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Category Archives: liderança

Professores e sindicalismo docente: lições da história

18 Sábado Set 2010

Posted by fjsantos in educação, escola pública, liderança

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acção pública, luta dos professores, sindicalismo docente, solidariedade

Numa altura em que parece que tudo está perdido no que diz respeito à defesa da escola pública e dos direitos dos professores, devido à conjuntura de crise em que o país se afunda, importa recordar que, na curta história de pouco mais de dois séculos da escola pública e da profissão docente, foi nos períodos em que o sindicalismo docente foi mais forte e mostrou maior vitalidade que a escola pública cumpriu melhor a sua missão de educar mais e melhor os portugueses, ao mesmo tempo que os professores viram reforçado o seu estatuto e reconhecimento social. Essa é uma das ideias que ficam no texto que pode ser lido nos Caminhos da Escola.


A luta dos professores e o princípio da avaliação

09 Segunda-feira Fev 2009

Posted by fjsantos in avaliação de professores, classificação, liderança, ponderação, processo disciplinar

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auto-avaliação, cumprir a lei

Em resposta a uma entrada anterior, o Mário Machaqueiro aponta algumas questões que o levam a questionar a justeza da realização da auto-avaliação por parte dos professores que recusaram entregar OI’s ao abrigo do simplex II.

A pertinência da questão merece que o debate se alargue, não só porque muitos professores sentem a necessidade de perceber melhor o que está em causa, mas também porque a tutela a transformou numa pedra de toque da guerra que move contra os professores contestatários.

Como gosto de debater ideias (e desse ponto de vista as pessoas apenas se constituem como veículos dessas ideias), agrada-me a possibilidade de explicitar o que penso sobre a questão, em confronto com uma visão que, partindo de pressupostos diversos, pretende alcançar objectivos em que me posso rever – o derrube das políticas de direita do governo P(into) S(ousa).

Na sua resposta Mário Machaqueiro mostra preocupação com uma eventual imagem de oportunismo, que possa transparecer com a entrega da ficha de auto-avaliação.

A minha discordância, quanto a este ponto, situa-se a diferentes níveis:

  1. Preocupa-me mais que fique claro para a população em geral que os professores estão de acordo com o princípio geral da avaliação de desempenho, do que quem não teve condições para ser coerente agora (entrega de OI’s) me classifique de oportunista, por estar a exigir o direito a ter uma classificação pelo serviço que prestei à comunidade e ao Estado, durante o biénio 2007/09;
  2. Perdoando (embora não aceitando ) a quebra de solidariedade por parte de alguns estratos de professores (nomeadamente os que têm vínculos mais precários), não lhes reconheço legitimidade para interpretar este posicionamento como uma atitude oportunista;
  3. Relativamente aos professores que, não só entregaram OI’s, como se candidataram à “diferenciação pelo mérito”, solicitando a observação de duas aulas, com o intuito de obterem excelente sem se confrontarem com a concorrência de outros colegas pelas quotas, não quero saber o que pensam e tenho raiva a quem sabe;
  4. Evidentemente que a minha imagem vale o que vale e, não sendo eu candidato a nenhum lugar de relevo, posso dar-me ao luxo de que essa imagem valha muito pouco. Mas isso sou eu, que gosto da liberdade anarca de dizer o que penso, como penso e quando penso…

Noutro ponto o Mário aponta para o preenchimento de um relatório, como alternativa mais aceitável ao preenchimento da ficha de auto-avaliação prevista na legislação.

Parece-me uma questão de detalhe, que embora possa ser aprofundada e constituir mais uma forma de contestação ao simplex e ao modelo de ADD, não altera o essencial, a saber:

  1. O conceito de auto-avaliação está intrinsecamente ligado à própria ideia de avaliação de desempenho em qualquer actividade humana;
  2. A ideia de abdicar de mais dois anos no desenvolvimento da carreira, para pessoas a quem foi exigido um incremento de esforço e de horas de trabalho, além de absurda é profundamente injusta e apenas iria beneficiar os infractores – o ministério, o governo e o P(into) S(ousa);
  3. Como referi na entrada anterior, quem mais ficaria a ganhar com a recusa de avaliação por parte dos professores, seriam os PCE’s adesivos que poderiam “mostar serviço” sem correrem eles próprios o risco de um procedimento disciplinar, precedido de uma destituição de funções, conforme previsto no art. 38º do DR 2/2008.

