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O Governo anunciou hoje que vai concentrar o esforço de consolidação orçamental sobretudo na redução da despesa. […] Entre as medidas hoje anunciadas para integrar o Orçamento do Estado de 2011 inclui-se um corte nos salários da função pública e um aumento de impostos.

Pode até ter sido distracção minha, ou então má vontade contra os três partidos que têm governado Portugal desde que passámos a viver na “democracia do capital europeu”, mas não dei conta de que tivesse sido anunciado o fim de nenhuma parceria público-privada, ou o encerramento de qualquer empresa pública/municipal que duplica funções que antes eram asseguradas por serviços públicos, ou a denúncia de um sequer dos milhares de contratos de outsorcing que apenas servem para a gente do cartão certo ganhar milhões a fazer o que os funcionários atirados para a mobilidade e a reforma antecipada antes faziam por tostões.

Desde que Soares, Balsemão & Cia. Lda. resolveram tornar-se discípulos obedientes e cordatos da CEE/UE que o país foi perdendo a sua independência económica e os portugueses perdendo a esperança no futuro. A rendição à política de destruição dos sectores primário e secundário da produção, com a aceitação da PAC que beneficia os agricultores dos países centrais como a França e com a submissão às políticas de desindustrialização do nosso país em benefício da indústria alemã, constitui o mais grave ataque aos direitos dos portugueses, que foi concretizado nos últimos 25 anos pelos sucessivos governos de PSD, PS e PSD/CDS.

Hoje, apesar da luta encenada entre PSSócrates e PSDCoelho, os trabalhadores portugueses voltaram a sentir mão alheia no seu bolso.

Apesar disso ainda pode haver esperança. Não na continuidade destes políticos e destas políticas, velhas de 35 anos (já quase tantos como os do ignaro António de Stª Comba), mas numa mudança escolhendo novos protagonistas, que defendam uma política de esquerda e assente na reconstrução da produção nacional.

É importante que te lembres disso quando, em Janeiro, fores chamado a escolher o próximo PR. E é fundamental que não o esqueças quando, lá mais para o meio de 2011, fores chamado a escolher a composição de uma nova AR. Para não repetir o erro de 2009 e não mais se ouvirem asneiras como «vota à direita ou vota à esquerda, desde que não votes no que está».

É que não é indiferente eleger um deputado a mais para a esquerda ou um a mais desde o PS até à extrema direita.