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Passou uma semana e o PS reuniu com todos os outros partidos que têm representação parlamentar.
Da parte da coligação de direita, que se apresentou como se apenas de um partido se tratasse, não ouviu nenhuma proposta sobre o que estariam dispostos a “oferecer-lhe”, nem soube que condições são exigidas para que Passos possa cumprir a exigência de Cavaco: “ESTABILIDADE”.
Da parte dos partidos à sua esquerda a delegação recebeu um conjunto de propostas e temas que PCP, PEV e BE consideram necessárias para termos um governo de esquerda que mereça o seu apoio.
Nenhum destes partidos exigiu a respectiva participação no governo, nem a violação de tratados internacionais, mesmo daqueles que merecem o seu desacordo. Apenas pediram a António Costa e ao PS que se mostre disponível e disposto a apresentar um governo e um programa, que respeite os direitos dos trabalhadores e se comprometa a repor salários e pensões, bem como a defender o SNS a Escola Pública e a Segurança Social.
Estas são as “condições” que sabemos que a esquerda apresentou ao PS para lhe dar apoio parlamentar e garantir estabilidade governativa. Daquilo que conhecemos destes partidos, não há motivo para que duvidemos de que cumprirão a palavra dada. É esse o património que construíram ao longo de décadas de intervenção na vida pública.
A direita em geral, dirigentes e muitos dos comentadores avençados na comunicação social dominante (e dominada pelo capital financeiro) afirmam que o PS não pode confiar na palavra dos partidos à sua esquerda, que apenas o estarão a usar de forma instrumental para mais tarde o derrubar.
No entanto, quem na sua história (quer a recente, quer a mais remota) tem registos contínuos de mentiras, enganos e falta à palavra dada são os dirigentes da coligação.
Além das histórias nebulosas de esquecimento de obrigações fiscais e com a segurança social, de relações de trabalho de contornos pouco claros, passando por negócios com equipamentos militares e abates de sobreiros, até às decisões que num dia são irrevogáveis para no dia seguinte serem esquecidas, o histórico de Passos & Portas é arrasador em termos de credibilidade pública.
Ainda assim António Pedro Vasconcelos, que considero uma pessoa honesta e esclarecida, parece juntar a sua voz aos que consideram que o PS deve deixar cair a possibilidade de liderar um governo para defender o estado social e os portugueses que mais necessitam desse estado.
O cineasta, e comentador com coluna no Público, afirma que o PS deve “impor” à coligação um conjunto de condições para viabilizar um governo de direita. E em seguida ficar à espera que esse governo realize as políticas de esquerda que o PS não deve querer aplicar com o apoio de BE, PCP e PEV.
Parece que, mesmo entre os portugueses que honestamente se consideram de esquerda, há muita gente que acredita no pai natal.