A continuação da luta dos professores passa pela realização da auto-avaliação e pela exigência de avaliação no biénio 2007/2009

09 Segunda-feira Fev 2009

Posted by fjsantos in absurdos, avaliação, equívocos, irresponsabilidade, liderança

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ADD, auto-avaliação, radicalismos

Há quem ache que os professores que não entregaram os OI’s, para serem coerentes na sua luta, não devem realizar a auto-avaliação no final deste biénio.

A argumentação aduzida é de que fazer a auto-avaliação corresponderá a validar este modelo de ADD, contra o qual os professores estão em luta.

O Miguel Pinto avançou com uma outra perspectiva, a que apelidou de contra-fogo, por analogia com uma das estratégia mais eficazes no combate a incêndios florestais. Esta abordagem do Miguel surgiu como contraponto à visão que o PGuinote apresentava, em consonância com a opinião já referida mais acima, mas que parece ter evoluído para algo mais próximo do que me parece ser uma abordagem mais inteligente, pragmática e sobretudo eficaz, no combate ao trio que dirige o ME (por fax, fórum e chat) e às suas políticas de destruição da escola pública de qualidade para tod@s.

Vejamos porque defendo que, após a recusa de entrega dos OI’s, a luta passa por realizar a auto-avaliação e exigir que os órgãos de gestão avaliem o desempenho de todos os professores, no biénio 2007/09:

  1. Não fazer a auto-avaliação significa validar a interpretação de que o que os professores querem é não ser avaliados;
  2. Não fazer a auto-avaliação implica aceitar pacificamente a “legislação por fórum da DGRHE”, ilibando os PCE’s adesivos do ónus de recusarem avaliar os seus professores (ficam libertos das consequências previstas  no art. 38º do DR 2/2008);
  3. Não fazer a auto-avaliação, e aceitar a interpretação abusiva que é feita por estes adesivos, é prolongar o congelamento das progressões de milhares de professores, ao arrepio do mais elementar bom senso que deve guiar as acções de gente com formação cívica, intelectual e científica teoricamente acima da média da população;
  4. Não fazer a auto-avaliação no final do biénio previsto é romper com a prática que existia no anterior modelo de avaliação de professores, dando implicitamente razão a Pinto de Sousa quando afirma que nunca houve avaliação de professores;
  5. Pelo contrário, realizar a auto-avaliação, e exigir que o órgão de gestão atribua uma classificação de serviço, é obrigar os PCE’s a cumprir a lei, confrontando-os com a desobediência a ordens ilegais;
  6. Realizar a auto-avaliação, e exigir a atribuição de uma classificação de serviço, é impedir que o ME arrecade mais uns milhões de euros, que seriam obtidos impedindo a progressão aos professores que tenham direito a ela;
  7. Realizar a auto-avaliação, e exigir a atribuição de uma classificação de serviço, é demonstrar aos responsáveis do ministério que não podem continuar a fazer o que lhes apetece, que os professores conhecem os seus direitos e sabem ler as leis (ao contrário do que eles pensam).

É por este conjunto de razões que o radicalismo infanto-juvenil, que transparece em algumas posições (de gente que é ouvida e lida), me parece totalmente desaconselhável, sobretudo numa fase da luta que apela a uma reafirmação da unidade, que possa apaziguar e sarar algumas feridas abertas com a divisão verificada a propósito da entrega dos OI’s.

Declaração de interesses: No actual quadro legislativo (com ou sem simplex) é totalmente indiferente para a minha carreira a contagem deste biénio, porque já não tenho para onde progredir.

Os críticos e a justiça

20 Domingo Abr 2008

Posted by fjsantos in associativismo, cooperação, liderança, luta

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Estratégia

Por uma questão de justiça, seria aconselhável não se fazerem julgamentos sumários. Nesse sentido, aconselho os críticos a usarem alguns minutos para ouvir quem condenaram, sem direito a contraditório.

Entrevista de Mário Nogueira

A palavra de ordem tem que ser: «Se ajoelhou, tem que rezar» (com sotaque dos nossos irmãos do outro lado do Atlântico)

08 Terça-feira Abr 2008

Posted by fjsantos in cidadania, liderança, luta

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Realizou-se hoje uma reunião entre o ME e a Plataforma Sindical de Professores que, segundo algumas fontes bem informadas, terá sido realizada por indicação do 1º ministro.

