(Re)Flexões

~ Defendendo a Cidadania

(Re)Flexões

Daily Archives: Março 6, 2011

Convém ter algum limite nas palavras que se usam

06 Domingo Mar 2011

Posted by fjsantos in (in)verdades, acção pública, avaliação de desempenho

≈ 9 comentários

Etiquetas

demagogia, movimentos "inde"pendentes, Rigor, sindicalismo docente

O meu amigo, e antigo camarada de recruta, Paulo Prudêncio é um homem que tem um certo culto pelo rigor e pela justiça.

Também é uma pessoa que procura manter-se actualizada em relação aos temas que lhe interessam, polemizando sobre eles num dos mais antigos blogues de professores onde se discute educação e escola pública.

O Paulo é, desde há longo tempo, um militante activo do que apelida “carinhosamente” a web2.0, o que o leva a acreditar excessivamente nas suas virtudes, esquecendo um pouco as debilidades que a rede tem. A tal ponto é assim que, frequentemente, o Paulo enaltece a menor iniciativa de luta promovida através da rede, seja nos blogues, nas listas de distribuição de emails, no facebook ou noutros forúns, ao mesmo tempo que critica a postura dos sindicatos de professores, mesmo sendo sócio de um deles, desde sempre.

Não é que “os sindicatos” não possam e não devam ser criticados. Convém, no entanto, perceber que quando um sócio de um sindicato critica “o sindicato” também se deve incluir nessa crítica, na medida em que de forma directa ou indirecta ele também contribui para a acção (ou inacção) sindical. É esse o meu lema e, por isso mesmo, tenho participado de forma activa na crítica à direcção sindical do SPGL, nos aspectos em que julgo a sua acção insuficiente, e no apoio às iniciativas que julgo contribuírem para melhorar a escola pública e o estatuto sócio-profissional dos professores.

Infelizmente não me parece que seja o mesmo que o meu amigo Paulo Prudêncio tem feito nos últimos tempos, como já lho tenho dito mais do que uma vez. Ainda ontem, num post publicado no Correntes, o Paulo volta a fazer uma crítica indiferenciada a todos os sindicatos de professores (incluindo aquele de que é sócio), de uma forma extremamente injusta e que revela alguma falta de informação sobre a actividade sindical docente, para não dizer que se trata de preconceito infundamentado, atribuível a leituras político-partidarizadas que fazem quase o pleno no mainstream ideológico em que se move a generalidade dos professores.

O Paulo afirma, entre outras coisas, que a suspensão da ADD depende dos sindicatos de professores e que, se estas organizações manifestarem inequivocamente à AR a sua reprovação do modelo, este será revogado.

Uma tal afirmação revela um entendimento da acção pública e dos mecanismos de construção das políticas públicas, em regimes de democracia liberal representativa, que é confrangedor quando proferida por uma pessoa informada e responsável, como é o caso do Paulo Prudêncio.

Mas, para lá desse entendimento sobre a fabricação das políticas públicas, há também a questão da injustiça que é considerar que todos os sindicatos são iguais e todos são culpados, na mesma medida, pelos insucessos que a luta dos professores tem tido, colocando de fora a vontade e disposição individual de cada professor, sindicalizado ou não.

É conveniente não esquecer que, quando os professores criticam “os sindicatos”, a imagem que surge imediatamente é a FENPROF e Mário Nogueira. O que torna a crítica ainda mais injusta, na medida em que esta estrutura e o seu secretário-geral têm sido o maior baluarte dos professores, na defesa dos seus interesses e da escola pública e democrática para todos.

Não indo muito longe, mas antecedendo de forma clara os momentos altos da luta contra Maria de Lurdes Rodrigues, que os críticos dos sindicatos tanto gostam de invocar, bastará aceder à página oficial da FENPROF e escolher os links para as iniciativas da acção sindical, seleccionando as comemorações do 5 de Outubro de 2007, em que se afirmava claramente que Categoria só há uma e Avaliação de Desempenho: Irresponsabilidade e a greve de 30 de Novembro de 2007 que foi uma das mais expressivas de sempre, só para falar do que a FENPROF fez antes de surgirem, e serem acarinhados pela comunicação social, os auto-intitulados movimentos independentes.

Depois dessas iniciativas é possível encontrar no mesmo local o 5 de Outubro de 2009, em que Mário Nogueira afirmou, de forma inequívoca, que «há duas medidas que, sem dúvida, deverão ser tomadas de imediato – e serão elas esse importante sinal: suspender a avaliação de desempenho (criando um regime transitório aplicável enquanto não estiver definido uma novo modelo) e acabar com a divisão da carreira docente».

Mas também no X Congresso, realizado em 23 e 24 de Abril de 2010, ficou inequivocamente claro que a FENPROF continuará a bater-se pela melhoria do ECD, designadamente no que respeita à:

  • Existência de mecanismos de vinculação dinâmica de docentes contratados;
  • Revisão dos modelos de avaliação de desempenho;
  • Adequação dos horários de trabalho dos docentes;
  • Aprovação de um regime de aposentação que tenha em conta o desgaste acentuado, quer físico, quer psicológico, provocado pelo exercício continuado da profissão;
  • Aplicação do ECD aos docentes da Administração Pública a prestar funções em serviços dependentes de outros ministérios ou em organismos ou institutos públicos;
  • Contagem integral de todo o tempo de serviço prestado, seja o tempo perdido com a imposição, desde 2007, de novas regras de ingresso e transição entre carreiras, sejam os 28 meses roubados a todos os trabalhadores da Administração Pública em 2005, 2006 e 2007.

