(Re)Flexões

~ Defendendo a Cidadania

(Re)Flexões

Daily Archives: Julho 11, 2010

Discurso oculto da direita sobre Ciências da Educação

11 Domingo Jul 2010

Posted by fjsantos in (in)verdades, educação

≈ 6 comentários

Etiquetas

ciclo eleitoral, luta política

A direita portuguesa, saudosa da escola cujos diplomas garantiam aos seus filhos o elevador social que era negado aos filhos das classes trabalhadoras, erigiu em inimigo principal as Ciências da Educação.

O seu ponta de lança, cujo maior mérito foi descobrir o filão mediático e financeiro que representava o termo “eduquês”, é Nuno Crato.

Numa altura em que todos os portugueses cheiram no ar a mudança de 1º ministro(*), o Ramiro Marques começa a fazer campanha para que o ex-presidente da SPM venha a dirigir a comissão liquidatária do ME do governo Passos Coelho.  *(não se percebe porque temos que esperar até ao final de 2011 para o incompetente José Sócrates entregar de bandeja todo o trabalho sujo, já feito, nas mãos de Passos Coelho)

Seria o mesmo que o Tio Patinhas entregar a chave do cofre-forte ao chefe dos Metralhas.

Nuno Crato, e com ele muitos dos “experts” que mais tempo de antena têm na comunicação social, tem um “ódio de estimação” às Ciências da Educação. Provavelmente, nem ele saberá muito bem por quê, tirando o facto de estar na moda. É que, de facto, ao contrário da vulgata da direita, não foram pessoas ligadas às Ciências da Educação, nem os perigosos “esquerdistas façanhudos” que propuseram, aprovaram e promulgaram as centenas de medidas legislativas que vêm paralisando as escolas nos últimos anos. Os responsáveis por essa produção legislativa foram os governos eleitos pelos portugueses (para memória futura dependentes apenas dos 3 partidos do chamado “arco-governativo”) e os técnicos e militantes desses 3 partidos que enxameiam as estruturas centrais e intermédias do ME.

Sobre as responsabilidades das Ciências da Educação convém ler a conferência proferida na Academia das Ciências de Lisboa, a 27 de Julho de 2006, pelo Professor Albano Estrela, disponível na Sísifo. Revista de Ciências da Educação, 1, pp. 141‑146

E, para terminar, uma nota de rodapé, sobre o que se vem escrevendo acerca dos malefícios das Ciências da Educação. Ora, eu não creio que, na verdade, tenha havido nem malefícios nem benefícios de maior. Por uma razão extremamente simples: as Ciências da Educação e os seus cientistas não têm sido chamados a uma intervenção sistemática e continuada em qualquer domínio do sistema educativo português. Apenas de um modo marginal e esporádico é que os especialistas e as universidades têm intervindo no que é da competência dos ministérios da tutela.
Exemplo maior será a chamada Reforma Curricular dos anos 80, na concepção da qual não interveio nenhum curriculista da Educação — nem português, nem estrangeiro. De qualquer modo, a decisão pertencerá, sempre, como é óbvio, aos políticos, que utilizarão, ou não, os elementos fornecidos pela Ciência, de acordo com os desígnios que pretendem atingir. Apesar deste facto, não nos podemos esquecer do trabalho imenso que as Universidades e alguns Institutos Politécnicos têm desenvolvido, nos últimos 25/30 anos, na abordagem científica de múltiplos aspectos da Educação, o do desenvolvimento curricular incluído.
Desperdiçar esse manancial de conhecimentos, como tem geralmente acontecido, revela incúria grave dos poderes públicos que, a título algum, podemos aceitar — e que nos cumpre denunciar. Em abono da verdade, cumpre‑me, no entanto, dizer que, nos últimos tempos, algo parece estar a mudar.
A participação de especialistas em diversas áreas, como a da Administração Educacional, a do Desenvolvimento Curricular, a da Avaliação Educacional, é sinal positivo, que, esperemos, não seja um mero fogo fátuo, a extinguir‑se no sorvedouro do conflito político‑administrativo em que permanentemente vivemos. Esperemos, ilustres Confrades, esperemos minhas senhoras e meus senhores, esperemos…

