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Category Archives: eficácia

Trabalho regular, esforço, rigor e exames

19 Terça-feira Jul 2011

Posted by fjsantos in (in)verdades, eficácia, exames

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rankings, regulação da educação

Com a devida vénia ao Matias Alves e a Ana Paula Silva, professora de Filosofia e autora do texto que “tomei emprestado” do Terrear, fica uma reflexão serena e necessária nestes tempos de elogio da medida, da comparação e da meritocracia mistificadora:

Sou professora, mas hoje escrevo como mãe. Uma mãe que tem uma filha, que desde ontem se encontra em “estado de choque”. Ser professora e mãe constitui um dos maiores desafios à gestão clarividente de uma pluralidade de estatutos. Não são incompatíveis mas são complicados de compaginar. Que o digam minhas filhas….. Em relação à sua vida escolar sou, “por defeito profissional”, sempre vigilante em relação à pontualidade, à assiduidade e sobretudo ao estudo. Não, de uma forma opressiva ou controladora, mas sempre tentando sensibiliza-las que nada se consegue sem trabalho e estudo.

Ontem a realidade dos factos, disse à minha filha mais nova que eu lhe menti.
Aluna com média de 17 valores, a Inês nos doze anos de escolaridade, nunca teve nenhuma dificuldade grave a qualquer disciplina, embora fosse fácil perceber as áreas disciplinares da sua preferência. Português e História são as suas disciplinas de eleição. Disciplinas a que sempre tirou notas acima da média. Desde sempre. No três anos do curso complementar, com professores diferentes, em ambas as disciplinas a sua média de aproveitamento foi 17.

Claro que, com mãe professora e professoras preocupadas, o fantasma dos exames nacionais, era recorrentemente invocado, para não descurar os estudos ou quando preparava um testes de avaliação. Mas sem fundamentalismos, afinal é uma aluna regular e responsável.
O último teste de português de preparação para exame (disciplina que elegeu como “chave de entrada “no ensino superior) realizado – aquele que foi feito no exame do ano anterior – tirou 19 valores e ganhou o elogio da professora que a conhece e sabe o que vale, através de um ano de relação pedagógica . E , apesar da ansiedade , ficou optimista.

Uma média de 17, numa escola pública considerada de referência, com professores muito experientes e competentes, a Inês deveria ir calma para os exames. Mas não foi. Minutos antes do teste de Português, vomitou. Aquando do de Historia tremia de frio, num dia quente. Resultado 1 : 9 valores em ambos. Resultado 2: Agora com média de 16, não pode entrar em nenhuma faculdade, pública ou privada (precisaria de 9,5 – mais méia décima portanto)
Porque sou professora do 12ºano, poderia traçar aqui considerações acerca da desadequação metodológica que , na minha opinião, subjaz à elaboração de alguns testes de exame, sobre a putativa concertação de critérios de avaliação que ,na maior parte dos casos não aconteceu , ou sobre outras reflexões que estes exames me sugerem ,mas vou abster-me dessas considerações.

Vou a penas deixar algumas questões ao Sr. Ministro de Educação a quem ainda ontem ouvi, presencialmente , louvar as potencialidades curativas dos exames nacionais que aparecem como a medida emblemática da sua “implosão” transformadora do Ministério da Educação:
• Doze anos de escolaridade de boa aprendizagem com provas dadas e comprovadas por dezenas de professores são insuficientes para saber se um aluno pode ou não seguir para o ensino superior ? Padecerão todos estes professores de miopia avaliativa?
• È mais fiável deixar essa decisão para a avaliação externa de alguém que classifica provas, sobretudo as que, pela natureza da disciplina são de um enorme grau de subjectividade, e cuja interpretação de critérios avaliativos (mesmo quando é feita) é (muito) contingente?

• Somos um país impede que um jovem com 18 ou mesmo 18,5 valores siga o seu sonho de ser médico , que lhe “atira à cara” que o seu esforço foi NADA, que lhe diz : não precisamos de ti mesmo quando mostraste que soubeste lutar por esse sonho. ( E depois oferece aos seus cidadãos os médicos que os seus países de origem não quiseram ou não souberam manter). Tive alunos que não entraram em medicina por centésimas!!! Não seria mais honesto dizer a estes jovens que estudar e trabalhar é muito pouco , pois os exames é que decidem se ele pode ser ou não aquilo que vai ser um estudante mediano de outro pais ( e sendo estrangeiro já é suficientemente bom para ser médico em Portugal, nem que os seus doentes não percebam nada do que diz ) ?