Para lá desse esquecimento (ou falta de conhecimento, para ser soft) o Paulo faz ainda outras afirmações que revelam ignorância ou má-fé em relação à realidade sindical, quando acusa “os negociadores” de serem «pessoas sem sala de aula e quase sem escola». É falso que assim seja, porque nos sindicatos da FENPROF há muito poucos dirigentes que tenham redução total do serviço lectivo, estando a esmagadora maioria a trabalhar nas suas escolas, com turmas ou em apoios individualizados a alunos com necessidades educativas especiais.

Quanto à acusação de que “os sindicatos” funcionam como sociedades secretas é também claramente excessiva. Nos sindicatos da FENPROF, em particular naquele de que sou sócio e delegado sindical, as reuniões nas escolas são convocadas com conhecimento e apelo à participação de todos os professores (sejam sindicalizados ou não). Quanto às Assembleias de Sócios e de Delegados a sua natureza estatutária limita os direitos de intervenção, da mesma forma que sucede em qualquer outra organização com estatutos aprovados pelo ministério público.

Finalmente, é preciso alguma ingenuidade para acreditar que a ida de uma delegação de todos os sindicatos de professores ao parlamento, entregando uma proposta de suspensão do actual modelo de ADD, é suficiente para que todos os partidos da oposição votem favoravelmente essa iniciativa. De resto, veremos o que vai suceder com a votação da proposta que o Bloco de Esquerda já apresentou. Por mim estou convicto de que terá o mesmo destino que iniciativas, anteriores e semelhantes, do PCP e do BE já tiveram.

Correio Electrónico!

25A – SEMPRE

Março 2011
S T Q Q S S D
 123456
78910111213
14151617181920
21222324252627
28293031  
« Fev   Abr »

Artigos Recentes

  • da ignorância atrevida, da demagogia com cobertura mediática e da não ingerência na soberania de outros povos
  • do presidente-monarca
  • da democracia nos partidos
  • do “andar a dormir” e do tratamento desigual dispensado pela comunicação social
  • da escola como ocupação do tempo dos jovens

Comentários Recentes

Professsora em do tempo e forma das negociaçõ…
fjsantos em do tempo e forma das negociaçõ…
Professsora em do tempo e forma das negociaçõ…
Mina em Nuno Crato anunciou nova alter…
fjsantos em O PS e a unidade da esque…

Arquivos

  • Abril 2016
  • Março 2016
  • Fevereiro 2016
  • Janeiro 2016
  • Dezembro 2015
  • Novembro 2015
  • Outubro 2015
  • Outubro 2013
  • Julho 2013
  • Junho 2013
  • Maio 2013
  • Abril 2013
  • Março 2013
  • Fevereiro 2013
  • Janeiro 2013
  • Dezembro 2012
  • Novembro 2012
  • Outubro 2012
  • Setembro 2012
  • Agosto 2012
  • Julho 2012
  • Junho 2012
  • Maio 2012
  • Abril 2012
  • Março 2012
  • Fevereiro 2012
  • Janeiro 2012
  • Dezembro 2011
  • Novembro 2011
  • Outubro 2011
  • Setembro 2011
  • Agosto 2011
  • Julho 2011
  • Junho 2011
  • Maio 2011
  • Abril 2011
  • Março 2011
  • Fevereiro 2011
  • Janeiro 2011
  • Dezembro 2010
  • Novembro 2010
  • Outubro 2010
  • Setembro 2010
  • Agosto 2010
  • Julho 2010
  • Junho 2010
  • Maio 2010
  • Abril 2010
  • Março 2010
  • Fevereiro 2010
  • Janeiro 2010
  • Dezembro 2009
  • Novembro 2009
  • Outubro 2009
  • Setembro 2009
  • Agosto 2009
  • Julho 2009
  • Junho 2009
  • Maio 2009
  • Abril 2009
  • Março 2009
  • Fevereiro 2009
  • Janeiro 2009
  • Dezembro 2008
  • Novembro 2008
  • Outubro 2008
  • Setembro 2008
  • Agosto 2008
  • Julho 2008
  • Junho 2008
  • Maio 2008
  • Abril 2008
  • Março 2008
  • Fevereiro 2008
  • Janeiro 2008
  • Dezembro 2007
  • Novembro 2007
  • Outubro 2007
  • Setembro 2007
  • Agosto 2007
  • Julho 2007

Twitter Updates

    follow me on Twitter

    Twingly BlogRank

    Twingly BlogRank

    Indique o seu endereço de email para subscrever este blog e receber notificações de novos posts por email.

    Junte-se a 1.841 outros subscritores

    Create a free website or blog at WordPress.com.

    Privacy & Cookies: This site uses cookies. By continuing to use this website, you agree to their use.
    To find out more, including how to control cookies, see here: Cookie Policy
    • Seguir A seguir
      • (Re)Flexões
      • Junte-se a 34 outros seguidores
      • Already have a WordPress.com account? Log in now.
      • (Re)Flexões
      • Personalizar
      • Seguir A seguir
      • Registar
      • Iniciar sessão
      • Denunciar este conteúdo
      • Ver Site no Leitor
      • Manage subscriptions
      • Minimizar esta barra