(Re)Flexões

~ Defendendo a Cidadania

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Category Archives: discussão pública

Disciplina(s) estruturante(s) e insucesso académico

01 Quarta-feira Ago 2012

Posted by fjsantos in (in)verdades, discussão pública, educação, irresponsabilidade

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organização escolar

Por cá temos um ministro que acha que há disciplinas “mais estruturantes” que outras e, como tal, devem ter prioridade na importância curricular que lhes é atribuída.

Essa importância acrescida traduz-se em mais horas de lecionação semanal e “maior rigor e exigência” nos exames nacionais, em particular na matemática e português.

Curiosamente chega-nos, do país “exemplar” para o ministro Crato, um debate sobre a necessidade e utilidade do sobre-investimento no ensino da matemática, e as implicações dessas orientações no desperdício precoce de talentos em outros campos científicos.

Andrew Hacker, professor emérito de Ciência Política no Queens College, City University of New York e co-autor de “Higher Education? How Colleges Are Wasting Our Money and Failing Our Kids — and What We Can Do About It.”, levanta um conjunto de questões muito pertinentes sobre o modo como a matemática destrói carreiras académicas de jovens que poderiam ser brilhantes em outras matérias, mas que abandonam precocemente o seu percurso escolar devido ao insucesso nesta disciplina.

State regents and legislators — and much of the public — take it as self-evident that every young person should be made to master polynomial functions and parametric equations.

There are many defenses of algebra and the virtue of learning it. Most of them sound reasonable on first hearing; many of them I once accepted. But the more I examine them, the clearer it seems that they are largely or wholly wrong — unsupported by research or evidence, or based on wishful logic. (I’m not talking about quantitative skills, critical for informed citizenship and personal finance, but a very different ballgame.)

This debate matters. Making mathematics mandatory prevents us from discovering and developing young talent. In the interest of maintaining rigor, we’re actually depleting our pool of brainpower. I say this as a writer and social scientist whose work relies heavily on the use of numbers. My aim is not to spare students from a difficult subject, but to call attention to the real problems we are causing by misdirecting precious resources.

Soluções Barreto para mudar Portugal

11 Sábado Jun 2011

Posted by fjsantos in cidadania, discussão pública, governança

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democracia, eleições

O sociólogo António Barreto, ministro de um governo PS que foi responsável pela início da aniquilação da reforma agrária e da reconstrução do latifúndio a sul do Tejo, fez ontem um discurso considerado de extrema argúcia e importância ao apontar as suas soluções para a crise em que o país se vem afundando.

Trata-se de um discurso estruturalmente muito bem construído, apontando caminhos desejados por um sector bem identificado da sociedade, a partir de um diagnóstico fundamentado nos pressupostos políticos que constituem o modelo de governação preconizado por esse sector da vida pública.

No meio de um conjunto de generalidades, como a indispensabilidade de sintonia entre os cidadãos e os governantes, ou a necessidade de entendimento entre trabalhadores e patrões (omitindo a natureza de classe das relações entre esses actores), o discurso de Barreto vai conduzindo os seus leitores/ouvintes para a inevitabilidade de se proceder a uma revisão da constituição e uma revolução no sistema eleitoral. O que não deixa de ser curioso e interessante numa altura em que os especialistas se dividem sobre a necessidade de alterar a constituição, para cumprir as exigências da agiotagem internacional como contrapartida ao empréstimo que nos prometeu.

O argumento de Barreto, para justificar essas alterações à lei fundamental e ao processo de escolha dos representantes do povo, é bem construído mas distorce completamente os factos, de modo a levar a água ao seu (deles) moinho.

Barreto afirma que é preciso alterar a lei eleitoral para que os portugueses, em particular os jovens, se sintam mais representados nos órgãos de soberania. Para isso defende a aproximação entre eleitos e eleitores, numa clara alusão a círculos uninominais e no mesmo passo defende a importância de governos de maioria, sem esclarecer se essa maioria é mono-partidária ou se admite a possibilidade de coligações inter-partidárias.