• Que tipo de País tem a coragem de dizer a um/a jovem que (mesmo com uma prestação infeliz em exame)tem uma média de aproveitamento de 16 valores que não pode seguir em frente? Como tem a coragem de lhe dizer que o seu estudo, trabalho e esforço foi um logro?

Em Rodapé: Ontem estive numa das extraordinárias iniciativas da Universidade Católica em prol do sucesso dos alunos, onde vi e ouvi centenas de professores testemunharem a sua dedicação, o seu trabalho e a sua preocupação pelo sucesso dos alunos. Senti que esse era o caminho.
O Sr. Ministro da Educação só chegou depois de tudo dito e no que disse depois , perdeu-se, sobretudo, em elogios sobre a importância extraordinária dos exames . E os professores bateram palmas. E eu pensei : Devo estar distraída (ou caduca). Então não se esteve horas a valorizar a diferença, a aprendizagem contínua , a avaliação consertada ? A demonstrar como o rigor nasce do trabalho que é posto à prova todos os dias da relação pedagógica? E não foram sentidas as nossas palmas? Agora vem o Sr. Ministro e diz-nos que não ; o rigor só tem um nome e chama-se exame nacional; e todos os professores batem palmas outra vez !!!! A classe mais qualificada deste país bate palmas a uma coisa e ao seu contrário? ?? !!!! E eu pensei: 30 anos de carreira não são suficientes para perceber esta simples equação (que o Sr. Ministro perceberá porque é de Matemática ) : Como coisas tão diferentes podem significar a mesma coisa ? Como uma coisa pontual, contingente , única e anónima pode significar o mesmo que anos de trabalho, de conhecimento, de proximidade? E Então pensei melhor: Vai mas é para casa e tenta explicar à tua filha que ter sonhos neste pais é um privilégio apenas para ministráveis.

ADD – as dimensões Sumativa e Formativa da Avaliação

15 Quarta-feira Dez 2010

Posted by fjsantos in administração educacional, avaliação de desempenho, avaliação de professores, eficácia, equidade

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ADD, regulação da educação

Quando falamos de avaliação de professores emergem de imediato duas dimensões – a sumativa e a formativa. Esta categorização relaciona-se com os objectivos perseguidos pelo modelo concreto – estabelecer um juízo à posteriori sobre os resultados, ou definir estratégias de melhoria das práticas lectivas, que conduzam a maior qualidade do ensino.

Assumindo que tanto a qualidade do trabalho do professor, como a qualidade do ensino são importantes, um processo de avaliação ideal deve dirigir-se simultaneamente para a eficiência e a equidade do processo de ensino. Dito de outra forma, deve garantir-se que o ensino providencia a aquisição de aprendizagens que permitam aos estudantes alcançar os standards para viver na sociedade do conhecimento, ao mesmo tempo que assegura oportunidades de êxito e que estas são acessíveis a todos os estudantes, independentemente da sua condição social e económica.

A avaliação sumativa constitui uma forma de saber se os professores estão a adoptar as acções e as “melhores práticas”, para garantir bons resultados escolares dos estudantes. A dimensão sumativa da avaliação de professores produz informações cruciais sobre as práticas e as performances dos professores, por comparação com os standards considerados como um “bom ensino”. Desse ponto de vista, a avaliação sumativa é uma fonte indispensável de documentação na prestação de contas em relação ao profissionalismo docente, se os standards do “bom ensino” forem escrutinados positivamente pelos profissionais e pelas suas organizações representativas.

No entanto a introdução de mecanismos de accountability na avaliação de professores deriva da relação assimétrica que existe entre as práticas efectivas dos profissionais e a capacidade de os outros interessados no processo (administração educativa, gestão das escolas e pais) terem informação sobre essas práticas. Trata-se do “Problema do Principal-Agente” utilizado frequentemente nas teorias económicas e da ciência política.

