(Re)Flexões

~ Defendendo a Cidadania

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Category Archives: coreografias

do presidente-monarca

11 Sexta-feira Mar 2016

Posted by fjsantos in coreografias, líder forte

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Combate político, Estratégia

Daqui a cinco anos poderemos confirmar se a Marcelo se poderá aplicar o cognome de “presidente-sol”, qual Luís XIV deste Portugal do séc. XXI.

Para já, tudo o que temos é um novo estilo que procura romper com o passado recente, ao mesmo tempo que tenta recuperar os traços de proximidade e popularidade que marcaram a presidência de Soares, nomeadamente no primeiro mandato, e o aproximaram da figura “paternal” dos monarcas mais condescendentes e amados pelo povo.

Se todo o longo processo de construção de imagem, com mais de uma década de “conversas em família” semanais, foi aprofundado na pré-campanha e na campanha eleitoral, as festividades da entronização (estendidas por três dias) são um exercício perfeito que completa o retrato.

Desde o corte radical com a imagem de Cavaco, a que não faltou um elogio sarcástico e assassino, até ao simbolismo do anúncio das primeiras visitas presidenciais, tudo foi “cenarizado” ao milímetro.

Marcelo conhece muito bem o povo português e a massa de que é feita a maioria. Sabe como gostamos de ver exaltados os “feitos” do povo, sempre representado pelos “heróis” provindos de linhagem certificada. Por isso destacou no seu discurso o “milagre” de Ourique, a par da saga dos descobrimentos e das alusões ao V império pessoano.

Marcelo, querendo ficar na História como um presidente-rei amado pelo povo, sabe que precisa de apagar as suas origens partidárias (que não ideológicas), porque os reis não se filiam em partidos. Por isso, no seu discurso procurou ser abrangente e equidistante no que diz respeito às questões concretas do quotidiano político, mas não foi capaz de evitar o seu comprometimento com a europa, o euro e a nato.

Marcelo, assumindo em pleno a sua função de primeiro magistrado e representante do Estado, quis fixar simbolicamente as suas prioridades internacionais. Não por acaso, mas curiosamente respeitando o simbolismo do percurso, Marcelo fará a sua primeira viagem a Roma, onde confirmará a relação privilegiada dele e de Portugal com a ICAR. E no regresso à pátria cumprimentará o monarca espanhol, agora legitimado pelo reconhecimento papal. Só depois viajará para países “terceiros” começando, também simbolicamente, pela “sua” CPLP (Moçambique onde, durante o mandato do seu pai como governador-geral do colonialismo, foi feliz na juventude).

Marcelo, querendo consolidar a figura paternal e de proximidade , decidiu dar “circo” ao povo e ofereceu um concerto musical à população da capital, ao qual assistiu rodeado por criancinhas, de boné e manta nas pernas, assumindo a figura do avô simpático e carinhoso.

Marcelo, querendo mostrar uma visão abrangente do país, conclui as festividades ao terceiro dia com um simbólico reconhecimento do baronato do norte, inaugurando uma exposição sobre uma figura consensual da mui leal, sempre nobre e invicta cidade, a que se seguirá mais música de cariz popular e urbano.

Tudo isto é legítimo, tudo isto é popular (eventualmente popularucho, mas isso são outros quinhentos) e tudo isto é infinitamente melhor do que a distância, a teimosia e a arrogância de Cavaco. Mas nada disto é destituído do perigo de um unanimismo que poderia conduzir-nos à aceitação de um Marcelo absoluto, capaz de “resolver” com bonomia os problemas do povo, mas resvalando para os tiques do “estado-sou-eu” porque alegadamente os resolve.

O desejo de vingança dos órfãos do “24 de abril”

02 Sexta-feira Nov 2012

Posted by fjsantos in coreografias, neo-conservadorismo, neo-liberalismo

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demagogia, hipocrisia

A direita portuguesa, que em Abril/Maio de 1975 fugiu para o Brasil e para Espanha, entrou na fase final do seu projeto de restauração do país pobrezinho mas honrado.