Globalização, governança global e ideologia (II)

11 Domingo Jul 2010

Posted by fjsantos in acção pública

≈ Deixe um comentário

Etiquetas

delegação, eficácia, governança

Para melhor percebermos o fenómeno da globalização, com o qual somos constantemente bombardeados quando a classe dominante quer justificar porque é que o trabalho é sempre penalizado em favor do capital, convém ir lendo o que a investigação nos ensina sobre a complexidade dos mecanismos de governança que actuam na arena global, constrangendo os governos nacionais, ao mesmo tempo que são por eles fabricados e postos em prática.

[…]contemporary global governance is characterized by a high degree of diversity and complexity. Governance arrangements can take public, private, or hybrid forms. They can involve substantial delegation of functions or reflect the desire not to create and empower independent bodies. They can involve many of the stakeholders in the decision making process or convey the overwhelming power of a few. Furthermore, the interplay among distinct governance arrangements is also remarkably diverse, as the modalities of interaction range widely, from symbiosis to rivalry.

The heterogeneous and at times contradictory character of global governance presents a challenge to any attempt to understand its operation and evolution in theoretical terms.

Many scholars of global governance are concerned with the possibilities and conditions of its improvement. Some focus on the capacity of governance arrangements to solve the problems that led to their creation, and ask which institutional designs are more conducive to effectiveness (Miles et al. 2001). Others stress the need to strengthen the mechanisms for participation and accountability in global policy making, and explore ways to increase the ‘congruence’ between the input and the output sides of global governance, i.e. those who are entitled to participate in decision making and those who are affected by the decisions taken (Held 1995, Archibugi et al. 1998). Grasping the multidimensional and intertwined nature of existing arrangements, and in particular the elusive role of private authority, is an important step towards the conception and construction of institutions capable of simultaneously attaining these crucial goals: improving the performance of global governance and increasing its public accountability.

Globalização, governança global e ideologia (I)

11 Domingo Jul 2010

Posted by fjsantos in a mim não me enganas tu

≈ Deixe um comentário

Etiquetas

globalização, ideologia, luta política

Nos últimos dias temos assistido a um esforço patético do PS para recuperar uma bandeira de esquerda, que deitou fora há muito tempo atrás e que, desde a chegada de José Sócrates ao poder, rasgou e amarfanhou com grande entusiasmo e vigor.

Primeiro, nas suas jornadas parlamentares:

“Se há tema que na Europa e claramente em Portugal distingue a esquerda e a direita, é a preocupação com a preservação do Estado social”, sustentou Francisco Assis […] Segundo o presidente do Grupo Parlamentar do PS, “alguns” sectores, aproveitando a actual conjuntura de crise, “estão a ser tentados para pôr em causa conquistas civilizacionais do século XX”.
“Este será um elemento central do debate político nacional nos próximos tempos. O PS não abdicará de defender aquilo que é essencial”, advertiu Assis.

Depois, numa conferência internacional promovida pela fundação Res Publica

“É profundamente ingénuo e errado pensar que um mercado funciona melhor quanto menos regras tiver e isso ficou provado com esta crise”, afirmou José Sócrates, no encerramento de um colóquio sobre socialismo democrático, organizado pela Fundação Res Publica.

Claro que, para branquear as políticas neoliberais que têm posto em prática desde que ocupa o poder e que agora verbera, o 1º ministro se desculpa sempre com a globalização e com a necessidade de cumprir as orientações das instâncias de governação internacional, às quais o país pertence.

Claro que podemos dar de barato que à globalização hegemónica neoliberal, que é imposta pelo capitalismo global  protagonizada pelos governos dos países centrais, se opõe uma globalização contra-hegemónica, que como afirma Boaventura Sousa Santos consiste na globalização das lutas que tornem possível a distribuição democrática da riqueza, ou seja, uma distribuição assente em direitos de cidadania, individuais e colectivos, aplicados transnacionalmente.