Esta é uma primeira tensão crítica em torno da dimensão sumativa da avaliação, cuja génese se encontra nos interesses divergentes dos diferentes actores, que olham para uma mesma realidade a partir de olhares diversos e antagónicos.

Para lá da prestação de contas e do reconhecimento do trabalho dos professores, a avaliação pode servir para melhorar as práticas do próprio professor. A avaliação formativa refere-se a uma avaliação qualitativa sobre as práticas lectivas efectivas, destinada a identificar os aspectos fortes e fracos do trabalho do professor e a providenciar as oportunidades adequadas de desenvolvimento profissional. O que está em causa é ajudar o professor a reflectir e aprender sobre as suas práticas, com vistas a poder melhorá-las.

A avaliação formativa trata-se de um processo em que o avaliador fornece ao avaliado informação relevante e construtiva, indicando o nível de desempenho em que este se encontra e sugerindo-lhe formas de melhorar.

Desse modo torna-se possível que a própria escola estabeleça programas de formação e desenvolvimento profissional para os seus professores, adaptando-os às necessidades dos profissionais, mas também aos interesses da organização.

Na sua dimensão formativa, a avaliação pode ser a base para a melhoria do ensino, constituindo uma oportunidade de desenvolvimento profissional ao longo da vida dos professores.

Avaliação sumativa e avaliação formativa perseguem geralmente objectivos conflituantes, embora não totalmente incompatíveis. De uma forma sintética podemos considerar que a primeira, destinando-se a fazer juízos sobre os resultados, é uma “avaliação do ensino” e a segunda, ao sublinhar os meios para melhorar as práticas lectivas, é uma “avaliação para o ensino”.

 

nine eleven – nineteen seventy three

11 Sábado Set 2010

Posted by fjsantos in eficácia, iniquidade, neo-liberalismo, prepotência

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terrorismo, tragédia humana

11 de setembro ficou marcado na história recente em função dos atentados contra as torres gêmeas, nos Estados Unidos, em 2001. Entretanto, trabalhadores do mundo inteiro que lutam por uma sociedade mais justa e igualitária, em especial os sul-americanos, já associavam a data à tragédia bem antes disso.
Foi em um outro 11 de setembro, dessa feita no ano de 1973, que os militares chilenos depuseram o presidente eleito democraticamente, Salvador Alende, dando início a mais sangrenta ditadura já registrada na América Latina, que deixou um rastro de 30 mil mortes – dez vezes mais que o já terrível 11 de setembro norte-americano – e serviu de palco para a implantação do projeto neoliberal no continente.
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Erro de perspectiva

04 Quinta-feira Mar 2010

Posted by fjsantos in educação, eficácia, empregabilidade, equívocos, escola pública

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políticas públicas de educação, regulação transnacional

O Ramiro continua a sua saga contra alguns dos erros da escola pública que temos, atirando contra um inimigo mítico: a aliança sinistro(*)-eduquêsa.

Para o Ramiro, como para muitos professores que não se libertaram do modelo de escola exclusiva em que foram formados, a escola pública deve funcionar hoje da mesma forma que funcionava no passado. Esquecem, ou omitem, que a “escola de sucesso” de que falam tinha em 1960/61 uma taxa de escolarização de 13% no ensino básico e uma taxa de 1,3% no secundário, tendo evoluído para 30% no básico e 9% em 1974/75.

Comparar os custos com a educação entre a realidade de há cinquenta anos e a de hoje, quando sabemos que em 2006/07 a taxa de escolarização atingia já os 99% no ensino básico e os 60% no secundário, é um exercício que não dignifica o debate e a discordância política.

Como também não dignifica o debate insinuar que as políticas educativas, perseguidas pelos sucessivos governos portugueses nas últimas décadas, têm uma génese de esquerda ou, nas palavras do Ramiro são feitas «à “boa” maneira leninista e estalinista».

Na verdade, a fabricação das políticas públicas de educação tem a sua génese nas instâncias de regulação europeias e mundiais, nas quais têm assento especialistas, governantes e funcionários políticos dos diferentes países europeus e da UE, onde não parece que as influências marxistas-leninistas estejam na moda.

