(Re)Flexões

~ Defendendo a Cidadania

(Re)Flexões

Monthly Archives: Julho 2011

da importância da pesquisa “arqueológica”

21 Quinta-feira Jul 2011

Posted by fjsantos in acção pública

≈ Deixe um comentário

Etiquetas

ADD, sindicalismo docente

Numa altura em que se começa a ver uma ténue luzinha ao fundo do túnel, começando a admitir-se a consistência da substituição do monstro avaliativo de MLR, convém perceber que o novo modelo será mais ou menos adequado aos objectivos enunciados e aos interesses dos profissionais, em função da unidade com que a classe surgir  perante a tutela. Por isso não se percebe se é ironia ou sinceridade a preocupação com o juízo dos dirigentes sindicais.

É nestas alturas que se torna útil o recurso às “fontes arqueológicas” que nos remetem para um texto «não divulgado em nenhum outro espaço» e que, entre outras coisas que eram adequadas à época, deixava um apelo de grande utilidade também nos tempos que correm:

«É preciso mostrar ao país que sindicatos e professores são um só! Fica o apelo! Aos sindicalizados e aos não sindicalizados! Fica o apelo a todos aqueles que se sentem violentados e injustiçados com o actual Estatuto da Carreira Docente, com a nova Avaliação do Desempenho, com os Concursos a Titulares…com todas as reformas implementadas por uma alma sinistra a quem as novas gerações, um dia, deviam pedir responsabilidades! Os professores têm de decidir!

Os professores só sairão derrotados quando desistirem! E tu, que és professor, o que resolves? Qual a tua atitude? Lutas ou desistes? Lutas ou calas-te? E lutas sozinho ou dás as mãos a outros como tu? Tu decides! E, garanto-te, a Senhora Ministra está ansiosa por saber se pode contar contigo…»

Trabalho regular, esforço, rigor e exames

19 Terça-feira Jul 2011

Posted by fjsantos in (in)verdades, eficácia, exames

≈ Deixe um comentário

Etiquetas

rankings, regulação da educação

Com a devida vénia ao Matias Alves e a Ana Paula Silva, professora de Filosofia e autora do texto que “tomei emprestado” do Terrear, fica uma reflexão serena e necessária nestes tempos de elogio da medida, da comparação e da meritocracia mistificadora:

Sou professora, mas hoje escrevo como mãe. Uma mãe que tem uma filha, que desde ontem se encontra em “estado de choque”. Ser professora e mãe constitui um dos maiores desafios à gestão clarividente de uma pluralidade de estatutos. Não são incompatíveis mas são complicados de compaginar. Que o digam minhas filhas….. Em relação à sua vida escolar sou, “por defeito profissional”, sempre vigilante em relação à pontualidade, à assiduidade e sobretudo ao estudo. Não, de uma forma opressiva ou controladora, mas sempre tentando sensibiliza-las que nada se consegue sem trabalho e estudo.

Ontem a realidade dos factos, disse à minha filha mais nova que eu lhe menti.
Aluna com média de 17 valores, a Inês nos doze anos de escolaridade, nunca teve nenhuma dificuldade grave a qualquer disciplina, embora fosse fácil perceber as áreas disciplinares da sua preferência. Português e História são as suas disciplinas de eleição. Disciplinas a que sempre tirou notas acima da média. Desde sempre. No três anos do curso complementar, com professores diferentes, em ambas as disciplinas a sua média de aproveitamento foi 17.

Claro que, com mãe professora e professoras preocupadas, o fantasma dos exames nacionais, era recorrentemente invocado, para não descurar os estudos ou quando preparava um testes de avaliação. Mas sem fundamentalismos, afinal é uma aluna regular e responsável.
O último teste de português de preparação para exame (disciplina que elegeu como “chave de entrada “no ensino superior) realizado – aquele que foi feito no exame do ano anterior – tirou 19 valores e ganhou o elogio da professora que a conhece e sabe o que vale, através de um ano de relação pedagógica . E , apesar da ansiedade , ficou optimista.

Uma média de 17, numa escola pública considerada de referência, com professores muito experientes e competentes, a Inês deveria ir calma para os exames. Mas não foi. Minutos antes do teste de Português, vomitou. Aquando do de Historia tremia de frio, num dia quente. Resultado 1 : 9 valores em ambos. Resultado 2: Agora com média de 16, não pode entrar em nenhuma faculdade, pública ou privada (precisaria de 9,5 – mais méia décima portanto)
Porque sou professora do 12ºano, poderia traçar aqui considerações acerca da desadequação metodológica que , na minha opinião, subjaz à elaboração de alguns testes de exame, sobre a putativa concertação de critérios de avaliação que ,na maior parte dos casos não aconteceu , ou sobre outras reflexões que estes exames me sugerem ,mas vou abster-me dessas considerações.