Com tudo isto Barreto escamoteia o facto de que a crise de representatividade, denunciada por uma abstenção crescente e pelo aumento dos votos brancos e nulos, não se resolve com a exclusão de mais partidos da Assembleia da República. E no entanto esse será o resultado esperado, se assistirmos a uma transformação do sistema de representação proporcional para o de maioria simples em círculos uninominais.

Se algum caminho deve ser feito para corrigir o desfasamento da representação partidária no parlamento penso que será exactamente no sentido inverso, isto é, através da eliminação dos múltiplos círculos eleitorais e da sua substituição por um círculo único, em que se deverá manter a representação proporcional. Essa é a única solução que poderá dar voz às centenas de milhar de portugueses que ainda não desistiram de participar em eleições, mas cujos votos não elegem nenhum deputado, muitas vezes por escassas centenas de votos. E isso é verdade para os pequenos partidos extra-parlamentares, mas também para os que tendo representação no parlamento, vêem condenados à ineficácia os votos obtidos nos círculos em que são eleitos pouco deputados.

Reflexão e debate são pilares da democracia, o pensamento único é que é totalitário

30 Quarta-feira Mar 2011

Posted by fjsantos in discussão pública, esquerda, europa

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Combate político

As alternativas à crise na União Europeia existem e passam pela defesa dos direitos dos trabalhadores, reforço da solidariedade, e  aumento da produção e soberania nacional

AS NEFASTAS CONSEQUÊNCIAS DO EURO

Toda a evolução mostra que tínhamos razão sobre a insustentabilidade e as nefastas consequências do Euro. Consequências hoje ainda mais trágicas quando se vê Portugal a ser presa fácil dos ataques especulativos e dos mecanismos de extorsão de recursos nacionais por via do crescente endividamento externo que esta desastrosa política de integração europeia também provoca e avoluma. Perante o agravamento do nível de ameaça que paira sobre o país, muitos avisados e até insuspeitos portugueses têm colocado a necessidade de reflectir sobre a manutenção do país na UEM .

Para nós o debate não é um tabu. Trata-se de um problema que precisa de aprofundamento e reflexão. Uma reflexão própria e também conjunta com outros países que se encontram nas mesmas condições, nomeadamente e em primeiro lugar com o objectivo de discutir a criação de condições para a eliminação de todos e quaisquer riscos de penalização ou prejuízos económicos para os países que entendam que a sua manutenção na União Económica e Monetária se torna incomportável. Mas, independentemente da celeridade desse necessário debate, duma coisa temos a certeza: a resposta à crise e a solução dos problemas do desenvolvimento do país e da União Europeia não podem passar, nem passam, pela imposição de medidas de austeridade que se renovam, sem fim à vista, numa espiral de endividamento, nem pelas soluções que deixam mão livre à agiotagem financeira e aos interesses do grande capital, nem tão pouco pelo recurso a um fundo com as velhas imposições draconianas do FMI que o ainda ministro das Finanças reconheceu nesta última terça-feira e que outros há muito, como o PSD, assumiram.

Os mega-agrupamentos fazem mal à escola pública

24 Quinta-feira Mar 2011

Posted by fjsantos in discussão pública, escola pública

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acção pública, regulação da educação, Resistência, Rigor

A leitura deste post do Paulo Prudêncio chamou-me a atenção porque acabo de chegar a casa depois de ter participado numa sessão pública realizada pelo PCP, na Amadora, subordinada ao tema da criação dos mega-agrupamentos.

Concordando em absoluto com a ideia de que em termos de dimensão das escolas mais pequeno é melhor, deixo o texto da intervenção que fiz na referida sessão pública, na qual estiveram presentes representantes de várias associações de pais e professores de diversas escolas do concelho, mas também alguns autarcas:

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ADD – reflectir para agir, como contraponto à conversa de café

26 Domingo Set 2010

Posted by fjsantos in acção pública, avaliação de professores, discussão pública, educação, escola pública

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ADD, luta dos professores, políticas públicas, Rigor

No blogue Caminhos da Escola publiquei alguns textos procurando trazer para o debate algumas das conclusões que a literatura sobre avaliação de escolas e professores tem produzido.