Embora a União Europeia não tenha uma política comum para a Educação, nem possa impor políticas educativas aos países membros, a produção de conhecimento em centros de investigação e a sua circulação em conferências, seminários e outras reuniões em que se encontram peritos e governantes acaba por condicionar a agenda e impor modelos de “boas práticas” (benchmarking).

Para os governantes portugueses (convém não esquecer que desde 1976 têm sido membros e “amigos” do PS, PSD e CDS) interessa estar a par “daquilo que funciona”, o que os leva a colaborar com outros governos europeus na reorganização da pesquisa e investigação sobre educação (vidé a Estratégia de Lisboa).

Tendo em atenção a necessidade de respostas imediatas, a tendência tem sido a de privilegiar a investigação sobre a efectividade da escola e as teorias do capital humano.

Este campo da investigação tem-se desenvolvido desde a década de 80, sobretudo depois do relatório “Uma nação em risco”, a partir do qual os Estados Unidos começaram a definir políticas educativas pressionando os resultados escolares, com vista a melhorar o nível escolar dos seus alunos.

Os trabalhos desenvolvidos por diversas redes de investigadores, no âmbito da OCDE e de outras agências europeias, têm-se traduzido em instrumentos de política pública como os testes PISA ou os relatórios Education at a Glance.

Tendo em atenção os actores envolvidos na géneses das políticas educativas portuguesas, afirmar que elas se fazem à esquerda, como fazem os críticos da escola pública, é pouco sério e é fazer política partidária baixa e enganosa.

(*) de esquerda, à esquerda

A direita ressentida

25 Terça-feira Ago 2009

Posted by fjsantos in autoritarismo, eficácia

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santa ignorância, treinador de bancada

Nos últimos meses temos vindo a assistir ao aumento do coro das vestais de direita, que se sentem traídas pela ineficácia do governo socratino quanto à aplicação das medidas mais radicais do programa neo-liberal.

Se recordarmos as loas com que os corifeus do liberalismo incensavam as medidas de Pinto de Sousa, quando este afrontava e apoucava os profissionais que sustentam os serviços públicos com o seu saber e o seu trabalho, só podemos sorrir quando os vemos criticar o seu protegido. Afinal, como não conseguiu destruir os serviços públicos e não os entregou à iniciativa privada, como um dia chegaram a imaginar que aconteceria, já deixou de ser útil à direita, ao mesmo tempo que ficou impossibilitado de continuar a enganar a esquerda.

A crónica de Camilo Lourenço no Jornal de Negócios online é mais um exemplo acabado de  “viracasaquismo” e de tratamento injusto a quem deixou de ter utilidade para alguns fazedores de opinião encartados da nossa praça.

Ao mesmo tempo que se apresenta como “uma espécie de crítico” de quem até há pouco meses endeusava, CL mostra que o seu pensamento sobre Educação e sobre os professores é limitado pela sua formatação de direita.

Para ele o sistema educativo só faz sentido ao serviço dos interesses das empresas, como se depreende da afirmação “a pergunta que fica é: apesar de menos chumbos, os alunos saem com mais qualificações para enfrentarem o mercado de trabalho?” A redução do discurso de CL aos princípios do capital humano revela em que medida este jornalista económico, e comentador com assento em diversos OCS, não percebe nada de Educação e do que deve ser e para que serve a Escola Pública do séc. XXI.

Por outro lado, quando aparentemente procura criticar o governo e as suas políticas educativas, continua a usar uma linguagem provocatória e insultuosa para os professores “Sócrates já devia ter percebido que quando se compram guerras com certas corporações só há um de dois resultados: ou se ganha ou se perde. Não se empata. Ora, depois de tanto “sangue mau” entre as partes, em que o ministério tinha razão no conteúdo (objecto das reformas) mas não na forma (métodos), é duvidoso que os professores caiam neste namoro, desavergonhado, de última hora.” Em primeiro lugar continua a classificar os pofessores como “certas corporações” com as quais não se pode entrar em guerra, a não ser que haja a certeza de que se vai ganhar (preferencialmente esmagando). E ainda por cima continua a afirmar que o governo tinha razão quanto às reformas que introduziu, apenas falhando nos métodos que usou para as aplicar.