Vou a penas deixar algumas questões ao Sr. Ministro de Educação a quem ainda ontem ouvi, presencialmente , louvar as potencialidades curativas dos exames nacionais que aparecem como a medida emblemática da sua “implosão” transformadora do Ministério da Educação:
• Doze anos de escolaridade de boa aprendizagem com provas dadas e comprovadas por dezenas de professores são insuficientes para saber se um aluno pode ou não seguir para o ensino superior ? Padecerão todos estes professores de miopia avaliativa?
• È mais fiável deixar essa decisão para a avaliação externa de alguém que classifica provas, sobretudo as que, pela natureza da disciplina são de um enorme grau de subjectividade, e cuja interpretação de critérios avaliativos (mesmo quando é feita) é (muito) contingente?

• Somos um país impede que um jovem com 18 ou mesmo 18,5 valores siga o seu sonho de ser médico , que lhe “atira à cara” que o seu esforço foi NADA, que lhe diz : não precisamos de ti mesmo quando mostraste que soubeste lutar por esse sonho. ( E depois oferece aos seus cidadãos os médicos que os seus países de origem não quiseram ou não souberam manter). Tive alunos que não entraram em medicina por centésimas!!! Não seria mais honesto dizer a estes jovens que estudar e trabalhar é muito pouco , pois os exames é que decidem se ele pode ser ou não aquilo que vai ser um estudante mediano de outro pais ( e sendo estrangeiro já é suficientemente bom para ser médico em Portugal, nem que os seus doentes não percebam nada do que diz ) ?

• Que tipo de País tem a coragem de dizer a um/a jovem que (mesmo com uma prestação infeliz em exame)tem uma média de aproveitamento de 16 valores que não pode seguir em frente? Como tem a coragem de lhe dizer que o seu estudo, trabalho e esforço foi um logro?

Em Rodapé: Ontem estive numa das extraordinárias iniciativas da Universidade Católica em prol do sucesso dos alunos, onde vi e ouvi centenas de professores testemunharem a sua dedicação, o seu trabalho e a sua preocupação pelo sucesso dos alunos. Senti que esse era o caminho.
O Sr. Ministro da Educação só chegou depois de tudo dito e no que disse depois , perdeu-se, sobretudo, em elogios sobre a importância extraordinária dos exames . E os professores bateram palmas. E eu pensei : Devo estar distraída (ou caduca). Então não se esteve horas a valorizar a diferença, a aprendizagem contínua , a avaliação consertada ? A demonstrar como o rigor nasce do trabalho que é posto à prova todos os dias da relação pedagógica? E não foram sentidas as nossas palmas? Agora vem o Sr. Ministro e diz-nos que não ; o rigor só tem um nome e chama-se exame nacional; e todos os professores batem palmas outra vez !!!! A classe mais qualificada deste país bate palmas a uma coisa e ao seu contrário? ?? !!!! E eu pensei: 30 anos de carreira não são suficientes para perceber esta simples equação (que o Sr. Ministro perceberá porque é de Matemática ) : Como coisas tão diferentes podem significar a mesma coisa ? Como uma coisa pontual, contingente , única e anónima pode significar o mesmo que anos de trabalho, de conhecimento, de proximidade? E Então pensei melhor: Vai mas é para casa e tenta explicar à tua filha que ter sonhos neste pais é um privilégio apenas para ministráveis.

Reivindicações apresentadas pela Fenprof ao ministro da educação

19 Terça-feira Jul 2011

Posted by fjsantos in acção pública

≈ 5 comentários

Etiquetas

Rigor, sindicalismo docente

Por mais estardalhaço que os eternos maldizentes, secundados por uns quantos eternos ignorantes, continuem a fazer para denegrir o trabalho sindical da Fenprof, a verdade é que a listagem de prioridades a solucionar, que ontem foi entregue ao ministro da educação, contém as questões que são essenciais para normalizar a vida nas escolas e permitir que o próximo ano seja mais calmo e produtivo.

Evidentemente que pode haver professores que não querem ser representados por sindicatos que lutam pelos direitos da classe, ao mesmo tempo que se preocupam com a defesa de uma escola pública para todos e que não se destine a reproduzir as desigualdades sociais. Deveriam ser consequentes e coerentes, recusando-se a usufruir de eventuais benefícios dos acordos a estabelecer entre o governo e os sindicatos, declarando que preferem manter a sua situação actual.

Claro que poderia não ter começado este post da forma como o fiz. A verdade é que embora podendo, não seria a mesma coisa.

