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Notícia SÁBADO
Cavaco disse à PIDE que estava “integrado” no salazarismo…
29-11-2010
Se a PIDE não se opusesse, Cavaco Silva, portador do BI número 153955, poderia ser autorizado a manusear documentação classificada até ao grau de “Nato Secreto” (o segundo nível mais restrito de informação) na Comissão Coordenadora da Investigação para a NATO – como era desejo do general, que tinha sido deputado à Assembleia Nacional e presidente do Sporting, antes de assumir o comando operacional das várias entidades de defesa do país.
Aníbal tinha 28 anos e a vida encaminhada: já estava casado com a actual primeira-dama, cumprira o serviço militar em Moçambique e tinha dois filhos. Trabalhava já como investigador da Fundação Calouste Gulbenkian e professor assistente do ISCEF (Instituto Superior de Ciências Económicas e Financeiras) onde tinha sido um dos melhores alunos.
A polícia política abriu o processo número 995/67 e pediu ao chefe de gabinete do ministro da Educação que fizesse comparecer Cavaco Silva na sede da PIDE, na Rua António Maria Cardoso. O professor faltou à primeira convocatória mas, após uma insistência do director da PIDE, em Dezembro de 1967, preencheu o “formulário pessoal pormenorizado”, um boletim de 4 páginas que era burocraticamente designado como “modelo 566”.
A alínea 12 colocava uma questão directa: “Sua posição e actividades políticas”. Na linha de baixo, num momento em que António de Oliveira Salazar – então com 78 anos – cumpria o seu 35.º ano como líder da ditadura, Cavaco Silva escreveu: “Integrado no actual regime político”. Deixou mais uma linha e acrescentou: “Não exerço qualquer actividade política”.
Na alínea 23, solicitado a indicar “duas pessoas idóneas (de preferência oficiais do Exército, Marinha ou Força Aérea) que o possam abonar moral e politicamente”, o actual Presidente da República quis fazer mais do que o formulário requisitava. Com a sua caneta riscou o “duas” e anotou por cima “três”, para o caso de a PIDE não reparar que tinha indicado um nome extra.
Deu então os nomes de um membro da União Nacional – o partido do regime liderado por Salazar – José Rodrigues Alho, que exercia a profissão de fiscal da Carris (a empresa que geria os autocarros e eléctricos em Lisboa); do presidente da Junta de Freguesia de Santo Condestável, o tenente do exército Artur Ticão; e de um membro do secretariado da Defesa Nacional, o capitão António Ferreira da Costa.
Depois de prestar todas as informações sobre os seus dados de identificação, como nome, morada actual e endereços anteriores (viva num 5º andar da R. Padre Francisco e antes tinha residido noutro 5º andar na vizinha Rua Almeida e Sousa, na zona de Campo de Ourique, em Lisboa), locais onde estudou, situação militar (“Teve algum castigo? Não tive punições”), empregos, nomes e dados dos pais, esposa, irmãos, cunhados e sogros, foi ainda confrontado com a alínea 20, onde lhe era perguntado se algum destes familiares tinha residido na União Soviética ou Satélites – uma pergunta obrigatória, num contexto de Guerra Fria, a qualquer candidato a manusear documentos relacionados com a Organização do Tratado do Atlântico Norte.
Na folha de rosto do boletim está agrafada, no canto superior esquerdo, uma sua foto tipo-passe, de blazer, pullover, camisa branca e gravata escura. Na última página, a seguir à data (Lisboa, 21/12/1967), o respondente rubricou a sua assinatura: “Aníbal António Cavaco Silva”. Depois, num espaço reservado para observações, entendeu que devia prestar uma informação adicional sobre a família: “O sogro casou em segundas núpcias com Maria Mendes Vieira, com quem reside e com quem o declarante não priva.”
Os funcionários da PIDE recolheram informações sobre o “porte moral e político” do então professor e investigador, os homens indicados por Cavaco Silva foram contactados, e o agente Amorim concluiu que “moral e politicamente nada se conseguiu apurar em seu desabono”.
