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Tal como tinha sido anunciado aqui, no passado sábado dia 4, um pequeno grupo de professores de Educação Física juntou-se na Voz do Operário, para debater algumas questões relacionadas com o exercício da profissão na escola pública que existe.
Por razões que são do domínio pessoal de quem disse que estaria presente e depois acabou por não comparecer, juntámo-nos oito professores e acabámos por passar um sábado gratificante pela conversa, pela troca de ideias e pontos de vista nem todos coincidentes, pelo belo almoço e, sobretudo, porque ficámos com vontade de repetir a experiência, aproveitando para corrigir o que considerámos que pode ter condicionado uma menor participação.
Sobre a longa conversa, que decorreu de um modo completamente informal, o que ficou de mais importante foi o consenso sobre a importância fulcral das actividades de Expressão e Educação Física e Motora no desenvolvimento da gramática motora das crianças.
A partir desta constatação ficou claro para os presentes que é necessário fazer pressão junto das associações da classe – SPEF e CNAPEF -, bem como junto dos sindicatos de que cada professor é membro, no sentido de exigir que o tempo de prática de actividades físicas sob orientação e supervisão de profissionais habilitados seja igual desde o 1º ciclo até ao final do ensino secundário. Um dos aspectos que sobressaiu como negativo foi o facto de o tempo curricular previsto no 1º ciclo ser metade do que está previsto no ensino secundário e ser também inferior ao previsto no 2º e 3º ciclo.
Outro dos aspectos considerados como extremamente negativos para o desenvolvimento da Educação Física Escolar prende-se com a aplicação prática do conceito de escola a tempo inteiro, conjugado com as condições em que se desenrolam as AEC’s, em particular com o facto de estas actividades estarem a servir para substituir a componente curricular de Expressão e Educação Físico-Motora que está consagrada nos programas do 1º ciclo.
De resto foi referido por alguns dos participantes neste encontro que este ano, quando começaram a chegar ao 5º ano os primeiros alunos que tiveram AEC’s com a componente de actividades físicas e desportivas desde o 1º ano, se nota um grave abaixamento das competências motoras das crianças e, ainda mais grave, uma tendência alarmante para o desrespeito pela norma e pelas regras de funcionamento da disciplina de Educação Física, sendo frequentes casos de alunos que se recusam a obedecer às ordens do professor porque querem brincar e transformar o ginásio num espaço de recreio e o tempo de aula num tempo de jogos com os amigos.
Relativamente ao Desporto Escolar constatou-se que o despacho que regula esta actividade foi concebido com a intenção clara de induzir uma diminuição do número de horas a atribuir e o número de horários necessários, o que se traduzirá numa redução de professores contratados. De acordo com um dos colegas que nos últimos anos tem tido responsabilidades no sector ao nível de uma DRE haverá no mínimo uma redução de 100 horários. Esta contas são feitas apenas pela aplicação da redução de uma hora para cada grupo equipa com quadro competitivo. No entanto é possível que a diminuição venha a ser muito maior, uma vez que não é líquido que todos os professores aceitem essa redução, o que poderá fazer diminuir muito o número de grupos equipa inscritos.
Acresce que o facto de ter sido dado um prazo muito curto para que as escolas apresentassem os seus projectos para o ano de 2011/12 pode levar a que nem todas o tenham feito a tempo, correndo o risco de virem a ficar sem crédito horário a partir de Setembro.
Falou-se também das questões ligadas com os cursos técnico-profissionais, tendo ficado clara a ideia de que se verifica a tendência de retirar às escolas as condições para a manutenção desta via, procurando-se um maior protagonismo do Instituto de Emprego e Formação Profissional no sentido de privilegiar iniciativas de carácter privado.
No final do dia o sentimento que sobressaiu foi de que se tratou de uma conversa útil para todos os participantes e acordámos agendar novo encontro para Setembro/Outubro, procurando a partir desta iniciativa promover uma espécie de “Tertúlia da Educação Física e Desportiva” em que aos poucos se possam encontrar mais amigos e colegas preocupados com a disciplina, mas sobretudo com a educação motora e desportiva da juventude.