Dito isto, aqui ficam as reivindicações que a delegação da Fenprof entregou ontem à tutela:

PROBLEMAS DA EDUCAÇÃO, DE ABORDAGEM E RESOLUÇÃO PRIORITÁRIAS:

MEDIDAS IMEDIATAS:

  • Suspensão imediata e substituição do regime de avaliação de desempenho
  • Revisão de normas sobre a organização do próximo ano lectivo e a elaboração dos horários de trabalho dos docentes
  • Reformulação do processo de reorganização da rede escolar
  • Garantia de mobilidade nacional dos docentes que se encontram colocados nas regiões autónomas
  • Correcção das ilegalidades criadas recentemente aos docentes contratados
  • Regularização das situações de carreira dos docentes *
  • Reconhecimento da avaliação de desempenho dos docentes realizada nas Regiões Autónomas
  • Antecipar, para 2012, o concurso de ingresso e mobilidade nos quadros previsto apenas para 2013
  • Regularização das situações de exercício de funções docentes no Ensino Superior

Relativamente a outros aspectos fundamentais para a promoção do sucesso e da qualidade educativa e para combate ao abandono escolar, a FENPROF propõe, para que se desenvolvam os normais processos negociais ao longo do ano 2011/2012:

  • Debate que permita a realização de uma verdadeira reorganização curricular
  • Revisão global de programas e dos próprios modelos de avaliação dos alunos
  • Alteração do regime de autonomia e gestão das escolas
  • Valorização do Estatuto da Carreira Docente
  • Revisão e valorização dos regimes de formação inicial, contínua e especializada de docentes
  • Revisão do Decreto-Lei n.º 3/2008, sobre Educação Especial
  • Revisão do regime de financiamento do Ensino Superior
  • Debate público sobre a reorganização da rede de ensino superior público
  • Regime de contrato e de carreira a aplicar aos docentes do ensino superior privado e garantia de aplicação do ECDU aos docentes em exercício nas fundações
  • Reforço da acção social escolar

* SITUAÇÕES ILEGAIS RELACIONADAS COM A CARREIRA DOCENTE, DE RESOLUÇÃO URGENTE

  • “ULTRAPASSAGEM” DE PROFESSORES NA CARREIRA – DOCENTES COM MAIS ANTIGUIDADE VENCEM POR ÍNDICE INFERIOR
  • DOCENTES IMPEDIDOS DE PROGREDIR ATÉ 31 DE DEZEMBRO DE 2010 POR RAZÕES ALHEIAS À SUA VONTADE – M.E. NÃO ESTABELECEU CONTINGENTAÇÃO
  • TRANSIÇÃO DE DOCENTES INTEGRADOS NO 1.º ESCALÃO DA CARREIRA DO ÍNDICE 151 PARA O 167
  • ORIENTAÇÕES DO M.E. SOBRE APLICAÇÃO DO REGIME DE AVALIAÇÃO
  • AUSÊNCIA DE REGIME AVALIATIVO PARA DOCENTES EM MOBILIDADE A 100% QUE, POR ESSA RAZÃO, FORAM IMPEDIDOS DE PROGREDIR NA CARREIRA, PERDERAM TEMPO DE SERVIÇO, PARA ALÉM DE OUTRAS PENALIZAÇÕES
  • ÍNDICE SALARIAL DOS DOCENTES CONTRATADOS PROFISSIONALIZADOS – INTEGRAÇÃO NO ÍNDICE 167
  • PROCESSAMENTO DE HORAS EXTRAORDINÁRIAS AOS DOCENTES

Populismo e irresponsabilidade em fóruns directos

19 Terça-feira Jul 2011

Posted by fjsantos in absurdos

≈ 1 Comentário

Etiquetas

acção pública, Rigor

Os fóruns em directo são um must em que os OCS apostam há bastante tempo, criando a ilusão de “dar voz ao povo”.

Tendo uma história longa, desde os “Fórum TSF”, a coisa foi-se estendendo às televisões por cabo onde também serve para encher a grelha de programação a baixo custo.

Se a coisa se ficasse pela ilusão da populaça quanto à eficácia da sua participação, não viria demasiado mal ao mundo. E até poderia servir para que os convidados pudessem introduzir uma dimensão de análise que fosse para além do discurso mainstream. Infelizmente, quer pela orientação e pelas perguntas do(s) jornalista(s) moderador(es), quer pela pressão do tempo em directo, é frequente que quem está em estúdio para comentar não consiga dizer o que podia fazer a diferença.

Mas o pior da “coisa” é a profunda incompetência dos jornalista(s)? que ouvindo ataques bárbaros a pessoas e instituições ausentes (e sem possibilidade de exercerem de imediato o contraditório) não são capazes de exigir fundamentação para esses ataques ou, de forma expedita, impedir que a acusação torpe tenha divulgação.

Foi uma situação desse teor que aconteceu no “Opinião Pública” transmitido ontem à tarde na SICN.