Com a aprovação do OGE 2013, que não tem a menor possibilidade de ser executado, a farsa está a chegar ao fim em forma de tragédia. Os tempos de entrada em palco estão cronometrados, não ao segundo mas ao dia e mês, sabendo-se que em fevereiro do próximo ano a 7ª avaliação da troika irá declarar mais um desvio colossal dos objetivos fixados.

É à luz deste desenvolvimento que temos que entender a cena do apoio técnico à revisão da despesa pública em que está empenhada a equipa do FMI, coadjuvada por um técnico do BM. Trata-se de pura encenação coreográfica destinada à definição das orientações finais para o golpe de estado contra a Constituição da República Portuguesa, que está em execução pelas mãos de Passos Coelho e Vítor Gaspar.

Tanto o 1º ministro como o ministro da finanças e restantes comparsas com assento no conselho de ministros sabem, com precisão, o que querem e têm que fazer: rasgar a constituição e acabar com a escola pública, o serviço nacional de saúde e a segurança social, entregando todos esses serviços públicos ao livre arbítrio dos mercados.

Os detalhes técnico-legislativos necessários para a execução deste plano de vingança contra o 25 de Abril são do conhecimento total do chefe do executivo e dos seus íntimos no governo. O recurso aos técnicos do FMI e do BM surge aqui apenas como um elemento coreográfico, destinado a dar credibilidade técnica à decisão política tomada há longos meses atrás, sobretudo numa altura em que a credibilidade técnico-científica do ministro Gaspar foi por água abaixo, o rigor científico da inevitabilidade do memorando da troika se esfumou e a legitimidade política de Passos Coelho e Paulo Portas anda pelas ruas da amargura.

Pela boca morre o peixe, ou de como um “lapsus linguae” esclarece o desejo da rãzinha se transformar em boi

30 Segunda-feira Jul 2012

Posted by fjsantos in coreografias

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movimentos "inde"pendentes

«Mas também não se vai prescindir do espaço ganho… Quem se incomoda connosco, está lixado.»

(Re)Flexões

Uma rã viu uma vaca. E achou linda, aquela vaca.

– Como ela é gorda! – dizia ela. – Como ela é grande! Eu sou muito pequena, coisa mais chata! Ah, eu queria tanto ser gorda como a vaca!

Aí a rãzinha começou a comer o máximo que conseguia para ver se ficava gorda, gorda como a vaca!

Às vezes ela nem sentia fome, mas comia assim mesmo e falava para a irmãzinha rã:

– Preste bem atenção, minha irmã, me diga se estou engordando, me diga se fiquei tão gorda quanto à vaca!

– Que nada! Você não é gorda como a vaca.

A rãzinha comeu mais ainda, e engordou bastante; quase nem conseguia mais saltar.

– E agora, já estou tão gorda quanto à vaca?

– Que nada! Você não é gorda como a vaca. Você é bem menor. Nunca na vida você vai ser tão gorda quanto…

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Cortar na despesa vs aumentar a receita

07 Sábado Jul 2012

Posted by fjsantos in comunicação social, coreografias, equívocos

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Rigor

Vai hilariante a discussão sobre a diferença entre o salário de um servidor público e o salário de um servidor de patrão privado.

Meter a mão no bolso do primeiro, através do confisco de 15% do seu salário anual é, do ponto de vista orçamental, cortar na despesa; Confiscar mais uma percentagem do salário do segundo, através da aplicação de uma taxa (sobre, ou não) é, do ponto de vista orçamental, aumentar a receita.

O assalariado do setor público é alguém que vende a força do seu trabalho e/ou o seu conhecimento a uma entidade pública, que existe para prestar um serviço à comunidade; o assalariado do setor privado é alguém que vende a força do seu trabalho e/ou o seu conhecimento a uma entidade privada, que existe para gerar lucro e proporcionar rendimento(s) ao patrão e/ou acionistas.

Ambos vivem do valor do seu trabalho, mas para o orçamento, para os “expertos” em economia, para os comentadores e jornalistas alinhados com o pensamento hegemónico, o salário dos primeiros é despesa e o dos segundos é receita. Embora quando colocamos os óculos dos patrões privados nos pareça que devia considerar-se o contrário.