A direcção de campanha de Cavaco Silva não respondeu aos pedidos de esclarecimento feitos pela SÁBADO e, através do assessor de imprensa Francisco Azevedo e Silva, comentou apenas: “Este tipo de guerra suja não pega com o candidato prof. Cavaco Silva. A sua vida e todos os aspectos da sua carreira política, antes e depois do 25 de Abril, é totalmente transparente e é, aliás, integralmente revelada na autobiografia”. Na autobiografia não há qualquer referência a este episódio.
No livro Cavaco Silva contou que quando era estudante e passava junto à residência oficial de Salazar, atravessava para o passeio do outro lado da rua porque “os muros altos e os polícias impunham respeito”. E recordou a sua indignação quando rejeitaram o seu pedido de adiamento para cumprir o serviço militar e o convocaram para fazer a recruta em 1962, por causa da guerra colonial: “Fiquei revoltado e acentuou-se em mim a rejeição ao regime de Salazar”. O livro foi lançado 35 anos depois de se ter declarado “integrado” no Estado Novo.
Leia a notícia na edição impressa da SÁBADO, disponível nas bancas a partir desta terça-feira
LOLOL
Qual era o equivalente da PIDE na URSS, essa outra ditadura mas de sinal contrário?
TTLB,
o que é que o cú tem a ver com as calças, óh burro?
vives na URSS?
NÃO -respondo mas não sou o dito cujo- MAS A ÚNICA COISA QUEM TEM A VER COM ESTA NOTÍCIA É QUE NA URSS ,O MESMO ,NA DÚVIDA, TINHA IDO PARA A SIBÉRIA..E PARA QUE CONSTE NÃO GOSTO DO CAVACO..EMBORA APRECIE AS SUAS ORIGENS…QUANTO AO RESTO ZIP…TCHI grandes…
http://bulimunda.wordpress.com/2010/11/30/frase-dos-tempos-que-correm-2/
Kamarada
Quem critica o anonimato dos nicks mas usa um para ofender não é kamarada com K grande. Mas dou isso de barato para te responder. E tu sabes que eu sei do que falo.
“O que é que o cú tem a ver com as calças” perguntas tu.
“Vives na URSS?”, voltas a inquirir.
Vamos a contas:
– Olvidas ou fazes-te desentendido de que o teu querido regime comunista soviético tinha uma temível polícia política à semelhança da PIDE? Só que a PIDE, à vista dos teus camaradas soviéticos, era um grupo de meninos de coro.
– Não, não vivo na URSS, felizmente. Mas se o teu querido PCP tivesse governado este país, como tanto anseias, teríamos vivido numa espécie de “URSS dos pequeninos” e estaríamos ainda mais bem tramados.
Tá?
Quando a conversa não vos convém, chama-se logo a URSS, para tapar o sol com a peneira.
Isto é mais uma palermice de quem não tem mais que fazer. Toda a gente sabe que o dr Cavaco estava integrado no regime. Aliás, estávamos todos integrados no regime. Integrado não quer dizer absolutamente nada. Embora não sejam reconhecidos ao dr Cavaco quaisquer pruridos contra a ditadura (foi ele, aliás, o único presidente que não levou cravos para a cerimónia do 25 de Abril, na AR), escrever nos registos da PIDE “integrado no actual regime político” pode ter sido uma forma astuta e instintiva de procurar garantir a sobrevivência tranquila. Toda a gente sabe que o dr Cavaco preza acima de tudo a paz e a tranquilidade. De tal forma que, ali pelos anos 90, chateado com tanto protesto pela sua desastrosa política, criou uns SIS, uma tentativa de reeditar a saudosa A. Maria Cardoso, e mandou a polícia de choque pôr na ordem os selvagens dos tugas que andavam a armar-se em parvos a fazer manifestações todos os dias.
Um dia acordou rabujento e lembrou-se de dizer “deixem-nos trabalhar”. Mas isso foi por engano. O que ele queria mesmo dizer era “ou vocês se integram no actual regime político ou levam com a polícia pelos cornos”. Um patriota, portanto. E de longa data, pelos vistos.
Nem PIDE nem KGB…
Cavaco preocupado com a pobreza em Portugal!!! Olha, isso passa-te…também estará preocupado com a diminuição de salários… deixa-me rir; mas todos os outros, neste momento, não são melhores que Cavaco. Eu votaria no Jorge Palma…