É uma outra forma de discutir a avaliação, para lá do discurso um pouco estafado de que “esta ADD não serve e queremos outra”. É que para podermos passar a níveis mais exigentes do debate convém saber com o que é que estamos a lidar.

Num mundo dominado pelas forças do capital, em que a economia parece ter deixado de ser uma ciência ao serviço dos homens e subordinada à política, passando a ser o centro da vida social e a impor as leis do mercado, naturaliza-se a ideia de que a vertente sumativa da avaliação deve prevalecer.

De resto é a própria ideia da prestação de contas, intimamente associada à visão gerencialista das empresas, que acaba por sobrevalorizar essa componente sumativa da ADD. Esta necessidade de recorrer a mecanismos de “accountability” está relacionada com uma relação assimétrica que é típica do “problema do principal-agente”, bem conhecido da teoria económica.

Passageiros clandestinos

18 Segunda-feira Jan 2010

Posted by fjsantos in ética, demagogia, discussão pública

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ECD, luta sindical, parasitismo

O tema anda quente na blogosfera docente. Ai de quem ache que o acordo foi bom para os professores – só pode ser um sindicalista suspeito, ou um vendido aos interesses do governo.

Não há dúvida que os professores (classe à qual pertenço e não renego) são uns tipos muito giros. São, aliás, um dos exemplos mais típicos do que o economista Mancur Olson caracterizou como o “passageiro clandestino” na sua obra “The Logic Of Collective Action”.

Como “passageiro clandestino” Olson identifica o membro de um colectivo que beneficia da acção pública desse colectivo, sem nada investir nessa acção concreta. É o caso dos não grevistas que beneficiam de aumentos salariais, ou de condições de trabalho melhoradas, sem perderem o salário correspondente aos dias de greve convocadas pelos sindicatos, ou sem o incómodo de participar em vigílias, manifestações e outras acções de protesto.

No actual panorama de contestação às políticas educativas do(s) governo(s) de Pinto de Sousa a história não acabou com o acordo de dia 7 de Janeiro de 2010, mas também não começou com a manifestação de 8 de Março de 2008.

Quando for concluída a análise do processo de contestação às medidas personificadas em Maria de Lurdes Rodrigues, o período posterior à manifestação de 8 de Março, que culminou com a perda da maioria absoluta do PS, terá um destaque incontestável.

Mas antes da mobilização geral dos professores havia um número não negligenciável de docentes que já estavam envolvidos na luta, enquanto os “heróis” que hoje se arrogam direitos de interpretação e representação da classe ainda faziam parte do grupo dos “passageiros clandestinos”.

Enquanto, durante o anos de 2006, os sindicatos de professores (com inevitável destaque para a FENPROF) alertavam para os aspectos negativos do que se preparava em matéria de estatuto sócio-profissional dos professores, a esmagadora maioria da classe continuava a assobiar para o lado, como se nada de importante se passasse.

De facto, a simples consulta de alguns arquivos pode demonstrar que enquanto muitos não queriam saber, outros alertavam, informavam, reclamavam e protestavam com os meios ao seu alcance:

