mais simples e mais útil às escolas e aos professores. O modelo que ainda está em vigor é kafkiano, causando instabilidade e conflitualidade nas escolas, sem que traga qualquer benefício conhecido. Não faz qualquer sentido que, absurdamente, os professores tenham de concentrar tantas horas e tanta energia no processo da sua avaliação, em prejuízo da dedicação (cada vez mais exigente, como sabemos) aos seus alunos.

Pelo contrário, o PSD propõe um modelo essencialmente vocacionado para a melhoria de desempenho dos docentes que, neste âmbito, deve ser desenvolvido, anualmente, no contexto da própria escola.

Paralelamente, a classificação de professores, que deverá ser concretizada em ciclos mais longos e de forma muito menos burocratizada, deverá ser assumida por elementos externos à escola, evitando-se assim a perversa classificação entre pares

 

CDS

1. Os professores precisam de estabilidade para o exercício das suas funções.

Avaliaremos em tempo oportuno a situação das escolas a fim de se lançar um novo modelo desburocratizado, para o próximo ciclo avaliativo, tendo como base de trabalho o modelo vigente no ensino particular e cooperativo.

2. A nossa discordância com o modelo de avaliação de desempenho dos docentes tem sido visível através dos nossos Projectos, sistematicamente entregues e discutidos na Assembleia da República.

Defendemos um modelo de avaliação de desempenho docente baseado exclusivamente no desempenho, centrada nas vertentes científica e pedagógica e que promova o desenvolvimento profissional dos docentes, no quadro de um sistema desburocratizado, que reconheça o mérito e a excelência, com ciclos avaliativos mais longos e suportado por um plano nacional de formação de professores.

3. A atribuição das menções de avaliação deve ser atribuída, de forma rigorosa, aos desempenhos evidenciados pelos professores, no âmbito do perfil de desempenho docente de cada escola, estabelecido à luz do Projecto Educativo e tendo como referência os Padrões de Desempenho. Assim as menções a atribuir estarão mais ajustadas ao contexto em que os professores de cada escola desenvolvem a sua acção e manifestam os seus desempenhos, em função do seu contributo para as Metas do Sistema Educativo, quer ao nível da prevenção do abandono escolar, quer da melhoria da qualidade das aprendizagens. As alterações ao modelo ajudarão assim, de forma rigorosa a diferenciar os desempenhos e as atribuições das menções.  

Claro que se formos pelo lado da jurisprudência nos deparamo com os protestos sistemáticos da CGTP e da FENPROF em relação à alteração de legislação laboral, com agravamento das condições de vida dos trabalhadores, feita por via parlamentar e/ou governamental, sendo sistematicamente rejeitadas as providências cautelares e os pedidos de impugnação apresentados pelos sindicatos.

Se é verdade que em relação ao segundo ponto uma má jurisprudência não faz uma boa lei, já no que diz respeito à primeira questão, há muito que todos os partidos (e o governo) sabem o que é que os sindicatos e os professores que eles representam querem.

Agora, com esta posição do Paulo Guinote e de mais uns quantos acólitos, ficou-se a saber o que é que os que não querem ser representados pelos sindicatos pretendem – continuar a farsa (se possível com uns convites para jantar, ou petiscar qualquer coisita).

Cada cor seu paladar…

07 Sexta-feira Jan 2011

Posted by fjsantos in "puxa-saquismo", absurdos, avaliação de professores

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ADD, luta dos professores, Resistência, Rigor

… é esta a forma como se pode caracterizar a farsa, real e ao vivo, em que essas entidades “re”criadas por Maria de Lurdes Rodrigues – as escolas – estão a pôr em andamento a ADD, versão IA/AV.

Consegui obter alguns “instrumentos de avaliação”, produzidos em escolas de diferentes pontos do país, e não sei se hei-de rir com os disparates construídos, se hei-de chorar por saber que foram professores que os construíram. Imagino que, se multiplicarmos os exemplos, as cores e os paladares ultrapassarão os limites do razoável, quiçá do concebível.

Desde situações em que os relatores de uma escola garantem que a sua função se esgota na observação de aulas, competindo ao director realizar todos os restantes procedimentos da avaliação, até à elaboração de regulamentos específicos e autónomos, exclusivamente reservados ao processo de avaliação noutras escolas, é possível encontrar de tudo.

Bem podem alguns bem intencionados internautas reclamar contra a inépcia sindical, da mesma forma que bem podem os activistas sindicais fazer os apelos que entenderem, mas o processo parece imparável. Até ao final de 2011 o governo terá, certamente, mais de 100.000 professores com uma classificação atribuída.