Toda esta discussão assumiu agora proporções mais dilatadas porque o TC não percebeu a diferença entre “salário despesa” e “salário receita”, declarando que o governo só pode confiscar salários se for a todos, sendo inconstitucional arrecadar os “salários despesa”, sem arrecadar também os “salários receita”.

No meio desta trapalhada, que só não considero mais hilariante porque a perda de 14% do meu rendimento anual é demasiado trágica, não vejo ninguém disposto a esclarecer o governo, a “oposição responsável” que se costuma abster violentamente, os “expertos” em economia, os comentadores e jornalistas alinhados com o pensamento hegemónico, que além dos “salários despesa” existem muitas outras rubricas do OE na coluna das despesas:

  • as rendas excessivas, nas PPP’s, identificadas pelo Tribunal de Contas e pela troika estrangeira;
  • o serviço da dívida que é suportada pelo estado e que foi contraída para engrossar os lucros dos grupos financeiros e da distribuição, em que se acumulam as fortunas das famílias tradicionais que exploram o país desde os tempos da monarquia;
  • os ajustes diretos de consultoria, com que escritórios de profissionais liberais compõem as suas rendas, alegadamente para prestar serviços que muitos profissionais qualificados, existentes na função pública, poderiam prestar sem acréscimo do respetivo “salário despesa”.

Estes são apenas alguns pequenos exemplos de como é possível (e desejável) cortar na despesa do estado, tornando o orçamento mais equilibrado, sem com isso roubar os funcionários públicos ou taxar mais os trabalhadores de qualquer um dos setores. Assim haja vontade política que, no entanto, tem que se induzida pela pressão da população. É por isso que mais do que nunca, o que é preciso é avisar a malta.

Inevitável é só quando alguém (neste caso a Fne) baixa as calcinhas…

29 Quinta-feira Mar 2012

Posted by fjsantos in acção pública, coreografias

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Rigor, sindicalismo docente

Usando o direito à negociação suplementar, a FENPROF conseguiu algumas alterações (significativas) às “inevitabilidades” acordadas pela “Fne&Associados”, no que ao diploma dos concursos diz respeito.

Para os “arautos” do bom acordo conseguido pelos amigos do Crato aqui fica o que já foi melhorado:

http://www.fenprof.pt/?aba=27&mid=115&cat=94&doc=6193

Uma mão cheia de nada e a outra de mais do mesmo

13 Sábado Ago 2011

Posted by fjsantos in accountability, administração educacional, coreografias

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ADD, sindicalismo docente

Dando cumprimento ao que tinha prometido – embora recorrendo ao truque conhecido de que o dia 12 só termina às 23:59:59, Nuno Crato lá entregou aos sindicatos de professores a tão esperada proposta de ADD totalmente anti-kafkiana e anti-burocrática que anunciara pomposamente.

Como já ficou claro em posts recentes, deste ministro não espero nada de consistente e estruturado em matéria de defesa da escola pública de qualidade para todos e de defesa dos direitos dos professores. Se algo o separa das políticas educativas dos governos socialistas não é certamente a primeira parte do mandato de Maria de Lurdes Rodrigues. Talvez o estilo mais risonho e simpático, que lhe dá maior impacto mediático e facilita a passagem de uma mensagem populista.

Assim sendo, poderei dizer que a proposta apresentada corresponde em traços gerais ao que sempre imaginei que ele e a sua equipa seriam capazes de produzir – uma cópia maquilhada da versão ADD simplex de 2009.

Sem prejuízo de uma eventual análise artigo a artigo, que não me parece muito pertinente neste blogue, a apreciação global que faço é a seguinte:

  • Verifica-se a manutenção de um equívoco (agora agravado pela explicitação conjugada do articulado nas alíneas a) e b) do nº1 do art. 5º, com o articulado do art. 28º) do conceito de ciclo avaliativo como uma unidade de tempo de 4 anos comuns para todos os professores. É que, quando e se houver lugar ao descongelamento das progressões, cada professor transitará ao escalão seguinte em função do tempo de serviço que tenha transcorrido desde a sua anterior mudança de escalão, depois de descontado o tempo comum a todos que é o do actual congelamento.
  • Do mesmo modo, eventuais futuras entradas nos quadros não se verificarão apenas de 4 em 4 anos e no início dos ciclos avaliativos previstos no art. 28º, mas sempre que haja lugar ao preenchimento de um lugar que confira acesso à carreira. O que significa que os novos professores também terão ciclos avaliativos diferentes.
  • Daqui decorre que o estabelecimento das quotas (agora rebaptizadas de percentins no nº 2 do art. 22º) deverá ocorrer anualmente e não de 4 em 4 anos, de modo a que em cada ano os professores que terminam o seu próprio ciclo avaliativo sejam ordenados de acordo com as regras definidas no mesmo artigo.
  • O que significa que todos os anos deverá haver lugar aos respectivos procedimentos de avaliação.
  • O documento apresentado é fértil em renomeações dos conceitos herdados do modelo anterior.
  • É o caso do art. 6º que baptiza os objectivos de escola como parâmetros estabelecidos pelo CP, do art. 12º que recupera a secção de avaliação do CP em substituição da CCAD ou do art. 22º que transforma quotas em percentis.
  • Por outro lado não se percebe a insistência nas menções de Excelente e de Muito Bom, que aparecem associadas à noção de percentil e remetem para o reconhecimento do mérito tão acarinhado pela dupla Maria de Lurdes Rodrigues/José Sócrates, quando o art. 3º não inclui nos objectivos deste modelo essa distinção.
  • De resto este art. 3º, que era prometedor ao não considerar essa distinção meritocrática, contém uma redundância entre o seu nº1 e nº2, na medida em que as necessidades de formação dos professores só podem ser identificadas (e como tal decorrem) em função da avaliação do desempenho. De resto, é essa  a função da avaliação e não a de distinguir o mérito ou ordenar os professores de acordo com uma classificação de serviço.
  • O art. 4º e o art. 7º afloram uma das questões chave para solucionar o problema da ADD, que é a separação entre avaliação interna e avaliação externa, entregando-as a corpos de avaliadores distintos.
  • No entanto, o facto de não se prever a renegociação do modelo de gestão mantendo os poderes discricionários do director, que continua a escolher o CP e a ter a última palavra na atribuição das classificações, não oferece garantias de justiça e equidade ao processo.
  • A isto acresce o facto de se atribuir ao conselho geral a função de recurso, naquilo que corresponde a um esvaziamento dos poderes das DRE’s. Sabendo-se das relações de interdependência entre os titulares destes dois órgãos de gestão não parece adequada a fixação da instância de recurso neste nível local.
  • Finalmente, o art. 23º e o art. 27º introduzem duas novidades. O primeiro ao estabelecer uma definição de critérios de desempate centralizada retirando, neste aspecto, autonomia ao local; o segundo ao constranger, de forma clara, a possibilidade de os árbitros tomarem decisões favoráveis aos recorrentes.
Resumindo, poderei dizer que este modelo é uma reciclagem sofrível dos simplexes de má memória, agravado pela forma inequívoca e escandalosa como se divide para reinar, isentando os antigos titulares de qualquer avaliação no art. 20º.
Também aqui se percebe a forma capciosa como Nuno Crato procura, num registo populista, captar aliados onde antes o fez Maria de Lurdes Rodrigues – oferecendo-lhes benesses.

Dia 27 veremos a seriedade do PSD e CDS sobre o fim da ADD

17 Domingo Jul 2011

Posted by fjsantos in ética, coreografias

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ADD, Rigor, sindicalismo docente

Os projectos de lei do PCP e do BE vão ser discutidos e votados na globalidade no próximo dia 27 de Julho (quarta-feira).

O agendamento foi decidido pela conferência de líderes, por iniciativa do PCP.

Ainda ontem, em conversa com o deputado Miguel Tiago, confirmei que houve todo o cuidado do grupo parlamentar deste partido em expurgar do projecto de lei as questões que suscitaram o anterior chumbo do Tribunal Constitucional, que tinham resultado do entendimento que não se estava a cumprir o princípio da separação de poderes.