  • manif 14/6/2006 10.000 professores na rua;
  • providência cautelar sobre alterações às componentes dos horários  28/6/2006;
  • protesto sobre as condições de negociação da carreira 27/10/2006;
  • Protesto contra fecho de negociação do ecd 31/10/2006;
  • acções de protesto de rejeição ao ecd 9/11/2006;
  • continuação da luta apesar da promulgação do ecd 10/1/2007;
É evidente que a história de todo o processo mudou significativamente depois do dia 8 de Março. Não é possível ignorar o peso da mobilização colectiva dos professores que, pela sua dimensão e persistência, foi determinante na alteração das condições políticas e na relação de forças entre professores e governo.
Só que, quando se faz a leitura dos ganhos e perdas dos professores em todo o processo, convém não escamotear o que está em jogo em cada momento.
Hoje, os críticos do acordo de dia 7 reclamam falando de regressão na carreira, de piores condições de progressão e da manutenção de um modelo de ADD desadequado e inexequível. Pois bem, vejamos de que se queixam.
Sobre as piores condições de progressão e as alegadas ultrapassagens na carreira, admitindo a possibilidade da sua existência, convém conhecer a sua origem e o que cada um fez para a evitar.
O acordo, a que chegaram Sindicatos e ME, tem como objectivo a revogação e substituição do DL 15/2007 (com as alterações aprovadas pelo DL 270/2009) e não a revogação e substituição do DL 312/99. Entender esta realidade é a condição necessária para poder discutir a bondade ou iniquidade do acordo.
Tomemos como exemplo a minha amiga C. que em Junho de 2003 mudou para o índice 245 (8º escalão).
  • C. devia passar para o índice 299 em Junho de 2006 (3 anos no 8º escalão DL 312/99), só que o tempo de serviço foi congelado em Agosto de 2005 (quando ela só tinha ainda 2 anos e dois meses no escalão)
  • Se não tivesse havido governo Sócrates (maioria), C. teria que aguardar 10 meses após o descongelamento para mudar para o índice 299 (9º escalão), ou seja, mudaria em Outubro de 2008
  • Só que Sócrates ganhou, Maria de Lurdes impôs o DL 15/2007 e, em Janeiro de 2008 a C. já não bastavam 10 meses para progredir
  • Agora o 8º escalão em que ela estava tinha passado a durar 6 anos em vez de 3 e, ainda por cima, era necessário ser-se “titular” para poder progredir
  • C. concorreu ao concurso de titular que se realizou em 2007 mas não obteve vaga, por não possuir os pontos necessários
  • Em 30 de Setembro de 2009, quando foi publicado o DL 270/2009, C. estava no índice 245 havia 4 anos e 11 meses. Como não é titular, restavam a C. duas possibilidades – esperar mais um ano e um mês para atingir o topo da carreira de professor no índice 272, ou candidatar-se a uma prova pública, obter aprovação e aguardar por uma vaga como titular para ingressar nessa categoria e progredir até ao índice 340
  • O tempo que demoraria a atingi-lo depende de inúmeros factores aleatórios, pelo que não é possível saber se C. chegaria ao índice 340 antes de se reformar
  • A partir de 7 de Janeiro as perspectivas de C. alteraram-se. Agora ela mudará para o escalão 299 quando perfizer 6 anos no índice 245, após a entrada em vigor do novo ECD (i.e. em Outubro de 2010)
  • Com classificações de Bom atingirá o último índice salarial 8 anos depois
Já o meu amigo M. tem um percurso diferente uma vez que, embora tenha mudado de escalão em 2003, tinha menos tempo de serviço e por isso estava no índice 218.
  • Quando foi congelado M. tinha 2 anos e 8 meses no 7º escalão e faltavam-lhe 4 meses para mudar para o índice 245
  • Quando foi descongelado, já com o DL 15/2007 em vigor, faltavam-lhe 16 meses para mudar para o índice 235 e mais 4 anos para chegar ao 245
  • As coisas melhoraram com a publicação do DL 270/2009, por poder antecipar a mudança para o índice 235 e encurtar em dois anos a mudança para o 245
  • Quanto ao resto do percurso é em tudo igual ao que foi descrito para a minha amiga C.

Olhando para estes exemplos, haver quem seja capaz de protestar contra o acordo sem perceber que os constrangimentos, o impedimento à progressão e o bloqueio no acesso ao topo são consequência do DL 15/2007, contra o qual 140 mil foram incapazes de se mobilizar na hora certa, é algo que não lembra ao diabo.

E agora, qual o sentido da luta?

29 Terça-feira Set 2009

Posted by fjsantos in bem público, cidadania, discussão pública, escola pública

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políticas públicas de educação

Olhando para os resultados eleitorais, e para a nova composição da Assembleia da República, convém reflectir sobre os caminhos possíveis e sobre o sentido que os professores que se preocupam com uma escola pública de qualidade para tod@s devem dar à sua acção.

