Etiquetas
Não sendo o único instrumento de gestão de recursos humanos e concomitante diminuição da massa salarial dos professores do ensino básico e secundário, a aplicação deste decreto tem um impacto muito forte na diminuição dos horários necessários nas escolas. O que, por sua vez, se traduz em aumento do desemprego docente, seja através da extinção de contratos a termo, seja pela pressão colocada sobre os docentes com contrato por tempo indeterminado (ex-quadros de escola/agrupamento) que serão confrontados com horários zero, e subsequente encaminhamento para os quadros de mobilidade e reforma antecipada com penalização.
Na escola em que lecciono – uma escola de dimensão reduzida, com apenas 25 turmas – o impacto da aplicação do DL 18/2011 traduz-se no “apagão” de 130 horas lectivas, o que em termos brutos significa 5 horários de 22 horas e 1 de 20 horas.
Apenas na disciplina de EVT a extinção do par pedagógico e da Área de Projecto significa que os dois professores contratados, que hoje têm trabalho, em Setembro estarão no desemprego. A estes dois “ex-contratados” sem emprego haverá que somar um professor com contrato por tempo indeterminado (ex-quadro de escola) que ficará sem horas para leccionar e um segundo que ficará com um horário reduzido a uma ou duas turmas (já pensando na possibilidade de leccionar ET/EV no 3º ciclo).
A alteração do estatuto do Estudo Acompanhado para uma espécie de “apoio pedagógico”, ficando reduzido a um professor, acaba de vez com a polémica em torno do carácter lectivo dos apoio pedagógicos individualizados e diminui para metade o número de horas lectivas desta área no 2º ciclo, com a consequente diminuição de necessidades de horários docentes, em especial no português e na matemática. O facto de o Estudo Acompanhado não ser generalizado a todos os alunos introduz uma dificuldade acrescida à elaboração dos horários, uma vez que não poderá aparecer no meio de outras aulas para não provocar “furos” nos horários dos alunos não abrangidos.
Sobre o Desporto Escolar o decreto é ambíguo, embora o artigo 9º possa permitir a transferência das actividades de treino para a componente não lectiva, alcançando desta forma a desejada diminuição de horários e professores.
“docentes com contrato por tempo indeterminado (ex-quadros de escola/agrupamento) ”
Caro Francisco, ainda não há muito tempo movimentá-mo-nos nas escolas contra esta tentativa do governo de alterar administrativamente o nosso vínculo laboral, o que os levou a recuar. Até foram publicadas umas listas de transição que depois ficaram sem efeito.
Entretanto, voltou o discurso do “contrato por tempo indeterminado” e parece que está a ser interiorizado e aceite sem contestação, até entre os professores mais informados e contestatários, até nos meios sindicais.
Estamos todos a deixar-nos comer por parvos, ou haverá aqui alguma coisa que me está a escapar?…
…movimentámo-nos…
António Duarte,
nem uma coisa nem outra.
É verdade que houve um recuo no que diz respeito às “listas de transição”. No entanto, de acordo com a pouca informação que circula e escapa ao controlo ministério/direcções de escolas, estas últimas terão sido intimadas a preencher em Janeiro uns mapas com os recursos humanos existentes este ano lectivo e que tinham duas colunas: uma para os professores com contrato a termo (contratados) e outra para os professores com contrato por tempo indeterminado.
Aparentemente serão “apenas instrumentos de trabalho” que veiculam informação sobre as necessidades das escolas. Correspondem aos mapas que se preenchiam há anos atrás e que serviam de base à abertura de vagas nos concursos nacionais.
O que é grave é que o mesmo instrumento tenha agora passado a usar uma terminologia diferente, que vai de encontro ao previsto na lei 12-A.
Esta denúncia tem sido feita pela Fenprof, como pode ser visto entre 0:20 e 1:16
O desemprego docente é evidentemente um problema gravíssimo. Mas os horários dos alunos não podem andar a reboque desse facto. Sempre achei desde o início que o Estudo Acompanhado não deveria ser obrigatório para todos os alunos, pois assim se esvaziava a sua importância. Há alunos que precisam de maior acompanhamento do que outros e o EA seria uma boa oportunidade para isso,precisamente porque porque teriam um espaço próprio e menos dominado pelos melhores alunos. Ignorar as diferenças é agravá-las. Por outro lado, não tem qualquer sentido estar intercalado com as aulas. Creio que precisamente deveria estar mais para o fim do dia, para a consolidação de aprendizagens e de métodos de estudo.
Quanto ao Desporto Escolar,apenas quero recordar que as aulas de apoio já saíram há muito da componente lectiva e relativamente a isso não houve grande contestação. E essas aulas são bem menos gratificantes para o professor e exigem mais.