Aliás, já ontem as mesmas fontes divulgavam a agenda “imposta” pela ministra MLR:

Exmºs Senhores,

Na sequência da carta enviada pela Plataforma Sindical dos Professores a Sua Excelência o Primeiro Ministro, encarrega-me a Senhora Ministra da Educação de convocar a associação a que Vossa Exª preside, para uma reunião a ter lugar no próximo dia 8 de Abril, às 14.30 horas nas instalações do Conselho Nacional de Educação (Rua Florbela Espanca, Lisboa).

A agenda da reunião constará dos seguintes assuntos:

1. Consequências, no primeiro ciclo de aplicação do sistema, da avaliação de desempenho para os Professores a quem seja atribuída a classificação de “regular” ou “insuficiente”.

2. Avaliação e suas consequências para os Professores contratados por menos de quatro meses.

3. Participação sindical no acompanhamento e monitorização do sistema de avaliação de desempenho docente.

4. Crédito de horas para a organização do processo de avaliação de desempenho dos Professores, no próximo ano lectivo.

5. Possibilidade de fixação, para o próximo ano lectivo, do número de horas da componente não lectiva para trabalho individual dos Professores.

6. Critérios para a inclusão da formação contínua no horário de trabalho dos Professores, na componente não lectiva.

7. Criação de um quarto escalão remuneratório para a categoria de Professor Titular e definição das respectivas regras de acesso.

8. Acesso à categoria de Professor Titular para os Professores em exercício de funções ou actividades de interesse público, designadamente, enquanto Deputados à Assembleia da República e ao Parlamento Europeu, Autarcas, Dirigentes da Administração Pública, Dirigentes de Associações Sindicais e Profissionais.

Com os melhores cumprimentos.

Maria José Morgado

Chefe do Gabinete da Ministra da Educação

Ao ter conhecimento dos pontos em agenda, confesso que ainda senti algum receio de que pudesse haver alguma tentação de aceitar os presentes envenenados, mas felizmente imperou o bom senso e a união de todos os representantes sindicais. Aliás, só a unidade sindical na diversidade dos entendimentos entre todos os professores pode permitir o derrube das políticas desastrosas do governo Pinto de Sousa.

De resto, se atentarmos na forma errática e até desesperada como MLR e os seus “anjos da guarda” vêm insistindo em defender o indefensável, parece claro que a hora é de “manter a pressão alta“.

Fazendo uma analogia com o desporto (que de resto é a minha área de formação inicial),o que se exige a todos os professores, em particular aos dirigentes sindicais, é o “killer instinct” de que costumava falar Sir Bobby Robson. Esse “espírito assassino”, característica fundamental de qualquer grande campeão em qualquer desporto, não significa que se pretenda humilhar o adversário, mas pelo contrário que se mantenha por qualquer adversário um respeito total (mesmo quando este está quase derrotado), obrigando-o a aceitar a derrota e a capitulação sem subterfúgios.

De acordo com Mário Nogueira, porta-voz da plataforma que reúne os dez sindicatos de professores, o ME apresentou uma proposta com oito pontos «demasiado generalistas» que não permitem para já um entendimento.

«A manter-se apenas este documento não há razão nenhuma para que os professores levantem ou aliviem as formas de luta que estão preparadas. Se este fosse o último documento do ME para um eventual entendimento a sua insuficiência levaria a que não fosse levantada qualquer forma de luta. Neste momento está nas mãos do Governo a resolução deste conflito e desta crise», afirmou o dirigente sindical.

Mário Nogueira falava aos jornalistas à saída de uma reunião de cerca de três horas, nas instalações do Conselho Nacional de Educação, com a ministra Maria de Lurdes Rodrigues, e os dois secretários de Estado, Jorge Pedreira e Valter Lemos.

De acordo com o também secretário-geral da Federação Nacional dos Professores (Fenprof), o documento proposto pela tutela não fazia qualquer referência à suspensão da avaliação de desempenho este ano lectivo e sua experimentação no próximo, nem à não aplicação do novo diploma sobre gestão escolar, duas das principais exigências dos sindicatos para ser alcançado um acordo.

Lusa/SOL

Parece-me que estiveram bem os dirigentes sindicais, não aceitando os tais presentes envenenados e mantendo a tal “pressão alta”, que se traduz na exigência da suspensão da avaliação, de um novo modelo de gestão e a que julgo faltar a referência à revogação do actual estatuto de carreira e à divisão da carreira docente em duas categorias.

O facto de o governo estar disposto a negociar e a procurar aliciar alguns professores com benesses divisionistas, como seria o caso do 4º escalão para os titulares ou o acesso dos sindicalistas à categoria de titulares, depois de durante três anos terem sido enxovalhados constantemente pela ministra, pelos secretários de Estado e pelo 1º ministro, é revelador do desespero a que chegou o sr. Pinto de Sousa.