De um ponto de vista estritamente corporativo é possível imaginar que as reivindicações mais mediáticas dos professores poderão ser alcançadas. Tanto a FENPROF como os três movimentos mais mediáticos obtiveram dos partidos que se opõem ao governo de Pinto de Sousa a promessa de agendar iniciativas legislativas com vista a alterar o ECD e a ADD, nomeadamente em torno da questão da divisão da carreira e das quotas. É de crer (pelo menos até prova em contrário) que as direcções de PSD, CDS/PP, BE e PCP honrem a palavra dada.

Acontece, no entanto, que a defesa da escola pública e a valorização da profissionalidade docente não se esgotam nessas reivindicações, muito embora tenham sido elas o catalisador da revolta e da unidade de dezenas de milhar de professores.

Os temas que têm tido menor atenção na agenda dos professores são também os que, efectivamente, definem a linha de clivagem entre os professores que votaram à esquerda e os que votaram à direita:

  • A escola inclusiva;
  • A discriminação positiva dos alunos oriundos das classes mais desfavorecidas;
  • A aceitação da diversidade e o apoio efectivo às minorias;
  • A reflexão sobre o papel da avaliação no processo de aprendizagem;
  • O questionamento do papel selectivo da escola pública;
  • A integração do papel da escola no contexto mais vasto dos serviços públicos de qualidade, que o Estado tem que prestar às populações;
  • A reflexão sobre as questões da “accountability”;
  • A inflexão nas políticas de empresarialização das escolas públicas;
  • A reformulação do modelo de gestão.

Esta não é, de forma alguma, uma lista exaustiva de todas as questões que devem fazer parte das preocupações de quem defende a escola pública. Trata-se apenas do enunciado de um conjunto de problemas que serão encarados com prioridades diferentes e soluções distintas pelos professores, em função do seu posicionamento político e ideológico.

Sendo certo que alguns destes assuntos poderão não ser prioritários para todas as organizações sindicais dos professores, penso que a promoção de jornadas de reflexão sobre alguns dos temas enunciados poderá ser uma boa forma de mobilização e de unidade para quem acredita que é imprescindível defender a escola pública e que vale a pena lutar pela dignificação da profissão e pelo seu reconhecimento social.

No confronto entre a Democracia e a Eficácia, a Democracia fica sempre a perder.

14 Domingo Dez 2008

Posted by fjsantos in cooperação, direitos de cidadania, discussão pública

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debate à esquerda, democracia

 

democracia

Estive esta manhã na Faculdade de Letras, assisti ao debate e dei por muito bem empregue o tempo que ali passei.

Alertado pelo post do Ramiro, resolvi dar uma vista de olhos pela imprensa online. A conclusão é que para os nossos jornalistas o que é relevante é o “sound-bite”, não cabendo no discurso mediático o menor exercício de reflexão sobre os factos que presenciam.

Na verdade, ao ler as notícias da TSF, RR, Público ou SIC, quem não tenha estado na assistência fica sem qualquer referência às intervenções da deputada Cecília Honório e do professor do ISCTE Nuno David, para além da magnífica intervenção do professor Licínio Lima, da Universidade do Minho, que deu uma magnífica aula sobre o cânone gerencialista em que assentam as políticas neoliberais do governo PS, ancoradas nas orientações das instâncias de regulação supranacionais – UE, OCDE, etc. – cânone esse que tem por base um paradigma neopositivista, que nos remete para conceitos empresariais do início do século XX, de relação entre medida e eficácia, avaliação e eficiência, nos quais a democracia surge como uma espécie de excrecência descartável.

Esta ideia que o professor Licínio Lima deixou, para reflexão dos presentes, mas também como mensagem para uma regeneração das políticas de esquerda, foi para mim a ideia fulcral do debate: quando colocamos em confronto a Democracia e a Eficácia, a História tem-nos ensinado que é a democracia que fica sempre a perder.

