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Graças ao Correntes fui dar a um post do Dias do Pisco que se debruça sobre o dogma das quotas como paradigma do mérito.

O Fernando Nabais explica com clareza a origem e a utilização do dogma ao serviço do poder, chamando a atenção para os mecanismos de inveja que são magistralmente manipulados pelas classes dominantes para arregimentar apoiantes entre os seus assalariados.

Como é evidente, nesta conjuntura é extremamente penoso explicar a não existência de relação entre o conceito de avaliação e o conceito de classificação.

A coisa é tão complicada que, entre os professores, houve necessidade de fazer uma distinção entre avaliação formativa e avaliação sumativa. E ainda hoje se continua a assistir ao disparate monumental de muitos professores usarem a “percentagem” atribuída em testes diagnóstico para construírem a classificação de final de período, a que pomposamente chamam avaliação sumativa.

Num mundo em que a cultura do número e do “ranking” determina o sucesso ou o insucesso, pensar na avaliação como um instrumento ao serviço do progresso da escola e não da progressão na carreira é um exercício inglório.

O modelo de ADD (qualquer que ele seja) devia ter como foco a detecção e análise de problemas no processo educativo, identificando insuficiências de carácter pedagógico, didáctido e/ou científico por parte do docente e apontando caminhos para a correcção dessas insuficiências.

Para isso seria necessário que a relação entre avaliador e avaliado fosse uma relação de confiança, porque é necessário que o avaliado se sinta confortável ao expor as suas dificuldades e reconheça no avaliador competência para lhe propor caminhos alternativos.

Um tal modelo parece-me incompatível com a exigência de atribuição de um valor numérico para construir um “ranking”, a partir do qual uns progridem monetariamente (mesmo que não tenham progresso a nível científico/didáctivo), enquanto outros ficam estagnados a nível salarial (mesmo que passem a ser muito mais competentes na sua relação com os alunos).

Com interesses incompatíveis – a escola precisa de avaliação para melhorar as práticas docentes e a administração precisa de classificação para regular os fluxos de progressão -, a ténue esperança de solução poderia assentar num modelo bipartido.

Num tal modelo a avaliação científica ficaria a cargo do CP e teria unicamente carácter formativo, realizando-se exclusivamente a pedido do avaliado ou quando fosse detectado algum problema. A classificação de serviço passaria a ser exclusivamente administrativa, a cargo dos órgãos de administração e gestão e directamente ligada à progressão na carreira.

Seja como for, sem resolver as questões da gestão e da relação hierárquica entre direcção das escolas e os seus professores, a matéria da classificação/progressão na carreira continuará a inquinar as relações entre colegas.