Resta saber se, para Camilo Lourenço, teria sido melhor aplicar as reformas com recurso ao chicote, de modo a pôr na ordem “certas corporações”.

Ser líder é ser solidário

24 Quarta-feira Jun 2009

Posted by fjsantos in eficácia

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liderança, solidariedade

Recebi por email um pequeno vídeo, que demonstra claramente como os líderes são capazes de fazer a diferença entre o sucesso e o falhanço mais estrondoso.

Há quem tenha dos outros uma ideia tão má que os olhe como “zecos”, “ratos” e outros mimos. Mas também há quem saiba dar a mão solidária ao outro, contribuindo dessa forma para o sucesso colectivo.

O vídeo mostra como Mo Cheeks, treinador dos Portland Trail Blazers, em vez de se juntar ao coro de gozadores e assobiadores, deu o apoio necessário (na hora certa) para que a festa pudesse continuar.

Debate sobre a continuação da luta

20 Segunda-feira Abr 2009

Posted by fjsantos in balanço, cidadania, cooperação, eficácia

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luta política, manifestação nacional

A escassas horas do início de uma semana que vai ser dedicada à realização de centenas de plenários nas escolas, para debater com os professores as iniciativas de luta a desenvolver até final do ano lectivo, resolvi dar uma vista de olhos pelo que diz a blogosfera docente e em particular o que está publicado pelos “movimentos independentes”.

Como professor interessado no tema, e agora na posição de membro de uma lista que concorre ao maior sindicato de professores do país, pareceu-me aconselhável saber o que pensam os colegas que na rede “têm mantido acesa a chamada contestação”.

Sem querer ter uma postura demasiado crítica e muito menos “bota-abaixista”, posso dizer que fiquei com a ideia de que continua a haver vários tipos de professores:

  • muitos militantes blogosféricos “independentes”, inequivocamente identificáveis com os movimentos mediáticos – Apede, MUP, ProMova – acham que os professores devem continuar a resistir, mas querem a vitória para ontem, porque “a malta tá cansada de lutar“. Acham-se legítimos representantes de uma “maioria silenciosa”, que não se revê nos sindicatos (porque não se associa a essas organizações), e nesse sentido consideram que as propostas aprovadas num “encontro nacional” em que estiveram duas centenas de professores (sem mandato de ninguém) são mais legítimas e importantes do que as propostas de organizações sindicais que representam uns quantos milhares de associados;
  • os “amigos do umbigo” mais o autor do dito, que acham que “a luta continua“, mas não têm qualquer proposta de acção que não passe por cruzar os braços e teclar noite dentro a criticar o ministério, os sindicatos e quem quer que não se reveja nessa “dinâmica de luta“;
  • os independentes do MEP e da CDEP, que aconselham os professores a lutar e até a pensar seriamente numa grandiosa manifestação nacional em Maio (como propõe a FENPROF, de que faz parte a direcção sindical que apoiam na Grande Lisboa), mas que, para ficarem de bem com os outros “movimentos independentes”, aconselham também a que não se pense que a proposta de manifestação nacional a 16 de maio é um assunto encerrado;
  • os que acham que para continuar a luta é preciso dar força às organizações que têm a legitimidade e os instrumentos para mobilizar as dezenas de milhar de professores que apenas se preocupam com “a sua vidinha” e, por isso, têm consciência que uma acção de protesto como uma grande manifestação nas vésperas da campanha para as eleições terá efeitos devastadores para Pinto de Sousa e Ciª.

Se a posição dos “movimentos independentes” e dos “umbiguistas” revela uma completa falta de sentido político e da necessidade de combater com eficácia os inimigos dos professores, a posição do MEP e do CDEP revela algum inconsequência de pessoas que levantam a bandeira da escola pública, mas acabam por andar de mãos dadas com quem mais contribuiu para que as políticas anti-sindicais de MLR/JP/VL tivessem destruído a escola pública de qualidade para todos.

É por isso que, na semana que agora começa, os professores devem participar nos plenários sindicais, mas para reforçar propostas de luta inteligentes, exequíveis e que causem danos efectivos à política e aos projectos do governo PS, sem nos prejudicar e mantendo a unidade entre todos.