Quanto à referência à revogação da legislação regulamentar da avaliação, que surge no artigo 3º e que alimentou de imediato as críticas da blogosfera docente especializada em matéria constitucional, a explicação que me foi dada foi de que ao revogarem-se os artigos do ECD referentes à avaliação essa legislação regulamentar fica desabilitada.

Nessas circunstâncias, tal como há dias referi numa resposta ao Mário Machaqueiro da Apede, a decisão de cada grupo parlamentar votar a favor ou contra a proposta do PCP é exclusivamente de ordem política. De resto e uma vez que o projecto de lei vai ser votado na especialidade, se os partidos que sustentam o governo tiverem a menor dúvida quanto à legalidade da norma que tanto incomoda alguns bloguers, basta que aprovem o projecto e o deixem passar à comissão especializada onde poderão “afinar” o texto, demonstrando a coerência das intenções manifestadas em Março antes dessa coisa comezinha que são “os votinhos”.

Sem dúvida que as boas iniciativas devem ser replicadas…

23 Quinta-feira Jun 2011

Posted by fjsantos in coreografias

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Combate político

… claro que também convinha que quem as replica não se esquecesse de enunciar a fonte inspiradora. Mas isso é pouco importante quando o que está em causa é propor um outro modo de encarar as inevitabilidades.

Assim, a Assembleia da República recomenda ao Governo:

1. Renegociação imediata da dívida pública com os credores do Estado português que deve ser formalmente solicitada pelo Governo no prazo máximo de trinta dias e que deve assegurar as seguintes condições:

(i) A realização prévia de uma avaliação formal, completa e rigorosa da dimensão da dívida, identificando a sua origem e processo, bem como, a natureza e tipo de credores, e a determinação da sua previsível evolução, com e sem renegociação, a levar a efeito, no prazo máximo de quinze dias, pelo Ministério das Finanças em conjunto com o Banco de Portugal, com a apresentação dos resultados à Assembleia da República;
(ii) Um serviço da dívida que, pela renegociação dos seus montantes, prazos e taxas de juro, seja compatível com um crescimento económico pelo menos da ordem dos 3%, admitindo para o efeito a determinação de um período de carência a definir e a indexação do valor dos juros a pagar anualmente com esse serviço da dívida, a uma percentagem das exportações anuais previamente fixada;
(iii) A salvaguarda da parte da dívida dos pequenos aforradores – certificados de aforro e certificados do Tesouro – (dívida dita não transaccionável) e daquela que está na posse do sector público administrativo e empresarial do Estado, que não será assim objecto da renegociação, assegurando-lhes o cumprimento das condições contratadas;
(iv) A garantia da liquidez do Estado português na assumpção dos seus compromissos e obrigações de curto prazo, através de soluções como a transformação de títulos detidos por instituições públicas aplicados no estrangeiro em obrigações e títulos de dívida.
(v) No âmbito do empréstimo do FMI e da UE, recusando qualquer tipo de ingerências ou imposições políticas, a reconsideração dos prazos, das taxas de juro e dos montantes.

2. Ofensiva diplomática e negocial:

Uma forte iniciativa política do Estado português que recuse a submissão do país aos interesses das grandes potências da UE e do grande capital e afirme a defesa intransigente dos interesses e da soberania nacional com:

(i) A intervenção junto de outros países que enfrentam problemas similares da dívida pública – Grécia, Irlanda, Espanha, Itália, Bélgica, etc. – visando uma acção convergente neste processo destinada a barrar a actual espiral especulativa e a construir uma resposta de fundo à situação de estrangulamento económico e social dos seus países
(ii) a revisão dos estatutos e objectivos do BCE e a assumpção de um papel mais activo do BEI no apoio ao investimento público;
(iii) a substituição do Pacto de Estabilidade e Crescimento e da Estratégia 2020 por um programa para o Emprego e o Progresso, com a adopção de medidas que visem o crescimento económico, a criação de emprego e a melhoria dos salários;
(iv) o questionamento do processo e das consequências para os povos que envolvem o Euro e a União Económica e Monetária e a política seguida pelo Banco Central Europeu.

