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Dois dias depois da Greve Geral em que, de forma corajosa e determinada, muitos milhares de trabalhadores se dispuseram a abdicar de um dia de salário e saíram do conforto das pantufas em frente ao televisor, vindo para as ruas manifestar a sua oposição firme às políticas de empobrecimento e destruição da economia, é possível olhar para o espetáculo que foi servido em direto por televisões e rádios, tentando descortinar os rostos dos responsáveis para lá do fumo e das sombras em que estes se movem.
Embora tenha tido criação e encenação nas altas instâncias do poder político e policial que, conjunturalmente, está em funções, o que foi mostrado aos portugueses e ao mundo foram apenas os figurantes, tendo ficado por exibir a ficha técnica em que apareceriam os nomes dos bonecreiros e guionistas.
Há perguntas que têm que ser feitas e outras para as quais temos que exigir respostas.
- Porque é que ao longo do percurso entre o Rossio e S. Bento não foi possível vislumbrar a intervenção da polícia no controlo do trânsito, tendo mesmo havido incidentes no cruzamento da Rua do Alecrim com o Largo do Camões, porque vários automobilistas desrespeitaram a marcha dos manifestantes?
- Porque é que, interpelados por alguns manifestantes a propósito da ausência de policiamento, dois agentes remeteram a resposta para as suas chefias?
- Porque é que, terminada a manifestação da CGTP, a força policial deixou tranquilamente que os alegados ” profissionais da desordem” se instalassem junto às grades e estivessem durante mais de uma hora a apedrejar a linha da frente (até inutilizarem diversos escudos)?
- Porque é que, estando esses alegados “profissionais da desordem” identificados e conotados com algumas claques de futebol e movimentos de extrema direita, o comando da força não previu o seu isolamento em tempo útil e a respetiva neutralização sem ter que recorrer a uma carga indiscriminada sobre gente indefesa?
- Há ou não agentes infiltrados nesses movimentos de “profissionais da desordem”?
- Quantos eram os agentes à paisana e infiltrados que estavam junto dos alegados “profissionais da desordem”?
- Quantos desses agentes se contam entre os membros das “forças da ordem” que tiveram que ter assistência médica?
- Quem escreveu o guião que obrigou os agentes do corpo de intervenção a serem submetidos a apedrejamento durante o tempo necessário a pôr em risco a sua integridade física, fazendo subir os seus níveis de adrenalina ao ponto de ficarem cegos de raiva na carga contra velhos, mulheres e gente com pouca mobilidade?
- De quem foi a ideia de atribuir aumentos de 10,8% às polícias, em 2013, libertando a informação desses aumentos poucos dias antes da Greve Geral?
- Quem ordenou a rusga efetuada pelas ruas entre S. Bento e o Cais do Sodré, em que foram detidas muitas pessoas que nada tinham a ver com os incidentes, e nalguns casos nem tinham estado em S. Bento?
- Quem decidiu limitar o direito desses detidos à assistência por parte dos seus advogados?
Estas são apenas algumas das perguntas que estão sem resposta e que têm que ser incluídas numa reflexão minimamente séria e objetiva sobre o que está a acontecer na democracia em que ainda vivemos.
No seu trabalho de investigação, que deu origem à publicação de “A Doutrina do Choque”, Naomi Klein deixa clara a ideia de que o triunfo democrático da “liberdade do mercado” não passa de um mito perigoso para a democracia e para as liberdades cívicas. Em todos os países em que as teorias da desregulação total da economia foram postas em prática, foi necessário utilizar catástrofes naturais, ou recorrer a repressão de dimensão desproporcional, para causar o choque e o terror que impeça as pessoas de reagirem.
O episódio de quarta-feira, em frente ao parlamento, segue a mesma linha e deixa no ar a suspeita de que o objetivo da carga policial não foi a contenção da violência dos alegados “profissionais da desordem”, mas sim a dissuasão de mais protestos por parte daqueles que se manifestam, pacífica mas determinadamente, em defesa dos seus direitos espezinhados.
“O arremesso prolongado de paralelos (pedras arrancadas dos passeios) aos polícias – os paralelos podem matar, são calhaus pesados, não as pedras das batalhas da nossa infância.
A carga policial é mais seletiva do que o comum das cargas policiais de antigamente, onde ninguém escapava à bastonada. E a autorização de carregar só é dada após vários avisos de dispersão dos manifestantes, mesmo sob saraivadas sucessivas de paralelos, de jovens que se encontravam a poucos metros. Embora uma carga policial seja uma carga policial, no qual espectadores e manifestantes pacíficos também acabam por apanhar, parece haver grande um pouco mais de contenção e bastante maior disciplina da polícia. Quando quase só se apresentam nos média as queixas dos manifestantes, importa destacar este facto.
Os jovens anarquistas, alguns com físico de pós-adolescentes – que não terão noção cabal do efeito dos paralelos sobre o cránio de um polícia ou de um manifestante de cabeça desprotegida -, são os primeiros a fugir quando a carga policial acontece.” DPP
O vídeo que você linkou apenas mostra, de forma claríssima, que os polícias infiltrados e o corpo de intervenção poderiam ter detido a meia-dúzia de “atiradores de calhaus”, que se destacavam completamente da multidão.
Foi decisão política deixar que a pedrada continuasse até tornar aceitável o ataque da polícia sobre todos os manifestantes.
Ponto Final
Meia-dúzia? Todos?
Parágrafo.
Na ex-RDA, por exemplo, nada disto teria acontecido. Nem sequer seriam detidos os manifestantes. Polícia? Para que serve? A malta tentava passar o muro e era logo ali abatida a tiro. Stasiland….
Travessão.
Ainda não percebi se a dupla personalidade José Caride/ António Botelho é sinónimo de distúrbio da personalidade ou se é mesmo estupidez nua e crua.
Já pensou em ir catar piolhos para outro lado? É que aqui não há muita paciência para macaquices.
Onde está essa tolerância democrática que caracteriza um comunista de gema? Leu alguma coisa que o incomoda? Não pretenda ofender, homenzinho, pois ninguém o ofendeu.
o que é que o José Caride/ António Botelho não percebeu, para eu soletrar: terá sido D U P L A – P E R S O N A L I D A D E? D I S T Ú R B I O? E S T U P I D E Z? P I O L H O S? ou M A C A Q U I C E?
Vá, não se iniba, que eu repito.
Não pretenda ofender, homenzinho, pois ninguém o ofendeu.
Não seja pequenino. Modere-se. Não salive tanto que os cantos da boca ficam-lhe brancos.
Assim, se vê, a força do PêCê!
(não se esqueça de responder com o estilo que o caracteriza, camarada)
🙂
Onde estava o seu ponto final?