Neste momento todas as atenções do 1º ministro e dos seus sequazes estão concentradas na campanha eleitoral para 2009. Em troca de votos até venderiam a alma ao diabo, o que significa que estarão dispostos a ceder a quase tudo, desde que se salve a propaganda da avaliação e de “terem posto os professores na ordem”. Para depois de renovarem a maioria se poderem vingar do trabalho que lhes damos agora.

É por isso que se torna fundamental aguentar firme e não pensar apenas no curto prazo. Para os professores e para a dignificação da profissão é fundamental que o PS não possa voltar a governar sozinho depois de 2009. Como também se torna necessário impedir que se alie ao PSD ou ao CDS, com quem continuaria a pôr em prática as malfeitorias com que nos agride há três anos.

Aguentar firme é não ceder nem um milímetro nas reivindicações sobre o ECD, a Avaliação e a Gestão. É manter a mobilização, a começar pelas manifestações semanais e pelos plenários de dia 15.

Em todas as escolas do país, contra os PCE’s “adesivos” ou “pê ésses modernaços”, não preencher fichas de objectivos individuais, entregar requerimentos a opor suspeição sobre os avaliadores e membros das CCAD e exigir o estrito cumprimento da lei. Esta tem que ser a agenda até ao fim do ano, lembrando que a liberdade defende-se exercendo-a!

Os bons espíritos vão ficar (finalmente) sossegados

27 Quinta-feira Mar 2008

Posted by fjsantos in assobiar para o ar, equívocos, gestão escolar, liderança

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Patrícia e Rafael, a aluna que agrediu a professora de Francês na Escola Secundária Carolina Michaelis e o colega que filmou o incidente, foram transferidos de escola. Os alunos conheceram ontem a sanção, mas ainda não sabem qual é o estabelecimento de ensino que vão frequentar.

Aplicada que foi a sanção, a mais grave das que estão previstas no art. 27º da Lei 3/2008, todos quantos clamaram pela punição exemplar dos alunos envolvidos nos distúrbios na aula de Francês do liceu Carolina Michaelis podem agora dormir descansados.

Seguindo a lógica de raciocínio de todos os especialistas em disciplina, que se pronunciaram abundantemente sobre o caso, a partir desta punição exemplar mais nenhum aluno do 9º C (ou de qualquer outra turma daquele liceu) levará o telemóvel para as aulas. Se por acaso o levar, terá antes o cuidado de o desligar e guardar no bolso ou na mala. Também não voltará a haver casos de indisciplina grave e a nenhum aluno passará pela cabeça a remota ideia de “gozar as velhas”, que por acaso têm por missão dar-lhes aulas.

Na verdade, a partir da próxima segunda-feira dia 31 de Março deste ano da graça de 2008, todos os alunos do liceu Carolina Michaelis passarão a tratar todos os professores, auxiliares de acção educativa e demais adultos com todo o respeito e deferência que lhes é devido. Desse ponto de vista, tanto a DREN como o Conselho Executivo vão poder descansar com a certeza do dever cumprido.

Acontece que quem vive e trabalha nas escolas portuguesas, quem convive diariamente com as crianças e os jovens que hoje vão à escola, sabe que o único efeito que esta punição trará é o de que dificilmente voltaremos a ver cenas daquelas publicadas no YouTube. Não porque não voltarão a acontecer, eventualmente naquela mesma turma, quem sabe se com aquela mesma professora. O que irá acontecer é que os “cineastas amadores”, como o Rafael desta história, não voltarão a colocar as suas realizações cinematográficas na Internet e passarão a divulgá-las apenas ao número restrito e controlado dos “amigos” em quem possam confiar.

Porque devemos perceber que nada de realmente importante mudou com este castigo. O Conselho Executivo daquele liceu, responsável pela constituição daquela turma e pela distribuição do serviço docente que colocou aquela professora a lidar com aqueles adolescentes de trato difícil, vai continuar em funções. Não sei mesmo se não estará entre os elementos daquele Conselho Executivo o tal “líder forte” de que tanto fala o ME, e que o governo quer promover através do novo decreto da gestão escolar.