Convém, no entanto, perceber que a opção por um caminho ou outro é de natureza política e ideológica, não se resumindo a questões de ordem técnica. A complexidade do problema obriga a fazer opções e o PS (desde direcção até aos notáveis que agora sacodem a água do capote) fez as suas opções em devido tempo.

Durante cinco anos e meio atacou o trabalho e aliou-se ao capital, preferiu governar à direita e deixar umas migalhas para a esquerda, no campo dos costumes. É caso para dizer: tarde piaste…

Correio Electrónico!

25A – SEMPRE

Julho 2010
S T Q Q S S D
 1234
567891011
12131415161718
19202122232425
262728293031  
« Jun   Ago »

Artigos Recentes

  • da ignorância atrevida, da demagogia com cobertura mediática e da não ingerência na soberania de outros povos
  • do presidente-monarca
  • da democracia nos partidos
  • do “andar a dormir” e do tratamento desigual dispensado pela comunicação social
  • da escola como ocupação do tempo dos jovens

Comentários Recentes

Professsora em do tempo e forma das negociaçõ…
fjsantos em do tempo e forma das negociaçõ…
Professsora em do tempo e forma das negociaçõ…
Mina em Nuno Crato anunciou nova alter…
fjsantos em O PS e a unidade da esque…

Arquivos

  • Abril 2016
  • Março 2016
  • Fevereiro 2016
  • Janeiro 2016
  • Dezembro 2015
  • Novembro 2015
  • Outubro 2015
  • Outubro 2013
  • Julho 2013
  • Junho 2013
  • Maio 2013
  • Abril 2013
  • Março 2013
  • Fevereiro 2013
  • Janeiro 2013
  • Dezembro 2012
  • Novembro 2012
  • Outubro 2012
  • Setembro 2012
  • Agosto 2012
  • Julho 2012
  • Junho 2012
  • Maio 2012
  • Abril 2012
  • Março 2012
  • Fevereiro 2012
  • Janeiro 2012
  • Dezembro 2011
  • Novembro 2011
  • Outubro 2011
  • Setembro 2011
  • Agosto 2011
  • Julho 2011
  • Junho 2011
  • Maio 2011
  • Abril 2011
  • Março 2011
  • Fevereiro 2011
  • Janeiro 2011
  • Dezembro 2010
  • Novembro 2010
  • Outubro 2010
  • Setembro 2010
  • Agosto 2010
  • Julho 2010
  • Junho 2010
  • Maio 2010
  • Abril 2010
  • Março 2010
  • Fevereiro 2010
  • Janeiro 2010
  • Dezembro 2009
  • Novembro 2009
  • Outubro 2009
  • Setembro 2009
  • Agosto 2009
  • Julho 2009
  • Junho 2009
  • Maio 2009
  • Abril 2009
  • Março 2009
  • Fevereiro 2009
  • Janeiro 2009
  • Dezembro 2008
  • Novembro 2008
  • Outubro 2008
  • Setembro 2008
  • Agosto 2008
  • Julho 2008
  • Junho 2008
  • Maio 2008
  • Abril 2008
  • Março 2008
  • Fevereiro 2008
  • Janeiro 2008
  • Dezembro 2007
  • Novembro 2007
  • Outubro 2007
  • Setembro 2007
  • Agosto 2007
  • Julho 2007

Twitter Updates

    follow me on Twitter

    Twingly BlogRank

    Twingly BlogRank

    Indique o seu endereço de email para subscrever este blog e receber notificações de novos posts por email.

    Junte-se a 1.841 outros subscritores

    Create a free website or blog at WordPress.com.

    Privacy & Cookies: This site uses cookies. By continuing to use this website, you agree to their use.
    To find out more, including how to control cookies, see here: Cookie Policy
    • Seguir A seguir
      • (Re)Flexões
      • Junte-se a 34 outros seguidores
      • Already have a WordPress.com account? Log in now.
      • (Re)Flexões
      • Personalizar
      • Seguir A seguir
      • Registar
      • Iniciar sessão
      • Denunciar este conteúdo
      • Ver Site no Leitor
      • Manage subscriptions
      • Minimizar esta barra