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Os tempos que se avizinham para os professores vão ser muito duros.
No que diz respeito à questão do estatuto sócio-profissional, a equipa de Isabel Alçada (IC) joga sobretudo nos instrumentos da informação/comunicação e da persuasão.
Tendo percebido que a coação e o constrangimento da lei e dos regulamentos tinham falhado com a sua antecessora, a actual ministra mudou a estratégia, mantendo intactos os objectivos e a política.
Podemos até dizer que, em certa medida, os agrava, ao antecipar o afunilamento da carreira do 7º para o 3º escalão. O objectivo de contenção orçamental, que se persegue com a introdução de contingentações no 3º, 5º e 7º escalões, é exactamente o mesmo que se procurava atingir com a quota de 30% para acesso aos escalões de topo e a criação da categoria de titular.
Esse objectivo economicista, apesar de ter sido tão denunciado por todos os professores que se manifestaram e lutaram em 2008 e 2009, incluindo alguns dos bloguers de referência neste campo (Ramiro Marques e Paulo Prudêncio), aparece agora naturalizado e justificado tanto por um, como por outro.
Percebendo (embora discordando profundamente) os argumentos que apresentam, as posições destes colegas levam-me a chamar a atenção de todos os professores para o facto de continuarem a manter-se actuais todas as reivindicações que nos levaram a encher as ruas de Lisboa por duas vezes e a fazer duas enormes greves, sob os auspícios de uma Plataforma Sindical que não foi formalmente extinta.
O pior que nos poderia acontecer, numa altura em que quase tudo se joga na capacidade de comunicarmos uns com os outros e com a sociedade, era quebrarmos a unidade que envolveu todos os professores nas escolas (os que se organizaram em torno de movimentos, os que animaram a discussão blogosférica e os que, sendo dirigentes sindicais, souberam ouvir e interpretar a revolta e a indignação de quem está nas escolas a dar o melhor que pode e sabe em prol da educação).
Não tenhamos dúvidas de que o II governo Pinto de Sousa tudo fará para quebrar a unidade dos sindicatos, que foi essencial ao sucesso da nossa luta. Tal como tudo fará para dividir os professores entre si, ao mesmo tempo que tentará voltar a afastá-los dos seus dirigentes sindicais.
Não podemos permiti-lo. Compete a quem está nas escolas, seja filiado em que sindicato for (ou não sendo em nenhum) alertar as direcções sindicais para o facto de estarmos vigilantes e não perdoarmos qualquer “escorregadela”.
Não nos convencem com o fim do “título”, e declarações piedosas de profissões de fé numa carreira única, quando depois se propõem criar três barreiras (mais a manutenção da primeira barreira do acesso à profissão), tentando impedir administrativamente que a esmagadora maioria dos profissionais aceda aos escalões mais altos.
Corrigindo o meu post de ontem, devo dizer que a proposta que o ME entregou é mais gravosa para os professores porque, em vez de duas categorias, consagra a existência de cinco – quatro na carreira propriamente dita e uma (por sinal a que mais cresce todos os anos, sem ter direito a aumento de índice salarial) na pré-carreira. Refiro-me aos professores contratados, mão-de-obra explorada pelo sistema, que vem substituindo, ano após ano, os professores que MLR enxotou e atirou para reformas antecipadas penalizadoras, com evidentes ganhos para o orçamento.
Tudo isto ao mesmo tempo que os banqueiros e os empreiteiros de porte duvidoso foram saqueando esse mesmo orçamento.
Viva Francisco.
Se a tua discordância é absoluta, significa que discordas com tudo 🙂 Não me parece.
Bem, nesse post não está tudo o que penso sobre o assunto. Se discordas dos contigentes eu também como escrevo em http://correntes.blogs.sapo.pt/490574.html#
Mas a existirem, prefiro que seja como em “Também me parece mais claro, como sempre defendi, que se estabeleçam vagas no acesso aos escalões por motivos financeiros do que se “mascare” a decisão com espúrias divisões funcionais entre os professores. Todavia, parece-me exagerado criar três patamares de contingência. Mais: o processo de criação de vagas tem de ser muito estudado e com mecanismos muito transparentes.”
Também discordas de “Parece-me sensata a articulação da avaliação com a progressão na carreira apenas no último ano de permanência no respectivo escalão.” ? Ou seja, ser-se avaliado apenas na ano de mudança. Com agora se queria, 140.000 nos anos de todos era de loucos.
Abraço.
“Refiro-me aos professores contratados”
Dou aulas há 17 anos e sou tão contratado como os que dão há 1 ano. A diferença é que eu, tal como o Francisco, sou por tempo indeterminado e aqueles a quem o post se refere estão a termo.