Logo no início do vídeo que se segue (a intervenção teve início um pouco antes, mas pertence a um outro excerto do programa) um encarregado de educação faz acusações de enorme gravidade a uma professora, nomeando-a e identificando a escola em que alegadamente terão ocorrido os factos que relata. A intervenção total ultrapassou os dois minutos de tempo de antena e o senhor acusou a professora de, além de ser incompetente, tratar os alunos de forma inaceitável, dizendo que cheiravam mal e eram uns porcos a ponto de, alegadamente, alguns terem medo de ir às aulas.

Perante este relato, que foi ouvido sem pestanejar pelo jornalista Pedro Cruz, nem uma questão foi colocada ao acusador. Pior ainda, no final o jornalista pediu desculpa por interromper e agradeceu a intervenção dizendo: «agradeço as dúvidas que aqui deixou e os casos concretos».

A dinâmica do programa, não permitindo um contraditório imediato, deixou que a ideia de que há professores que tratam mal os alunos, não lhes ensinam o que devem e, ainda por cima, os insultam. De facto, entre o minuto 02:00 e o minuto 13:25 foram ditas inúmeras coisas, mas nenhuma voltou a por em causa as acusações feitas. E apenas nesse momento, ao minuto 13:25, o convidado fez uma pequeníssima alusão ao ataque do encarregado de educação. Infelizmente fê-lo de forma muito superficial e que terá ficado pouco clara para a generalidade da audiência, o que é explicável pela pressão do tempo disponível para abordar e sintetizar as opiniões e críticas feitas pelos espectadores.

No fundo, nada que não corresponda ao objectivo populista e irresponsável deste tipo de fóruns – dar a ideia à populaça de que a sua voz é ouvida e que podem denunciar os “pequenos poderes” que a oprimem.

Declaração de interesses:

Conheço todos os protagonistas deste episódio lamentável. Conheço o senhor que falou, fui professor e director de turma do seu educando há alguns anos e sou colega da professora nomeada;

Não pretendo fazer qualquer juízo de valor sobre o conteúdo das alegações do senhor José Loureiro, e muito menos os faria em público e neste blogue;

Nem professora nomeada no programa de ontem nem a direcção da escola que também foi identificada tinham conhecimento das acusações até que eu próprio apresentei o caso hoje de manhã;

A professora em causa não é sindicalizada e, como tal, o sindicato de que sou delegado nesta escola não está em condições de a representar, caso ela pretenda agir contra o senhor que a acusou publicamente;

Da conversa que tive com a direcção da escola retirei a conclusão de que iniciará de imediato diligências para averiguar o sucedido, quer ontem durante a transmissão do programa, quer as alegações do encarregado de educação;

Posso também acrescentar que, de acordo com a informação que me foi dada hoje de manhã, nunca a direcção do Agrupamento José Cardoso Pires teve conhecimento de qualquer das situações que ontem foram relatadas pelo senhor José Loureiro no programa da SICN – Opinião Pública.

Por tudo isto ter que ler comentários, que se pretendem jocososos, como o de uma senhora que é professora e até já teve (não sei se ainda tem) responsabilidades de direcção escolar é simplesmente lamentável.

A democracia é muito cara, os partidos políticos custam um dinheirão e os sindicatos atrapalham demais…

18 Segunda-feira Jul 2011

Posted by fjsantos in tiques autoritários

≈ 1 Comentário

Etiquetas

Combate político, demagogia

Ele há coincidências do caraças. E demagogos populistas que coincidem no discurso e, ainda por cima, no tempo em que o produzem. Claro que há sempre alguém que, com extrema argúcia e grande sentido de oportunidade, não perde a ocasião para amplificar a bordoada nessas organizações que tanto custam ao país e tanto atrapalham quem só quer trabalhar e apresentar serviço.

Quanto às coincidências, vamos aos factos:

  • Pela madrugada (00h30) o JN online publicou uma crónica do bastonário da ordem dos advogados, em que Marinho Pinto se atira às despesas do OGE com os partidos políticos. Sem ter a coragem de dizer que preconiza o fim do financiamento público do sistema democrático, o bastonário utiliza uma retórica demagógica e populista em que demoniza a subvenção que os partidos recebem, de acordo com os resultados eleitorais, porque a sociedade acha melhor e mais democrático sermos governados por cidadãos eleitos do que pelos CEO’s dos grandes grupos económicos ou, mais prosaicamente, por uns quaisquer “patos-bravos” com contas abertas em off-shores.
  • Também pela manhã o enorme vulto do pensamento educativo, e estrénuo defensor da Ordem dos Professores, que dá pelo nome de Rui (sem y) Baptista (com p) publicou um post em que se penaliza por ter deitado para o lixo um artigo “brilhante” da não menos “brilhante e preclara”  Helena Matos. E penaliza-se, o insigne Rui Baptista, porque nesse artigo, agora conspurcado nalguma montureira, se explica quanto custa ao erário público ter um sindicalismo independente do poder governamental e não controlado pelos interesses económicos.
Efectivamente, para estes orfãos da outra senhora, é incompreensível que o legislador ainda não tenha desmantelado por completo essas conquistas comezinhas trazidas pela Revolução de Abril.
É por isso que, enquanto desesperam pela chegada do homem providencial que reponha a autoridade, lamentam cada cêntimo gasto com a liberdade e a defesa dos direitos dos cidadãos em busca da justiça e da igualdade social.