Assim teremos nos próximos anos a repetição de más decisões de gestão pedagógica, como a constituição de turmas-problema que serão atribuídas às pessoas que chegam à escola sem conhecerem o seu clima. Teremos os mesmos gestores daquele liceu mantendo uma aparência de normalidade disciplinar, agora reforçada com esta punição exemplar. Mesmo quando houver algumas queixas de alguns professores sobre o clima de indisciplina e violência. Teremos também os mesmos responsáveis na DREN, que desta vez actuaram com rapidez e firmeza, mas ainda há poucos meses atrás não tiveram a mesma visão dos problemas disciplinares que o liceu vivia. Teremos nos serviços centrais do ME e nas suas extensões regionais os mesmos responsáveis pela política de contenção de custos, a qual se traduz no fecho de estabelecimentos de ensino através de fusões ou encerramentos simples, mesmo quando no terreno os responsáveis por essas escolas argumentam com os inconvenientes que tais decisões acarretam.

Quando chegou ao governo, a ministra Maria de Lurdes Rodrigues sabia que muitos dos males de que padecem as escolas portuguesas se devem a problemas com a gestão pedagógica e com a gestão de recursos humanos. Sabia também que nas últimas décadas se foi consolidando um corpo de burocratas que se instalou nos serviços regionais do ministério e em muitos dos conselhos executivos das piores escolas do país. No entanto, em vez de criar condições para a remoção dessa gente dos cargos que ocupa, a ministra da Educação resolveu cooptá-los na tarefa de humilhar e domesticar os professores que asseguram as aulas com os alunos.

Começou com a medida, que poderia ter sido útil, de promover aulas de substituição. Já estavam previstas no anterior estatuto docente, apenas faltando a respectiva regulamentação. Deixando à incompetência dos gestores escolares que temos a tarefa de as implementar, MLR acabou por não criar nada de útil para os alunos e para as escolas, ao mesmo tempo que se vê agora obrigada a pagar milhares de horas extraordinárias por decisão dos tribunais.

Continuou depois com o concurso de  titulares, em que apesar de a retórica ser a de promover os melhores professores ao topo da carreira profissional, o que fez foi garantir que os membros dos conselhos executivos (muitos não dão aulas há mais de vinte anos, tal como os sindicalistas que MLR abomina) pudessem garantir o seu “lugar ao sol”.

Vai terminar agora com o decreto que ficará conhecido como das “lideranças fortes”, em que os amigos do Conselho de Escolas negociaram as garantias de acesso directo aos cargos de direcção para os actuais membros dos Conselhos Executivos, desde que seja essa a sua vontade.

Entretanto, nas escolas, as Patrícias e os Rafaéis continuarão a cometer os seus desacatos perante professores que se sentirão cada vez mais abandonados pelos responsáveis de sempre. O que os alunos farão de diferente passará por uma gestão mais cuidadosa da divulgação dos disparates cometidos.

E os jornais, rádios e televisões poderão voltar às suas novelas e concursos, para descanso das boas almas.

Para quê a Autonomia na Escola Pública

08 Sexta-feira Fev 2008

Posted by fjsantos in autonomia, diversidade, gestão democrática, liderança

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Ao confrontarem-se com problemas específicos, os actores poderão vir a alterar as suas prioridades e a desenvolver os planos de acção mais ajustados à situação.

(Fontoura, M., 2006, Do Projecto Educativo de Escola aos Projectos Curriculares. Porto Editora )

Um dos maiores desafios com que se confrontam as sociedades contemporâneas e, em particular, as organizações educativas que pretendem garantir o serviço público de educação, é uma adequada resposta à diversidade dos intervenientes e interessados na actividade organizacional.

O modelo centralista napoleónico, que garantia que em todos os liceus fossem ‘ensinadas’ as mesmas matérias, à mesma hora, a todos os alunos, já não pode continuar a existir pelo simples facto de que deixou de existir homogeneidade no seio do corpo discente.

A resposta à diversidade cada vez maior, quer por parte das crianças e jovens que acedem à escola, quer por parte dos restantes actores que se movimentam no seu interior, tem que atender a essa diversidade. Nesse sentido deveremos falar de respostas diversas, que partindo da identificação dos problemas concretos vividos por cada comunidade escolar, definam prioridades e desenvolvam os planos de acção que sejam considerados adequados à situação.

Este novo olhar sobre a escola pressupõe a existência de mudanças significativas no interior da organização e, em particular, na forma como os professores e as lideranças escolares se posicionam face à diversidade dos públicos que acedem à escola. O modelo de regulação burocrático-profissional, que desde sempre acompanhou o crescimento e a consolidação da escola pública de massas, não dá hoje resposta à diversidade de situações com que cada escola se defronta, uma vez que os problemas são específicos de cada contexto, de cada comunidade, não sendo possível reproduzir acriticamente as soluções encontradas noutros contextos, por outros actores.