Como é evidente, será uma classificação que decorre de uma avaliação “a olhómetro”. Este é o único instrumento que resta aos relatores para realizarem a quadratura do círculo, que é a operacionalização dos descritores publicados em despacho ministerial. Todos os restantes “instrumentos de avaliação”, elaborados pelas CCDA’s (pelo menos os que tenho em meu poder), mais não são do que mistificações elaboradas para enganar papalvos.

O caso mais espectacular, de entre os que me chegaram ao conhecimento, é o de uma CCAD que conseguiu elaborar fichas diferenciadas de “verificação” dos Indicadores de Desempenho. Essas listas de verificação foram construídas a partir do despacho 16034/2010 e contemplam as 4 dimensões, 11 domínios e 39 indicadores aí enunciados. Conseguem até a proeza de desdobrar os 39 indicadores em 101 “itens verificáveis”. A partir desta lista de verificação o relator poderá constatar se os “itens” ocorrem ou não, de uma forma “simples” (consultando as diversas fontes disponíveis – relatório de auto-avaliação; relatórios diversos; actas; planos de recuperação/acompanhamento/desenvolvimento; PAA; relatório do PAA; PCT’s; dossier do professor e observação de aulas, se aplicável; e certificados).

A diferenciação das fichas existe para distinguir quem tem aulas observadas de quem as não tem e os relatores, coordenadores e professores com outras funções específicas.

Lamentavelmente esta CCAD, tão pressurosa no cumprimento da legislação aplicável à ADD (que também não lhe agrada), não foi capaz de incluir na sua produção os descritores que operacionalizam a distinção do mérito dos professores, e que é a pedra de toque do modelo em vigor.

É por isso que depois de verificar, de forma “simples e objectiva”, se os 101 itens em que se desdobram os 39 indicadores de desempenho ocorrem ou não, os relatores terão que apelar ao seu “olho clínico” para distinguir um docente que evidencia elevado conhecimento científico, pedagógico e didáctico inerente à disciplina/área curricular e planifica com rigor, integrando de forma coerente e inovadora propostas de actividades, meios, recursos e tipos de avaliação de aprendizagens, de outro docente que evidencia elevado conhecimento científico, pedagógico e didáctico inerente à disciplina/área curricular e planifica com rigor integrando de forma coerente propostas de actividades, meios, recursos e tipos de avaliação de aprendizagens, mas em que no primeiro caso deve colocar uma cruzinha no quadradinho do Excelente (9 a 10) e no segundo caso considera que deve colocar a cruzinha no quadradinho do Muito Bom (8 a 8,9). Sempre com a maior “objectividade ” e “sentido de justiça”.

Nesta altura só me restará chorar, e ter uma imensa vergonha, porque mesmo assim haverá professores que se prestarão ao serviço de realizar a farsa. Será o caso dos relatores que não forem capazes de se insurgir contra este estado de coisas.

Uma Vitória saborosa.

19 Quinta-feira Nov 2009

Posted by fjsantos in "puxa-saquismo", cidadania

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a voz do dono, opinião publicada

Não, não falo do comunicado que foi enviado aos directores das escolas, informando-os que as ameaças que Jorge Pedreira fazia [de penalizar quem não entregou OI’s], ainda há dois ou três meses, não se podem cumprir.

Também não falo da mais que certa abolição da categoria de “titular”, ou da paragem do 2º ciclo de avaliação que, por ser paragem, não é suspensão.

Tudo isso não passa de um conjunto de pequenos passos de uma guerra, ainda com desfecho incerto. Pela frente haverá negociações, nas quais alguns dos aliados de ontem passarão a ser traidores amanhã e, no fim, haverá muita gente a arrepender-se amargamente da opção que fez em 27 de Setembro.

A vitória de que falo é sobre os donos da opinião publicada, gente que durante quatro anos e meio suportou incondicionalmente a prepotência, a arrogância e a incompetência de um trio de má memória.

O editorial de hoje do DN é disso o melhor exemplo. Mesmo na hora da derrota, sentindo o peso da humilhação que quiseram impor aos professores, os marcelinos, tal como os rangéis ou os tavares, sentem-se hoje uns infelizes e acusam o governo em que votaram, e que apoiaram incondicionalmente, de os estar a trair por ser obrigado a reconhecer que só o poder das bases pode legitimar a acção do topo.