Adivinha para ajudar a passar uma tarde de Julho

18 Segunda-feira Jul 2011

Posted by fjsantos in a mim não me enganas tu

≈ 1 Comentário

Etiquetas

hipocrisia

Quem terá sido o autor da frase: «não estou para fingir que acredito numa verdadeira liberdade de expressão em órgãos de comunicação, só porque têm uns fóruns online no canto do seu site e nomeiam alguém como “provedor do leitor”.»?

Dicas:

  1. já é coisa antiga (de acordo com a velocidade da sociedade mediática em que vivemos);
  2. é possível confirmar o rigor e a autoria da frase, porque está publicada;
  3. o autor é considerado uma referência no ramo, quiçá nalgum dos ocs a que se refere na frase.

O que move alguns “umbigos”?

18 Segunda-feira Jul 2011

Posted by fjsantos in a mim não me enganas tu

≈ 6 comentários

Etiquetas

ADD, Resistência, sindicalismo docente

A notícia que dei ontem, de que a proposta do PCP vai ser discutida e votada no próximo dia 27, provocou entre os professores que frequentam a blogosfera docente reacções diferentes e, nalguns casos, bastante curiosas.

Se em muitos casos a reacção foi de satisfação (com maior ou menor comedimento, porque os partidos que apoiam o governo podem mudar o sentido de voto em relação a Março), o caso do Paulo Guinote e de uns quantos seguidores mais fundamentalistas configura o desespero absoluto, por terem percebido que a iniciativa é meritória e pode dar o empurrão definitivo para o enterro do monstro que MLR deu à luz em 2008. E permitir que o PCP e a FENPROF tenham razão e encontrem a solução para um dos problemas dos professores é coisa com que estes quixotes do séc. XXI não se conformam.

Para esta espécie de “gauleses contra os comunistas” todo e qualquer argumento serve desde que se situe na linha da ridicularização das ideias defendidas pela FENPROF. Até o argumento da defesa dos direitos de negociação que a federação exige e dos quais não abdicará, em circunstância alguma, serve para lançar a confusão na cabeça de gente pouco informada e que parece avessa a ler os originais preferindo ficar-se pela manipulação de “tradutores de meia-tigela”, que usam a má-fé para retorcer declarações alheias.

No fundo tudo se resume a que Paulo Guinote acha que é o especialista supremo em matéria de direitos dos professores, certificação dos direitos de representação da classe e produção de um discurso passível de ser veiculado para a opinião pública. Se alguém tiver o “topete” de avançar com alguma ideia que perturbe este status quo, logo o Guinote se levanta e arrasta atrás de si a turba ignara (mas bem amestrada) fazendo um chavascal blogosférico de todo o tamanho. E isso claro que é notícia!

Por isso, e porque a perspectiva da tença ainda não se esboroou por completo, o Guinote ontem tinha que mostrar serviço. Mais uma vez bem que se esforçou inventando argumentos, e percorrendo algumas linhas discursivas paralelas, à medida que as falácias iam sendo desmontadas. Regista-se o esforço e dedicação à causa. Creio que os olheiros laranjas estarão atentos.

De resto Paulo Guinote ainda teve, a certa altura, o consolo de um sindicalista assumidamente amarelo. O Arlindo veio em defesa do desesperado, trazendo para cima da mesa a novidade de que antes de dia 27 o governo irá resolver o problema da ADD.

Todos folgamos em saber que (se for verdade) Nuno Crato tem na manga a verdadeira solução para a avaliação, embora alguém tenha tido que interromper a sua estadia no estrangeiro para diminuir o impacto da iniciativa do PCP. Agora resta-nos aguardar que o cabo que será alegadamente dobrado antes de dia 27 seja o “da Boa-Esperança” e não o da continuação “das Tormentas”.