3. Diversificação das fontes de financiamento:

Uma política activa de “renacionalização” e de diversificação externa das fontes de financiamento que inclua:
i) a emissão de dívida pública junto do retalho português, adequadamente remunerada a curto, médio e longo prazo, retomando no prazo máximo de trinta dias uma reforçada política de emissão de Certificados de Aforro e do Tesouro, através da criação de condições mais atractivas à sua aquisição por parte das famílias e que possa incluir a criação de outros instrumentos vocacionados para a captação de poupança nacional;
ii) o desenvolvimento de relações bilaterais internacionais, na procura de formas mais vantajosas de financiamento, associada a uma política de diversificação também das relações comerciais, mutuamente vantajosas, com outros países designadamente de África, Ásia e América Latina.

4. Reequilíbrio das contas públicas:

A consolidação das finanças públicas, liberta dos constrangimentos do PEC, tendo como objectivo a sustentabilidade da dívida pública no médio e longo prazos e a articulação da gestão orçamental com o crescimento económico e o desenvolvimento social deve ser concretizada face aos problemas de liquidez da Tesouraria Pública no curto prazo, através de um conjunto de medidas urgentes, do lado das Despesas e do lado das Receitas, entre as quais:
(i) a reavaliação do conjunto das PPP, a concluir no prazo máximo de trinta dias, envolvendo o Ministério das Finanças, os ministérios de tutela, o Tribunal de Contas e o Banco de Portugal, visando, de acordo com o respectivo apuramento, a renegociação ou a cessação de contratos que se mostrem ruinosos;
(ii) a extinção imediata do conjunto de entidades ditas reguladoras e a inclusão das suas missões como responsabilidade de departamentos da Administração Central;
(iii) a não renovação dos contratos de serviços externos de estudos e consultadorias em curso e a proibição total do seu estabelecimento futuro salvo em casos excepcionais e devidamente fundamentados;
(iv) a cessação das missões das forças armadas portuguesas destacadas no estrangeiro.
(v) a aplicação de uma taxa efectiva de IRC de 25% ao sector financeiro, e a introdução, até final de Julho, de uma mais justa tributação do património, da taxação em IRC das mais valias bolsistas alcançadas pelas SGPS, a criação de um imposto sobre as transacções financeiras registadas em bolsa e a tributação dos capitais colocados em off-shores.

5. Aumento da produção nacional, contendo as importações e fazendo crescer as exportações:

Uma política de defesa e promoção da produção nacional, produzindo cada vez mais para dever cada vez menos, com um vasto programa de substituição de importações por produção em Portugal que implica, entre outras medidas:
(i) o reforço do investimento público virado para o crescimento económico com uma aposta efectiva na agricultura e nas pescas, a par de um programa de industrialização do país;
(ii) a valorização do mercado interno com o aumento dos salários (incluindo do SMN no plano imediato para 500€ e das pensões em 25€) e dos rendimentos da população (repondo prestações sociais entretanto retiradas como o abono de família) a par do combate à precariedade e ao desemprego;
(iii) a adopção de um quadro de emergência de controlo da entrada de mercadorias em Portugal e de apoio às exportações.
(iv) a obrigatoriedade de incorporação de uma percentagem de produção nacional nos produtos vendidos no sector da grande distribuição.
(v) o apoio às micro, pequenas e médias empresas (MPME) com imposição de preços máximos dos factores de produção (crédito, seguros, energia, telecomunicações, portagens, etc) e a disponibilização de financiamento público renegociando o PRODER, o PROMAR e o QREN nos próximos 60 dias;
(vi) a defesa e reforço do sector empresarial do Estado nos sectores básicos e estratégicos da economia e a adopção de uma política onde as empresas e instituições públicas – no plano dos seus investimentos, consumos, parcerias, etc. – privilegiem o aparelho produtivo nacional.

Assembleia da República, em 21 de Junho de 2011

A ficção sobre a existência de “outro” PS

27 Domingo Mar 2011

Posted by fjsantos in coreografias, equívocos, esquerda

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Combate político

Apesar das evidências sobre a natureza do PS existe um grande número de portugueses que vive à procura de um outro PS emergindo, não do nevoeiro como el-rei Sebastião, mas das profundezas da vil tristeza em que se apaga o país.

