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Quatro meses depois das eleições legislativas, o governo do PS, que a direita portuguesa e os falcões europeus abominam, conseguiu apresentar um orçamento que muito provavelmente será aprovado e entrará em vigor após mais algumas rectificações, a introduzir no debate na especialidade.

Embora toda a gente saiba que é o orçamento de um governo do PS e que o apoio crítico que lhe é dado pelo PCP, pelo PEV e pelo BE não o transformam num orçamento de um governo de esquerda, o ataque ideológico da direita é cerrado e recorre a todo o arsenal disponível.

No que respeita aos conteúdos desse ataque,  a direita vai da deturpação de propostas e intenções, à mistificação na interpretação das iniciativas, até recorrer à mentira pura e dura para levar a água ao seu moinho.

É assim que os escribas e comentadores da direita não se cansam de falar em “frente de esquerda”, governo dependente da “extrema esquerda” e outros mimos afins. E de caminho inventam a “austeridade de esquerda” como forma de se auto-convencerem de que a “sua” europa, a “sua” comissão e a “sua” troika puseram os “usurpadores” na ordem.

Mas, tratando-se de uma “narrativa” previsivelmente esgotada e a que a generalidade da população já não liga, os estrategas da campanha sentem a necessidade de passar a uma nova fase.

Num primeiro momento o ataque foi liderado e executado pelos oficiais superiores desta tropa fandanga. E foi ver Passos Coelho, Paulo Portas, Montenegro e Magalhães desdobrando-se no ataque inconsequente à legitimidade de Costa governar, ou de Jerónimo e Catarina apoiarem o governo do PS.

Nessa fase foram chamados à liça os pesos pesados do comentário mediático e lá surgiram os inevitáveis Marques Mendes, José Gomes Ferreira, Medina Carreira, José Manuel Fernandes, Helena Matos, Rui Ramos, Paulo Ferreira, David Dinis e António Barreto. Numa segunda linha surgiram nomes como Alberto Gonçalves, António Ribeiro Ferreira, Vítor Rainho e alguns idiotas úteis como José Rodrigues dos Santos.

Na fase actual, com os partidos pafistas em remodelação cosmética que passa pela evolução na continuidade de Passos Coelho, agora “social-democrata para sempre”, e na renovação da liderança de Portas, por “interposta Cristas”, o nível da campanha precisa de diminuir na excitação, embora não possa deixar de intervir, sobretudo na influência a desenvolver junto de grupos-alvo bem definidos.

Um desses “targets” é, sem dúvida, o “cluster” da educação e o grupo profissional que se auto-intitula como a “classe mais qualificada”, embora seja a politicamente mais desinformada e analfabeta.

É verdade que o OGE na área da educação não consegue uma forte inversão das políticas anteriores, cujos erros e malfeitorias remontam ao consulado de Maria de Lurdes Rodrigues e à sua demanda de uma Nova Gestão Pública do Sistema Educativo.

É assente nesta incapacidade que vai surgindo, no seio do grupo profissional dos professores, um sentimento de incompreensão e desalento. Sentimento que já começou a ser explorado pelos arautos do “inconformismo docente”, de que o moço que trocou o umbigo pelo quintal é apenas um “ponta de lança” (a precisar de perder peso, diga-se), quiçá uma espécie de “testa de ferro” ao serviço de alguns amigos com quem se sentou(a) para jantar ou conviver em tertúlias blogosféricas.