147 multinacionais controlam riqueza mundial
O estudo, datado de 28 de Julho, chegou na semana passada à imprensa, através da revista britânica NewScientist. As suas conclusões confirmam a ideia generalizada de que um pequeno grupo de corporações, maioritariamente bancos, controla a vida económica (e, por via desta, política) do planeta. Porém, nunca antes se tinha chegado a apurar o número preciso deste restrito círculo, nem a real dimensão do seu poder.
Três investigadores do Instituto Federal Suíço de Tecnologia de Zurique (Eidgenössische Technische Hochschule) seleccionaram 43 060 transnacionais, de acordo com a definição da OCDE, utilizando o banco de dados Orbis 2007, onde estão registados cerca de 37 milhões de empresas e investidores.
Dentro daquele grupo identificaram uma complexa rede de participações directas e indirectas. Por exemplo, se a empresa A controla a empresa B e se esta detém participações na empresa C, então a empresa A é igualmente detentora de uma parte da empresa C.
Ao todo, os investigadores, Stefania Vitali, James B. Glattfelder e Stefano Battiston, contabilizaram mais de 600 mil participações directas e mais de um milhão de participações indirectas. De seguida descobriram a existência de um núcleo de 1318 poderosas multinacionais que representam directamente 20 por cento dos rendimentos globais.
Todavia, uma análise mais atenta mostrou que cada uma delas tem em média 20 participações em grandes empresas, responsáveis por mais de 60 por cento da riqueza total do planeta. Por outras palavras, o núcleo de 1318 empresas detém colectivamente 60 por cento da economia real mundial.
O clube dos ricos
Por sua vez, dentro deste núcleo, foi identificado um círculo ainda mais restrito de apenas 147 entidades (bancos, seguradoras, fundos de investimento, fundos de pensões, etc.) que domina grande parte das restantes. «Com efeito, menos de um por cento das corporações consegue controlar 40 por cento de toda a rede», declarou Glattfelder à NewScientist.
Além disso, como o estudo revela, estas 147 sociedades transnacionais formam na realidade uma super-entidade económica mundial, já que estão ligadas entre si por uma densa teia de participações mútuas. É verdadeiramente o cúmulo da concentração da riqueza nas mãos de meia dúzia de super magnatas da finança: três quartos do núcleo das 147 são instituições financeiras.
Embora a equipa de investigadores não se tenha debruçado sobre as implicações de tamanha concentração do poder económico, Glattfelder salienta que a tempestade financeira de 2008 mostra como esta rede pode ser instável e perigosa para a humanidade: «Se uma [corporação] sofre dificuldades, isso propaga-se». Certamente que muitas outras questões se colocam no plano político, económico e social, mas uma coisa é certa, falar em concorrência não falseada dentro desta teia oligárquica é no mínimo risível.
- Barclays plc
- Capital Group Companies Inc
- FMR Corporation
- AXA
- State Street Corporation
- JP Morgan Chase & Co
- Legal & General Group plc
- Vanguard Group Inc
- UBS AG
- Merrill Lynch & Co Inc
- Wellington Management Co LLP
- Deutsche Bank AG
- Franklin Resources Inc
- Credit Suisse Group
- Walton Enterprises LLC
- Bank of New York Mellon Corp
- Natixis
- Goldman Sachs Group Inc
- T Rowe Price Group Inc
- Legg Mason Inc
- Morgan Stanley
- Mitsubishi UFJ Financial Group Inc
- Northern Trust Corporation
- Société Générale
- Bank of America Corporation
- Lloyds TSB Group plc
- Invesco plc
- Allianz SE 29. TIAA
- Old Mutual Public Limited Company
- Aviva plc
- Schroders plc
- Dodge & Cox
- Lehman Brothers Holdings Inc*
- Sun Life Financial Inc
- Standard Life plc
- CNCE
- Nomura Holdings Inc
- The Depository Trust Company
- Massachusetts Mutual Life Insurance
- ING Groep NV
- Brandes Investment Partners LP
- Unicredito Italiano SPA
- Deposit Insurance Corporation of Japan
- Vereniging Aegon
- BNP Paribas
- Affiliated Managers Group Inc
- Resona Holdings Inc
- Capital Group International Inc
- China Petrochemical Group Company
* Os dados são de 2007, incluindo por isso a Lehman, que entretanto faliu.