Por muito que custe a João Marcelino, Emídio Rangel ou Sousa Tavares, os professores portugueses ensinaram aos seus concidadãos que a força da razão acaba por prevalecer sobre o autoritarismo, sobretudo quando este se baseia num poder conjuntural em que abunda a ignorância, a vaidade e a incompetência.

Debates televisivos – entre o esclarecimento e as leituras dos “analistas”

12 Sábado Set 2009

Posted by fjsantos in "puxa-saquismo", a mim não me enganas tu

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campanha viciada

Ao rever os nove debates televisivos, realizados entre os líderes dos partidos com assento parlamentar, e recordando as análises feitas por jornalistas e comentadores que se apressam a “explicar” ao povão quem venceu cada debate, fico com a sensação que a corporação jornalística (em particular a que circula pelas televisões) se assemelha muito a organizações como a WBA, ou as suas congéneres WBO, WBC e IBF.

De facto, desde o “sorteio” que ditou o alinhamento dos debates, passando pela regulamentação exaustiva dos termos em que decorreu cada um, até às análises a que pudemos assitir nos pós-confrontos, tudo parece ter sido feito para que hoje à noite se venha a assistir à atribuição do “título” de vencedor a um dos favoritos.

Seja na duração dos “combates” – 45 minutos com “assaltos” de 5 minutos -, seja na forma como os “juízes” pontuaram a prestação de cada oponente, ficou a sensação de que, para a opinião publicada, os nove primeiros debates apenas serviram de aperitivo para o “combate do título”.

Só que esta comparação faz-me lembrar “estórias” que circulam sobre a forma como são atribuídos os títulos de campeão nas organizações que tutelam o boxe mundial. A interferência de verdadeiras mafias, que controlam os resultados à partida, comprando atletas e juízes, é matéria de alguns excelentes filmes de realizadores de nomeada.

200px-WBA_Logo

The World Boxing Association (WBA) is a boxing organization that sanctions official matches, and awards the WBA world championship title, at the professional level. It is also the most major title out of the four. It was previously known as the National Boxing Association before changing its name in 1962. It is the oldest of the major organizations recognized by IBHOF which sanction world championship boxing bouts, alongside the International Boxing Federation, the World Boxing Council and the World Boxing Organization

The WBA has been plagued with charges of corruption for years. In perhaps the most notable instance, promoter Bob Arum claimed in a 1982 interview that he had to pay off WBA officials to obtain rankings. In a 1981 Sports Illustrated article, a WBA judge claimed that he was influenced by the WBA president to support certain fighters. The same article also discussed a variety of bribes paid to WBA officials to obtain title fights or rankings with the organization.

Ora, ao ouvir os comentários que foram sendo feitos a propósito de cada debate, fica a convicção de que não haveria  jornalistas e analistas para convidar que se situassem politicamente à esquerda do PS. Quem fizer um pequeno esforço de reconstrução do que foi dito (com a excepção de um pequeno desalinhamento no Jornal do Mário Crespo na SicN) reparará que a direita ganhou sempre à esquerda, que qualquer proposta  de políticas sociais apresentada por PCP ou BE foi desvalorizada ou classificada de irrealista/radical, que as propostas de não desmantelamento do Estado-social feitas por PS e PSD foram saudadas com a garantia de vitória destes partidos e que o CDS só ganhou claramente ao PCP e ao BE.

Não há dúvida, desde que Sócrates e Ferreira Leite não fossem ao tapete os juízes tinham a incumbência de lhes atribuir a pontuação necessária para os declarar vencedores.

Logo à noite veremos, neste combate viciado, quem é o “padrinho” que manda nesta WBA doméstica – Amorim ou Belmiro – um deles ditará o vencedor.

Debate extemporâneo ou, de como criar a ideia de uma inevitabilidade nacional

29 Quarta-feira Jul 2009

Posted by fjsantos in "puxa-saquismo"

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propaganda, publicidade enganosa

O debate que a SIC promoveu ontem, entre os candidatos do PS e do PSD à câmara de Lisboa não serviu, aparentemente, para nada.

Quando digo “aparentemente” é porque estou convencido que, na verdade, aquele programa serviu o objectivo, não enunciado, que presidiu à sua realização – promover e vincar no eleitorado a ideia de um confronto esquerda/direita, polarizado nos dois partidos do centrão.

