Não sou espectador habitual de televisão, sobretudo de programas de entretenimento.
Não sou apreciador do modelo de televisão que é praticado por Júlia Pinheiro, nem gosto particularmente do seu estilo, mas esse é um problema que só a mim diz respeito.
Tenho sérias dúvidas de que um programa com este formato, e com a presença de tais convidados, seja de grande utilidade para o debate sobre os temas propostos.
Ainda assim, porque acredito que há muita gente que pensa de forma diferente e, uma vez que me foi feito o pedido, aqui fica a divulgação:
Muito boa-tarde,
O meu nome é Liliana Pacheco e sou jornalista do programa ‘As Tardes da Júlia’, apresentado diariamente por Júlia Pinheiro, na TVI. No próximo dia 7 de Abril, período de férias escolares da Páscoa, vamos ter no programa o Coordenador da Comissão de Educação do PS, o deputado Bravo Nico. Primeiramente, o convite foi dirigido à Sra. Ministra da Educação, Profª Isabel Alçada, mas, perante a recusa da mesma, contactámos o grupo parlamentar do PS que sugeriu a presença do deputado Bravo Nico.
Nesta mesma emissão, vamos ter em estúdio uma mãe, com filhos em idade escolar e um jovem de 23 anos, que está a terminar um curso técnico profissional e que pretende ingressar no ensino superior. Para que este leque de convidados fique completo, gostaríamos de poder contar com a presença de um professor no activo que, para além de todas as questões relacionadas com o Estatuto da Carreira Docente, pudesse também falar, na primeira pessoa, da questão da violência escolar; ou seja, um/a professor/a que já tivesse sido alvo de agressão (física, psicológica, ou ambas) por parte de alunos. A ideia consiste em promovermos uma espécie de debate entre o Coordenador da Comissão de Educação do PS, o deputado Bravo Nico, e uma mãe, aluno e professor, em torno de questões pertinentes, relacionadas com as várias áreas da educação: segurança, violência escolar, carga horária, acção social, qualidade do ensino, educação especial, entre outras.
Depois de fazer uma pesquisa na internet, deparei-me com vários blogues de professores e é através destes que venho pedir ajuda, no sentido de conseguir a presença de um professor que possa aceitar o nosso convite e estar presente no referido programa.
Desde há uns tempos que a minha actividade “bloguística” se tem vindo a reduzir de forma drástica, devido a vários factores, dos quais destaco dois:
em primeiro lugar, a necessidade de dedicar grande parte do meu tempo diário a um conjunto de leituras e pesquisas, relacionadas com um projecto de doutoramento que quero realizar na área da Política e Administração da Educação;
em segundo lugar, porque me sinto cada vez mais farto e afastado de um nível de discussão e de divulgação de notícias, que não consegue ultrapassar o imediatismo e primarismo da conversa de café e do ouvi dizer que…
Hoje, porque as coisas que ando a ler coincidem, de alguma forma, com o centro do debate político / destaque mediático, arranjei um pouco de tempo para reflectir sobre essa coisa que nos vai esmagar nos próximos anos (se nós deixarmos) e que dá pelo nome de Pacto de Estabilidade e Crescimento – PEC.
Como muito outros instrumentos de que os governantes lançam mão para governar, utilizando formas de regulação pós-burocráticas, o PEC é-nos apresentado como um conjunto de medidas técnicas, cuja aplicação é “inevitável” no quadro de “crise” económico-financeira em que vivemos. A coisa é de tal modo “grave”, que governo, presidente da república, presidente da comissão europeia, governador do banco de Portugal (futuro vice-governador do banco central europeu) e mais umas quantas luminárias, têm aparecido com regularidade nos OCS a exortar os partidos (e os portugueses) a unirem-se para salvar este PEC.
Tudo em nome da salvação da pátria e dos portugueses, exaltando as qualidades técnicas do instrumento, e escondendo convenientemente as opções políticas que as determinaram. Em resumo, segundo estes “técnicos”, que se apresentam despidos das suas filiações e passados partidários, temos que nos conformar porque não existe alternativa. E no entanto, em França uma certa esquerda ganhou as eleições deste fim de semana, porque existe um outro caminho. E na Alemanha a sra. Merkel também começa a ter a vida tão difícil como o sr. Sarkozy.
Por cá temos uma dificuldade adicional. É que à esquerda de Sócrates temos hoje, além da esquerda portuguesa, um PSD que vai a votos no próximo fim de semana e um CDS com um discurso social putativamente mais preocupado com os pobres do que o pai do RSG.
Face a isto, parece-me que a solução é mesmo estar atento e não nos deixarmos enganar, um pouco como o Casimiro Baltazar da Conceição.
Lascoumes e Le Galès consideram que os governantes têm necessidade de recorrer a uma despolitização das questões fundamentalmente políticas, criando um consenso mínimo de reforma, que se apoia numa aparente neutralidade de instrumentos, apresentados como modernos e cujos efeitos se farão sentir a prazo.
Os instrumentos de acção pública (IAP) são portadores de representações e de significados e determinam em parte a maneira como os actores se comportam, porque criam incertezas sobre os efeitos das relações de força, levam a que se privilegiem uns actores em detrimento de outros, constrangem os actores e fornecem-lhes recursos, veiculando uma representação dos problemas.