Um testemunho de quem teve talento para fugir à “exigência, rigor e autoridade” da escola meritocrática

18 Segunda-feira Jul 2011

Posted by fjsantos in diversidade

≈ Deixe um comentário

Etiquetas

políticas públicas

«Se não fosse o futebol estaria morto ou preso» – Carlos Tevez

O futebol salvou Carlos Tevez da marginalidade. Numa entrevista concedida à revista La Garganta Poderosa, editada nos bairros mais pobres da Argentina, o avançado do Manchester City falou do que poderia ser a sua vida caso não jogasse futebol e criticou as desigualdades sociais e económicas vividas na Argentina.
«Sou 100% villero [n.d.r. termo usado em castelhano para definir as pessoas provenientes de bairros degradados]. Se não fosse o futebol, teria acabado como muitos jovens do meu bairro. Estaria morto, preso ou nas ruas ligado às drogas», confessou.
Nascido e criado no Forte Apache, um dos complexos habitacionais mais pobres da capital Bueno Aires, Tevez criticou as desigualdades sociais e económicas vividas no país.
«Ninguém nasce para ser bandido. É difícil viver no meio da pobreza e é fácil cair na tentação do dinheiro fácil. Toda esta desigualdade faz com que muitos jovens roubem. Não há outro lugar na terra onde se possa encontrar tanta humanidade como no bairro», constatou.
As críticas do Apache foram ainda extensíveis aos meios de comunicação social argentinos.
«Os meios de comunicação social informam sem saber exactamente o que acontece nos bairros. Nunca citam que os moradores dos bairros periféricos saem para trabalhar às seis da manhã», justificou.

Não há Jantares Grátis (e convites prá televisão também não)

17 Domingo Jul 2011

Posted by fjsantos in "puxa-saquismo"

≈ 4 comentários

Etiquetas

ADD, Rigor, sindicalismo docente

É conhecida (e famosa) a frase de que não há almoços grátis, quando se fala do pagamento de favores.

O caso mais recente, que demonstra a consistência de tal teoria, é-nos trazido pela fidelidade canina com que o Paulo Guinote procura encontrar argumentação que salve a honra de quem o convidou para “botar faladura” num dos programas em que se diziam mais trivialidades e em que o senso comum era elevado à categoria de ciência absoluta, sem esquecer quem o convidou para jantar numa altura assaz conveniente.

Depois de um trambolhão constitucional proporcional à massa que desloca quando vai a banhos, PG descobriu que para mudar a legislação é preciso negociar com os sindicatos.

Novidade das antigas, só perceptível por mentes iluminadas e superiores. Principalmente quando isso dá jeito para “fugir com o rabo à seringa”.

Vejamos então onde está o problema desta linha argumentativa:

Se formos pelo lado da “negociação” sindical (mesmo colando-nos como lapas aos formalismos da coisa) descobre-se que tanto a FENPROF como a FNE e todos os restantes sindicatos de professores têm nas suas reivindicações o fim da ADD. Donde não se percebe como se irão opor à iniciativa de retirar do ECD os artigos que criaram o monstro.

Para quem se preocupa em andar informado, não se contentando com o que alguns manipuladores de opinião lhe dizem, é possível ler o que a FENPROF perguntou a todos os partidos antes das eleições e o que estes responderam. No que à ADD diz respeito, porque se trata de matéria verdadeiramente instrutiva para analfabetos políticos, aqui fica o que está publicado:

Avaliação do desempenho

FENPROF

1. Que posição assumirá o partido relativamente ao actual modelo, após a declaração de inconstitucionalidade da suspensão decretada pela Assembleia da República? Considera positivo que um biénio que, na verdade, não terá mais de seis meses, o actual modelo de avaliação prossiga até final, criando dificuldades às escolas neste último e curto período lectivo?

2. Concorda com o actual modelo de avaliação de desempenho dos docentes? Em traços gerais, que tipo/modelo de avaliação defende esse partido para os professores?

3. Entende que a atribuição de menções de avaliação deverá sujeitar-se a quotas ou que deverá ser respeitado o designado mérito absoluto?

PSD

O PSD proporá a revogação do actual modelo de avaliação de desempenho e apresentará, para discussão, um novo modelo mais justo, mais simples e mais útil às escolas e aos professores. O modelo que ainda está em vigor é kafkiano, causando instabilidade e conflitualidade nas escolas, sem que traga qualquer benefício conhecido. Não faz qualquer sentido que, absurdamente, os professores tenham de concentrar tantas horas e tanta energia no processo da sua avaliação, em prejuízo da dedicação (cada vez mais exigente, como sabemos) aos seus alunos.

Pelo contrário, o PSD propõe um modelo essencialmente vocacionado para a melhoria de desempenho dos docentes que, neste âmbito, deve ser desenvolvido, anualmente, no contexto da própria escola.

Paralelamente, a classificação de professores, que deverá ser concretizada em ciclos mais longos e de forma muito menos burocratizada, deverá ser assumida por elementos externos à escola, evitando-se assim a perversa classificação entre pares

 

CDS

1. Os professores precisam de estabilidade para o exercício das suas funções.

Avaliaremos em tempo oportuno a situação das escolas a fim de se lançar um novo modelo desburocratizado, para o próximo ciclo avaliativo, tendo como base de trabalho o modelo vigente no ensino particular e cooperativo.

2. A nossa discordância com o modelo de avaliação de desempenho dos docentes tem sido visível através dos nossos Projectos, sistematicamente entregues e discutidos na Assembleia da República.