Nem A.Costa nem S.Lopes estavam muito interessados em “ganhar a câmara” no debate de ontem. Evidentemente que ambos tinham que evitar gaffes comprometedoras. Mas o objectivo do programa era vincar a ideia de que no país mediático e político apenas existem as alternativas corporizadas pelo PS ou pelo PSD. E isso é de uma importância vital para promover a bipolarização nas eleições legislativas.

Não deixa de ser curioso que a eleições que se vão realizar mais tarde tenham tido honras de abertura do debate político-eleitoral. No entanto, basta olharmos com um pouco mais de atenção, percebe-se o alcance da coisa.

A poucos dias de se entrar na pré-campanha para as legislativas, com entrevistas consecutivas aos líderes dos partidos concorrentes às eleições (em que todas as vozes terão que ser ouvidas), a que se seguirão debates com a presença dos dirigentes de todos os partidos, era fundamental deixar uma última mensagem de que só vale a pena escolher entre PS e PSD (porque só eles contam para governar).

Não podendo fazer um único frente a frente com Pinto de Sousa e Manuela Ferreira Leite, a SIC colocou no ar os putativos números dois de ambos os partidos, sob a capa das eleições para Lisboa. Não o fez por acaso.

Em Lisboa, as candidaturas de PS e PSD apresentam-se como polarizadoras dos votos alegadamente da esquerda e da direita, que as direcções dos respectivos partidos gostariam que tivessem tradução no voto popular de dia 27 de Setembro.

Aliás, numa operação de pesca à linha em tudo semelhante à que A.Costa protagonizou com o “acordo coligatório” que deu o 2º lugar a Helena Roseta e a cooptação de Sá Fernandes, também o PS nacional lançou as redes à “esquerda” pescando uma actriz e um antropólogo gay, que antes de terem convicções de esquerda e preocupações de solidariedade social, estão preocupados com os seus umbiguinhos. Pelo caminho, o PS ainda tentou “iscar” uma psicóloga que assina com três nomes, mas que parece ter mais convicções do que os outros dois.

Tudo o que iremos assistir nos próximos meses, em termos de fabricação da opinião pública, estará balizado pelo objectivo de excluir do debate e do acesso ao poder os partidos que possam obrigar o PS a inflectir à esquerda, assumindo a responsabilidade de cumprir os desígnios dos seus fundadores.

Para os interesses instalados, para os detentores do capital e para o lúmpen que vegeta à volta desses interesses (comentadores, jornalistas, funcionários e carreiristas do aparelho) é fundamental que o centrão não se desfaça.

Compete aos cidadãos, que estão fartos do desgoverno dos últimos 30 anos, dar voz às política alternativas, votando em consciência e de forma útil para correr com o parasitismo e a corrupção, que se foram instalando no país por acção de PS e PSD.

L(V)er para lá da superfície

19 Domingo Jul 2009

Posted by fjsantos in "puxa-saquismo"

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ADD, adeus, ministra

Vários dos blogues “de referência” na luta dos professores chamaram a atenção para o editorial de ontem do jornal Público sobre «O adeus à ministra».

Não consegui perceber se concordam ou não com o texto porque, ao contrário do que acontece muitas vezes com outros textos dados à estampa na CS escrita, não existe uma linha de comentário sobre o que Manuel Carvalho assina.

Como nada me liga ao Público, a não ser a minha condição de leitor, sinto-me à vontade para escrever que o texto me parece um adeus, mas um adeus penoso a uma ministra por quem o editorialista nutre alguma simpatia.

E que vê partir com mágoa, por sentir que ela não conseguiu fazer as reformas que queria (e que o editorialista provavelmente subscreveria na totalidade).

Parece-me que é com grande tristeza que Manuel Carvalho se refere à “coragem” que a ministra demonstrava há alguns meses, por comparação com esta forma penosa com que abdicou de governar a dois meses das eleições.

Noutro passo o editorialista lamenta a “insensibilidade” da ministra, não porque veja nisso uma falha, mas apenas porque a impediu de atingir “as áreas mais conservadoras e retrógradas da docência”.

E mesmo a acabar, Manuel Carvalho retoma o argumento mentiroso e aldrabão em que assentou toda a propaganda contra os professores – «Num futuro próximo, seja qual for o governo, a progressão automática vai acabar», tendo até o desplante de afirmar que temos que agradecer a MLR “esta mudança”. O que significa que o editorialista ainda não percebeu absolutamente nada sobre a avaliação dos professores e a luta que se desenvolveu em torno do ECD e da gestão das escolas.

Ou então percebeu, mas faz vista grossa porque concorda em absoluto com as políticas economicistas e neo-liberais do governo socratino.

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