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… dei um salto à Bucholz para conhecer algumas das caras que escrevem sobre educação nos jornais.
Ambiente agradável para um “chá das sete” (não exactamente um five o’clock tea), com uma evidente boa disposição, cumplicidade e companheirismo entre gente de uma mesma geração que trabalha para órgãos de comunicação alegadamente concorrentes, apesar dos interesses accionistas confluírem no essencial – a defesa do modelo de sociedade capitalista liberal.
Ainda assim as intervenções do painel de jornalistas foram simpáticas para uma classe docente que, segundo os próprios, só agora conhecem melhor.
De relevante ficam para registar dois factos:
1. A queixa generalizada dos jornalistas de não poderem “fazer a educação” que gostariam de fazer, alegadamente porque os actores institucionais – ministério, sindicatos e directores lhes dificultam o acesso a histórias que vão para lá da política educativa e do discurso oficial. Daí o relevo que dão aos “novos actores” – blogues, conselho de escolas e movimentos independentes, sem repararem que apenas juntaram mais meia dúzia de vozes, que são já tão institucionais como as anteriores.
2. A confissão de Francisco Vieira e Sousa, do Fórum Liberdade e Educação, sobre a ignorância em que vive no que respeita à investigação de temas sobre a escola que é feita em Portugal, por investigadores portugueses, em centros de investigação nacionais.
Foi de facto confrangedor ouvir a intervenção desta espécie de estrela mediática que o FLE encarregou de estar presente no ciclo da Bucholz, já que o senhor não só nada sabe sobre a investigação que existe, como também se atreve a dizer que não se divulgam os estudos internacionais. Sobre a investigação nacional e estrangeira que é publicada e objecto de comunicações, seminários e congressos, alguns até organizados por instituições e investigadores próximos das teses da liberdade de escolha, tão do agrado do FLE o senhor também nada soube dizer.
Enfim, o que valeu mesmo nesse fim de dia foram os dois excelentes documentários da sessão das 21h: “Pixinguinha” de Thomaz Farkas, uma curta em que o autor recupera uma apresentação de Pixinguinha e do Pessoal da Velha Guarda no IV centenário da cidade de S. Paulo, a que juntou agora a banda sonora inexistente no filme original; e “Onde a Coruja Dorme”, de Simplício Neto e Márcia Derraik, uma viagem extraordinária pelo “morro”, com um cicerone incrível – Bezerra da Silva – que nos apresenta os seus compositores e a forma como retratam o quotidiano das favelas e da baixada fluminense.
Como era bom que filmes destes chegassem ao circuito comercial ou, no mínimo, passassem com regularidade em horário “conveniente” na TV pública.