Quem assim pensa acredita, genuinamente, nas suas convicções “de esquerda”. Velhos republicanos, gente que serviu a causa pública e foi educada no rigor e nos princípios da solidariedade, ou até jovens a quem é dito que o partido socialista é o grande defensor da liberdade e da democracia, apesar da liderança que tem.

Ainda há pouco, ao ler mais um post do meu amigo Paulo Prudêncio em que faz referência a “este PS”, dei por mim a recordar alguns dos momentos decisivos dos últimos 35 anos e a forma como desde então o PS nos tem vindo a trazer para o estado em que estamos.

Goste-se ou não, acredite-se ou não, a verdade é que desde o início da revolução que o PS, e a sombra tutelar de Mário Soares, nos foram atirando para os braços do capital.

Ainda durante o processo de descolonização a forma como a dupla Mário Soares/Frank Carlucci retiraram de Angola e Moçambique a quase totalidade dos quadros, que podiam assegurar a transição para a independência com alguma ordem e tranquilidade, colocando na “metrópole” mais de meio milhão de votantes anti-comunistas, foi um verdadeiro golpe de mestre(s).

Também por essa época a associação de Mário Soares a Sá Carneiro, para combater a CGTP, consubstanciou-se mais tarde na criação da UGT. Desta vez com o apoio financeiro e ideológico do sindicalismo reformista alemão.

Ainda com Mário Soares, e metido o socialismo na gaveta (de onde não voltou a sair a não ser para propaganda eleitoral), decidiu o PS que devíamos aderir à Europa e que devíamos abandonar os sectores primário e secundário da produção nacional, pois o destino do Portugal europeu era ser um “prestador de serviços”.

É certo que quem concretizou o desmantelamento da frota pesqueira, do sector agrícola nacional e da indústria pesada (siderurgia, metalo-mecânica, etc.) já foi Cavaco Silva. Mas não é menos certo que o fez sob a supervisão e a magistratura de influência de Soares.

O senhor que se seguiu foi Guterres, para quem não se lembra um católico tão praticante como o próprio Cavaco. Um pouco titubeante e dado “à negociação”, mas sempre mais cordato com os donos do dinheiro do que com quem vive da força do trabalho.

Até que chegámos a Sócrates. Convém também recordar que não foi “este PS” que o elegeu em 2004, porque nessa altura o PS ainda não era “este”.

E o PS que elegeu Sócrates em 2004 fê-lo porque queria um chefe autocrático, que ao contrário de Guterres decidisse em vez de negociar. Resolvido esse problema de liderança no PS, o PR da altura (do PS) apressou-se a despedir o primeiro ministro que tinha empossado alguns meses antes, provocando a saída da liderança de uma das últimas esperanças da “esquerda do PS”.

Também para chegar à conquista do país, aquele que hoje é considerado como o causador do descalabro “deste PS” contou com o apoio entusiasmado das figuras de referência do “outro” PS. Aquele PS que, para quem não se consegue libertar da ficção, mantém a aura do grande partido da esquerda portuguesa.

É por isso que, para bem do futuro da esquerda portuguesa, a vitória por aclamação (quase por unanimidade) de Sócrates pode abrir um horizonte de esperança de que todo o partido se afunde com ele em tempo não muito longínquo.

Ele há coreografias e coreografias…

06 Domingo Fev 2011

Posted by fjsantos in coreografias

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a arte da guerra, Estratégia, luta sindical

… como qualquer bom coreógrafo devia saber mas, mesmo sabendo, prefere ignorar se isso lhe permitir continuar a malhar no seu alvo preferido.

Como o “malhador” sabe por certo, 3R’s, MEP e Acheta domesticus são contas de um mesmo rosário, mesmo quando aparentam ser coisa diferente. Acontece que a agilidade de uns, associada à resiliência de um outro, se completa com a inside information garantida por um terceiro e, dessa forma, é sempre possível “promover” lutas empolgantes e iniciativas abrangentes, ignorando olimpicamente quem as promoveu e as financia e organiza.

Curiosamente, desta vez a pythia não se apercebeu da encenação

Correio Electrónico!

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