PROFESSORES AO ENCONTRO DA NAÇÃO, DA SUA HISTÓRIA, DO SEU FUTURO

02 Quarta-feira Abr 2008

Posted by fjsantos in associativismo, cidadania, discussão pública, educação

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Depois de, no dia 8 de Março no Terreiro do Paço, terem dado uma resposta quantitativa à política píntica de sousa para a educação, os professores lançam no dia 25 de Abril entre Constância e Almourol um desafio qualitativo à Ministra da Educação e a este governo: Discutir seriamente o “estado a que isto chegou”, sem farsas do tipo das referências da ministra às “dificuldades das escolas em aplicar um decreto” ou a um “descontentamento” dos professores que “não querem” ou “têm medo” de ser “avaliados”— aqui as aspas são necessárias porque não se trata de avaliação do que realmente os professores fazem na escola nem de como a escola contribui para a formação de novas gerações.
Para isso, os professores do Núcleo de Sintra “Defende a Profissão”, associados na APEDE, convidam todas as associações e sindicatos, os núcleos de escolas e todos os professores empenhados na mesma luta pela dignidade da profissão e a qualidade da escola pública, a encontrarem-se no lugar central e simbólico que é a confluência do Zêzere e do Tejo, para comemorar o 25 de Abril com uma série de acções simbólicas em que seja celebrado o património natural e cultural, o bom cuidado que dele se faz e o que se lhe vai acrescentando, e em que sejam discutidos, em pequenos fórum, as verdadeiras questões da educação.

Onde as ásperas montanhas do Norte se encontram com as suaves colinas do Sul, e onde pelas águas em que navega a memória das caravelas se entra pelas terras em que correm os rios das nossas aldeias, há quatro anfiteatros abertos no espaço de poucos km, e solicitámos que nos sejam disponibilizados outros tantos espaços fechados; mas, se os meteoros nos forem favoráveis poderemos constituir inúmeros pequenos círculos de discussão nos verdejantes parques que o poder local dos municípios ribeirinhos tão bem tem vindo a arranjar e cuidar.
Estamos a organizar uma descida em canoas desde a barragem de Castelo de Bode até ao Castelo de Almourol, onde será feita uma evocação dos que contribuíram para um Estado em que este encontro é possível, recitando e cantando poemas, desde Camões até Pessoa, desde Zeca Afonso à voz viva de Manuel Alegre… e mais aquilo que a nossa imaginação e capacidade de realização for capaz no pouco tempo que temos para organizar este encontro.
Seguir-se-á uma concentração no Arripiado, onde os participantes poderão fazer um piquenique entre salgueiros ou em amplos relvados nas margens do Tejo. Existe um apoio com churrasco e poderão comprar, no local, bebidas, pão e frutas.

Oportunamente poderão conhecer, no blogue Defende a Profissão, mais detalhes sobre as actividades programadas, modalidades de acesso, locais e horas de concentração, procedimentos de inscrição. Acompanhantes de professores e convidados, eventualmente menos interessados em participar nos debates, poderão assistir a espectáculos ou participar em actividades recreativas organizados pelas autarquias, por grupos culturais e por empresas especializadas em actividades de desporto na natureza (para estas actividades é necessário fazer inscrição e contratação).

Convidamos ainda escolas profissionais, instituições de ensino superior e centros de investigação e de documentação que tenham meios de registo a participarem fazendo o registo audiovisual destes debates e actividades. Para dar um alcance e uma profundidade adequada ao desafio que as necessidades de educação nos coloca, convidamos também os eleitos locais, os que participaram nas movimentações militares de 25 de Abril, alguns políticos retirados, as associações de pais, as associações de estudantes, os professores universitários e outros intelectuais e artistas, assim como, todos os cidadãos mais interessados nas questões da educação, a estarem presentes e participarem nas celebrações e debates.

