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E, de repente, a indignação tomou conta da blogosfera docente alinhada com a seriedade e o “fazer diferente”, que a dupla Crato/Coelho prenunciava em matéria de mudanças na educação.
No início da semana que agora termina questionei-me sobre o que levava alguns desses militantes blogosféricos a terem ficado tão incomodados com a notícia sobre a votação da proposta de fim da ADD, agendada já para a próxima 4ª feira, dia 27.
É claro que nem todos foram tão activos na invenção de desculpas para justificar o que agora apelidam de óbvia cobardia política. A maior parte ficou-se pelo beneficio da dúvida que persistia em manter relativamente às qualidades e boas intenções dos novos governantes. Afinal, ainda só tomaram posse há meia dúzia de dias semanas.
A grande chatice é que a realidade não se conforma com o wishfull thinking de quem prefere acreditar no pai natal do que analisar o mundo em que vive. É certo que houve quem os alertasse, como foi o caso de um sindicalista com acesso a inside information, mas nem assim se convenceram de que “votinhos” no bolso os seus serviços podem agora ser descartados.
E é vê-los a lamentar-se de forma extremamente indignada, confessando a náusea que políticos assim lhe provocam; ou fazendo comparações a propósito das inverdades ditas pelo anterior governo; ou verberando uma vergonhosa pirueta política; ou ainda vomitando face à desonestidade; e até denunciando a falta total de vergonha, o troca-tintismo politiqueiro, o oportunismo eleiçoeiro, numa “notícia” em que se dá conta da indignação dos outros que se “sentem traídos”, mas se omite quem coerentemente alertou para o excesso de boa vontade com que muitos professores acolheram o novo governo e o novo ministro.
Não existe qualquer satisfação em ter razão antes do tempo e de nada adianta ter razão quando toda a gente à volta insiste em seguir caminho diverso. No entanto, bem pior seria calar a voz da razão apenas para ficar bem na fotografia, ter um monte de seguidores, ou apenas ser aceite por uma comunidade de cabeças pré-formatadas sem o saberem.
Mais uma vez, poderia não ter escrito este último parágrafo, mas… não seria a mesma coisa e não, não me sinto bem comigo mesmo se “der a outra face”.
A ideia de alguma blogosfera docente parece ser esta: se aguentámos 6 anos, já agora também podemos aguentar mais 4 anos. E assim sucessivamente.
Mas, “we will always have…” não Paris, mas muito mais rigor com muitos exames a tudo e muito mais horas de Português e Matemática. Fica bem e pode resolver no imediato. Depois, logo se vê….
Ainda a propósito de exames, de rigor e de excelência, de mérito e de outras coisas….
Se não se importam, aqui vai a minha sugestão e a de miutos mais outros professores de Línguas Estrangeiras: Sr. Ministro, nós esperamos que nos exames se incluam provas orais. Já não falo pelas outras áreas disciplinares. Mas nas LE era conveniente. A avaliação formal da oralidade (e muito bem) tem um peso de 30% na classificação dos alunos. Pode ser?
Francisco, pelo meu lado nunca tive ilusões mas sempre pensei que, por força da NOSSA FORÇA, estes novos políticos seriam “obrigados” a suspender o processo de ADD. Para mim o problema coloca-se precisamente na força que não somos, na união que não temos e isso é que mais me desanima, neste processo todo. As “coisas” que já aceitámos, no seio de agrupamentos com gestão autocrática… é difícil saber ao certo as irregularidades somadas que já se cometeram, bem como os amiguismos, transformados agora em excelentes e muito bons… Considero que este é o maior paradoxo que actualmente se vive nas escolas: “ensinar” cidadania e “praticar” servilismo e corrupção. Com isto viveremos nos próximos anos, sem dúvida. É preciso resistir… e não deixar de acreditar que a união dos professores se tem construido ao longo da história, msmo que sempre com avanços e recuos. Eu serei das que não desiste de acreditar e de tentar que, à minha volta, os colegas não desistam de lutar, melhor, de resistir.
Mais uma vez, a desonestidade com que discutes as posições dos outros é de bradar aos céus. Queres ficar com a taça de «quem teve razão antes de tempo» e que viu tudo o que os outros – pobres bestas – não conseguiram ver? Acontece que, a 18 de Julho, bem antes de se saber o que o PSD e o CDS iriam fazer, escrevemos isto no blogue da APEDE:
http://apede08.wordpress.com/2011/07/18/podem-acabar-de-vez-com-a-porcaria-do-modelo-de-avaliacao-dos-professores-para-comecarmos-outras-coisas/
É verdade que a omissão do que não convém aos teus “argumentos” é um recurso que usas amiudadas vezes. Mas (vou repetir-me) um bocadinho de pudor e de “fair play” não te ficavam mal. Até porque estes métodos são indignos da tua inteligência. Reconheçamos que és capaz de fazer bem melhor do que isto…
Já agora, e em adenda ao que escrevi atrás, acho uma certa piada ao facto de teres feito um reparo por não termos citado, no “post” que referes, um outro “post” de um colega que se mostrava preocupado pelo magno problema de a suspensão da ADD ir suscitar problemas nos horários dos relatores. Ora aí está um problema do caraças, sim senhor!
