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Começou hoje a vergonhosa cimeira da Nato, em que os “donos do mundo” se preparam para “rever o conceito estratégico” de uma aliança, que querem local e defensiva na forma, mas global e ofensiva no conteúdo desse novo conceito estratégico.
Na preparação da segurança para o evento foi incluída a aquisição, pela PSP, de um conjunto de 5 blindados (eufemísticamente crismados de viaturas com protecção antibalística).
Para lá da eventual negociata que a aquisição por ajuste directo possa ter permitido (sempre foram 5 milhões de euros), o atraso e a recusa de informações sobre o assunto, por parte da direcção da PSP, permitem supor que os blindados não foram adquiridos por causa da cimeira da Nato, mas porque a polícia quer estar equipada para malhar forte e feio em manifestações (motins, na gíria militarista da direita) que imagina possam vir a ocorrer num futuro mais ou menos breve.
Não fossem os preparativos para a continuidade da supressão dos direitos cívicos com que a direita capitalista pensa poder conter os protestos, que se avolumarão por parte dos desempregados e dos assalariados para quem cada vez sobra mais mês no fim do salário, os blindados anti-motim não teriam sido encomendados, ou o contrato já teria sido denunciado por incumprimento de prazos por parte do fornecedor.
A notícia no DN de hoje, em que se afirma que «Os blindados que o Governo adquiriu com urgência para a PSP utilizar na operação de segurança da Cimeira da NATO deixaram de ser importantes para a direcção desta polícia. Até ontem à noite, as viaturas, que saíram da fábrica na Carolina do Sul, nos Estados Unidos, na terça-feira, mas não seguiram directamente para Lisboa, ainda não tinham chegado. Terão feito escala em Madrid e devem vir por via terrestre.» é a demonstração de que o objectivo da compra não é o anunciado, mas um outro que se pretende ocultar da opinião pública.
Tudo isto, que vai da aquisição de material bélico para equipar uma polícia civil, até à suspensão da democracia ao impedir cidadãos europeus de se manifestarem contra uma organização bélica e em favor da Paz, ou ao retirar propaganda à greve geral de um edifício pertencente a uma organização sindical, revelam que a suspensão da democracia preconizada por Manuela Ferreira Leite já está a ser aplicada por José Sócrates.
Lamentavelmente, nem o presidente da república (que jurou defender a constituição e a democracia) nem o candidato Alegre se insurgem contra este estado de coisas. De resto também não o poderiam fazer já que são cúmplices do estado-a-que-isto-chegou, quanto mais não seja porque ambos se revêm no OE 2011, que prolonga a crise e vai continuar a acrescentar miséria à vida dos portugueses que não se banqueteiam à mesa do orçamento.