Estão a ser feitos alguns convites a presidentes de câmaras e assembleias municipais, e a professores universitários intelectuais e artistas para presidirem, animarem e moderarem os debates nos fóruns. Mas não se pretende dar solenidade aos debates. No essencial, o que se espera é que estes convidados contribuam o mais informalmente possível com o seu saber, a sua autoridade e a sua capacidade de reflexão, para debater, em pequenos círculos de algumas dezenas de pessoas, temas como os que abaixo são sugeridos (Acolheremos com agrado outras sugestões).

No caso de muitos convidados não estarem disponíveis para Sexta-feira 25 de Abril, mas estarem interessados em participar no Sábado, 26 de Abril, algumas actividades e os debates desdobrar-se-iam por Sexta e Sábado.

  • Educação e Desenvolvimento Social

(O estado da educação em Portugal e na Europa)

  • Importância estratégica da educação e do conhecimento da história

(O que se espera de um professor?)

  • Sentido emancipatório e função integradora/inclusiva da educação.

(Educação cívica, educação física e educação para a saúde)
(Qual o sentido da cidadania que se forma na escola/para que a escola orienta?)

  • Gestão da escola, democracia e regionalização

(O que é a “comunidade escolar”?)

  • Educação, Emprego e Promoção Social – Educação Cívica e Politécnica

(O que os diferentes sectores da sociedade esperam da escola?)

  • Educação, Cultura Artística e Património

(A escola pública pode ser um lugar de produção da cultura?)
(A temática do património ambiental e construído poderia dar lugar a um desdobramento noutro forum no Parque Ambiental em Sta Margarida, evocando Maria de Lurdes Pintassilgo)

  • Autonomia e desenvolvimento profissional

(Qual o papel das profissões, e do conhecimento, na sociedade?)

Sintra, 29 de Março de 08.
Para saber mais, consulte: Defende a Profissão

O esperado contra-ataque mediático vai aumentando

03 Segunda-feira Mar 2008

Posted by fjsantos in a bem da nação, comunicação, discussão pública

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Como é normal que aconteça, durante esta semana vamos assistir a um contra-ataque cerrado do governo em defesa da sua dama (as políticas de educação e não necessariamente a ministra), recorrendo a todos os meios.

Para além da actuação normal dos porta-vozes do partido e da juventude o PS irá socorrer-se de todos os auxílios, como é o caso dos comentadores encartados que proliferam nos meios de comunicação social e que, a troco de um prato de lentilhas, estão sempre prontos a defender o poder que lhes garante a sobrevivência.

É o caso do artigo de opinião assinado por um tal António Ribeiro Ferreira no Correio da Manhã de hoje sob o título «A senhora ministra». Este senhor, tal como o senhor João Marcelino, não faz a menor ideia dos valores que estão em causa no conflito entre governo e professores (porque o verdadeiro problema não é a ministra, mas sim as políticas e essas são do governo). No entanto não se coíbe de opinar e descarregar todo o fel que um fígado, por ventura mal tratado, consegue destilar.

Assim sendo, a expectativa em relação ao programa Prós&Prós de mais logo à noite não deve ser grande. No entanto, apesar de saber o que a casa gasta, resolvi enviar à apresentadora do programa mais um email, desta vez falando-lhe da desqualificação dos comentadores que têm acesso à TV, à Rádio e aos Jornais, ao mesmo tempo que lhe recordava que na semana passada lhe tinha enviado três mensagens e que ao longo do programa o seu discurso tinha demonstrado não ter lido, ou não ter percebido, ou não ter querido fazer a abordagem dos problemas neles levantados.

A ver vamos (como diria o cego) um pouco mais logo. No entanto, num país que tem alguns investigadores na área da Administração Educacional que têm obra publicada em Portugal e no estrangeiro e que são reconhecidos pelos seus pares a nível internacional (João Barroso, Licínio Lima, Manuel Sarmento, Almerindo J. Afonso, Natércio Afonso e tantos outros), sendo sistematicamente silenciados para que os suspeitos do costume sirvam mais do mesmo à audiência, o melhor será ir cedo para a cama que amanhã o toque de entrada é às 8h15.

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