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~ Defendendo a Cidadania

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Daily Archives: Janeiro 2, 2010

Poder e autoridade

02 Sábado Jan 2010

Posted by fjsantos in ética, cidadania, educação

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autoridade, estrados, poder, violência

O Ramiro Marques é um homem profundamente convicto de que a salvação da educação passa pela recuperação de um conjunto de valores que ele acha universais, esquecendo que se trata de valores de classe, nos quais assentou a ascensão da burguesia e o desenvolvimento da sociedade industrial, até ao final do século XX.

Quando o Ramiro afirma «São jovens a quem a escola não ensinou a conhecer nem a respeitar a herança científica, humanista, artística e cultural.» pode estar a constatar um facto, mas não consegue adiantar se a escola não ensinou ou se os jovens se recusaram a aprender aqueles “conteúdos”, exactamente porque eles transportam valores de uma classe social e de uma sociedade que hostilizam porque sentem que os seus próprios valores não são reconhecidos.

Se, segundo Weber, o Estado detém o monopólio do exercício da violência por meios legais, não é menos verdade que esse mesmo Estado veicula os valores de uma classe dominante. Assim sendo, é natural que quem não se reveja nesses valores e quem não pertença à classe dominante sinta necessidade de responder à violência legal com as armas que tem ao seu alcance.

Embora isso não justifique a destruição da propriedade, privada ou pública, deve obrigar-nos a um olhar para lá da superfície e a ver a floresta reconhecendo as árvores que a compõem.

A propósito das questões da “autoridade” dos professores, tema recorrente nos escritos do Ramiro, mas também de muitos colegas (bloguers ou simples comentadores) há uma excelente crónica de Miguel Àngel Santos Guerra no seu blogue El Adarve. Intitula-se “La tarima de doña Esperanza” e nela podem ler-se pedaços deliciosos como este:

«La palabra autoridad proviene del verbo latino auctor, augere, que significa hacer crecer. Creo que tiene autoridad aquella persona que ayuda a los demás a desarrollarse. Quien aplasta, oprime, castiga, silencia y humilla, sólo tiene poder.

Los profesores deben tener autoridad. Y esa autoridad dimana del respeto que merece la tarea que se realiza. Dice Rosario Ortega en un reciente artículo titulado “Autoridad docente y tarimas” que “la tarea de enseñar requiere el reconocimiento del valor de lo enseñado y ese reconocimiento lo otorga, de forma voluntaria y feliz el que cuando está aprendiendo siente, en el día a día, que lo que aprende es valioso, interesante y le hace crecer y ser mejor. La tarea de la educación requiere el reconocimiento mutuo –profesor/alumno- de que lo que se tiene en común es algo importante y valioso, personal y socialmente, algo que merece la pena ser protegido”.

Interesse nacional

02 Sábado Jan 2010

Posted by fjsantos in a bem da nação

≈ 2 comentários

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interesses em jogo, oge

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imagem daqui

Ao longo dos próximos meses, começando já com o tema do OE 2010, vamos ser bombardeados com a conversa sobre o “interesse nacional”.

Ainda esta noite, o presidente da república fez um apelo ao parlamento para que em nome do “interesse nacional” houvesse um entendimento entre governo e oposição. Porque, conforme as palavras de Cavaco Silva, o “interesse nacional” deve levar-nos a evitar que outros nos imponham rigor e austeridade nas contas públicas e no desenvolvimento da nossa economia.

Em nome do tal “interesse nacional”, o governo e o PS acham que devemos aplicar os magros recursos do país na construção de grandes obras públicas que dinamizem o tecido económico: TGV, NAL e mais umas centenas de km de auto-estradas.

Curiosamente, em nome do mesmo “interesse nacional”, PSD, CDS e ao que parece também o presidente acham que não se devem fazer todos esses investimentos e, pelo contrário, o esforço deve ser feito na dinamização do tecido empresarial exportador através do apoio às pequenas e médias empresas que criam emprego.

Nesta questão do emprego e da revitalização do sector produtivo também se juntam as vozes dos partidos da esquerda parlamentar, que em nome do “interesse nacional” acham que tem que haver investimento público que apoie as micro, pequenas e médias empresas e proteja os desempregados e as populações mais carenciadas.

Ouvido assim um cidadão fica confuso. Então se todos defendem o “interesse nacional” não seria natural que tivessem soluções idênticas para o “problema”. Só que “o problema” não é igual para todos e aqui coloca-se a questão de saber quem define, e em que condições, o que é o “interesse nacional”.

Dirão uns que é o governo, porque tem legitimidade eleitoral para o fazer. Mas o presidente também tem a mesma, ou eventualmente maior legitimidade, e no entanto tem um entendimento diverso do do governo quanto ao “interesse nacional”.

E depois, essa coisa de alguns poucos definirem um “interesse nacional” que, por definição, tem que abranger a totalidade dos cidadãos é um pouco estranha. Afinal de contas como podemos falar de “interesse nacional” quando sabemos ser inconciliável o interesse de quem manda e o interesse de quem é mandado?

Falando da educação e da escola pública, como é possível achar que existe um interesse comum entre quem defende uma escola em que todos aprendam e quem defende uma escola que selecciona os melhores e deixa para trás os que têm dificuldades? Entre quem quer uma profissão docente dignificada e qualificada e quem pretende ter técnicos de educação desqualificados e precarizados, que garantam um contingente de mão-de-obra barata?

Se passarmos para outros sectores poderemos repetir as perguntas e teremos as mesmas respostas.

Por isso, ouvir o presidente e os partidos da direita (incluindo nela os apoiantes de Pinto de Sousa) falar em interesse nacional é motivo para uma estrondosa gargalhada. E para arregaçarmos as mangas para a luta, porque em nome do tal “interesse nacional” ainda vamos ver o PSD e o CDS apoiarem o ECD que o governo nos quer impor, no sentido de promover a contenção orçamental e a diminuição do défice. É que a única coisa que o “interesse nacional” deles lhes permite fazer é cortar nos salários de quem trabalha, para que os lucros do capital não sejam tocados.

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