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Na entrada anterior critiquei a posição que foi assumida pelos blogues de professores que mais se reclamaram “da independência partidária” em relação às eleições de Setembro.
Correu na Internet, primeiro pelas listas de mailing e depois em muitos blogues de professores, a ideia de que bastaria “derrotar” o PS para que todos os nossos “problemas” fossem resolvidos.
O lema «Vota à esquerda ou à direita, mas não votes no PS» fez o seu caminho e teve defensores que estão registados.
Ao contrário do que acha o PG, não sou nem me considero “um iluminado”. Limito-me a escrever e dizer em voz alta o que penso e em que acredito, mesmo quando isso é politicamente incorrecto ou se pode traduzir em prejuízo para a minha imagem e/ou posição.
A minha opção foi sempre clara. Mais do que derrotar o PS, o que me move e considero verdadeiramente importante é derrotar um conjunto de políticas que são desenhadas, difundidas e preparadas por tecnocratas sem rosto, não eleitos nem sujeitos a sufrágio pelos cidadãos, e que se apropriaram dos partidos (em particular os do centro político), esvaziando-os de ideias, princípios e valores.
Embarcar, como muitos professores embarcaram, na conversa de que o erro era apenas de casting, e que substituindo o PS pelos partidos à sua direita tudo ficaria resolvido, foi de uma ingenuidade total. A menos que apenas se tenha destinado a esconder e mascarar uma opção ideológica e partidária a que cada um tinha e tem direito.
O que se passou nestes últimos dias, com o aproximar de posições entre PSD e PS, é natural e previsível.
As diferenças entre os dois, podendo juntar-se-lhes o CDS, são de detalhe e oportunidade. O conceito de partidos do “arco governativo”, há muito cunhado na gíria política, tem a sua raiz na dependência e na formatação desses partidos pelo conhecimento que circula nas instâncias de regulação supra-nacional, em particular pelo conhecimento produzido pelos peritos da UE, do BCE, do FMI e do Banco Mundial.
Em relação à educação, PS, PSD e CDS pensam o que vem escrito nos relatórios da OCDE e muitas vezes apenas nos resumos desses relatórios, que são produzidos por alguns “peritos” sem formação política, ideológica ou filosófica. Veja-se a forma como são “lidos” os relatórios PISA, quando frequentemente são “esquecidos” os dados de contexto que também contém.
Por tudo isso, mais importante do que distinguir entre os professores quem é independente, iluminado, ou formatado, interessa que se aprendam as lições. Foi isso que desejei (e continuo a desejar) ao escrever este post.
Claro que fico satisfeito quando verifico que a História não ensina só que o tempo é um “grande escultor”, porque «também os peões podem condicionar muito o desenrolar do jogo».
É preciso é que os peões saibam manter a coesão e não sigam os “comandantes” errados, sob pena de caminharem alegremente para o suicídio colectivo.