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O Ramiro Marques é um homem profundamente convicto de que a salvação da educação passa pela recuperação de um conjunto de valores que ele acha universais, esquecendo que se trata de valores de classe, nos quais assentou a ascensão da burguesia e o desenvolvimento da sociedade industrial, até ao final do século XX.
Quando o Ramiro afirma «São jovens a quem a escola não ensinou a conhecer nem a respeitar a herança científica, humanista, artística e cultural.» pode estar a constatar um facto, mas não consegue adiantar se a escola não ensinou ou se os jovens se recusaram a aprender aqueles “conteúdos”, exactamente porque eles transportam valores de uma classe social e de uma sociedade que hostilizam porque sentem que os seus próprios valores não são reconhecidos.
Se, segundo Weber, o Estado detém o monopólio do exercício da violência por meios legais, não é menos verdade que esse mesmo Estado veicula os valores de uma classe dominante. Assim sendo, é natural que quem não se reveja nesses valores e quem não pertença à classe dominante sinta necessidade de responder à violência legal com as armas que tem ao seu alcance.
Embora isso não justifique a destruição da propriedade, privada ou pública, deve obrigar-nos a um olhar para lá da superfície e a ver a floresta reconhecendo as árvores que a compõem.
A propósito das questões da “autoridade” dos professores, tema recorrente nos escritos do Ramiro, mas também de muitos colegas (bloguers ou simples comentadores) há uma excelente crónica de Miguel Àngel Santos Guerra no seu blogue El Adarve. Intitula-se “La tarima de doña Esperanza” e nela podem ler-se pedaços deliciosos como este:
«La palabra autoridad proviene del verbo latino auctor, augere, que significa hacer crecer. Creo que tiene autoridad aquella persona que ayuda a los demás a desarrollarse. Quien aplasta, oprime, castiga, silencia y humilla, sólo tiene poder.