É por isso que a mais recente produção legislativa, apesar de uma retórica autonómica, constitui um claro reforço do controlo central do ministério, seja através das direcções gerais, seja dos serviços desconcentrados. Isso não serve a Escola Pública uma vez que assenta numa visão redutora da diversidade e da forma como cada escola pode e deve actuar face à diversidade e à diferença. Pelo contrário, só através de uma autonomia conquistada através do Projecto Educativo próprio de cada organização escolar, será possível dar resposta à emergência de uma diversidade acrescida dos discentes, os quais não só se vão tornando mais diferentes uns dos outros, como assumem múltiplas identidades sobrepostas, como consequência da sua inclusão em grupos de pertença distintos (cultura, estilos de vida e de trabalho, ideologia, idade, raça, género ou orientação sexual, etc.)

É por isso que em vez de falar em lideranças fortes como faz o actual ME, devemos falar de lideranças estratégicas, lideranças distribuídas e lideranças partilhadas, que permitam realizar a “inclusão”, considerada como um recurso, que permite o desenvolvimento dos indivíduos e dos grupos no interior da organização.

Essa emergência de uma visão estratégica e partilhada da liderança só será possível através de formas de regulação sócio-comunitárias, as quais exigem que não haja excluídos na relações de poder e regulação da escola. Infelizmente esse não tem sido o entendimento da actual equipa governativa, que desde que erigiu em parceiro estratégico o poder parental, tem procurado retirar de cena os professores.

Gestão das Escolas – mais um pequeno contributo para o debate

03 Domingo Fev 2008

Posted by fjsantos in gestão escolar, líder forte, liderança

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Ainda dentro do prazo reservado à apreciação pública do projecto de alteração da administração e gestão das escolas públicas parece-me útil convocar a opinião de uma voz respeitada na investigação sobre a escola.

De acordo com a opinião de Thomas Sergiovanni haverá pelo menos dois aspectos claramente desajustados na proposta em discussão, a saber:

1. Quanto mais pequenas as escolas mais parecidas ficarão com o conceito de família. No entanto, na sua proposta de decreto-lei o governo reserva-se, no art. 7º, a possibilidade de “constituir unidades administrativas de maior dimensão por agregação de agrupamentos”;

2. A liderança não depende da atribuição de uma autoridade hierárquica, pelo que se torna necessário desenvolver teorias sobre a liderança escolar que sejam distintas das usadas na gestão empresarial.

«Seria difícil imaginar exércitos eficazes, sociedades de capi­tais, instituições de pesquisa, hospitais e bibliotecas a funcionar sem objectivos formais, linhas objectivas de autoridade, gestão competente e eficiente e sistemas de responsabilidade rentáveis. No entanto, por muito que se prezem as associações institucionais na nossa sociedade, as associações civis também são importantes.

As escolas não são exemplos claros de nenhum dos dois tipos de associações. Contudo, muitos de nós, provavelmente, concordariam que estão mais perto do lado civil do continuum. Quanto mais pe­quenas, mais parecidas ficam com famílias. De forma semelhante, quanto mais bem sucedidas as escolas estejam a tornar-se o tipo de comunidades de aprendizagem que queremos que elas sejam, mais perto ficam do lado civil do continuum.

Na sua grande maioria, o conjunto de obras sobre administração educacional é paralela ao conjunto de obras da administração em­presarial. Os modelos utilizados para pensar em assuntos, planos de mudança, preparação de líderes escolares e avaliação da eficácia escolar foram delineados originalmente para as associações institu­cionais. Se as escolas são, de facto, mais como as associações civis do que as institucionais, então estamos a usar as teorias erradas. Se é este realmente o caso, temos de desenvolver um novo tipo de lide­rança especificamente para as escolas. A minha esperança é que esta obra contribua para esta diligência.

Aceitemos a ideia de que as escolas são, em primeiro lugar e acima de tudo, associações civis e por isso devem assemelhar-se mais às famílias do que as empresariais.»

Sergiovanni, Thomas J. (2004), Novos Caminhos para a Liderança Escolar, Porto, Asa Editores

De resto, como também refere Gareth Morgan nas suas «Imagens da Organização»: “A autoridade só é eficaz, na medida em que é legitimada pelos níveis inferiores da hierarquia da organização. O que significa que uma parcela do poder, que corresponde à legitimação da autoridade, pertence à base da pirâmide organizacional.”

Correio Electrónico!

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