Mário,
não te amofines com o facto de me divertir com a vossa auto-referenciação mais ou menos circular. É disso que é feita a teia das relações blogosféricas, independentemente de os autores serem professores ou não.
Quanto ao Miguel Pinto poderia ter escolhido mais uns quantos links, já que é um dos que o Crato não consegue enganar. Esse link ou qualquer um destes servia para fazer a distinção entre quem já cá estava e quem vai chegando: http://olhardomiguel.wordpress.com/2011/07/22/onde-est-o-boto/ ; http://olhardomiguel.wordpress.com/2011/07/22/anedtico/ ; http://olhardomiguel.wordpress.com/2011/07/20/rabo-preso/ ; http://olhardomiguel.wordpress.com/2011/07/19/nooova-viageeemmm/ ;
Como vês, há muito por onde escolher, mas o mensageiro segue caminhos diversos dos de quem acredita no pai natal.
É curioso, e sintomático, que não te refiras ao ponto essencial do meu primeiro comentário: o facto de, no nosso blogue, termos sempre previsto que o desenlace da votação das propostas do PCP e do BE ser o que agora se anuncia. Não fomos nós que andámos a discutir com o Guinote qual seria a melhor metodologia para a elaboração dos ditos projectos de lei, como se eles tivessem “pernas para andar” no quadro parlamentar actual. Quanto à auto-referenciação circular, presumo que a tua citação do Miguel Pinto – que não é nada afim das tuas posições, não senhor – escape a essa categoria.
Mário,
por favor não faças o que me acusas de fazer, chutando ao lado.
O facto de preveres que o PSD e o CDS iam “virar o bico ao prego” não é medalha que possas exibir para fazer esquecer que havia por essas bandas uma “secreta esperança” em Nuno Crato, o que é perfeitamente compatível com a admissão de um estado de graça a que o mesmo teria direito.
Pelo menos é assim que se pode entender um post como este em que se “goza” com a iniciativa que achavam que tinha o destino traçado:
http://apede08.wordpress.com/2011/07/13/apenas-mais-uma-coreografia-para-%C2%ABprofessorzeco%C2%BB-ver/
ou faz sentido elaborar uma espécie de “carta de boas intenções” que contenha algumas destas sugestões:
http://apede08.wordpress.com/2011/07/14/para-que-haja-bom-senso-na-avaliacao-do-desempenho/
para não falar do desencanto que se nota aqui:
http://apede08.wordpress.com/2011/07/07/o-nao-mais-um-post-sobre-a-avaliacao-dos-professores/
Quanto à referenciação circular com o Miguel Pinto trata-se de algo natural, como referi no comentário anterior: «É disso que é feita a teia das relações blogosféricas, independentemente de os autores serem professores ou não.» Foi essa a frase que escrevi e, como é natural, não me excluo dessa teia de relações blogosféricas. Ainda por cima quando até em termos de formação científica as nossas afinidades vão ao ponto de sermos produto da mesma escola de formação.
Tal como é natural que quem não quer publicar os “pingbacks” de alguém por quem nutre desafecção utilize os meios que o wordpress permite para o bloquear, como faz alguém que se gaba de não fazer censura. Mas isso, meu caro, são outros “quinhentos”.
Esse último parágrafo escapa-me. Não estás a falar do blogue da APEDE, com certeza.
Quanto aos outros textos que “linkas”, suponho (espero) que um leitor não preconceituoso encontre neles várias coisas: observações e declarações que se prendem com problemas nas escolas que são anteriores à nomeação de Nuno Crato, e que muito provavelmente vão continuar, reflexões (nomeadamente sobre a ADD) que não podem ser reduzidas à “espuma dos dias” que agora correm, e comentários sobre o momento actual nos quais temos procurado introduzir algum equilíbrio e muita distância do ruído que por aí anda. Pelo menos, tentamos.
Acontece – e isto nada tem que ver com “estados de graça” – que não demonizamos Nuno Crato apenas porque sim ou apenas por fazer parte de um governo de direita. Esta última posição, eu sei, obriga a justificações adicionais que não cabem neste comentário. Entendemos que, não obstante todas as limitações e imposições que decorrem do programa “troikiano” que o governo vai aplicar, resta ainda uma margem de manobra, por exígua que seja, para que o ministro da Educação introduza algumas transformações positivas no sistema de ensino. Não tenho qualquer problema em assumir que isto significa dar-lhe um benefício da dúvida, um benefício muito pequenino e muito vigiado. Isto quer dizer que vamos julgar Nuno Crato com base nas políticas que ele for desenvolvendo, sem alimentarmos quaisquer ilusões e sabendo, de antemão, que os programas da “troika” e do PSD minam quase tudo o que se poderia e deveria fazer. O que, em nosso entender, não tem grande sentido é estar já a condenar integralmente o homem ainda antes de ele ter tomado decisões de fundo.
Entretanto, como as “esperanças” que alimentamos são tremendamente escassas, certamente que não vamos acordar de nenhum idílio. Farás, ao menos, a justiça de considerar que não somos exactamente uns entusiastas “cratianos”. Por ora, somos apenas uns tipos que andam a tentar olhar para as coisas com a lucidez possível.