Defendemos um modelo de avaliação de desempenho docente baseado exclusivamente no desempenho, centrada nas vertentes científica e pedagógica e que promova o desenvolvimento profissional dos docentes, no quadro de um sistema desburocratizado, que reconheça o mérito e a excelência, com ciclos avaliativos mais longos e suportado por um plano nacional de formação de professores.

3. A atribuição das menções de avaliação deve ser atribuída, de forma rigorosa, aos desempenhos evidenciados pelos professores, no âmbito do perfil de desempenho docente de cada escola, estabelecido à luz do Projecto Educativo e tendo como referência os Padrões de Desempenho. Assim as menções a atribuir estarão mais ajustadas ao contexto em que os professores de cada escola desenvolvem a sua acção e manifestam os seus desempenhos, em função do seu contributo para as Metas do Sistema Educativo, quer ao nível da prevenção do abandono escolar, quer da melhoria da qualidade das aprendizagens. As alterações ao modelo ajudarão assim, de forma rigorosa a diferenciar os desempenhos e as atribuições das menções.  

Claro que se formos pelo lado da jurisprudência nos deparamo com os protestos sistemáticos da CGTP e da FENPROF em relação à alteração de legislação laboral, com agravamento das condições de vida dos trabalhadores, feita por via parlamentar e/ou governamental, sendo sistematicamente rejeitadas as providências cautelares e os pedidos de impugnação apresentados pelos sindicatos.

Se é verdade que em relação ao segundo ponto uma má jurisprudência não faz uma boa lei, já no que diz respeito à primeira questão, há muito que todos os partidos (e o governo) sabem o que é que os sindicatos e os professores que eles representam querem.

Agora, com esta posição do Paulo Guinote e de mais uns quantos acólitos, ficou-se a saber o que é que os que não querem ser representados pelos sindicatos pretendem – continuar a farsa (se possível com uns convites para jantar, ou petiscar qualquer coisita).

Escola para todos, exames e facilitismo

17 Domingo Jul 2011

Posted by fjsantos in educação, equívocos, escola de elites, escola de massas

≈ 1 Comentário

Etiquetas

debate, políticas públicas

No título deste post utilizo o termo facilitismo com a intenção de demonstrar que ele pode ser mais facilmente associado à solução mágica dos exames do que ao princípio republicano da escola para todos.

O termo facilitismo remete-nos para o acto de facilitar algo que por natureza é difícil e custoso, exigindo normalmente grande esforço para ser realizado.

No discurso “crático”, que se caracteriza por um forte apelo ao populismo e à demagogia, os exames surgem como uma espécie de garantia de que o ensino é rigoroso e o trabalho de aprendizagem que os alunos têm que fazer é exigente pois, caso contrário, os resultados serão negativos, os alunos chumbarão e os professores poderão ser responsabilizados pelo insucesso.

Este é um discurso populista e demagógico porque, ao fazer apelo ao senso comum e ao modelo em que se formaram e reproduziram as elites que hoje governam, opinam e ensinam, surge como música harmoniosa aos ouvidos do mainstream.

Este discurso surge normalmente associado a uma comparação distorcida entre realidades completamente opostas, como são as que enformam a ideia de uma escola destinada a seleccionar e garantir a reprodução das classes sociais dominantes, por oposição a um modelo de escola em que todas as crianças, jovens e adultos não escolarizados têm acesso ao conhecimento e à diversidade cultural.

Esperar que a escola torne iguais as condições de sucesso entre alunos provenientes de classes sociais diferentes, sem tornar iguais, ou pelo menos semelhantes, os direitos de acesso aos bens essenciais – alimentação, saúde, rendimento disponível, segurança social, etc. – é mais do que uma utopia, uma enorme barbaridade e mistificação da realidade.

Esperar que os exames sejam o instrumento dessa transformação social é uma aldrabice que se destina a justificar a perpetuação da função selectiva da escola, a menos que esse instrumento só se aplique depois de garantidas as condições de igualdade que não existem.

Chegados aqui podemos afirmar que o conceito de escola pública para todos é algo de muito exigente, não tanto para os professores que nela trabalham ou para os alunos que nela aprendem. Uma escola para todos é altamente exigente para a sociedade como um todo, em particular para os decisores políticos e para quem tem a incumbência de coordenar as políticas educativas.

A exigência e o rigor de que falo, fazendo um apelo a toda a sociedade, só podem obter resposta com um esforço colectivo para proporcionar a todos os cidadãos a satisfação das suas necessidades básicas, para que passe a haver disponibilidade para uma focagem nas necessidades de um grau superior (Maslow).