Não podemos fazer o jogo do ministério aprofundando divisões que se evidenciaram durante esta luta prolongada. Temos que ser capazes de ultrapassar divergências e até algumas mágoas em relação a colegas que não tiveram a coragem de resistir, e nalgum momento acabaram por fraquejar. É fundamental trazer todos de novo à luta e reconstruir um muro solidário a favor dos professores, apresentando propostas que permitam que mesmo os mais timoratos, ou com maiores problemas de índole financeira, participem na luta e não se sintam marginalizados.

A manifestação de 16 de Maio:

  • permite recuperar para a luta muitos colegas que entregaram os OI’s contrariados e com medo;
  • não tem custos excessivamente elevados, pelo que não afasta da luta os colegas que têm mais dificuldades económicas;
  • terá impacto mediático, com possibilidade de recuperar a temática da escola pública nos órgãos de comunicação social, em véspera de eleições;
  • desde que bastante participada, fará danos irreparáveis para a campanha eleitoral do PS.

Pelo contrário, uma greve, sobretudo se envolver mais do que um dia:

  • terá uma participação muito menor, devido aos custos individuais associados;
  • afastará muitos colegas, quer por questões económicas, quer por se realizar numa fase crítica do ano escolar, interferindo de forma decisiva na vida dos alunos;
  • permitirá manipulação de números, que a propaganda ministerial se encarregará de reverter a favor da campanha do PS;
  • irá alienar algum do apoio que os professores ainda têm junto da opinião pública e publicada;
  • aliviará os cofres do ministério das finanças.

Eles andam aí

14 Segunda-feira Abr 2008

Posted by fjsantos in comunicação, eficácia, equívocos

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Leio o DN online e constato que o trabalho dos “spin doctors” se faz notar em toda a força.

Estive presente em todas as reuniões que levaram à constituição de um dos movimentos de professores, que acabou por levar à criação e registo da APEDE. Em todas essas reuniões ficou sempre claro que nenhum dos professores participantes pretendia desencadear um movimento de guerrilha contra os sindicatos, considerando que a actividade de todos os movimentos autónomos de professores deveriam assumir um papel supletivo do que é desempenhado pelos sindicatos de professores. Sempre reconhecemos a especificidade e a legitimidade de representação que legalmente está conferida aos sindicatos.

Por isso, penso ser completamente abusivo que o DN procure destacar uma divisão entre os professores e os seus representantes legais, numa altura em que a unidade dos professores constitui a maior dificuldade para o governo e o seu ministério da (des)educação.

O que também não é de estranhar, tendo em conta as posições que o DN e o seu director têm tomado relativamente aos professores e à sua luta contra MLR.

Há que mudar a mira. O tiro agora tem de ser dirigido a outro(s) alvo(s). Ao(s) que mais interessam.

14 Sexta-feira Mar 2008

Posted by fjsantos in desorganizar a organização, direitos de cidadania, eficácia

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O Paulo Guinote aponta com clareza o caminho a seguir.

Quem não souber que tipo de arma usar e como deve fazer pontaria, aconselha-se a (re)leitura deste post.

Reconhecer o mérito

02 Domingo Mar 2008

Posted by fjsantos in associativismo, autonomia, cidadania, comunicação, cooperação, e-escola, eficácia

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agradecimento, reconhecimento, união

Como é visível pelo que escrevo, discordo profundamente do governo de Sócrates e em particular das políticas públicas de educação que são protagonizadas pela ministra Maria de Lurdes Rodrigues e pelos seus secretários de Estado.

No entanto tenho que conceder a estes governantes  dois créditos por boas acções:

  • À ministra e  aos secretários de Estado o crédito por terem conseguido mobilizar e unir todos os professores contra as políticas que têm vindo a protagonizar;
  • Ao primeiro ministro Sócrates a brilhante ideia de permitir que milhares de professores pudessem estabelecer contacto entre si, de uma forma rápida e expedita, através da Internet. Sem a distribuição de computadores portáteis e Internet (de banda quase larga) a preços acessíveis aos seus rendimentos, não teria sido possível estabelecer esta rede imensa que nos uniu.

A estes governantes, pela sua acção eficaz em prol da unidade dos profissionais da educação, aqui deixo o meu BEM HAJA!

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