As declarações do secretário de Estado Jorge Pedreira, após as reuniões com os representantes sindicais dos professores realizadas ontem, são extremamente esclarecedoras do papel que os “srs. directores” desempenham nesta guerra entre os professores e o ministério da educação.
Há vários anos que venho repetindo, no meu círculo de amigos e nas coisas que vou escrevendo em diversos fóruns, que a “gestão democrática” não passa de um mito.
Ao contrário do que os biltres que nos mídia se entretêm a enxovalhar os professores afirmam, o auto-governo das escolas começou a ser desmantelado em 1976 e há quase duas décadas que se começaram a instalar nas escolas verdadeiros delegados do governo, ou no mínimo marionetas dos directores regionais de educação.
Evidentemente que, num universo de alguns milhares de membros de conselhos directivos/executivos e de conselhos pedagógicos, é possível encontrar exemplos de gente muito digna e que apesar de em muitos casos já não dar aulas há mais de uma década, continua a saber honrar a sua profissão de origem. Conheço muitos e a esses dou os meus parabéns e a minha solidariedade, como é caso de todos os órgãos de gestão das escolas em que o processo de avaliação está parado.
Mas infelizmente há todos os outros. Há aquela presidente do agrupamento de Leiria que pariu uma ficha de avaliação pidesca. Há a outra presidente de uma escola que em plena sala de professores chamou estúpidos aos colegas por se oporem às ilegalidades que ela está a cometer em nome do ministério. Há todos os outros presidentes que perseguem colegas, por divulgarem as fichas que vão sendo produzidas contra as providências cautelares aceites pelos tribunais.
Esses são os candidatos a director que, se o decreto sobre a gestão for promulgado e posto em prática, constituirão o exército de pequenos ditadores com que os governos querem “quebrar a espinha” aos professores que resistem.