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A propósito das explicações para a crise e para o fraco desempenho da economia portuguesa, os figurões do regime, que têm a incumbência de adormecer a populaça nos OCS, decretaram há muito tempo que tudo se devia ao “elevado custo do trabalho” por comparação com o valor desse custo nas economias emergentes, em particular na Índia e na China.
De acordo com João Duque, Ernani Lopes, Medina Carreira, Campos e Cunha e tantos outros peritos e comentadores, como Luís Delgado, Cantigas Esteves ou Sarsfield Cabral, tudo seria mais fácil para a economia portuguesa se os salários não fossem tão elevados. Manuel Pinho, esse portento da economia, que depois de ter sido ministro desta república anda a dar lições aos americanos com a subvenção da EDP, chegou a preconizar que a solução para o problema português era seguirmos o exemplo dos capitalistas que na China exploram a mão-de-obra barata, acumulando cada vez mais capital.
Evidentemente que tal “heresia” face à defesa do Estado-social, levada a cabo pelos gestores socialistas e social-democratas portugueses e europeus, caiu muito mal e deu também um pequeno contributo para a queda em desgraça de tão “engraçada” personagem.
É que não faltam na nossa praça os mais empenhados defensores dos direitos dos trabalhadores chineses e da importância de um sindicalismo forte na RPC.
Curiosamente, são os mesmo que nem dão pela infâmia que é a redução ardilosa dos salários levada a cabo pela PSA de Mangualde, ou a exploração que os empresários do têxtil pretendem impor aos seus trabalhadores, em nome da melhoria da performance exportadora do país.
Os bonecreiros, que vão manipulando os fios das marionetas que têm estrategicamente colocadas no governo e na comunicação social, a que acrescem alguns idiotas úteis espalhados na blogosfera, esfregam as mãos de contentes por conseguirem vender a ideia de que o OE2011 se destina a salvar o país, sobretudo à custa da redução dos salários dos funcionários públicos.
O “estudo” que há uns dias foi divulgado pela UC dava a entender a ideia de que quem trabalha no sector privado não tem nem motivos, nem vantagens em aderir às lutas sindicais já em marcha, ou até às que se lhe seguirão. Torpe engano. Como se pode verificar pelos exemplos do sector automóvel e do sector têxtil, dois dos “baluartes” do exíguo crescimento económico que se registou no último trimestre, o apetite voraz do capital pelo lucro só se satisfaz à custa dos salários de miséria e da degradação das condições de vida dos assalariados, a quem são negados os mais elementares direitos sociais, que os economistas do regime e do estado-a-que-isto-chegou decidiram que não são direitos constitucionais.
Tudo indica que as condições de vida dos trabalhadores ainda se degradarão mais nos próximos anos. Os capitalistas não estão minimamente interessados em mudar de política e é previsível que a agitação social cresça exponencialmente à medida que o desemprego, a fome e a miséria atinjam mais e mais trabalhadores.
É nesse contexto que se entendem as pressões, cada vez mais óbvias, para a constituição de um governo da nova União Nacional, que no pós 25 de Abril foi rebaptizada de “arco da governação”.
É sobretudo contra este estado de coisas que, sem hesitações, devemos fazer uma enorme