O recurso aos exames, sem que o caminho anterior esteja percorrido, é tudo menos justo e equitativo. Pior do que isso, pode ser extremamente prejudicial para a sociedade ao permitir que crianças e jovens sejam excluídos apenas porque os handicaps sociais de que são portadores os impedem de obter o mesmo sucesso escolar.

Não se pode esperar que um aluno filho de desempregados, sem acesso a bens culturais, sem acesso a um computador e à Internet sem ser na escola e em condições precárias, obtenha os mesmos resultados em exames do que o filho de pais da classe média/média alta, bem nutrido, com acesso a cuidados de saúde privada, Internet, 200 canais por cabo, férias no estrangeiro, visitas a museus, teatro e cinema e uma estante repleta de livros com clássicos portugueses e estrangeiros.

Recorrer aos exames para exigir trabalho, sem antes cuidar dessas desigualdades, isso sim é facilitismo porque facilita a tarefa dos governantes que têm a obrigação de olhar as políticas públicas de uma forma integrada e não exclusivamente sectorial.

Facilitismo é não cuidar da justiça social e da equidade. Facilitismo é recorrer a uma retórica populista e demagógica, em vez de meter mãos à obra e corrigir as desigualdades sociais que aprofundam a divisão entre os muito ricos e os que quase nada têm.

← Older posts
Newer posts →
Correio Electrónico!

25A – SEMPRE

Julho 2011
S T Q Q S S D
 123
45678910
11121314151617
18192021222324
25262728293031
« Jun   Ago »

Artigos Recentes

  • da ignorância atrevida, da demagogia com cobertura mediática e da não ingerência na soberania de outros povos
  • do presidente-monarca
  • da democracia nos partidos
  • do “andar a dormir” e do tratamento desigual dispensado pela comunicação social
  • da escola como ocupação do tempo dos jovens

Comentários Recentes

Professsora em do tempo e forma das negociaçõ…
fjsantos em do tempo e forma das negociaçõ…
Professsora em do tempo e forma das negociaçõ…
Mina em Nuno Crato anunciou nova alter…
fjsantos em O PS e a unidade da esque…

Arquivos

  • Abril 2016
  • Março 2016
  • Fevereiro 2016
  • Janeiro 2016
  • Dezembro 2015
  • Novembro 2015
  • Outubro 2015
  • Outubro 2013
  • Julho 2013
  • Junho 2013
  • Maio 2013
  • Abril 2013
  • Março 2013
  • Fevereiro 2013
  • Janeiro 2013
  • Dezembro 2012
  • Novembro 2012
  • Outubro 2012
  • Setembro 2012
  • Agosto 2012
  • Julho 2012
  • Junho 2012
  • Maio 2012
  • Abril 2012
  • Março 2012
  • Fevereiro 2012
  • Janeiro 2012
  • Dezembro 2011
  • Novembro 2011
  • Outubro 2011
  • Setembro 2011
  • Agosto 2011
  • Julho 2011
  • Junho 2011
  • Maio 2011
  • Abril 2011
  • Março 2011
  • Fevereiro 2011
  • Janeiro 2011
  • Dezembro 2010
  • Novembro 2010
  • Outubro 2010
  • Setembro 2010
  • Agosto 2010
  • Julho 2010
  • Junho 2010
  • Maio 2010
  • Abril 2010
  • Março 2010
  • Fevereiro 2010
  • Janeiro 2010
  • Dezembro 2009
  • Novembro 2009
  • Outubro 2009
  • Setembro 2009
  • Agosto 2009
  • Julho 2009
  • Junho 2009
  • Maio 2009
  • Abril 2009
  • Março 2009
  • Fevereiro 2009
  • Janeiro 2009
  • Dezembro 2008
  • Novembro 2008
  • Outubro 2008
  • Setembro 2008
  • Agosto 2008
  • Julho 2008
  • Junho 2008
  • Maio 2008
  • Abril 2008
  • Março 2008
  • Fevereiro 2008
  • Janeiro 2008
  • Dezembro 2007
  • Novembro 2007
  • Outubro 2007
  • Setembro 2007
  • Agosto 2007
  • Julho 2007

Twitter Updates

    follow me on Twitter

    Twingly BlogRank

    Twingly BlogRank

    Indique o seu endereço de email para subscrever este blog e receber notificações de novos posts por email.

    Junte-se a 1.841 outros seguidores

    Create a free website or blog at WordPress.com.

    Privacy & Cookies: This site uses cookies. By continuing to use this website, you agree to their use.
    To find out more, including how to control cookies, see here: Cookie Policy
    • Seguir A Seguir
      • (Re)Flexões
      • Junte-se a 1.841 outros seguidores
      • Already have a WordPress.com account? Log in now.
      • (Re)Flexões
      • Personalizar
      • Seguir A Seguir
      • Registar
      • Iniciar sessão
      • Denunciar este conteúdo
      • Ver Site no Leitor
      • Manage subscriptions
      • Minimizar esta barra