Etiquetas

,

Ramiro Marques foi, nos idos de 2009 e 2009, um dos “ídolos” de muitos professores que se insurgiam contra as políticas públicas de Maria de Lurdes Rodrigues e José Sócrates.

Isso passou-se num tempo em que o “mestre de Boston” vestia a pele de cordeiro para disfarçar a natureza de lobo predador que agora revela, num ataque feroz ao sindicalismo docente, aos professores e à escola pública.

Tendo conseguido ser aceite na estrutura que influencia o MEC (e que continua a insinuar que é dominada pela esquerda), RM começa a ver fugir-lhe debaixo dos pés a glória que julgava ter alcançado para todo o sempre. Vai daí já nem se importa de atirar sobre os aliados preferenciais de outros tempos, e hoje desanca na FNE com quase tanta violência como costuma falar da FENPROF.

E nessa sanha anti escola pública, anti-sindical e, definitivamente, antidemocrática, nem se importa de recorrer à mentira, à desonestidade e à mistificação da realidade.

No seu blogue, e também no DN de hoje, RM tenta amplificar a mistificação que envolve toda a comunicação do MEC em torno do conflito com os professores e não se importa de mentir descaradamente ao afirmar:

Nesta guerra quem perde mais são os docentes que foram instrumentalizados na base de dois equívocos: a ideia errada de que as 40 horas semanais provocam aumento de carga letiva e a ameaça, também errada, de que o Governo está a preparar o desemprego de milhares de docentes dos quadros.

Tal afirmação não passa de um embuste, uma vez que o aumento da carga lectiva não decorre directamente do aumento do horário de trabalho para as 40 horas, mas sim da passagem da direcção de turma para a componente não lectiva, que se vem somar a todas as medidas anteriores de passagem à componente não lectiva do horário de muitas actividades desenvolvidas com alunos, nomeadamente os apoios, os clubes e as coadjuvações.

É esse aumento da componente lectiva, associado ao aumento do número de agregações (mega-agrupamentos) que ocorreu já durante este ano lectivo, que constitui o instrumento que o governo quer usar para atirar para a mobilidade e o desemprego alguns milhares de professores do quadro.

Quanto ao aumento para as 40 horas, quer para os professores, quer para todos os restantes trabalhadores, significa apenas mais uma redução do salário, uma vez que os funcionários terão que trabalhar mais horas com a mesma remuneração, baixando o custo unitário do trabalho.

Mas para além destas mentirolas, RM avança por outros caminhos bem mais preocupantes, porque reveladores de um espírito antidemocrático e revanchista, em que propõe a subversão da lei para diminuir os direitos dos trabalhadores e dos seus sindicatos, ao mesmo tempo que elogia a exploração desenfreada com que os patrões da escola privada tratam os seus professores:

Quando chegar o momento de escolher a escola, os pais devem meditar nas consequências de inscreverem os filhos em escolas capturadas pelos sindicatos e por grupos de ativistas capazes de fazer dos alunos reféns. E devem refletir por que razão a paz e a tranquilidade reinam nas escolas privadas enquanto as escolas estatais mergulham na confusão.

Para um fecho em beleza, RM acaba a sugerir que o governo use do pau caso a FNE (até agora sempre cordata e submissa) não aceite a cenoura que lhe é estendida:

Se as cedências do MEC em matéria de limites à mobilidade geográfica … não forem suficientes para que a Fne assine um compromisso, só resta ao Governo ser firme e alterar rapidamente o normativo sobre conselhos de avaliação, dando ordens às escolas para divulgarem as classificações que os docentes são obrigados a colocar numa aplicação informática.

Enfim, mais um post no já extenso rol de diatribes salazarentas, ditatoriais e antidemocráticas de um sujeito que melhor faria em se aposentar definitivamente, antes que os ventos da história o empurrem borda fora.